quinta-feira, 6 de novembro de 2014

GUEST POST: UM HOMEM QUASE ESTUPRADO

Na segunda a novela das 9 da Globo, Império, teve uma cena em que uma personagem diz que "quase estuprou" um homem. 
Você pode conferir a cena na íntegra.
Ana, uma leitora querida e antiga aqui do blog (que ultimamente vem assinando seus comentários como Ana Banana), não gostou nada disso, e explica por quê:

Imagine-se olhando a novela quando, de repente, um rapaz confessa: “Eu quase estuprei a moça lá na festa!”. Qual seria a sua reação?
E se fizéssemos uma troca? E se, ao invés de um homem, tivéssemos uma mulher dizendo “eu quase estuprei o cara lá na festa!”?
Bem, nesse caso, digo que não é mais necessário imaginar – a Globo já nos fez o favor de por essa cena na televisão. O contexto é o seguinte: Maria Marta (Lília Cabral) quer acabar com o casamento do filho, Zé Pedro (Caio Blat). Para isso, traz para dentro de casa sua sobrinha Amanda (Adriana Birolli), ex-namorada do rapaz, esperando que ela arruine seu casamento. 
Quando nada funciona, Maria Marta reclama, e é aí que Amanda se defende: “Me aplicar mais, tia? Eu agarrei o Zé Pedro ali na escada! Eu saí no tapa com a mulher dele semana passada! Eu quase estuprei o cara lá na festa da Clara!”
Vamos por partes. Se eu dissesse a você que um primo meu “me agarrou na escada da minha casa”, acredito que receberia muitos comentários solidários e que o sentimento geral seria de profunda indignação contra esse primo. Se você é mulher, você sabe que o verbo agarrar não é agradável, na maioria dos casos. Você provavelmente já foi agarrada por algum homem, talvez um cara bêbado em uma balada, talvez um homem muito mal intencionado dentro da sua própria residência. Ser agarrada não é bom. Em geral, tenho um desconforto muito grande com esse verbo.
Portanto, quando Amanda diz que agarrou Zé Pedro na escada, o que sinto é preocupação. Em seguida, me lembro que Amanda dificilmente seria capaz de agarrar com a força de um homem, daí Zé Pedro não deve passar pelo sufoco que eu passaria. Mas, honestamente – e daí? Se meu primo fosse um rapaz fraquinho continuaria sendo muito desagradável ser agarrada. Eu gostaria de ter o direito de reclamar e ser levada a sério. Por que não dar o mesmo direito ao Zé? Não consigo pensar numa razão boa o suficiente. Ele podia se defender? Provavelmente sim, e aliás, vem frustrando os ataques da prima há muitos capítulos. Isso alivia o que Amanda tem feito? Não. Isso alivia a nossa parcela de culpa, por assistirmos sem nos revoltarmos? Não. 
Amanda persegue Zé Pedro há dias. O homem lhe disse inúmeras vezes, em alto e bom som, que não a quer. Amanda insiste. Rouba beijos, agarra, “quase estupra”. E tudo isso é colocado no horário nobre da TV, sem que em momento algum as palavras “assédio sexual” sejam ditas. 
Tudo bem, a trama é um esquema, uma coisa ruim, uma coisa de vilã -- Maria Marta é uma vilã. Não é mostrado como algo positivo. Mas também não é uma tragédia: é só uma prima dando em cima de um cara. Não há a mínima consideração com Zé Pedro, seu corpo, seu espaço, sua vontade própria. Não há reflexão em cima disso, não se comenta o atropelo de consentimento. Por quê? 
Uma mulher pode “quase estuprar” um homem sem consequências? Nós sempre batemos o pé sobre como estupro é um assunto sério e sobre como relativizar a violência é parte do problema. Por que, então, eu deveria ouvir a palavra estupro dirigida a um homem e não me preocupar? Por que deveria ignorar ou minimizar o que foi dito? Não trataríamos essa frase como apenas uma expressão se ela fosse dirigida a uma mulher. 
Acho que não devemos tratá-la assim porque a vítima em questão é um homem. Fazer isso seria compactuar com a ideia de que o homem não pode ser vítima (e por tabela, dar a entender que nós sempre somos vítimas). É danoso e irresponsável.
Estima-se que, dentre as vítimas de estupro, aproximadamente 10% sejam homens. Supondo que esse dado esteja correto: 10% é um número muito menor que 90%? Sim, é. 10% é um número irrelevante? Dadas as circunstâncias, não. Ainda que o número fosse muito menor que esse, ainda que beirasse o zero, devemos manter em mente que a porcentagem representa pessoas – homens de verdade. 
Esses homens existem, e importam. Esses homens enfrentaram grandes barreiras para falar. Não podemos estuprá-los novamente fingindo que eles não existem. Não podemos deixar que o estupro contra homens seja visto como algo trivial ou imaginário, qualquer que seja o sexo do agressor.
Devemos ter em mente também que não falamos somente de homens, mas também de crianças e adolescentes, que são particularmente vulneráveis. Talvez um homem crescido pudesse se defender, mas e um menino? Como se defenderia de uma agressão sexual de uma mulher, que poderia muito bem ser uma figura de autoridade? Que estamos dizendo aos nossos meninos e aos nossos jovens quando veiculamos essas coisas na TV?
Até 2009, entendia-se judicialmente que um homem não poderia ser vítima de estupro. A definição antiga de estupro (Lei Nº 12.015, Art. 213) era: “Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça.”
A nova definição é: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.”
Podemos notar duas mudanças claras na lei: 1) “mulher” foi substituído por “alguém” e 2) estupro deixou de ser apenas a conjunção carnal, podendo ser também “outro ato libidinoso”. “Conjunção carnal” deve ser lido como “penetração vaginal”, enquanto sexo oral ou anal são considerados atos libidinosos -- até 2009, tais atos eram o chamado “atentado violento ao pudor”. Como a vítima de estupro era por definição mulher, aos olhos da lei um homem podia, no máximo, ser violentado.
A definição original de estupro é de 1940. Minha avó estava nascendo nesse ano. Demorou desde o nascimento da minha avó até 5 anos atrás para que homens pudessem ser vistos como vítimas. Pare por um momento e pense nisso. Agora lembre-se que uma personagem feminina disse, em horário nobre, que “quase estuprou” um homem. Ainda parece algo pequeno?

94 comentários:

Anônimo disse...

O problema é que TODO homem que eu conheço diz que adoraria ser agarrado por uma mulher (que não seja muito feia). Poderão resistir se forem comprometidos. E mulheres não sentem o mesmo, não querem ser agarradas por qualquer cara. Essa diferença cultural é inegável.

Paola disse...

Pena que nem todas as feministas pensam assim,algumas debocham e minimizam o estupro contra homens.
Eu acho que já é um começo,nunca vi em novela nenhuma homem sofrendo tentativa de estupro por uma mulher,sendo perseguido desse jeito.

Ana disse...

Oi, gente. Fui eu que escrevi o texto. Muito obrigada, Lola, por me dar esse espaço.

Primeiro, me desculpem a falta de criatividade e a abordagem clichê – Mas e se fosse uma mulher? Mas e se fosse um homem? – mas eu queria que o texto fosse acessível inclusive para quem está pensando nisso pela primeira vez. Talvez quem já lê sobre feminismo há algum tempo tenha idéias mais bem delineadas, mas fiquei pensando no público geral. Se chegamos ao ponto de ter uma frase dessas na TV, em horário nobre, é porque a sociedade não anda pensando nisso.

Existem muitas coisas relevantes que não abordei no texto, especialmente porque ele devia ser finito, haha. Eu não tinha espaço para cobrir absolutamente tudo, mas eu tentei semear algumas questões. Meu maior objetivo é propor um tema para reflexão.

Uma das coisas que podem ser ditas é que há uma falsa simetria entre homens e mulheres quando se trata de estupro. Há muitos argumentos sobre isso, e eu chego a citar apenas um deles – a proporção entre os estupros de homens e os estupros de mulheres. Mulheres ainda são a grande maioria das vítimas de estupro. Além disso, no geral, homens gozam de força física e alguns privilégios específicos que não temos. Até que ponto essas informações são relevantes? Reconheço que a simples inversão de papéis nem sempre é o melhor argumento - Mas é um começo.

Meu texto não é competente no quesito inclusão – não falo, por exemplo, de homens e mulheres trans. Além da falta de espaço, não me senti apta a abordar o tema - eu, mulher hetéro e cis, não devo me apossar de universos que não conheço. Agradeço desde já a quem contribuir com o tema na caixa de comentários.

Falando em me apossar do que não conheço – não sou homem. É uma preocupação de vários ativismos que sua voz não seja roubada, por exemplo: nós, mulheres feministas, não apreciamos quando um homem invade nosso espaço e tenta falar por nós. Pessoas trans não devem ser silenciadas por pessoas cis, brancos não devem falar pelo movimento negro, etc. Nesse sentido, talvez eu já tenha me apossado de um discurso, pois não sou homem. Lido com o machismo, mas tal qual um homem não sabe o que é ser mulher, não sei o que é ser homem. Não é minha intenção falar pelas vítimas masculinas. Agradeço novamente àqueles que possam se pronunciar sobre o assunto com mais propriedade do que eu.

Também não comentei que falar de números é muito difícil quando as vítimas sofrem uma pressão grande para não denunciarem, independente do seu sexo. O número total de estupros e a proporção entre o sexo das vítimas podem ser muito diferentes dos números oficiais.

Me arrisquei falando de leis – porque não estudo o assunto – e não me estendi sobre o machismo que moldou a definição original de estupro. Além do sexismo que não permite ao homem admitir ser frágil/vítima, havia a homofobia por trás da lei original – não por acaso, o sexo entre homens gays caía na classe de “atos libidinosos”. É outra pauta interessante.

Obrigada.

Lídia disse...

Muito bom Lola. Isto de "não se deve ignorar os estupros contra homens", me lembra algo interessante. Imagine que 90% dos assassinados sejam loiros. Faria sentido só punir e tentar evitar os assassinados contra loiros e ignorar os ruivos, morenos, etc?

Este papo de só se preocupar com o estupro se a vítima for mulher, coloca a mulher como inferior ao homem, pois a rebaixa a uma vítima incapaz.

Para existir igualdade, homens não podem ser vistos como "fortões" e mulheres como "vítimas", infelizmente muitas FEMINISTAS ACABAM REFORÇANDO ESTE ESTERIÓTIPO SEM QUERER.

Parabéns por demonstrar coerência e inteligência. Ao contrário dos "adversários", mascus, que saem banindo e insultando quem os questiona(mesmo utilizando da literatura deles), você é bem inteligente, possui argumentos e tolera opiniões contrárias, desde que as mesmas sejam educadas, fundamentadas e não tenham teor de ódio.

Anônimo disse...

Texto bem interessante, e confesso que apesar de ter assistido a cena eu não tinha refletido sobre o que foi dito e como é uma conduta grave o que foi mostrado, a violação sobre o espaço/desejo do homem. Estupro é estupro, independente do gênero. Só espero que algumas outras leitoras não tentem relativizar só porque a vítima (ainda que na ficção)é um homem.

Sonado Alaikor disse...

Tem um tempo que não comento aqui Lola, mas queria agradecer vc e principalmente a @Ana_Banana por exte belo texto.

Admito que não acompanho a novela, já não era de assistir TV, então me revolta saber que tal situação esta ocorrendo nas novelas exibidas por ai.

Ser forçado a fazer algo contra a própria vontade é uma violência sem tamanho e deve ser combatida em todas as suas formas, sem duvida.

