Como vocês sabem, gostei bastante de Borat 2. Até falei um pouco sobre o filme aqui. Sem dar spoilers, quem rouba a comédia é a filha de Borat, Tutar, interpretada pela revelação Maria Balakova.
O filme traz algumas reviravoltas inesperadas. Tanto que levou a esta matéria da Newsweek: "Borat 2 é um filme feminista? Esses fãs estão chocados que a resposta seja sim". Pedi ao meu querido Vinícius Simões para traduzir este artigo que me chamou a atenção. Deixo a resposta pra vocês.
Borat: Fita de Cinema Seguinte possuindo um toque feminista é uma das últimas coisas que esperaríamos de 2020.
No dia 23 de outubro, a sequência muito aguardada da sátira de Sacha Baron Cohen de 2006, Borat, foi lançada. Borat: Fita de Cinema Seguinte acompanha o protagonista Borat e sua filha, Tutar (Maria Balakova), que viajam aos Estados Unidos para oferecer Tutar como noiva ao vice-presidente Mike Pence. O mockmumentary tira sarro dos EUA e faz pegadinhas com celebridades, assim como seu predecessor. Desta vez, no entanto, o filme tem uma camada feminista – sim, pessoal, vocês leram direito.
Borat menospreza Tutar durante a maior parte do longa, indo de insistir que ela não será bonita a não ser que faça uma cirurgia plástica até perguntar à balconista de uma loja de vestidos pela seção “não significa sim”. Em determinado momento, ele chega a comprar uma jaula para ela ficar dentro.
Entretanto, até o final do filme, Borat muda de opinião. [spoilers] Ele reconhece que sua filha (a quem ele se refere como seu filho não-homem no início) é uma pessoa que pode tomar suas próprias decisões de maneira independente. Ele até lhe diz que a ama mais do que a seus filhos, e proíbe que ela volte ao Cazaquistão apenas para viver em uma jaula.
Mas mesmo quando não foca na misoginia sem noção de Borat, o filme aborda sexismo – e a sequência até mesmo inclui alguns momentos genuínos e tocantes de empoderamento.
Tutar fica chocada, por exemplo, quando Jeanise Jones, uma mulher contratada por Borat para ser sua babá, explica que mulheres podem dirigir e ler, e até administrar empresas (vale notar que Borat deixa Tutar passando o dia com uma bola e uma corrente, uma tigela de cachorro e um manual de instruções). Jones também diz a Tutar, horas antes d'ela ser encaminhada para a plástica, que ela é bonita e inteligente do jeito que é, e a encoraja a escapar do relacionamento tóxico em que está com seu pai.
Muitos fãs ficaram positivamente surpresos ao perceberem que a sequência de Borat está sinceramente preocupada com o feminismo.
“Borat 2 talvez seja o filme feminista mais esperto da história recente”, uma usuária do Twitter escreveu. “Eu amo que as pessoas que estão assistindo estão claramente se divertindo e se perguntando ‘espera,... isso é... isso é feminista?’”
“Acho que serei xingado por dizer isso... mas Borat 2 é um filme feminista surpreendentemente bom, ou estou perdendo algo?”, outra pessoa tuitou.
“Sem spoilers, mas o novo Borat talvez seja o pequeno e vulgar filme feminista mais doce que já vi. E uma deliciosa peça de sátira”, acrescentou um terceiro.
Uma usuária apontou que a “confusão envolvendo [Rudy] Giuliani”, na qual o ex-prefeito de Nova York aparenta fazer investidas sexuais em Tutar, distrai dos momentos feministas e radicais do filme.
Ao retornar para casa, Borat convence o premiê cazaque Nursultan Nazarbayev a reverter as leis misóginas do país. A última cena até inclui a dupla pai e filha apresentando juntos um segmento de notícias. Muito legal!
2 comentários:
Ah, não é não.
Tem muitas reflexões feministas no filme e ele é uma boa comédia satírica. Quem curtiu Borat 1 vai gostar desse tbm, apesar desse não ter o fator surpresa que o primeiro teve ao nos apresentar o jeito do personagem.
Mas é claro, pessoas "anti-feministas", ou que acham que feminismo é coisa ruim, não vão sequer enxergar os inúmeros momentos que refletem feminismo, tão menos vão se permitir pensar sobre as questões feministas enredadas no filme, mesmo se gostarem de forma geral da comédia apresentada.
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