O oitavo FAM – Florianópolis Audiovisual Mercosul impressionou pelo seu crescimento em relação aos outros anos. Desta vez a mostra foi no CIC, e o auditório de quase mil lugares permaneceu lotado durante essa primeira semana de junho. Euzinha aqui tive a sorte de ser jurada dos curtas 35 mm, e posso dizer que o nível dos filmes, em geral, foi excelente. Nós do júri sofremos um pouco pra selecionar um dos dois melhores curtas, que ficaram entre o paulista "A Lata" e o carioca "Nada a Declarar". No final acabamos elegendo mesmo o primeiro, que fala de um sujeito que sobrevive recolhendo latinhas de alumínio. Mas demos o prêmio de direção para o segundo, um monólogo muito provocativo. Outros curtas praticamente tão bons quanto, e que também premiamos, foram "Clandestinidade" (que foi eleito pelo júri popular), "Onde Quer que Você Esteja", o documentário "Restos", e a animação dos alunos da rede pública de Vitória, "Portinholas". Um curta que eu particularmente adorei, e pra qual demos o Prêmio Eletrobrás, foi o uruguaio "Fábrica de Enanos" (ou seja, de anões), um exercício hilário sobre a vida de anões de jardim. Demos uma menção honrosa para o catarinense "O Santo Mágico" por, hum, ser catarinense, já que é preciso prestigiar a produção local (o filme tá bem feito mas é fraquinho). Esses curtas vencedores vão circular por Santa Catarina em mostras itinerantes. Quando passarem aí na sua cidade, não deixe de ir.
Já a mostra não-competitiva de longas apresentou filmes de menor qualidade que a de curtas, pelo menos na modesta opinião desta que vos fala. O argentino "Cleópatra" é comovente, principalmente pelo show da atriz Norma Aleandro, e foi, junto ao seu belo conterrâneo "Histórias Mínimas", o grande destaque da semana. Mas, pra provar que nem tudo no cinema argentino é maravilha, veio a comédia romântica extremamente comercial "Apaixonadas", uma baboseira inominável. Outra decepção foi a pornochanchada chilena "Sexo Com Amor". O documentário uruguaio "Aparte" demonstra como os pobres latino-americanos são parecidos, mas, apesar do tema nobre, o filme deixa a desejar. Dos nacionais, o melhor disparado foi "Glauber o Filme, Labirinto do Brasil", documentário muito engraçado de Silvio Tendler sobre um de nossos maiores cineastas. Menos felizes foram "De Passagem" e – hors-concours – a última realização de Rogério Sganzerla, "Signo do Caos", uma chatice sem dó de quem não saiu dos anos 60, bem no estilo "o diretor é genial, mas o filme é uma m****". Claro que o FAM é ótimo, e todos nós cinéfilos desejamos que ele dure pra sempre.
OS CURTAS 35 MM PREMIADOS
Eu e mais quatro juradas da categoria Curta-Metragem do 8º Florianópolis Audiovisual Mercosul, realizado de 28 de maio a 4 de junho, premiamos os seguintes filmes em 35 mm:
Melhor Filme: A Lata, de Leopoldo Nunes (SP)
Melhor Direção: Nada a Declarar – Gustavo Acioli (RJ)
Melhor Fotografia: Eternamente – Alziro Barbosa (PR)
Melhor Montagem: Ópera Curta – Eduardo Nunes e Marcelo Laffitte (RJ)
Melhor Trilha Sonora: Portinholas – Alunos da Rede Municipal de Vitória (ES)
Melhor Direção de Arte: Jonas – Guga Feijó e Luciane Nicolino (RJ)
Melhor Ficção: Clandestinidade, de Rodrigo Guéron (RJ)
Melhor Documentário: Restos, de Cristina Maure e Pablo Lobato (MG)
Melhor Animação: Portinholas, dos Alunos da Rede Municipal de Vitória (ES)
Melhor Roteiro: Onde Quer que Você Esteja – Bel Bechara e Sandro Serpa (SP)
Melhor Ator: Augusto Madeira, por Clandestinidade (RJ)
Melhor Atriz: Débora Duboc, por Onde Quer que Você Esteja (SP)
Menção Honrosa: O Santo Mágico, de Ronaldo dos Anjos (SC)
Menção Honrosa: Infinitamente Maio, de Marcos Jorge (PR)
Prêmio Eletrobrás: Fabrica de Enanos, de Diego Fernández (Uruguai)
Prêmio Quanta e Prêmio Kodak: A Lata, de Leopoldo Nunes (SP).
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