João Marvadão disse...

Moça, não precisa se preocupar.
Se uma mocinha dessa quiser estuprar qualquer cara, a "vítima" ficaria infinitamente feliz.
Se alguém souber onde isso ocorre de verdade me avisa.
Marcarei minhas próximas férias para esse lugar.
Beijo a todas!

Anônimo disse...

Só tenho duas palavras para esse post: Muito obrigado.

Fui estuprado quando moleque e eu jamais tive coragem de falar com alguém sobre isso.

Domingos Tavares disse...

@João Marvadão
Ah, é? Quer ser estuprado?

O jeito mais fácil é arrumar uma acusação de violência sexual e ser preso por isso. Aí até a "mocinha" do lugar vai estuprar você.

Anônimo disse...

Entendo o raciocínio, mas não consigo ver essa simetria, até porque homens são estuprados por... homens, e não por mulheres (claro, deve haver exceções).

Sem contar que o apagamento da vontade e da humanidade do homem é praticamente impossível de ser feito por uma mulher, porque toda a construção social é no sentido contrário - nós simplesmente não tratamos homens como objeto (mesmo em relações sem compromisso) porque não podemos deixar de ver que há, ali, uma pessoa.

Não porque sejamos melhores do que eles, mas porque essa linguagem nos é estranha. Já para eles, é fácil separar as mulheres que são pessoas (ou pra casar) de brinquedos cuja vontade não tem a menor importância (putas), e que podem ser objeto de qualquer tipo de violência -porque assim eles são ensinados.

A nossa cultura está muito longe de endossar o estupro masculino, mas o faz todos os dias em relação à violência contra a mulher.

Não dá pra comparar, porque a nossa socialização ocorre de forma completamente diferente. É por isso também que a prostituição masculina é voltada para homens.

Estupro e prostituição, a meu ver, só existem porque existe uma cultura patriarcal, só existem num contexto em que mais da metade da humanidade é vista como inferior, como objeto de deleite, de prazer, da outra parte da sociedade.

Assim, entendo a intenção do texto, mas essa comparação só seria possível num mundo de igualdade, que infelizmente não vivemos.

André disse...

Eu já sofri algo parecido e é bem desagradável. Além de você perder o sossego e ter que ficar o tempo todo atento para não dar oportunidade para a pessoa que te assedia, ainda tem que lidar com a fama de viado. E a questão da beleza da assediadora acaba se tornando meio irrelevante, porque você vai pegando "nojo" da pessoa.

Anônimo disse...

Comentários como o do João Marvadão (12:03) para mim é que delineiam a maior diferença entre o estupro cometido contra homens e mulheres, e justamente o que torna o caso masculino tão difícil de abordar. Pois, além da vergonha que atinge a maioria das vítimas, existe a pressão de que o homem deve gostar daquilo. Qualquer homem que não tenha esse comportamento é desacreditado.

Essa diferenças me levam a crer que a abordagem deve ser distinta no caso dos homens. Mas qualquer movimento contra o estupro deve também levar em conta o feminismo, pois é por causa desse machismo infernal que eles são ensinados a não poder dizer não e mulheres a sempre temer.

André disse...

12:44,

"A nossa cultura está muito longe de endossar o estupro masculino, mas o faz todos os dias em relação à violência contra a mulher."
Se tem um ponto em que a falsa simetria mais se dilui é esse. Enquanto as mulheres "provocam" o estuprador, os homens não tem direito de recusar uma mulher.

lola aronovich disse...

Anon das 12:44, mas não acho que a Ana esteja fazendo essa simetria, de modo geral. Ela fez essa análise a partir da cena da novela. Pra mim não há sombra de dúvida que nós, feministas (mulheres e homens), devemos condenar todo tipo de estupro. É raro, mas pode existir estupro de homem por mulher. E, se para mulheres denunciar estupro já é super difícil e humilhante, pra homem que foi vítima de estupro deve ser tão ruim quanto. É só a gente ver as "piadinhas" que surgem inclusive nesta caixa de comentários: de homem dizendo que adoraria ser "estuprado" por qualquer mulher que não seja muito feia, de outro respondendo que é só ir preso pra ser estuprado. É ridículo. Nenhum homem gostaria de ser estuprado. Não é sexo, é violência. É vc não ter controle sobre o seu próprio corpo. Por isso, é considerado um dos crimes mais hediondos e traumáticos. 97% de todos os estupros são cometidos por homens. Mas existem 3% que são cometidos por mulheres. De vez em quando é bom falar deles também. Até porque muita gente acha que isso não existe, que "homem de verdade" não é estuprado. Já publiquei um guest post de uma leitora que forçou sexo com um amigo. Ela estava em dúvida se aquilo havia sido estupro ou não. Ué, sexo forçado é estupro. Nos comentários, muitos homens acharam que não foi estupro. Eu achei que foi. A leitora achou que foi, senão não teria mandado o email. É preciso desmistificar a ideia de que homem não pode recusar sexo. A novela (que eu não assisto) mostra uma cena crível: um cara está envolvido com uma mulher, e uma ex volta querendo seduzi-lo. Eu conheço vários homens que não aceitariam transar com a ex porque estão num outro relacionamento. Além do mais, e se a ex está sendo manipulada pela sua mãe para estragar seu relacionamento com a namorada atual? Ainda assim o cara teria que transar com a ex? Não faz nenhum sentido pra mim.

Anônimo disse...

Acho um pouco de drama demais. No caso da novela, ele é psicologicamente/moralmente/emocionalmente fraco. Não que isso melhore as ações da prima, mas é um fato que ele dá pequenas permissões em alguns momentos por ainda "sentir algo" (o antigo amor de trama de novela, né). Se eu fosse escolher uma vítima, seria a tal esposa do cara.

Anônimo disse...

"Se uma mocinha dessa quiser estuprar qualquer cara, a "vítima" ficaria infinitamente feliz."

Tanto homem já me disse que gostaria de ser estuprado por uma mulher.
Dá nojo ouvir isso, sabia?

Com isso, eles tão dizendo que estupro não é nada demais, que as mulheres deveriam de gostar ao invés de reclamar.

É difícil fazer um cara desses entender o que é estupro.

Anônimo disse...

Anonimo 13:18

"Se eu fosse escolher uma vítima, seria a tal esposa do cara"

Agora a gente escolhe vítima, é? Não podem os dois serem negativamente afetados pelos fatos?

Anônimo disse...

Lola o problema é como a pessoa do primeiro comentário falou isso não é levado a sério pelos próprios homens uma vez eu vi uma reportagem de uma mulher mais velha que parece que tinha estuprado um menino, e os comentários foram sortudo,todo homem gostaria disso, pelos próprios homens e a parte que se indignou foram as mulheres pois se fosse uma mulher seria o contrário.

Anônimo disse...

Eu não gosto dessa novela primeiro tem aquele prostituta de luxo maria isis que não faz nada a novela toda a não ser ficar atras daquele ricasso, depois a vilã cora parece que gostou de ser abordada por um ladrão a mulher tá tão desesperada a esse ponto...
a novela é fraca não me chama atenção, toda vez que coloco não aguento assistir.

Anônimo disse...

Ah sim a parte que eles não gostaram foi quando as mulheres questionamos se fosse um homem estuprando um garoto será que estaria tudo bem pra eles ou seria um escândalo.
O melhor ainda é falar de como machismo também afeta os homens tanto na violência, quanto no estupro ou o homem não querer ficar com uma mulher mesmo que ela seja linda.
Pois isso só é falado quando eles vem culpar o feminismo por homem não poder fazer essas coisas (o famoso male tears), pois no normal eles acham na mente machista deles ser agredido por mulher coisa de homem fraco, ser estuprado por mulher "legal".

donadio disse...

"Agora lembre-se que uma personagem feminina disse, em horário nobre, que “quase estuprou” um homem. Ainda parece algo pequeno?"

Bom, "pequeno" é muito relativo. Para um elefante, eu sou pequeno. Para uma formiga, sou enorme.

Mas o problema me parece outro. Vamos confrontar o que a personagem disse ("quase estuprei um homem") com o que o Código Penal diz quando define "estupro":

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.

Será que ela "quase constrangeu um homem a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se praticasse outro ato libidinoso, mediante violência ou grave ameaça"?

Eu acho que não.

Acho que ela quis dizer algo bem diferente. Que quase constrangeu o cara a ter relações sexuais, mediante consistente encheção de saco, importunação sistemática, etc, etc, etc. Provavelmente tentando se prevalecer do mito machista de que homem que é homem tem que estar sempre disponível para qualquer mulher que dê mole. E isso é muito, muito, muito, diferente de "violência ou grave ameaça".

Se é pequeno, não sei; é relativo, e depende do ponto de vista.

Mas é muito, muito, muito menor do que um estupro, ou mesmo tentativa de estupro.

Anônimo disse...

sinceramente essa novela eh nojenta e voc ñ deveria esta discutindo isso os homens nem se preocupam Vamos falar do caso da menina que esta sofrendo agressao dos colegas por que ñ quis beijar um colega inclusive mulheres ameaçando ela ela ñ vai mais a escola. passou no hoje em dia

Anônimo disse...

Desculpa , a ideia é bonita, mas não rola. Homens estupram homens. Mulheres tavez sejam 3% estupradoras mas deve ser contra crianças, imagino eu? homem se não quer estuprado por mulher, não é! Simples assim. Pois normalemnte é mais forte fisicamente.

E sinceramente, a mulher vai fazer o que com um homem que não quer sexo? Enfiar um vibrador na bunda?

O ponto aqui é mais homens serem forçados/ se sentirem obirgados a fazer sexo com todo mundo, o que é ridicumlo, claro.

Meu irmão quando tinha 14 anos chegou no meu quarto assustado, pq uma amiga da minha mãe acordou ele passando a mão em tudo... nem por um segundo eu ri! Fiquei com nojo dessa mulher, e enquanto ela estava em casa eu fiquei do lado do meu irmão! MAs ele tinha 14 anos. Se fosse hoje, acho que ele simplemsente diria a ela: caia fora, e me respeite. Ponto. Claro que seria uma situação desconforatavel, mas nada que se comparasse a um estupro - pois bem ou mal ela não faria nada se ele não desse sinal verde.

Sei la, acho que esse post teve uma boa intenção, mas ficou com cara de propaganda "olha soh homens, nós feministas somos boazinhas e nos procupamos com vocês, memso quando não temos motivos"

André disse...

14:04,

Pela nova definição de estupro não precisa usar de violência física nem usar um vibrador para configurar estupro. Nem a falta de reação por parte da vítima configura consentimento.
Eu entendi o post como uma crítica ao fato que o estupro ainda não é considerado uma coisa intrinsecamente ruim, ainda nos perguntamos o que a estuprada estava vestindo, ainda nos perguntamos se a estupradora era bonita, etc.

Anônimo disse...

Agora a gente escolhe vítima, é?

Dado que é a novela é uma ficção e eu tenho o direito de questionar o que eu estou vendo e tirar conclusões, sim. No caso, pelos motivos que eu disse.

Anônimo disse...

Lola eu acho que vc deveria ter falado sobre Anita Sarkeesian ELA FALOU DO SEXISMO NO GAMRES ESTÁ SENDO ODIADA PELOS HOMENS GAMERS OS ANTI-FEMINISMO CLARO.
Ainda esta semana, ela cancelou uma palestra na Universidade Estadual de Utah, após um detrator anti-feminista ameaçar um tiroteio em massa.

essa é uma frase dela
Há uma toxicidade dentro da cultura de jogos, e também na cultura tecnologia, que impulsiona esse ódio misógino.

