Adoro Clube dos Cinco, tenho o DVD em casa (e também o de Curtindo a Vida), acho que o elenco todo está ótimo e que seria inviável fazer um filme assim hoje. Pensa só, não acontece quase nada. São só cinco adolescentes (tudo bem que o Judd Nelson pareça ter uns 30 anos; pelo menos a Molly Ringwald e o Anthony Michael Hall eram teens de verdade) discutindo a relação enquanto estão de castigo. Aquela longa sequência puramente falada em que eles desabafam e choram é a prova de como seria fácil transpor este filme pro teatro. Você consegue imaginar os espectadores atuais, com seu curtíssimo poder de concentração, ouvindo todo aquele lenga-lenga (muito bem escrito, por sinal)? Impossível! Clube é sem dúvida um clássico dos anos 80, e provavelmente o teen movie mais cultuado de todos os tempos. Porém, o final em que a Molly precisa “consertar” a personagem da Ally Sheedy pra que ela possa namorar o atleta Emilio Estevez não tem perdão. A mensagem toda não é de tolerância, de que cada um deve ser aceito como é? Então por que a menina tem que aprender a se maquiar, pentear, e andar bem vestida? Essa cena depõe contra todo o drama, e só parece estar lá pra aludir a um outro gênero, aquele do patinho feio que se transforma em cisne, tão em voga nas comédias românticas. Só que Clube não é uma comédia romântica! Devia terminar com a coragem que mostrou desde o início.
Tirando a nossa nostalgia com a Sessão da Tarde (quando podíamos ficar em casa vendo TV no meio do dia!), vamos reconhecer que o que faz Curtindo a Vida Adoidado um sucesso indiscutível é aquele número do Matthew Broderick dublando Twist and Shout dos Beatles durante o desfile. Sério, se o número não existisse, duvido que a gente louvasse tanto o filme. Quero dizer, o Matthew tá totalmente fofo, e gosto muito também da Jennifer Grey como irmã revoltada e, principalmente, do Jeffrey Jones como o diretor da escola. Pô, até o Charlie Sheen tá sexy naquela pontinha na delegacia! Mas o personagem da namoradinha (Mia Sara) tá longe de estar bem desenvolvido, o que não torna tão impláusivel a releitura deste trailer de mentirinha sugerindo que o filme todo seja um romance disfarçado entre Ferris e seu melhor amigo (Alan Ruck). Olha, eu adoro a comédia – só acho que não é tão crítica ao sistema como quer parecer. Aliás, tema recorrente do John Hughes, né? Jovens morrendo de medo de virarem seus pais quando crescer. Pior é que viram...
Admito que não vejo A Garota de Rosa Shocking há décadas (ahn, duas). Não achei um filme marcante, e acho, não tenho certeza, que prefiro Gatinhas e Gatões (Sixteen Candles). E o Andrew McCarthy era bonitinho e tal, mas inexpressivo. De todo modo, Garota, e principalmente a Molly Ringwald, influenciou um monte de menininhas mais novas que eu.
A primeira meia hora de Atração Mortal é brilhante, pelo que me lembro. Gosto muito que as três mocinhas mais populares da escola se chamem Heather, e que elas vão sendo assassinadas uma por uma. E compreendo a atração/repulsa da personagem da Winona Ryder pelo grupinho. Porém, à medida que a trama avança, a sátira vai sendo substituída pelo horror. O Christian Slater faz um carinha perigoso e dark demais. Quando vemos que ele planeja explodir a escola inteira, o filme já não diverte faz tempo. Num país onde tantos alunos cometem massacres contra seus coleguinhas, isso acaba sendo real demais pra ser engraçado. Continuo falando dos outros amanhã, que este texto já tá muito longo.
17 comentários:
Oi Lola!
Breakfast Club é genial, adoro aquela carta escrita no fim. Mas não acho que a Molly estava corrigindo a outra, acho que a menina até queria se ajeitar e não sabia como e a Molly ajudou.
A melhor coisa de Garota de Rosa Shoking é a trilha sonora e a cara de nojo do James Spader.
