Em fevereiro publiquei uma entrevista de que me orgulho, com as organizadoras de um lindo evento empoderador para meninas chamado Girls Rock Camp.
Agora essas mulheres estão planejando a terceira edição do acampamento, que acontecerá no começo do ano que vem. Mas elas precisam da nossa ajuda, e por isso estão agora no Catarse. Leia a entrevista e este guest post, explicando por que este projeto vale muito a pena.
Um acampamento musical de férias, exclusivo para meninas! Isso mesmo! O Girls Rock Camp Brasil acontece em Sorocaba, interior de São Paulo. Lá meninas de 7 a 17 anos têm a oportunidade de, durante uma semana, ter uma experiência completa no mundo da música e do showbizz, aprendendo a tocar um instrumento (baixo, guitarra, bateria ou teclado), formando um conjunto musical e fazendo uma composição inédita, fechando com um show ao vivo.
Tudo isso em meio a atividades de fortalecimento de autoestima, desinibição, trabalho em grupo e empoderamento feminino através da música. Mas de onde surgiu essa ideia?
O Girls Rock Camp foi fundado em 2001 por estudantes da Portland State University, nos Estados Unidos, onde possuí diversas filiais. Hoje já são mais de 50 camps espalhados pelo mundo, e o nosso, aqui no Brasil, é o primeiro na América Latina!
Foi a Flávia Biggs, diretora e coordenadora pedagógica do GRCBR, quem idealizou e plantou a semente do projeto aqui no Brasil. Em 2003, em uma turnê pelos Estados Unidos com a banda independente em que tocava, ela teve o primeiro contato com o Rock n’roll Camp for Girls. Conheceu a casa onde tudo acontecia, pode ver de perto o projeto e se apaixonou pela ideia. Em 2005 foi convidada pra voltar e trabalhar com elas como voluntária no acampamento, e conta: “Foi uma das experiências mais maravilhosas da minha vida”.
Cultivando o sonho de realizar um Rock Camp aqui, ela começou com a Oficina de Guitarra para Meninas, onde durante um fim de semana garotas aprendem noções básicas do instrumento. É importante contar pra vocês que há anos existe na cena de rock independente brasileira uma comunidade de mulheres que tocam em bandas ou são ligadas a formas de arte alternativas, bem unida.
Isso é algo do qual fazemos parte há mais de 15 anos, onde as garotas sempre se incentivam, e que constantemente se renova. Há épocas com mais bandas na ativa, e outras com menos, mas nunca desaparece. A Oficina de Guitarra para Meninas acabou se tornando o embrião do GRCBR, e com esses projetos Flávia acabou reunindo mulheres do Brasil todo em função da realização desse sonho, que se tornou de todas nós.
“A gente usa a música como pano de fundo, mas na verdade o foco é o descobrimento de si, a solidariedade, autoestima, empoderamento, protagonismo infanto-juvenil feminino”, diz Flávia.
As atividades realizadas na semana do camp incluem, além das musicais (aulas de instrumentos e ensaios com as bandas formadas), oficinas de defesa pessoal, serigrafia, fanzine, skate, auto-imagem, expressão corporal...
Para fazer o GRCBR acontecer nós dependemos de doações e empréstimos de equipamento musical. Todo o trabalho no camp é voluntário. Nós organizamos vários tipos de eventos beneficentes também, pra arrecadar a quantia necessária pra realizar o projeto. Esse ano resolvemos fazer um projeto de financiamento coletivo para comprar parte do equipamento que usamos, assim conseguiremos ampliar o projeto.
Acreditamos que tocar um instrumento e compor músicas tem o poder de formar para a cidadania, de maneira consciente e criativa, e gerar um novo olhar para a realidade, influenciando na tomada de decisões na juventude e consequentemente na vida adulta.
Mas pode-se perguntar: Por que meninas? Porque somos meninas (cis e trans), sabemos o quanto é difícil ser uma menina, e como somos criadas dentro de um modelo de sociedade que nos socializa para não confiarmos umas nas outras e até em nós mesmas.
A experiência no acampamento visa proporcionar um suporte que caminha por fora destes modelos, valorizando a diversidade, os saberes diferenciados, as habilidades e competências diferentes, favorecendo a grupalização, a troca de experiências, a expressão de ideias, anseios, temores e vontades através da música, elevando assim a autoestima e promovendo os saberes com ações afirmativas e referências positivas do gênero feminino, no campo da música, da crítica social e das artes em geral.
Acreditamos que meninas que tiverem a oportunidade de participar de uma atividade desafiadora, questionadora como a proposta, terão muito mais respaldo para lidar com as questões postas pelo cotidiano das mulheres cidadãs. Cabe aqui ressaltar que se mede o desenvolvimento de uma sociedade pelo grau de inclusão das mulheres nesta sociedade. Portanto, novas formas de representações são essenciais para a formação de uma sociedade democrática.
O Girls Rock Camp é uma atividade divertida e ao mesmo tempo questionadora, que permite através do poder da música possibilitar a quebra de preconceitos de gênero, de barreiras e limites impostos.