Anônimo disse...

lendo este guest post e o outro que a Lola relacionou no texto, acredito que a grande diferença está em "violência ou grave ameaça" que caracteriza o estupro.

Não justificando essa atitude, ou desmerecendo o constrangimento que a pessoa passa. Minha consciência diz que isso é algo extremamente errado, mas me pergunto se é algo "penalmente relevante". Se levado a julgamento, seria considerado algo relevante ou seria aplicado o princípio da insignificância? Como juízxs, o que vocês fariam?

"Princípio da Insignificância (crime de bagatela)
Descrição do Verbete: o princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação. Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, tais como: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor). Sua aplicação decorre no sentido de que o direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social."

Cellophanem

Anônimo disse...

"E sinceramente, a mulher vai fazer o que com um homem que não quer sexo? Enfiar um vibrador na bunda?"

Hahahahahahahahahaha, gente

Aline J disse...

A gente tá falando da novela que só mulheres são mostradas como pragas? Que o único "vilão" é gay? Da novela problemática que trata uma personagem (Duda, sei lá) como incubadora e que ão tem direito À opinião?

É uma merda essa novela. Tentei assistir uns capítulos e odiei. Ah, eu fiquei sabendo que essa Marta aí sim, estuprou o comendador, não? Ele tava bebaço e ela se aproveitou. É, estupro é nojento, seja contra quem for.

o problema são alguns misóginos dizendo que homem que é homem gosta disso. Otários, prestem atenção: não é porque vocês são idiotas que os outros caras tem de ser também.

"omis" dizendo aí que gostariam de ser estuprados: Vocês me dão nojo.

Nicole disse...

Verdade, a Maria Marta estuprou o comendador mesmo. Ele até chamou ela pelo apelido deu à amante dele, a Maria Isis. E depois ela ainda ficou se gabando, rindo dele falando que ele "fez amor" com ela.

Mally Pepper disse...

Ao contrário do que alguns masCuzinhos dizem, o problema não é falar sobre os homens que são estuprados. É válido falar sobre o assunto, solidarizar com eles, incentivar a denunciar e nunca ridicularizá-los.

O problema é quando tentam usar isso como falsa simetria, ou um cala boca. É o que muitos fazem. Eles passam uma eternidade sem nunca tocar nesse assunto e até debocham quando o cara passa por isso. Mas é só a gente tocar no assunto do estupro de mulheres e pronto. Começa o mimimi e choradeira "ain, mas homens tb são estuprados". O que querem com isso é que a gente pare de reclamar dos estupros porque com eles tb acontece.

Não adianta explicar que a proporção é muito diferente, que o estupro das mulheres é naturalizado, etc. Eles não entendem e insistem em seguir como se os dois casos fossem exatamente a mesma coisa, 50%/50%.

Eles só falam isso pra nos silenciar, pra dizer que nosso problema não é importante, não é grande coisa porque com eles tb acontece o mesmo. Ou então quando tentam dar todo destaque e atenção ao estupro masculino, esquecendo e jogando pra escanteio o que acontece com as mulheres. Aí realmente não dá pra aceitar.

Além do mais, eles geralmente não importam com nossos problemas, só importam em justificar o estupro, dizer que a mulher provoca, faz isso, faz aquilo, tem que se prevenir, tem que tomar cuidado... mas nunca falam que os homens é que deveriam parar de estuprar e aprender a respeitar. Mas se um homem é estuprado e uma mulher debocha falando que ele deve ter provocado, etc. aí todos acham ruim, se fazem de vítimas, ficam de mimimi, não aceitam que falamos isso.

É muita folga, né?

Anônimo disse...

"O que uma mulher vai fazer com um homem? enfiar um vibrador na bunda dele?" Mas gente,uma mulher pode fazer tanto coisa com um homem,esse comentário é bem ligado só a penetração né,estupro é relação de poder,e para demonstrar poder e superioridade vale tudo. Falar sobre estupros de homens é muito complicado,surgem piadinhas,negações e tudo mais,vindo dos próprios homens,só quem já passou por isso sabe que a coisa passa longe do que o imaginário misógino cria,passa longe daquelas fantasias pornográficas.

Unknown disse...

Belo texto Lola, por sinal um dos melhores que já li aqui, agora eu tenho certeza que vai chover panacas escrevendo comentários absurdos aqui.

eu sei que na media os homens tem mais força e altura que as mulheres, mas e importante lembrarmos que existem homens e homens e mulheres e mulheres, claro que um homem mediano consegue se defender fácil se uma mulher mediana também tenta agarra ele a força (tenta estupra ele), mas e se a mulher tiver uns 15cm a mais de altura que ele e pesar unas 10KG mais que ele (independente do cara já ser adulto ou não), e tudo mundo sabe altura e peso ate um certo ponto são diretamente proporcionais a volume de força que pessoa tem, claro partindo-se do ponto de vista que estejamos falando de uma pessoa saldável, agarrar ele seria fácil o pra um homem fazer uma mulher solta ele com essa diferença de massa corporal??? ate pode ser fácil se o cara for algum praticante de artes marciais, mas e se não for???

Em função de circunstancias como esta e que cada caso de estupro ou tentativa precisa ser muito bem investigado pela policia, enquanto não tivermos bons detectores de mentira nas mãos da policia, porque a hora que estes aparelhos existirem vai ser possível condenar criminoso, só com base no depoimento da vitima e do acusado.

E a nossa sociedade precisa aprender parar de joga ou dividir a culpa do crime com a vitima (quando se trata de violência sexual), só que pra isso acontecer o brasil e o mundo vão precisar evoluir muito ainda.

boa tarde

Anônimo disse...

"E sinceramente, a mulher vai fazer o que com um homem que não quer sexo? Enfiar um vibrador na bunda?"

Então, eu como homem posso te dizer que tem uma diferença entre ereção e consentimento.

A ereção é uma reação mecânica do corpo.

Nem sempre significa tesão.

E te garanto (por experiência própria) que é possível transar e não sentir a menor atração pela pessoa.

É parecido com a respiração, parte voluntário, parte involuntário.

Pode variar um pouco de homem para homem porque tem relação com o psicológico dele também, mas é mais ou menos assim com a maioria.

Anônimo disse...

Acho que o problema aqui é tirar uma situação do contexto. Sim, a atitude da moça é deplorável, e seria um assédio... mas, no contexto, há toda uma trama patética entre eles. Já vi inúmeras cenas parecidas com os gêneros trocados (homem assedia a mulher que namorou e ela meio que deixa, etc), e, por mais que isso me incomode, não sinto que estou vendo um abuso.

Anônimo disse...

Vou contar o meu caso, pois fui vítima de chantagem por sexo. Eu conheci uma mulher e um amigo me avisou para não me envolver com ela, pois ela não era boa gente. Mesmo assim eu bestão me envolvi e namoramos por alguns meses, mas realmente descobri coisas sobre ela (traições, mentiras e algumas outras) que me fizeram ver o quanto estive errado por não ouvir este amigo. O problema começou quando eu terminei com ela, pois ela era louca e ciumenta por mim e ela não parava de me ligar dizendo que me queria novamente e pedindo desculpas, chegou ao ponto de ligar no meu trabalho e de passar a noite no portão da minha casa, neste período eu tentei ignorar ao máximo pra ver se ela sumia. Depois de um tempinho sumida um dia ela me liga e diz que quer conversar e que não me quer mais, mas apenas que eu fosse na casa dela para resolvermos esta situação. Não sei pq nesse dia eu fui idiota de ir até a casa dela, até pq eu já estava com outra pessoa, mas fui lá e chegando ela me recebeu numa boa, conversamos um pouco e ela começou a me assediar, vir para cima de mim, tirou a roupa e eu sempre negando, tentei sair e a porta estava trancada e ela disse que eu só sairia depois de fazer sexo com ela. Eu me recusei até o último momento e então ela disse que se eu não fizesse ela me acusaria de tentar abusá-la. Como eu continuei negando ela quebrou algumas coisas na casa, se debateu inteira e ligou para a polícia, que prontamente chegou e me encaminhou até a DP sem sequer ouvir a minha história. Chegando lá eu tive que aguardar um tempo detido, porém para minha sorte eu fui esperto o suficiente para deixar o gravador do meu celular ligado e na hora que os policiais decidiram me ouvir eu falei sobre a gravação e resolvi a história. No fim ela respondeu por falsa denúncia mas não deu nada pra ela. Já faz uns 6 meses que isso aconteceu e eu tenho medo dela tentar me importunar novamente, não sei realmente o que fazer, e a polícia, ao ouvir minha história, disse que uma ordem de restrição contra ela é inviável e que é melhor eu deixar pra lá. Essa é minha história, pras pessoas que perguntaram "O que uma mulher faz se o cara não quiser sexo?" é exatamente isso ://

Anônimo disse...

"O que uma mulher vai fazer com um homem? enfiar um vibrador na bunda dele?"

Pode. Mas a questão é que estupro não envolve apenas penetração, é uma relação de poder, é a humilhação da vítima. Estupro não é por si só penetração à força.

Anônimo disse...

Já li um livro, de ficção, onde a "mocinha" fazia sexo com o cara meio insconcientemente, não lembro se bêbado, pra engravidar. No final, eles vivem felizes para sempre e eu fiquei, não acredito no que estou lendo. E o pior é que boa parte dos leitores, a maioria eu diria, achou a história fofinha. --'

Anônimo disse...

Oi, Lola, eu sou a anom das 12:44.

Adoro teu blog,acompanho há nos, e te acho o máximo, sinceramente não sei como vc consegue manter o blog, sempre com posts de qualidade, trabalhar e ainda ter uma vida haha

Mas então, eu lembro desse post sobre a moça que achava ter estuprado o rapaz, e lembro que fiquei um pouco desconfortável na época com a tua opinião. Lembro de um outro post (ou eram duas histórias no mesmo post, não lembro), no qual uma moça relata que ficou bêbada na casa de um amigo e que esse amigo forçou um tanto a barra mas ela não disse não, e vc concluiu que foi apenas sexo ruim.

Pois então, tenho pra mim que para o homem não tem como não ser apenas "sexo ruim", considerando uma relação com penetração.

Diferente do estupro contra mulher, que pode ocorrer independentemente do desejo, completamente à força, uma relação heterossexual com penetração simplesmente não acontece se o cara não fica excitado - daí, por mais que a moça tenha sido insistente, é difícil não pensar que em algum momento houve o consentimento, né? (Reação mecânica, gente? Claro que acontece qdo a pessoa quer fazer xixi ou qdo a pessoa tem problemas. Mas sei lá, na interação com outra pessoa, pode ser falta de empatia, qdo fico intumescida é por uma razão só...)

E nem que o cara consinta apenas pra guria parar de encher o saco, nem que fosse pra provar masculinidade... É uma coisa chata que aconteceu na vida da pessoa, mas também não dá pra comparar isso com estupro, do mesmo modo como não dá pra comparar com estupro as vezes em que vc não está tão a fim e faz com o namorado (ou amigo, sei lá) um sexo meia boca.

Tenho dúvidas em relação a abuso de menor (embora não trabalhe diretamente com isso, já soube de casos terríveis de abuso do pai com madrasta, pai e mãe, mas normalmente contra meninas. e nunca soube de abuso de menino somente por mulher - o que não significa que não exista, mas para mim é claro sinal de que não é um problema cultural como é o abuso contra meninas).