Claro que aquela cena do Twist&Shout é um dos grandes momentos do Curtindo..., e concordo que a namoradinha podia ser dispensada, mas o que eu adoro nesse filme é exatamente a relação do Ferris com o amigo hipocondríaco, eles são bem diferentes e ainda assim melhores amigos.
Picardias Estudantis é um filme divertido, o Sean Penn é o melhor como surfista loucão. Concordo que tem muita gente e tudo acontece ao-mesmo-tempo-agora, mas gosto muito. Lembra American Grafitti do George Lucas.
Heathers eu não gostei muito, apesar de tbm achar o começo muito bom.
Acho que eu sou a unica pessoa no mundo que nao acha graca em Breakfast Club.. prefiro mto mais o Ferris Bueller's Day Off, acho que eh mais o tipo de grupo que eu tinha no colegio (e nao tenho paciencia pra teen angst).
Mas pra mim o melhor de todos sempre vai ser Heathers (e Clueless!!!).. a Heather numero um eh a cara de uma menina que nos detestavamos no colegio, entao tinha um prazer meio macabro envolvido hehe.. e o Christian Slater ta otimo -- o psicopata mais sexy ate aparecer o Christian Bale!
Lola, eu sei que não tem muito a ver com o gênero, mas um filme que marcou muito minha adolescência foi Conta Comigo. Todo ano passa na Sessão da Tarde. Não é lá um romance juvenil/colegial, mas a temática dele finda abarcando todas as idades. Influênciou a mim, adolescente na época, quando assisti pela primeira das mais de oito vezes...
Ah, lembrei agora o Te Pego Lá Fora!
Cultura Sessão da Tarde, hehe.
Kaká, eu gosto da carta no final também. Mas acho que a mensagem do filme, pelo menos no caso da personagem da Ally Sheedy, é que ela tem que mudar (se arrumar) pra poder se enturmar. Ela é a única dos 5 que realmente sofre uma transformação radical, e isso é totalmente machista. O que vc fala sobre trilha sonora é verdade. A trilha de TODOS esses filmes pra adolescentes é ótima, né? Pois é, lembro mais do James Spader que do Jon Cryer (que eu sempre achei uma imitação mal-feita do Matthew Broderick! Acho que é por causa do Jon que prefiro Sixteen Candles. O Anthony Michael Hall era mais autêntico). Pois é, há semelhanças entre American Grafitti e Picardias. Não sou grande fã de Grafitti também!
Ué, Andie, vc não é chegada a teenage angst e adora Heathers?! E tem bastante raiva em Curtindo a Vida Adoidado... Vc não acha que Heathers cai na metade? Eu a-do-ro Clueless! Amanhã coloco um post sobre ele.
João, acho que os personagens de Conta Comigo são pré-adolescentes, meio crianças, por isso não se enquadra na lista. Mas é um filme que mexe muito com muita gente (eu inclusa). Não gosto tanto da mistura de nojeiras (aquela cena do concurso de quem come mais) com coisas sensíveis, mas sem dúvida, é um filme muito bonito. Qual é o Te Pego Lá Fora? (é que às vezes as traduções são tão nada a ver que fico boiando). E não é interessante que ninguém reclame da ausência de Can't Buy me Love (Namorada de Aluguel) da lista?!
Sim, eu daria uma média de 12 anos praquele elenco. Ah, e você não gosta da cena do concurso de tortas! Poxa, é no mínimo divertido, vá. É a imaginação de uma criança, não deixa de ser puro, ingênuo, cândido e, por conseguinte, sensível.
Esse Te Pego Lá Fora (Three O'Clock High) é bem década de oitenta mesmo, se enquadraria legal na lista. Retrata bem a rotina de um bully e de sua vítima. Dizem as más línguas que é besteirou americano. Eu não acho. Tem o Casey Siemaszko e o Richard Tyson (preciso dar nome aos bois? Tipo, tá na cara quem é vítima e algoz). Você deve lembrar de que filme se trata.