Procuramos expandir horizontes culturais, fortalecer a autoestima, a grupalização, a solidariedade e o protagonismo infantojuvenil feminino, propiciando as campistas participantes a desenvolverem suas potencialidades, buscando formar cidadãs conscientes de seus direitos potencialidades e ativas na sociedade.
Queremos fazer mais edições por ano (por enquanto acontece apenas uma), além de mais oficinas, e até o Ladies Rock Camp, que seria nos mesmos moldes do “Girls”, só que para mulheres mais velhas. Sempre com o foco no empoderamento feminino!
Mas pode-se perguntar: Por que meninas? Porque somos meninas (cis e trans), sabemos o quanto é difícil ser uma menina, e como somos criadas dentro de um modelo de sociedade que nos socializa para não confiarmos umas nas outras e até em nós mesmas.
Instrutoras de guitarra, todas voluntárias, no último Camp |
Acreditamos que meninas que tiverem a oportunidade de participar de uma atividade desafiadora, questionadora como a proposta, terão muito mais respaldo para lidar com as questões postas pelo cotidiano das mulheres cidadãs. Cabe aqui ressaltar que se mede o desenvolvimento de uma sociedade pelo grau de inclusão das mulheres nesta sociedade. Portanto, novas formas de representações são essenciais para a formação de uma sociedade democrática.
O Girls Rock Camp é uma atividade divertida e ao mesmo tempo questionadora, que permite através do poder da música possibilitar a quebra de preconceitos de gênero, de barreiras e limites impostos.
Equipe voluntária em 2014 |
Queremos fazer mais edições por ano (por enquanto acontece apenas uma), além de mais oficinas, e até o Ladies Rock Camp, que seria nos mesmos moldes do “Girls”, só que para mulheres mais velhas. Sempre com o foco no empoderamento feminino!
Ganhou seu coração? Então participe da campanha, doando ou divulgando. Obrigada!
18 comentários:
Adorei recentemente vi uma pesquisa em que mulheres que curtem metal são vistas como pouco atraentes pelos homens, também com as roqueiras e skatistas pois dizem que é só pra chamar atenção dos meninos.
Vi uma reportagem interessante
Grazi Massafera não depilou as axilas - e o problema é só dela interessantehttp://www.brasilpost.com.br/2014/11/05/grazi-axilas_n_6110076.html
as pessoas ficaram indignadas com esse fato, mas uma vez se fosse homem nada né.
Não me lembrava mais da entrevista e foi bom refrescar a memória.
Vou divulgar para as minhas amigas, porque a proposta é muito atraente e importante.
Uma sugestão seria as organizadoras montarem um canal no YouTube (se já não existir - não vi nenhuma menção no post) com as canções que as meninas fazem e, também, um pouco das outras áreas de atuação dentro do camp. Isso poderia atrair ainda mais meninas interessadas.
Vou voltar e ver isso com calma e de que formas eu posso contribuir. Sucesso para a iniciativa!
Ahhhh, eu achei O MÁXIMO esse evento quando ví seu tweet com o link! Já compartilhei nas minhas redes sociais também.
Sou suspeita a falar pq toco violão desde os 15 anos e aos 17 comprei a minha guitarra, com meu suor e foi a melhor sensação do mundo pra mim. Meses depois encontrei uma banda de garotas precisando de guitarrista e esse sonho se tornou realidade. Tive banda por 3 anos. Mas a falta de recursos e entra e sai de meninas na banda saturou e paramos com ela. Hoje quase não toco, mas lembro de como é gostoso subir num palco tocando rock/hard rock/metal e a galera batendo cabeça lá embaixo curtindo com a banda. Sinto falta dessa energia!
Atualmente acompanho duas bandas femininas aqui da região, uma alemã (Banda Fridas) e outra de pop rock/rock (Drei Donnas). Ótimas musicistas... Caso queiram conhecer.
Desejo todo sucesso do mundo em mais esta realização do evento. E pra finalizar, sugiro uma música que é a cara desse post: Girls, girls, girls do Motley Crue!
Música ainda é um território mto machista... Meninas só "cantam" ou tocam instrumentos clássicos. Queremos mais iniciativas assim!!!
Muito massa, Lola. Vou contribuir.
Isto de músicas e atividades em grupos, pode sim fortalecer e muito o feminismo. Eu digo isto, porque INFELIZMENTE o contrário aconteceu comigo. Eu fui mascu por longos anos, devido aos meus amigos.
Larguei uma ótima namorada, porque ficaram me rotulando de "CSP"(capitão salva putas no vocabulário deles) e me apresentaram o Nessahan Alita. Depois de um tempo, passei a frequentar fóruns mascus, que não irei citar nomes por respeito a Lola, fiquei tão obsecado em me tornar o "macho alpha", que passei a fazer exercícios tão pesados, que perdi muito da mobilidade das pernas e dos braços. Consegui emagrecer, mas paguei um preço elevado de mais, só porque "ser gordo é coisa de beta apaixonado"(sic0. Larguei amizades, porque "friendzone é coisa de beta"(sic), em fim, fiz vários estragos no meu corpo e na minha vida social.