Enfim, só pra dizer que entendi o ponto de vista, mas ainda assim acho que há na nossa cultura um tabu no diz respeito ao estupro dos homens por homens (por causa do machismo e tal...).

Agora, numa relação de adultos em que não exista possibilidade de coação (por ex., a mulher é chefe, chantagem ou algo assim), não acredito que exista a possibilidade de abuso sexual da mulher contra o homem.

E mesmo com coação, se uma pessoa consente pra não perder o emprego, seja homem ou mulher, ainda assim essa pessoa ainda fez uma escolha. Pode ser uma forma de assédio, mas não estupro.

Ana disse...

Oi, obrigada a todo mundo pelos comentários.

A coisa que eu achei mais legal – de um jeito trágico – nessa experiência é que eu vi aparecerem na caixa de comentários muita coisa que geralmente dizem quando estamos falando de mulheres estupradas. Esperava alguma polêmica, mas sério gente, os mesmo argumentos?

Uma coisa que me preocupa bastante é a associação estupro = força bruta. Toda santa vez que se discute estupro no feminismo, nós passamos um trabalho do cão porque as pessoas só conseguem conceber estupro como uma agressão específica – o típico ninja da madrugada que bate loucamente na mulher, a arrasta pra um beco, e a estupra.

Sempre temos que esclarecer que estupro não precisa ser assim – se um cara usar uma droga ou bebida para deixar uma moça mais suscetível, é estupro. Ele não precisa bater nela, ele só precisa ignorar ou burlar seu consentimento. Às vezes a vítima não apanha, às vezes ela não oferece resistência, mas isso não significa que não há estupro.

E aí agora que estamos falando de homens, me parece que bateu o esquecimento no povo. De repente, estupro só ocorre com força bruta. Daí, como homens costumam ser mais fortes, vocês pulam para a conclusão de que eles sempre poderão se defender.

E se tiver chantagem? E se tiver álcool? E se tiver manipulação emocional? Sei lá, gente, tem muitas maneiras de se aproveitar de alguém sem precisar usar os punhos. Achei que tínhamos estabelecido isso.

Nós não lutamos para que as mulheres possam ganhar brigas no muque – nós lutamos para que um simples “Não” baste. Bem, um “não” de um homem deve bastar, também. Ele não deve ter que precisar se defender, a começo de conversa. Não interessa se ele pode ou não se defender, ele não deve ter que usar os músculos para conseguir ter voz. Se um cara diz “não” a uma mulher, ela deve se afastar. O contrário disso é atropelo de consentimento.

Vocês entendem que, quando dizem “eles podem se defender” estão dizendo também que contanto que a mulher seja aforte, ela pode ser assediada? Suponha que um cara mais fraco que eu exista, ele pode me cercar porque eu “posso me defender”?? Acho que não, né.

Ademais, “homens no geral costumam ser mais fortes” não é o mesmo que “homens sempre, em toda e qualquer situação, serão mais fortes que mulheres”. Daí, “eles são fortes e podem se defender” ainda vai deixar alguns homens à mercê de agressões.

Ah, o comentário do João Marvadão me lembrou aquele vídeo, Why Rape is Sincerely Hilarious.Procurem no YouTube.

Ana disse...

@12:44
“Entendo o raciocínio, mas não consigo ver essa simetria, até porque homens são estuprados por... homens, e não por mulheres (claro, deve haver exceções).”

Mencionei lá em cima que há, sim, um problema com a simetria.

Mas fico pensando nessas exceções. Podem ser poucos os caras que são estuprados por mulheres. Mas e daí? Eles são poucos, mas ainda merecem atenção.

Eu não disse que muitas mulheres estupram homens. Eu só disse que precisamos reconhecer os homens como possíveis vítimas. E levar em conta que eles também tem direito terem seu espaço respeitado, e afastar pessoas com apenas um “não”. Devemos zelar por isso. Ou não?

A cena na qual eu me baseei envolve uma mulher, mas homens estuprados por homens também sofrem bastante. Também lutam com o preconceito e também merecem nossa preocupação.

“Sem contar que o apagamento da vontade e da humanidade do homem é praticamente impossível de ser feito por uma mulher, porque toda a construção social é no sentido contrário - nós simplesmente não tratamos homens como objeto (mesmo em relações sem compromisso) porque não podemos deixar de ver que há, ali, uma pessoa.“

Eu concordo com você sobre a objetificação de mulheres e eu entendo seu ponto de vista. Mas, “praticamente impossível”? Achei meio pesado. Nós não somos ensinadas a fazer isso em massa, mas isso não significa que em certos contextos isso não possa acontecer.

“Máquina de sexo” não é uma objetificação? Acredite em mim, sei que não é a mesma coisa. Mas acho válido refletir. Encarar o homem como um ser que nunca nega sexo é privá-lo da sua vontade própria, é """objetificá-lo""" de certa maneira. Nós fazemos isso na sociedade. E depois tem a questão das emoções – não é permitido ao homem chorar, por exemplo. Ou exibir fragilidade. Ou ser romântico. Essas coisas não são bem vistas nos homens, entretanto, elas fazem parte da humanidade. E aí?

“A nossa cultura está muito longe de endossar o estupro masculino, mas o faz todos os dias em relação à violência contra a mulher.”

Tem certeza? De qual estupro você está falando? Porque nós vivemos em uma sociedade que tem problemas em sequer admitir que o homem pode ser estuprado.
Como alguém endossaria algo que nem sequer acha que existe? Se a começo de conversa fosse claro para as pessoas o que é um estupro, aí acho que talvez esse argumento fosse coerente. Mas as pessoas mal entendem o que é o estupro de uma mulher – “não foi estupro porque ela foi lá com as próprias pernas”, “não foi estupro porque ela não gritou”, “não foi estupro porque ela bebeu” – que dirá o estupro de um homem.

Ana disse...

@19:38 (12:44 II)
“Diferente do estupro contra mulher, que pode ocorrer independentemente do desejo, completamente à força, uma relação heterossexual com penetração simplesmente não acontece se o cara não fica excitado - daí, por mais que a moça tenha sido insistente, é difícil não pensar que em algum momento houve o consentimento, né? (Reação mecânica, gente? Claro que acontece qdo a pessoa quer fazer xixi ou qdo a pessoa tem problemas. Mas sei lá, na interação com outra pessoa, pode ser falta de empatia, qdo fico intumescida é por uma razão só...)”

Você precisa urgentemente se informar sobre como um pênis funciona. Tipo, na boa, tu precisa ler. Uma ereção pode, sim, ocorrer se o cara não quer sexo.

“E mesmo com coação, se uma pessoa consente pra não perder o emprego, seja homem ou mulher, ainda assim essa pessoa ainda fez uma escolha. Pode ser uma forma de assédio, mas não estupro.”

Preciso de umas 5 horas de meditação pra processar essas frases

Anônimo disse...

Engraçado os comentarios todos se sensibilizaram com o "homem estuprado" pior que tem mascu feliz com a lola como as mulheres são terriveis! Se fosse uma mulher já teria comentarios que ela tava de roupa curta ou que ela gostou ou iam duvidar se ela foi estuprada mesmo. Tem gente até falando que é culpa das feministas os homens serem mais fortes que as mulheres.

Ana disse...

@11:01
“O problema é que TODO homem que eu conheço diz que adoraria ser agarrado por uma mulher (que não seja muito feia). Poderão resistir se forem comprometidos. E mulheres não sentem o mesmo, não querem ser agarradas por qualquer cara. Essa diferença cultural é inegável.”

Eu não sei por onde começar com esse comentário

1) Todo homem que você conhece não deve ser 0,00000001% da população de homens. O que eles representam? Num universo de gente, o que se pode afimar disso?

É tipo aqueles mascus que aparecem aqui dizendo “mas a prima do vizinho do meu amigo da época da pré-escola passou a perna nele e roubou todo o dinheiro que ele tinha!!! Mulheres são interesseiras!!”

Uma vez até teve um cara que disse que as virgens são mais fiéis, e ele sabia disso porque ele tinha dois amigos – um casou com uma não-virgem que o traiu; e outro casou com uma virgem que não o traiu. Wow. SO MUCH SCIENCE

2) Até mesmo seus amigos têm restrições – “Mulheres feias”. Portanto, eles podem sim ser agarrados contra a sua vontade. Basta que uma dessas mulheres que eles não desejam tente agarrá-los. Mulheres não querem ser agarradas por qualquer cara, e seus amigos também não querem ser agarrados por qualquer mulher. Foi você que me contou isso.

3) Engraçado falar em diferença cultural. Que tal esta diferença cultural inegável: Machismo. Seus amigos vão enfrentar todo o tipo de comentário negativo sobre eles recusarem os avanços femininos. Nós, mulheres, podemos enfrentar reações negativas ao rejeitar um homem (às vezes a gente até apanha), mas também temos uma pressão no sentido de “nos preservarmos” que nos dá margem para dizer não. Uma mulher que diga “não” não vai, por exemplo, ter sua feminilidade questionada. Talvez ela seja vista como uma “mulher de respeito”. O mesmo não ocorre com seus amigos. Eles anunciarem que ~adorariam ser agarrados~ nada mais é do que fazer exatamente o que a sociedade cobra deles.

--

@13:18
“é um fato que ele dá pequenas permissões em alguns momentos por ainda "sentir algo" (o antigo amor de trama de novela, né).”

Ele dá permissões em alguns momentos? E nos outros em que ele diz claramente que quer ficar com a mulher? Qual conta?

Esse é um argumento perigoso – não é porque em algum momento houve permissão que tudo está liberado. As pessoas mudam de idéia. Não falamos sempre isso? Que uma menina pode estar super a fim de um cara numa hora, e depois mudar de idéia na cama? É direito dela. E não é porque ~em algum momento ela deu permissão~ que está tudo bem. Tenho a impressão que você entende isso, apesar do comentário. Mas achei que devia lembrar.

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@D Stoffel
“Lola o problema é como a pessoa do primeiro comentário falou isso não é levado a sério pelos próprios homens uma vez eu vi uma reportagem de uma mulher mais velha que parece que tinha estuprado um menino, e os comentários foram sortudo,todo homem gostaria disso, pelos próprios homens e a parte que se indignou foram as mulheres pois se fosse uma mulher seria o contrário.”

Eu também percebo isso, mas o machismo não pode ser internalizado?

Quantas vezes vemos mulheres xingando umas às outras por causa de roupas curtas? Quantas vezes ouvimos mulheres dizendo que mulher tem que ser submissa ao marido? Quantas vezes mulheres dizem que “mulher tem que se dar ao respeito”? Quantas vezes mulheres dizem que mulher que não se comporta merece apanhar do marido? Quantas vezes mulheres dizem que “fulana foi estuprada, mas tava pedindo”?

Ad infinitum. Isso não quer dizer que as agressões contra as mulheres estão justificadas.

Os homens terem essa postura - “foi estuprado por mulher, é sortudo” – é um reflexo do que a sociedade espera deles. É exatamente o que se espera deles. Que não se vejam como vítimas, que não demonstrem sentimentos, que não demonstrem fragilidade, que não recusem sexo. Que sejam “machos”.

Ana disse...

@donadio
“Será que ela "quase constrangeu um homem a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se praticasse outro ato libidinoso, mediante violência ou grave ameaça"? Eu acho que não.”

Eu também acho que não. Foi uma expressão, uma hipérbole. Eu entendi o que a personagem queria dizer, não necessariamente ela estuprou o rapaz.