Tenho certeza que não vi esse filme, João...
Eu até lembrei do Can't buy me love, mas a melhor coisa do filme é a dança do tamanduá africano.
"Te pego lá fora" passa na sessão da tarde até hoje.
Acabei lembrando de outro meio trash "O último americano virgem" de 1982 que tem umas músicas do REO Speedwagon e um fim bem triste para uma comédia. Acho que Superbad foi um pouco inspirado nele.
Também adoro Clueless.
Como é o nome desse Último Americano Virgem em inglês, Kaká? Não lembro nada desse filme. Pelo menos até agora ninguém reclamou da exclusão de American Pie!
Eu não vi Top Gun... MAS ASSISTI TE PEGO LÁ FORA!
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"Don't You Forget About Me
Don't Don't Don't Don't..."
Meu preferido - e inesquecível, claro, - é Clube dos Cinco. No segundo grau eu não era nada popular, não tinha muitos amigos e não achava o intervalo do lanche o melhor momento da manhã. Todo mundo ia pra cantina, eu corria e me escondia na biblioteca.
Até essa idade eu queria ser um Goonie!!! Pesquisei o que pude sobre Astoria, a cidade deles, nos livros da biblioteca. Aprendi que Astoria, no Oregon, era mesmo cercada por histórias de piratas. Lia muito sobre cinema, também. Tudo na Barsa e na Britânica. Era uma vidinha ordinária essa minha de adolescente...
Ricardinho, não posso acreditar que vc não foi popular em algum momento da sua vida! Com esse sorriso e essa beleza muuuito superior à do Ryan Phillippe?! Hmm... Talvez vc tenha se tornado popular após me conhecer. O convívio comigo sempre melhora as pessoas. Veja o caso do Silvinho, por exemplo. Antes de mim ele mal sabia quem era Chico Buarque, e agora conhece muitas músicas dele!
E Goonies era legal... Até o maridão conhece!
Em inglês é The Last American Virgin achei no imdb http://www.imdb.com/title/tt0084234/
A trilha sonora desse filme é muito boa!
Eu não gosto de curtindo a vida adoidado. Acho o personagem do Matthew um belo de um chato. É o tipo de gente que cresce e vira político estelionatário, porque é bonito, tem charme, sabe falar, é carismático, mas por trás dos panos só faz o que não presta. Achei o filme um culto ao mau-caratismo. Se você for ver pelo ponto de vista mais crítico e ver como uma sátira de quem se dá bem na vida é quem é tudo o que citei antes, o filme até se torna mais agradável. Eu passei o filme inteiro torcendo pra que ele levasse pelo menos uma pisa (surra) dos pais...
Kaka, eu acho que vi esse Last American Virgin decadas atras... Nao eh meio Porky's nao?
Vitor, interessante a sua colocacao. Da pra condenar o Ferris Bueller por tudo isso, sim. Mas, no contexto do filme, ele eh um personagem bem inofensivo. Nao ha o menor indicio que ele vai usar suas artemanhas desonestas no futuro. Inclusive, acho que o filme deixa claro que o Ferris, seu amigo e sua namorada sao jovens alienados, um tanto sem rumo, se debatendo pra nao virar seus pais. Antes da cena da parada, o amigo e a namorada aparecem conversando, e um pergunta pro outro o que gosta de fazer, e ambos concordam que a resposta eh "nada". Nada os interessa. O Ferris tem mais vida que os dois, mais iniciativa, e por isso pode ser visto como um rebelde. Ah, quem nunca perdeu um dia de aula? O Ferris so aproveitou mais as nossas gazeteadas.
E vc acha o Matthew Broderick bonito?! O Ferris eh simpatico, carismatico, fofinho... mas bonito?! Com aquela carinha de hamster?
Bonito eu digo com boa aparência. Ele não pára o trânsito, não é referencial de beleza, mas com certeza não é feio. Tá mais perto do bonito mesmo.
É, Vitor, acho que vou precisar bolar uma enquete só pra ver se o pessoal acho o Matthew Broderick bonito...
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