É nítido a diferença no linguajar e tratamento de você, pros caras. Os caras saem xingando e banindo quem discorda deles, mesmo que fundamente com a própria literatura deles, isto. Aqui, mesmo comentários que eu fiz, discordando de você, muitas vezes com argumentos furados, foram aprovados.
Perdi anos da minha juventude, só pensando em perder gordura e ficar "bombado", fantasiando ser um "Dan Bilzerian", perdi namoradas, amigas, amigos, minha saúde, etc. Tudo em nome de uma ilusão. Só fui perceber a realidade, depois de ter conseguido me tornar o "macho alpha", que tanto queria e visto que a realidade é bem diferente. Percebido o quão idiota eu agi muitas vezes.
Espero que mais pessoas se toquem e não errem onde eu errei. Me tornei hipócrita a ponto de transar com várias mulheres, prostitutas, ou as "civis"(sic) e criticar mulheres poligâmicas e ainda faltar com o respeito delas, chamando-as de "vadias". Hoje entendo, que se elas querem ter vários, direito delas.
Diva
Uma linda iniciativa a ser apoiada e espalhada!!!
Parabéns para as idealizadoras. :)
Sei que não tem a ver com este post tão belo mas queria que alguém opinasse sobre a atitude deste pseudo-instrutor(que considero mais um imbecil misógino querendo pegar dinheiro de outros imbecis) sobre "técnicas de paquera" totalmente imorais.
Só espero que uma aberração dessa NÃO se espalhe!!
Aqui o link:
http://oglobo.globo.com/blogs/pagenotfound/posts/2014/11/06/instrutor-de-paquera-agressiva-causa-polemica-na-australia-554072.asp
To chocada com as materias sobre as axilas da grazi so criticas e ate umas ensinando como ela deve fazer pra não esquecer de depilar isso é horrivel porisso que a maioria, dessas mulheres famosas fazem absurdos pela beleza por causa dessas criticas :(
Desculpa, mas vc só pode estar de brincadeira né??? Girls girls girls do Motley Crue??? O que pode ser mais sexista do que essa música, esse disco, esse videoclipe e essa banda??? PQP. Teu comentário foi legal, mas nesse final vc bateu de frente no muro hein!
Lolinha, você já viu esse vídeo maravilhoso?
O cara acabou com os argumentos dos reaças - Mainardi e sua turma.
https://www.youtube.com/watch?v=VOU_cW6eZCk
Não sem quem disse a frase "Música ainda é um território mto machista..."
Na Bélgica já existe o evento "Metal Female Voices Fest". No Brasil todo ano vem uma porrada de bandas em qual os lideres e vocalistas são mulheres variando do DeathMetal ao Metal Melódico. E se vocês começarem a frequentar as casas de show verão que o número de mulheres já é quase igual ao de homens. Se atualizem....
Sei que é off-topic, mas merece a leitura:
http://extratime.uol.com.br/liga-junior-do-canada-suspende-dois-atletas-por-comentarios-machistas-no-tinder/
Interessante ver como alguns esportes tratam diferente a questão do machismo;
13 comments, ninguém se importa com isso. Bora falar do homem sendo estuprado na novela por favor.
Acho super interessante essa interação com musica para meninas, ainda mais esse estilo que tanto adoro!
Excelente postagem!
www.memoriasdeumaguerreira.blogspot.com
6 de novembro de 2014 18:59
Espero que tu estejas bem, agora é olhar pra frente e agir da melhor maneira possível, sem julgamentos. =)
Lola, vc viu esse caso?
Pelamor, que coisa tenebrosa...pelo menos a menina conseguiu se salvar e gravou a placa do carro. Absurdo demais!
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/11/1544633-menina-e-estuprada-e-sobrevive-apos-ser-jogada-de-barragem.shtml
É uma pena quando as pessoas caem em um circulo vicioso de auto-destruição... Mas fico feliz quando saem.
A muito tempo atrás, eu entrei numa comunidade teoricamente sobre namoro (mulheres falando sobre seus relacionamentos). Mas lá o que rolava não tinha nada a ver como esse tema: era um buraco negro de ódio. Devo ter ficado uns 6 meses lá, e no começo eu levava as coisas na esportiva mas ia ficando cada vez mais difícil não levar as coisas pro lado pessoal e começar a ficar vingativa e azeda. Chegou a um ponto em que eu ia dormir tarde brigando com o povo dalí e acordava cedo pra ir lá brigar mais um pouco, e passava o dia todo pensando nisso... rs. Aí ví que tinha que tinha que me desligar daquilo. Não levava pra lugar nenhum, só incitava a ser cruel e ver ódio em tudo.
Aí me desliguei da comunidade e nem voltei mais pra olhar.
Ví que se afastar desse tipo de ambiente , físico ou virtual, é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer. Melhor se juntar a ambientes de "boa vibração" (rsrsrs) e buscar o conhecimento e a bondade. Faz um bem danado.
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