Mas é o que eu disse no texto – se fosse com uma mulher, nós não engoliríamos “foi só uma expressão”. Não nos contentaríamos com “ah, mas ele não estuprou ela de verdade”. Realmente acho que se estuprou ou não está no acostamento nesse caso. Não é o ponto.

“Que quase constrangeu o cara a ter relações sexuais, mediante consistente encheção de saco, importunação sistemática, etc, etc, etc. Provavelmente tentando se prevalecer do mito machista de que homem que é homem tem que estar sempre disponível para qualquer mulher que dê mole. E isso é muito, muito, muito, diferente de "violência ou grave ameaça".”

É diferente, mas não necessariamente aceitável. A “encheção de saco” da Amanda pra mim é assédio, exatamente como uns “elogios” por aí na verdade são cantadas. Você pode discordar, mas honestamente, se eu tivesse um homem me cercando como a Amanda cerca o Zé Pedro, eu consideraria assédio. Não encheção de saco.

Ademais, usei “pequeno” no sentido de irrelevante. Porque imaginei que viriam comentários “não precisa tanto”.

--
@14:04
“Desculpa , a ideia é bonita, mas não rola. Homens estupram homens.”

Homens estupram homens, sim. E daí? Isso significa que não devemos debater sobre as vítimas masculinas? Sobre como a sociedade prega que homem nunca pode sofrer estupro? Eu não disse que só mulheres estupram homens, ou que a maioria dos estupros de homens ocorrem por mulheres.

“Mulheres tavez sejam 3% estupradoras mas deve ser contra crianças, imagino eu?”

3% pode ser um número pequeno pra nós, mas te garanto que pras vítimas ele é grande o suficiente. Sermos a minoria dos criminosos não é o mesmo que não existir estupradorAs.

E você acha que esses meninos vão lidar bem com o trauma depois de ouvir por todo canto que homem não pode ser vítima? Quer dizer, não tem como lidar bem com uma coisa dessas, mas acho que se a gente puder não atrapalhar já é algo.

“Homem se não quer estuprado por mulher, não é! Simples assim. Pois normalemnte é mais forte fisicamente.”

Eu acho fortemente que você precisa desvincular estupro de força física. Seja de homem ou de mulher. Estupro nem sempre envolve força.

“E sinceramente, a mulher vai fazer o que com um homem que não quer sexo? Enfiar um vibrador na bunda?”

Acho que você disse isso porque não deve saber que homens podem ter uma ereção mesmo que seja um estupro. Ele pode não querer sexo, mas o corpo vai reagir a estímulos. Não é impossível ter relações com um homem contra a sua vontade. Não é impossível consumar o estupro da vítima masculina.

Mulheres também podem ficar excitadas e lubrificadas durante um estupro, por exemplo. Não é o estado do corpo que determina o que é estupro, é o consenso.

Depois, ele pode não querer sexo, mas eu poderia obrigá-lo a fazer sexo oral em mim, por exemplo. Não necessariamente precisamos de uma ereção, ou de penetração, ou de vibrador, ou sei lá o que.

--
@Aline J

SIM ESSA NOVELA É UMA GRANDE, IMENSA, MERDA.

Mas eu achei que o assunto era relevante e podia dar uma boa discussão.

Maicon Vieira disse...

Falaram aí que provavelmente que as vítimas das 3% de mulheres estupradoras provavelmente são meninos. Bem, já vi algumas pesquisas que apontam que 20% dos casos de pedofilia cometidos contra meninos são praticado por mulheres. Então essa pequena porcentagem deve ser mesmo casos de estupros contra um homem adulto. Aliás, é muito difícil vc quantificar estupro cometidos contra meninos praticado por mulheres se nem a sociedade acredita que exista, mesmo os dados mostrando o contrário.
Esse tópico é interessante e ao mesmo tempo frustante. Tenho que entrar em blogs feministas para poder ler sobre essa tema. Algo que era para ser tratado por homens é discutido mais por mulheres do que por nós.
Falando sobre mulher como autora de estupro, e no caso que a mulher é vítima de outra mulher? Quase não vejo nada sobre isso. Não existe? Existe pouco? Apenas é omitido devido a fatores sociais? Já li sobre isso, mas era focado em presídios, estava afim de algo mais abrangente.

Anônimo disse...

Essa é a novela mais suja de todos os tempos. Tem de tudo lá, até incentivo a pedofilia. Só não acho que seja a mais misógina, pq a mais misógina foi Amor a Vida. hahaha Não acho que homens possam ser estuprados por mulheres, mas assediados. Não os maiores de idade e que saibam se defender. Então há uma falsa simetria aí. Mas a crítica a fala da personagem, acho válida, pois a personagem ter dito isto, só prova como a cultura de estupro é algo escancarada. :(

Anônimo disse...

Os casos de estupro de homens por mulheres que conheço são esses:

3 mulheres do Zimbabwe que drogaram (com viagra, tá?), estupraram 17 caras ameaçando com uma arma e depois usaram o esperma em uns rituais bizarros.

http://www.dailymail.co.uk/news/article-2119237/Men-fear-women-Zimbabwe-spate-rapes-harvest-sperm.html

O outro foi uma mulher russa que estuprou o ladrão que entrou na casa dela. Ela conseguiu dominá-lo e o manteve 3 dias num porão, o estuprando seguidamente, usando Viagra também.

http://www.dailymail.co.uk/news/article-2013870/Robber-broke-hair-salon-beaten-black-belt-owner-kept-sex-slave-days-fed-Viagra.html

Anônimo disse...

É um tema interessante. Eu por exemplo não tenho medo de ser estuprado por uma mulher coagido pela força (talvez se ela tiver um revólver seja outra história), mas e ai?
Se uma mulher forçar sexo, o cara deve fazer o que? E se ele quebrar a cara da dita cuja ou deixar algo roxo?
Vai responder a Maria da Penha e fica pior ainda.
Não estou dizendo que gostaria de ser estuprado por uma mulher (uma vez que estupro só acontece quando NÃO há consentimento, ao contrário dos que os idiotas pensam, já que o que eles dizem seria sexo consensual), mas eu sinceramente prefiro ser estuprado por uma mulher do que usar minha força física pra me defender e depois acabar preso.
Costumo acreditar que as coisas são melhores do que são, mas eu sinceramente não duvido que uma pessoa capaz de forçar sexo também não seria capaz de fazer tal denúncia, ela estaria frustrada e com provas no próprio corpo.

Anônimo disse...

É só dizer pro mascu piadista que a estupradora quer engravidar dele pra pedir pensão que num instante ele cala a boquinha.

Aline J disse...

Ana, eu entendi, sim, é um assunto bem importante, só comentei que além desse problema de relativizarem estupro (mesmo que contra homem) tem outros.

Eu assistia novelas da globo (SHAME ON ME) e depois parei porque simplesmente não aguentei. Aquela outra do maluco (Laerte, era esse o nome dele?) que deu o maior auê porque tava todo mundo culpando a menina também era doentona.

E uma coisa que se percebe nessas novelas é que SEMPRE tratam fulano transando com uma pessoa alcoolizada (independente do gênero) como se fosse sexo e não estupro.

É o que aconteceu aí com essa Marta e o comendador. É como você disse, estupro nem sempre conta com força física.

Anônimo disse...

Banana,d e coração, quantos homens que pensaram em morrer por causa de estupro você conhece? Ou ao menos já ouviu falar? Mesmo que remotamente? Sinceramente, eu nunca vi nem ouvi falar.

Agora temos que defede-los de um problema que eles nem sabem que exite? Quem dera eu não saber que esse problema existe. Esses três% de estupradoras, devem ser estupradoras de crainças, não de homens.

Sinceramente vocês conseguem imaginar uma chefe falando pro cara: "ou me chupa ou de demito?" Isso é tão longe da nossa cultura, tão abstrato! Mulheres não vêem homens como objto e pronto. Podem até forçar um pouqinho, mas a coagir memso, é tão distânte da realidade... talvez exista. mas quero ouvir um relato que seja. E o que o cara fez.

Até o outro que foi chantageado, ele falou não e pronto. O crime foi chantagem; não estupro.

Aproveita e faze um post defendendo que deverimaos nos aposentar com os mesmos anos de trabalho que os homens.. tadinhos, precisam memso que a gente os defenda de problemas que eles nem sabem que existem.



Cão do Mato disse...

Parabéns à Ana Banana pelo texto. Só sendo escrito por uma mulher é que um post desses não seria ridicularizado pela dona do blog, que se apressa em rotular de "mascu" toda opinião divergente.

lola aronovich disse...

Acho q vc, Cão do Mato, não lê meu blog, apesar de nunca sair daqui. Senão saberia que eu sou contra todo tipo de violência, inclusive contra homens. E tanto tolero opiniões divergentes que as suas são na sua maioria das vezes publicadas, apesar de vc ser um mascu insuportável (pleonasmo, eu sei).

Anônimo disse...

Mais uma prova de que machismo é uma droga mesmo pra quem mais se beneficia dele, os homens. Se o cara foi estuprado ele tem mesmo que ter apoio pra denunciar, deve ser levado a sério e tratado com toda empatia e respeito, exatamente como se deve tratar a vítima mulher. Acho que a pior parte é fazer a denúncia mesmo, pq a mulher é questionada e culpada, o homem é motivo de piada. Nem imagino o quanto deve doer procurar justiça pra uma situação terrível como essa e ser humilhadx, acusadx ou ignoradx. A verdade é que a sociedade inteira precisa fazer uma mudança drástica pra conseguir lidar direito com todo e qualqer caso de estupro, seja quem for a vítima.

Cão do Mato disse...

Prezada Lola, eu não disse que você é a favor de violência contra os homens. Nem disse que você não publica opiniões discordantes.Disse que você ridiculariza essas opiniões. E acabou de fazer isso comigo.

Cão do Mato disse...

CORREÇÃO: "Disse que você ridiculariza essas opiniões, QUANDO SÃO EMITIDAS POR HOMENS."

Anônimo disse...

Eta russa da peste! Eu nunca acreditei nessa diferença comportamental entre homens e mulheres. Por que vou acreditar mais no que falam do que no que vejo? Falam que homem é de um jeito e mulher é de outro, mas não vejo diferença. Talvez o número de estupros de mulheres contra homens seja maior e que as pessoas não estão nem aí por questões culturais.

Ana disse...

@06:58 (I)
“Banana,d e coração, quantos homens que pensaram em morrer por causa de estupro você conhece? Ou ao menos já ouviu falar? Mesmo que remotamente? Sinceramente, eu nunca vi nem ouvi falar.”

Sugiro que você dê uma olhada na internet e procure as vítimas masculinas do Project Unbreakable. A Lola usou alguns no post. E se tiver estômago, procure no google a matéria do The Guardian sobre os estupros de guerra na África. Tá traduzido no Bule Voador. É outro contexto, longe daqui, e os agressores são homens. Mas dê uma lida, pode ser que ajude a ter empatia.

Conhecer pessoalmente, eu também não conheço. Mas isso não significa que não ocorra. Pela enésima vez:Eu não disse que era uma coisa comum, ou que as mulheres estupravam homens mais que os homens estupravam homens, ou qualquer coisa do tipo. Eu só usei um exemplo pra mostrar como o homem nunca é visto como vítima (no caso de estupro). E eu disse que, por menor que seja o número de vítimas, por mais “exceção” que sejam os casos, isso não significa que sejam irrelevantes.

Eu não quero que vocês acreditem que o estupro de homens é comum. Eu só queria que vocês entendessem que homens podem ser vítimas. Porque não fazer isso é automaticamente calar todas as vítimas reais que podem existir. São poucas pessoas, mas acho que elas importam. Sei lá.

“Agora temos que defede-los de um problema que eles nem sabem que exite?”

A pessoa conseguir entender que o mundo é machista, mas não entender que os homens não se veem como vítimas por causa do mesmo machismo é um pouco delicado.

T tem também muita mulher as mulheres já têm direitos iguais. Que conclusão tiramos disso? Que muito provavelmente elas estão passando o machismo pra frente – a sociedade patriarcal faz pressão pra gente acreditar que já tem tudo que precisa...

...E faz pressão pros homens sempre serem “machos”.

Sim, muitos homens acham que homens não podem ser estuprados. Não consideram isso um problema, nunca se preocuparam com isso. Eu reconheço, por exemplo, que enquanto uma mulher não sai de casa sem pensar em estupro, o homem pode passar a vida inteira sem pensar nisso. É um abismo de diferença, é desproporcional, e não tem simetria nisso.

Mas eu consigo saber disso e ainda me preocupar que homens possam não estar denunciando agressões por causa do machismo. Por medo de serem desacreditados. Numa escala muito menor, sim, sem dúvida. Mas e daí? Quantas pessoas precisam passar por um problema até a gente poder falar do assunto?

O número de vítimas masculinas não é suficiente pra deslegitimizar o feminismo, como muitos mascus acham. Mas eu achei que era suficiente pra render 1 texto. Um dia de reflexão. De vez em quando empatia é legal.

“Esses três% de estupradoras, devem ser estupradoras de crainças, não de homens.”

E essas crianças não poderiam ser meninos? Quando a gente fala de feminismo a gente se preocupa com meninas e não só com mulheres. Nós entendemos que as questões de gênero influenciam a vida das pessoas desde a infância. A idéia de que um homem nunca é vítima não é danosa pra meninos?

Ana disse...

@06:58 (II)
“Aproveita e faze um post defendendo que deverimaos nos aposentar com os mesmos anos de trabalho que os homens.. tadinhos, precisam memso que a gente os defenda de problemas que eles nem sabem que existem.”

Nossa, quanta raiva. Na boa.

Eu não estou abandonando o feminismo, gente. Não estou dizendo pra gente parar de falar de mulheres e focar no problema dos homens. Esse é 1 (UM!) post no blog da Lola entre milhares.

Seria uma coisa eu entrar num post sobre vítimas femininas de estupro dizendo “mas e ozomi?”. É outra propor uma reflexão de vez em quando.

Sim, o número é pequeno, sim, os casos podem ser raros, tá la no texto.

Eu entendo que homens tem uma parcela boa dos privilégios da sociedade e que eles não precisam de mais espaço ainda. Não são coitados. O feminismo foi algo criado por nós com muito sufoco. É nosso. Das mulheres.

Mas daí a simplesmente enfiar na cabeça que é impossível um homem ser estuprado é um pouco demais pra mim. E se recusar a falar nisso uma vez na vida é meio estranho. Dá pra saber de todos os privilégios masculinos, e reconhecer as mulheres como as oprimidas, e ao mesmo tempo deixar um espaço pra aceitar que sim, às vezes, o homem vai ser vítima – de outro homem ou de outra mulher. É só isso que eu tô propondo. Não uma revolução masculinista.

Ana disse...

@Cão do Mato
“Parabéns à Ana Banana pelo texto. Só sendo escrito por uma mulher é que um post desses não seria ridicularizado pela dona do blog, que se apressa em rotular de "mascu" toda opinião divergente.”

Ok, mas tem uma coisa que você precisa lembrar – muitas vezes usam o estupro de homens pra desviar debates sobre as vítimas femininas. Sugiro que você leia o comentário que a Mallagueta Pepper deixou lá em cima, porque li e só vi verdades.

É muito comum invadirem espaços que foram criados por mulheres para falar de mulheres citando 3000 problemas masculinos e perguntando porque não nos preocupamos com eles. Às vezes invadem espaços nossos vomitando ódio e usando as vítimas masculinas pra desviar o assunto. E aí quando a gente reclama, pulam pra conclusão de que as feministas não reconhecem/não se importam com o problema. Isso não é verdade.

Perceba que eu estou falando das vítimas masculinas, mas eu não neguei a proporção entre os estupros (de fato os números apontam que as mulheres são as vítimas mais comuns), não neguei que há problemas de simetria, e especialmente, não comecei o assunto invadindo um post que era dedicado a mulheres. Eu não cheguei tipo, “mas e ozomi?”.

Também não usei os estupros de homens pra dizer que não existe machismo, ou que “estupro acontece com todo mundo”, que homens não tem nenhum tipo de privilégio ou pra dizer que homens também sentem medo de serem estuprados quando saem de casa. Há uma diferença, sabe. É uma coisa você reconhecer que homens podem ser estuprados, é outra usar isso pra agredir o feminismo. E muitas vezes é justamente isso que as pessoas querem. Isso é muito comum.

“CORREÇÃO: "Disse que você ridiculariza essas opiniões, QUANDO SÃO EMITIDAS POR HOMENS."”

Geralmente essas opiniões são equivocadas, ou foram emitidas na hora errada.

Anônimo disse...

"Disse que você ridiculariza essas opiniões, QUANDO SÃO EMITIDAS POR HOMENS."


Vou mais longe,qualquer um que discorde delas é homem/mascu(mulher nunca discorda de feministas...) e com todo o respeito que elas garantem ter por opiniões contrárias,as ridicularizam.

Anônimo disse...

Aí um depoimento:

Após quase 3 horas e sem sono, me sinto sujo, patético, diminuído. E então, você que lê meu post agora se pergunta: "o que tem a ver a foto da sua barriga, Thiago?" - e nesse momento começa a situação mais traumatizante que já aconteceu até hoje.
Fui até a casa da minha namorada, e de lá, iria pra casa de minha avó, de ônibus, o que é totalmente normal -segunda de folga, é comum-. Enquanto eu tava esperando no ponto, uma mulher que provavelmente se drogou, cheirando mal e maltrapilha, me atacou com algo que parecia com uma faca ou canivete, não tive tempo pra ver. Acreditem, ela tentou me assaltar e estuprar.
SIM! É ISSO MESMO!
Passei alguns instantes de terror com a cidadã que nunca vi na vida. Tentei revidar, segurei a faca/canivete na tentativa de não me cortar, e a filha da puta tentava abrir meu short.
Como lidar com alguém que tenta te tirar seu relógio e aliança das mãos, sabendo-se que a pessoa tem uma faca?
Já fui assaltado uma vez, me senti um lixo. Ser vítima de uma tentativa de estupro, nunca! As imagens ficam girando na minha cabeça, ainda vejo aqueles olhos dilatados pelo consumo das drogas. Vejo também aquela faca apontada pro meu rosto, e sem contar aquela voz que fica girando aqui dentro da minha cabeça dizendo que eu seria dela essa noite e de quebra ainda iria levar meu "anel" e relógio depois de terminar o "serviço" .
Meu Deus, que susto eu tive com essa faca apontada pra mim! Sentia impotência quando tentei me esquivar da mulher que tentava por diversas vezes tentava abrir meu short e levar minha aliança e relógio ao mesmo tempo. Ela vinha com a faca, eu tentava segurar. Então numa investida que me arranhou a barriga(a da foto aí), ela viu que me machucou e perdeu o raciocínio. Nisso, empurrei-a e saí correndo o mais rápido que pude - Vale ressaltar que só parei de correr quando entrei em casa e desmaiei em frente a minha mãe-.
Depois disso, quero morrer, de verdade!
— se sentindo um lixo.

Anônimo disse...

Oi, Ana Banana.

Me parece que vc está tão preocupada em defender o teu ponto de vista que não se interessa em considerar as opiniões alheias, e tampouco se preocupa em não ofender as pessoas que estão discutindo o teu post.

Veja, estupro e assédio são coisas diferentes, e se vc precisa de muitas horas pra digerir essa informação e acha que vale a pena, por favor use o seu tempo pra isso, porque de outra forma vc estará jogando no mesmo saco coisas absolutamente incomparáveis.

Não é só a questão da força física. Um estupro ocorre sob coação ou sob ameaça iminente e grave (arma na cabeça).

Assédio sexual no ambiente de trabalho pode ser um evento traumatizante, mas aí vc ainda tem uma possibilidade de escolha sim (homem ou mulher), porque a tua vida e tua integridade física não estão em risco iminente.

Cara, eu sei que ereção sem excitação ocorre (inclusive eu mencionei isso de passagem porque sei que não é algo tão corriqueiro assim), mas a gente está falando de um contexto específico: como uma mulher vai obrigue o cara a ter uma ereção justo na hora em que ela quer?

(Claro, ela pode sequestrar o sujeito, obrigá-lo a tomar viagra, esperar que faça efeito e depois fazer o serviço, mas não acho que o post trate de coação física exatamente - ou é disso que vc está falando?).

Quando eu digo que a sociedade endossa a violência contra as mulheres, parto do pressuposto que a sociedade é realmente desigual - as mulheres são tratadas como objeto, as mulheres são o principal alvo de violência sexual.

Se a violência sexual contra homens é um tabu, ela é porque quando eles a sofrem eles passam a ser vistos como menos homens... ou "mulherzinhas".

Cara, eu acho que foi bem agressivo vc copiar e ridicularizar minhas frases. Se vc não está aberta para discussão, então não comece uma.



Anônimo disse...

É impressionante que TODO post publicado sobre estupro feminino vem um monte de mascu aqui chorar as pitanga "ain... mas uzomi também são estuprado" aí quando o assunto é abordado me aparece coisa do tipo "eu queria ser estuprado".
Meu brother, se é um ESTUPRO você não escolhe o teu agressor/agressora. Mascus tem essa fantasia ridícula que uma top model capa da playboy vai sair de um beco escuro e fazer sexo com vocês...
Isso apenas reforça a ideia de que homem DEVE sempre em qualquer circunstância aceitar sexo. Se não aceitou ou não gostou é motivo de descrédito, chacota e humilhação...
Vocês mesmos causam a própria desgraça e tem o topete de vir aqui e dizer que "tudo é uma conspiração das feminazi"...

Cara, as feministas minimizam a gravidade do estupro??? o.O Sério que eu li isso???
Quem minimiza, relativiza ou desculpa o estupro é o machismo!!! Se a vítima é mulher a culpa é dela porque mulher = puta e merece ser estuprada. Se a vítima é homem devia dar graças aos deuses por ter "recebido sexo fácil"...

Jane Doe

Anônimo disse...

“Diferente do estupro contra mulher, que pode ocorrer independentemente do desejo, completamente à força, uma relação heterossexual com penetração simplesmente não acontece se o cara não fica excitado - daí, por mais que a moça tenha sido insistente, é difícil não pensar que em algum momento houve o consentimento, né? (Reação mecânica, gente? Claro que acontece qdo a pessoa quer fazer xixi ou qdo a pessoa tem problemas. Mas sei lá, na interação com outra pessoa, pode ser falta de empatia, qdo fico intumescida é por uma razão só...)”


Concordo com a Ana, vá se informar sobre o funcionamento do pênis.

Anônimo disse...

Ana, seu texto foi ótimo e eu realmente não entendo como as mesmas pessoas que entendem que excitação na mulher durante o estupro é apenas uma reação do corpo mas que não deixa de ser violência, não compreende que a ereção masculina não anula o estupro sofrido. Não é por que está excitado que o homem deu permissão para nada. Ah meus sais rs, enfim... ótima iniciativa Ana. <3

Anônimo disse...

Não esperava ler sobre isso aqui, elogiável.

Anônimo disse...

Ainda tentando entender por que a ideia de homens serem estuprados ofende tanto algumas comentaristas daqui.
É tipo aquela coisa: você estuprou algum homem? Não? Ótimo, o problema não tem nada a ver com você.
Como a Ana disse, esse tópico não invalida nem diminui o lado da violência contra a mulher. Entendam como um assunto à parte se preferirem (como quando a Lola fala de filmes ou política). Sei lá.

Carolina disse...

Sério gente. Essa emoção negativa que nos traz assistir novela das nove. Altamente apelativa, com xingamentos q jamais vi na vida real dentro de uma família. Pra que trazer pra dentro de casa uma energia tao negativa?

Anônimo disse...

Peraí. E aquela coisa de "male tears"? Estão querendo o que com a publicação do texto de Ana Banana? Mudaram de ideia ou estão querendo atrair pro movimento feminista as pessoas que acham o feminismo injusto?

Anônimo disse...

Jane, acho que feminista nenhuma ridicularizou um homem por não fazer sexo.

Mas concordo com o outro anon aí que disse que tem uma diferença ENORME entre assédio e estupro. ENORME.

E Ana Banana, você que adora copiar frases dos outros: aqui ai uma--->

"E esses três por cento de mulheres estupradoras, imagino que estuprem crianças, não homens.----> essas crianças não poderiam ser meninos? Quando a gente fala de feminismo a gente se preocupa com meninas e não só com mulheres."

Exatamente. Imagino que estupros de meninos aconteçam e CLARO que me preocupo. Mas não homens. E até onde entendi o seu post é sobre estupro de homens. Se fosse estupro de meninos, imagino que seria mais real.

Olha, vieram dois homens testemunhar sobre os seus estupros. E algum foi consumado? nenhumzinho! Repito, aguém conhece um homem que tenha sido estuprado? E não só ameaçado?

Olha, entendo que o objetivo tenha sido falar dos estupros de homens, e que isso pode ser um problema para esse UM homem que foi estuprado por uma MULHER, mas realmente...não entendi o proposito. Eh para solidarizar com esse um homem? Bom, pronto, solidarizamos. PAssemos a outra coisa.

E você vir falar de esturpo de homens por outros homens não vale. Esse mundo é tão machista que claro que ser penetrado por um homem é a vergo,nha suprema.

Anônimo disse...

Acho que toda essa discussão de que homens não podem ser estupradores tá girando em torno do pênis,só a estupro com penetração,só a sexo com penetração peniana,né,não é assim,abram os olhos e vejam o mundo. Lola tem outro assunto que você poderia falar,sobre estupro de mulheres por mulheres,eu não achei muita coisa na internet sobre isso,só de penitenciárias,só imagino que esses casos de violência existam e não são levados em conta.

Anônimo disse...

Justamente, anonimo das 15:28. É o que eu disse: Talvez por questões culturais os abusos cometidos por mulheres são ignorados. Eu mesma já fui assediada tres vezes por mulheres nojentas, e uma conhecida disse que até foi beijada a pulso por uma mulher, mas as pessoas não acham grave. Se esses atos fossem cometidos por homens, a história seria outra. Ainda mais com esse feminismo que vive apontando o dedo só para os erros de homens, fomentando essa cultura. Até agora só Ana Banana fez diferente.

Ana disse...

Antes de começar as respostas, um pequeno pronunciamento:

Sim, eu adoro cópia do comentário dos outros. Adoro mesmo. O motivo é simples: acho que fica mais fácil de ler!

Eu copio frases de outros comentários pelo mesmo motivo que eu uso o “@fulano” – pra facilitar. Facilita pra mim, quando vou responder a alguma coisa com meus comentários quilométricos – teve um comentário meu dessa caixa que eu tive que cortar porque ele inteiro o blogger não conseguia postar. Também diminuiu a probabilidade de ter um mal entendido , na minha opinião, se você especifica de que parte do comentário alheio está falando. E eu costumava achar que facilitava pra quem ir ler o meu comentário também. Faz uns bons anos que eu uso esse sistema e nunca reclamarem.

Eu sou debochada, sim. Outro dia eu chamei um anon de Anon das Bundas. Agora, a relação que isso tem com eu copiar frases: nenhuma.

Eu copio frases dos comentários de muita gente. Nessa caixa copiei frases de uma série de pessoas. Às vezes eu copio frases de comentários com os quais eu concordo, seja pra adicionar mais alguma coisa relacionada ou simplesmente pra dizer “ei pessoa, que comentário legal, eu concordo”. Não fiz isso nessa caixa porque se eu fosse responder também os comentários favoráveis eu ia floodar a caixa.

De qualquer maneira, não é porque funciona pra mim que vai funcionar pros outros. Então não copiarei comentários de quem não gosta. Espero que fique melhor assim.

Só que eu não tenho como adivinhar de cara, então por favor não se ofendam se eu copiar o comentário de vocês na primeira vez. Me avisem e não copiarei mais.

Ana disse...

@13:03

Me desculpe por ter ridicularizado seu comentário.

Estupro e assédio são, sim, coisas diferentes. Não era a isso que eu me referia - eu acho muito pesado chamar assédio de escolha. Se meu chefe ameaça me demitir caso eu não faça sexo com ele, isso não é simplesmente uma escolha. E achei muito, muito estranho alguém ser capaz de dizer isso.

Eu fiquei imaginando uma menina que chega no blog contando que foi obrigada pelo chefe a fazer sexo pra não perder o emprego, e aí alguém vem e diz: “ah, poisé, mas você teve uma escolha”. Sabe? Não me entra na cabeça.

Mas ok, muito obrigada por esclarecer o seu ponto.

Depois, eu não estava falando de ereção sem excitação. Não tenho certeza do porque você faz essa dissociação. Acho que fica mais didático começar com o exemplo das mulheres porque no geral estamos mais habituadas, por isso vou fazer a seguinte reflexão:

Imagine que uma menina foi estuprada (com uma arma na cabeça, pode ser) e ficou molhada durante a agressão. Imagine que ela teve um orgasmo.

Eu sei que é difícil se imaginar tendo um orgasmo nessas condições – eu por exemplo acho que estaria em choque demais – mas é uma coisa plenamente possível. E isso não anula o fato de que foi estupro. A vítima responder a estímulos ou até ter tesão/orgasmo não quer dizer que ela queria ou consentiu.

Um homem pode ter uma ereção mesmo que ele não queira sexo – e com isso eu quero dizer que ele pode ficar excitado. Ele vai ficar excitado, e vai ter tesão, e pode inclusive ter um orgasmo, e ainda vai ser estupro.

Nem me passou pela cabeça separar o tesão da ereção, e se você quisesse elaborar essa questão eu acho que seria bem interessante. Porque uma coisa teria que vir sem a outra? Estupro não é caracterizado pela presença ou ausência de tesão, e sim pelo consentimento. E já que falaram em crianças, muitos meninos passam trabalho porque eles acham que, como “se sentiram bem” durante o abuso, não pode ter sido ruim.

(Sobre o caso particular da ereção dos homens durante estupros, tem bastante material na internet, pra quem quiser ler. Tem até episódios do Law and Order SVU que comentam isso).

Depois, eu acho estranho ainda estarmos falando em pênis quando a lei reconhece atos libidinosos como estupro também. Se eu forçar um cara a fazer sexo oral em mim, em nenhum momento o pênis ou a ereção vão estar envolvidos, mas haverá estupro se houver a ameaça grave. Ou não?

Eu já respondi, mas vou repetir: não copiei suas frases pra ridicular ou pra ser agressiva. Faço isso com todo mundo por uma questão de praticidade. Ademais, sim, eu quero debater. Escrevi um texto de 2 páginas e respondi um monte de gente com comentários enormes por um motivo.

Ana disse...

@14:41
“Peraí. E aquela coisa de "male tears"? Estão querendo o que com a publicação do texto de Ana Banana? Mudaram de ideia ou estão querendo atrair pro movimento feminista as pessoas que acham o feminismo injusto?”

Anon, suba e leia o comentário da Mallagueta Pepper. Ou a minha resposta ao Cão do Mato.

Ninguém mudou de idéia. “Male Tears” é uma expressão que se refere aos momentos em que estamos falando de algum problema das mulheres, e os homens tentam diminuir o problema citando suas experiências, por exemplo. A sociedade é patriarcal e vocês não são oprimidos na mesma proporção. Meu texto não negou nenhuma dessas coisas.

--

@14:47

Eu sei que você se preocupa com meninos, mas dada a resistência a discutir sobre homens, eu estendi a fala até os meninos. Inclusive, no texto há uma observação sobre as crianças e adolescentes.

Eu não vou considerar homens numa caixa de um texto de um blog na internet como uma amostra do todo. Como também não considerei válido o primeiro comentário da caixa, que dizia, “todos os homens que eu conheço”. “Todas as mulheres que eu conheço gostam de cantada” não é um bom argumento. “Nenhuma pessoa dessa caixa passou por esse problema” também não. É uma questão básica pra mim.

Sobre passar a outro assunto, achei estranho, porque a Lola publicou um segundo post no mesmo dia que o meu. Logo depois todos os comentaristas tiveram a opção de passar a outro assunto caso esse aqui não fosse relevante. A menos que você queira passar a outro assunto nessa caixa, daí te digo que acho difícil.

Não sei porque falar de estupro de homens por homens não vale. Não sei mesmo. Até porque, se isso é parte do mecanismo machista, temos mais um motivo pra tocar no assunto.

Ana disse...

@15:28
“Acho que toda essa discussão de que homens não podem ser estupradores tá girando em torno do pênis,só a estupro com penetração,só a sexo com penetração peniana,né,não é assim,abram os olhos e vejam o mundo.”

Você agora falou uma coisa bem interessante, anon. Uma das coisas que se combate hoje em dia é a tal idéia falocêntrica de sexo, como se sexo girasse só em torno de um pênis.

Depois, estupro tem pouco haver com sexo. Uns tempos atrás teve um caso aqui na minha região, de uma menina que foi estuprada por dois adolescentes. Eles a drogaram e depois... Colocaram um controle remoto no ânus dela.

Daí eu te pergunto – que eles ganharam com isso? Como sentiram tesão com isso??

Bem, provavelmente não sentiram. É aí que tá – estupro também é sobre poder. Ele nem sempre revolve em torno de transar, de ter conjunção carnal, de obter tesão. Falaram sobre pôr um vibrador no ânus da suposta vítima masculina, bem, não acho uma idéia tão abstrata.

Ah, eu pilho muito um post sobre o estupro de mulheres por mulheres. É uma ótima pauta, desafia muitas coisas – a idéia de que pra ter sexo tem que ter um pênis envolvido, a idéia de que mulheres não podem ser agressoras, etc.

Anônimo disse...

Olá, nunca comentei no blog mas já o acompanho há algum tempo.
Achei válida a exposição, ainda que muitos tenham dificuldade em visualizar a hipótese de um homem sendo estuprado por uma mulher, especialmente porque recebi este vídeo hoje:
https://www.youtube.com/watch?v=75aX9mlipiY

Trata-se da repetição daquele viral em que uma modelo saía às ruas e recebia todo tipo de intimidação, só que desta vez realizado por um homem.
Parece-me que a ideia do vídeo é desconstruir a reivindicação feminista mostrando que homens também sofrem assédio, no caso "elogios" - o que confesso não ter me agradado. No entanto, acredito que, sendo este o objetivo, o vídeo não é bem sucedido. Isso porque não devemos discutir sobre quem recebe a agressão, mas sobre quem a pratica. O fato de um homem dizer não se incomodar com o assédio nas ruas não lhe dá o direito de impor que eu reaja da mesma forma. Mas se um homem, como o da novela, se ofende com as investidas menos amistosas de uma mulher, temos que ouvi-lo também. Afinal, somos todos iguais, ou não somos?

Anônimo disse...

Peraí de novo. Mas não é isso que as feministas também fazem, minimizam os problemas dos homens e só os das mulheres são graves? E este artigo é tão diferente dos outros deste blog que acho que Lola mudou de opinião ou sei lá. Até o anonimo das 14:08 não esperava por isso.

Anônimo disse...

Lola, esse é um assunto que me desperta muitas dúvidas e uma dúvida de culpa que eu meio que carrego. Tenho um namorado fixo, e em um certo dia fiquei em dúvida se uma "brincadeira" sexual que fiz foi muito coercitiva, ou de alguma forma agressiva. [TRIGGER] Era noite, estávamos na cama e ele mega cansado, tinha trabalhado pra caralho e feito prova aquele dia. Meio que "convidei" ele pra transar meio brincando, ele disse que estava com muito sono. Só que ele estava com uma ereção. Também meio "brincando", ele apontou para a ereção e falou "olha, eu vou dormir. pode fazer o que você quiser aí". Eu realmente estava com vontade, e sim, comecei a "transar" com ele, que estava deitado de barriga pra cima. Depois de uns cinco minutos, ele acordou, deu risada, e começou a interagir também, inclusive mudamos de posição. Na hora nem eu nem ele problematizamos isso, mas depois fiquei bem encucada, sabe? Mesmo que ele tenha "consentido", foi meio forçado. Pensei que essa situação poderia abrir brecha para ele fazer isso comigo achando que é "brincadeira" e não ser nada legal. Sem contar que é uma naturalização de uma brincadeira/prática que no mínimo remete à violência. Realmente não sei.

lola aronovich disse...

Querida anon das 8:32, seu namorado disse "Pode fazer o que vc quiser aí". Isso é consentimento. Não achei forçado, nem uma naturalização da violência. Olha, neste caso é estupro., porque a moça especificamente falou pro marido pra não transar com ela enquanto estivesse dormindo. Ou seja, não consentiu. Querida, não encuque com isso que aconteceu entre vcs.

Anônimo disse...

Lendo os comentários fiquei pensando aqui... eu gostaria sim de ser estuprado por uma mulher bonita. Imagina... to aqui em casa de bobeira, uma mulher gostosa invade a casa e me obriga a fazer sexo com ela... kkk. Pq eu não deveria gostar disso? Poderia vir uma por dia que tava de boa.

Anônimo disse...

"Talvez o número de estupros de mulheres contra homens seja maior e que as pessoas não estão nem aí por questões culturais."

Cala a boquinha, cala.

Anônimo disse...

Na boa? Eu uso a minha empatia para mulheres. Não me preocupo com homens.


Ana disse...

@08:32

Anon, eu concordo com a Lola, não foi estupro, não. Teve consentimento, verbal, explícito.

"Depois de uns cinco minutos, ele acordou, deu risada, e começou a interagir também, inclusive mudamos de posição."

Se ele deu risada e interagiu, acho bem seguro dizer que ele tava confortável e gostando. Se ele tivesse ficado, sei lá, imóvel, em choque, quieto, tivesse parecido desconfortável ou pedido pra você parar, seria outros 500. Mas com a permissão verbal + a reação dele, não tem nada de suspeito aí.

Você não insistiu depois de ele dizer não (quando você pôs a mão nele, ele tinha dito "faz o que quiser"), não ameaçou, chantegeou, persuadiu com ácool ou drogas, não apontou uma arma... etc etc etc

"Na hora nem eu nem ele problematizamos isso, mas depois fiquei bem encucada, sabe?"

Porque você não conversa com ele?

Acho que você vai se sentir mais leve, vai esclarecer a situação, e vocês podem aproveitar pra combinar limites, etc. Conta que você ficou encucada e pergunta se foi incômodo pra ele.

Meu namorado e eu tivemos a conversa do consentimento já. Ele me disse várias vezes que enquanto ele estiver dormindo, posso fazer o que eu quiser, que ele não vê problema. Eu disse pra ele não fazer nada comigo a menos que eu esteja acordada e bem lúcida - mais por medo de ele me machucar sem querer (Vai que ele acha que eu to molhada, mas eu ainda não tô no ponto? Sei lá. Essas coisas doem ;^;)

@12:21
Isso que você quer é sexo. Querer sexo com gente bonita não é a mesma coisa que querer ser estuprado. Você não sabe do que está falando.

Faz o seguinte, ó: Pensa numa coisa que você não gostaria. Agora imagina alguém te obrigando a fazer o que você não quer.

Pronto.

Anônimo disse...

Cala a boca voce, "inteligente" das 19:12. Voce deve estar presa
à cultura de que homens tem instinto ruim e as mulheres são sempre vítimas, que não tem como elas serem estupradoras, inclusive esse estereótipo é muito reforçado pelas feministas, como disse Lídia. Voce não viu Lola dizendo que muito homens não achou que houve estupro quando uma mulher forçou um amigo a fazer sexo? E pior que são muitos homens com essa mentalidade. Talvez muitos tenham sido estuprados e nem sabem. Por isso que eu disse que o número pode ser maior.

donadio disse...

Olha, de boa...

Eu sou homem, portanto dentro dessa estranha teoria de que a gente só pode falar do que vive pessoalmente, acho que estou autorizado a ter uma opinião.

E a minha é a seguinte:

Tenho muitíssimo menos medo de ser estuprado por uma mulher do que de ser falsamente denunciado por estupro.

Não que eu tenha muito medo desta última, mas 0,00001 ainda é "muito mais" do que 0,00000000000000000001...

Anônimo disse...

é impressão minha ou os homens daqui gostariam de ser estuprados? Depois ficam reclamando de que as feministas amenizam o estupro masculino, quando na verdade são eles proprios....

Anônimo disse...

donadio me fez lembrar de três histórias de homens acusados de estupro e serem linchados ou quase isso, sem terem cometido o crime. Quero ver se as feministas vão dizer que esse problema é o de menos, que é "male tears".

Anônimo disse...

Olha, vieram dois homens testemunhar sobre os seus estupros. E algum foi consumado? nenhumzinho! Repito, aguém conhece um homem que tenha sido estuprado? E não só ameaçado?

Eu fui estuprado.

Lela disse...

No mesmo núcleo da novela ainda tem o caso da moça que engravida, não quer ter a criança, o futuro avô exige que ela tenha a criança e a prende em casa durante a gestação e, fica por isso mesmo, ninguém se revolta com isso.

Kim disse...

Eu não diria que insistência consiste em estuprou e não acho realmente que um homem pode ser estuprado nesse sentido, pois se não quiser fazer sexo, não vai ter ereção, mas acredito que um homem pode ser estuprado por mulher ou homem( sexo anal), pois uma mulher pode usar uma arma, dar boa noite Cinderela ou ser mais de uma, ou seja, acho que é possível sim, tornar um homem vulnerável, mas só acredito que será estupro se for anal. E imagino que deve ser muito difícil para ele denunciar, por vergonha, pq o mundo é machista.

Marcos Toni disse...

Não foi uma ou duas vezes que eu já fui importunado sexualmente por mulheres. Três vezes foram com homens. Dias atrás, ao voltar de um exame admissional, o onibus estava vazio e havia inúmeras duplas de cadeiras disponíveis. Mas uma desconhecida inventou de se sentar ao meu lado. Não passou muito tempo. comecei a sentir joelhadas na minha perna. Foi uma, duas e na terceira, arrastei a minha perna demonstrando desinteresse. E quem disse que a miserável parou? Passou a viagem toda me dando cotoveladas. Não parou nem quando uma conhecida dela entrou no ônibus e a cumprimentou.
Não foram poucas as vezes que esses assédios me ocorreram dentro de ônibus (e em outros lugares). Outra vez, indo pro trabalho, me sentei nas últimas cadeiras e o ônibus estava 99,9% vazio. Uma outra inventou de se sentar do meu lado e foi o mesmo modus operandi: ficar bulinando com braços e pernas.
Para quem tem autoestima, o seu corpo é um templo sagrado, você o trata como tal, com respeito, dignidade e honra e somente quem lhe interessar poderá tocá-lo. Nunca haverá uma placa na sua testa dizendo: "aqui! Serviço de utilidade (sexual) pública! Faça uso à vontade!"----- quem pensa o contrário é nada mais nada menos que um maníaco/a sexual, criminoso, gente sem escrúpulos, caráter, moral, ética, se bobear, narcisista patológico e psicopata.
Sim, as pessoas no geral podem demonstrar atração sexual pela outra. No entanto, se a outra não corresponde à atração, é sua obrigação ficar bem quietinho na sua e não importuná-la de modo algum ----- se mesmo negada, insiste, no mínimo, é um lixo radioativo que não tem nenhuma autoestima, dignidade e caráter. No máximo, é um/a criminoso/a contumaz.
Não, o homem não tem obrigação sexual, moral, ética, humana de saciar necessidades sexuais de mulher (ou homem) nenhuma ----- isso se deve ao machismo misândrico, criado e mantido por homens com a sexualidade frágil e que sentem medo de que sejam constrangidos e humilhados, tendo a sua orientação sexual questionada (como se fosse algum problema) por outros homens (sem autoestima) e mulheres (safadas) que sabem bem quais privilégios elas conseguem através dele (como acontece muito nesse grupo e em grupos de MSOL).
Falta de atração e interesse sexual pelo seu biotipo, corpo, peso, cabelo, olho, cara, testa, hálito, baixo conhecimento, profissão, religião, condição de vida, se tem filhos, personalidade, etc. -- todas as pessoas têm pré-requisitos e os homens têm todo direito de ter os seus; Já saiu de casa tendo batido uma e não esta afim; Está comprometido/a e é monogâmico/a; Não tem a mesma orientação sexual que a sua; Tem algum transtorno psiquiátrico (depressão, fobia social, etc.) ----- sim, algumas pessoas têm algum transtorno psiquiátrico (depressão, fobia social, etc.) e isso lhes esvai a energia sexual, até mesmo por ingerirem medicações para tratamento.
Há muitos outros motivos. Não foram cinco ou seis vezes que essas importunações sexuais me ocorreram vindo de mulheres. E quatro foram somente de homens. Um quando eu tinha 11 anos, ficou roçando o pau no meu ombro. Outro, um mendigo, na minha adolescência, quando eu voltava da escola à noite, me perseguiu como um típico estuprador mesmo, dizendo "esse aí é bonitinho...". Outro, recente, sentou-se ao meu lado e ficava levantando os braços como se estivesse se espreguiçando (juro que eu achava que ele iria pular em cima de mim). Outra vez, um rapaz passou a viagem inteira no ônibus l;otado fazendo barulho de boquete com a boca, indicando que poderíamos ir pro banheiro do terminal. Lembro também de duas irmãs adultas que me perseguiam na rua onde eu morava, quando eu tinha 7 anos e voltava da escola.
No mínimo, desenvolvi fobia social. Me tornei misântropo. Odeio "gente" (pra mim, monstros).
Se dependesse de um buraco apenas pro homem sentir atração, enrijecer e meter e gozar, até o ralo da pia serve. Homem não é robô.
E todas essas situações, para mim, alvo delas, foram igualmente assustadoras e enojáveis e despertaram em mim apenas vergonha, nojo e ódio.