sexta-feira, 8 de julho de 2011

GUEST POST: POR QUE O USO GENÉRICO DA PALAVRA HOMEM É POLÊMICO

Deus criou o homem é diferente de Deus criou o ser humano

Robson Fernando de Souza é autor do blog Consciência e é apaixonado por sociologia e meio ambiente. Ele me enviou um guest post interessantíssimo, mas longo, que tomei a liberdade de dividir em três. Esta é a primeira parte.

Nos livros e discursos engajados no combate à opressão contra parcelas minoritárias ou majoritárias da humanidade (e contra os animais não-humanos também), vemos uma outra opressão triunfando despercebida e impune. Algo hoje em dia mais simbólico do que prático, é verdade, mas emblemático a ponto de não poder ter sua relevância reduzida a zero. Esse símbolo de dominação e exclusão tem cinco letras e as feições masculinas de um homem.
Mesmo sem perceber, até aquelas personalidades –- muitíssimas delas mulheres –- muito engajadas em buscar a igualdade entre todos os sujeitos morais acabam consentindo e aceitando tacitamente (e inconscientemente?), ainda que numa perspectiva simbólica, o dogma de que os homens são os seres humanos por excelência, o centro da humanidade, os únicos dignos de nomear a espécie humana. Desde a Idade Média, existe o vício de chamar a humanidade pelos seus representantes masculinos.
História da palavra “homem”
Até a origem desse costume, o macho não necessariamente nomeava a humanidade na sociedade ocidental, embora já arrogasse superioridade social sobre as mulheres. A palavra homem de fato tem raízes em cognatos antigos que significavam não especificamente o masculino, mas o todo humano -– homo e mann, exemplos mais importantes, significavam “ser humano” mesmo. O que quer dizer que o cada vez mais polêmico vocábulo foi corrompido, não deliberadamente promovido, pela androcracia europeia e judaico-cristã.
O cristianismo e o pensamento grego, deduz-se, foram críticos em influenciar a masculinização dessa representação social da espécie humana, já que a Bíblia (especialmente em Gênesis) e filósofos como Platão e Aristóteles consideravam a mulher, respectivamente, apêndice e versão degenerada do macho.
Na Bíblia, Adão, o Homem (adm = homem em hebraico), o masculino, imagem e semelhança do Deus Pai, teve seu nome promovido a denominador de toda a espécie humana –- dali em diante, o masculino nomearia o conjunto que englobava humanos machos e fêmeas (“Este é o livro da história da família de Adão. Quando Deus criou o homem, ele o fez à imagem de Deus. Criou-os homem e mulher, e os abençoou, e deu-lhes o nome de homem no dia em que os criou”. Gênesis 5:1,2). Mesmo antes dessa nomeação “oficial”, o macho (Adão) era o primeiro ser humano, e precisava de um(a) ajudante. Como nenhum animal se adequava como seu braço-direito, veio a mulher, sua mulher –- assim nomeada “porque foi tomada do homem” –-, a partir da costela masculina.
Na sociedade grega clássica, o homem era o ser humano padrão desde a mitologia pagã local, segundo a qual os primeiros humanos eram homens e a primeira mulher, Pandora, veio como castigo de Zeus e era uma desgraça personificada. Platão “confirmou”, na obra Timeu, que os homens eram os primeiros seres humanos e as mulheres teriam surgido depois como uma “mutação degenerativa” em cujos corpos os homens covardes reencarnavam. Aristóteles radicalizou e teorizou que que “a inferioridade [da mulher] é sistemática em todos os planos –- anatomia, fisiologia, ética -–, corolário de uma passividade metafísica” (História das mulheres no Ocidente, de Georges Duby e Michelle Perrot).
Juntaram-se a misoginia grega e o patriarcalismo judaico-cristão –- a saber, tendo a mentalidade grega influenciado importantemente o pensamento dos primeiros filósofos cristãos -– e varreram culturalmente cada reino europeu, ao longo da Idade Média –- tendo o último reino pagão, a Lituânia, sido cristianizado no século 14. Sistematicamente os homens da Europa, ainda que já fossem dominantes socioculturalmente, foram elevados a um pedestal ainda mais radical, desequilibrando ao extremo a balança entre o peso e atividade masculino e a leveza e passividade feminina.
Nessa varredura, os verbetes que representavam os machos –- vir no latim, were no inglês, wer no alto-alemão arcaico -– se tornavam desnecessários, já que, como as mulheres estavam reduzidas a seres marginais reclusos no doméstico e os homens eram praticamente toda a parcela publicamente ativa da humanidade, os únicos seres humanos com full power, dizer “os homens” podia ser perfeitamente confundido com dizer “os seres humanos”, já que praticamente só havia eles como agentes sociais. Naquela supremacia androcrática, não parecia fazer mais sentido usar termos diferentes para os homens e a humanidade.
Então as palavras em questão -– vir, were, wer etc -- foram abandonadas como denominação dos homens e substituídas pelos termos globais nas línguas existentes e nas então nascentes –- man, mann, homem, hombre, homme (estas três últimas derivadas de homo) etc.

Leia a segunda e a terceira parte deste fascinante guest post do Robson.

75 comentários:

Daní Montper disse...

Só sexta que vem? E você nem tá aqui para me ler reclamando!!! u.u

Espertinha... =/

Unknown disse...

Sim, e o uso genérico da palavra "cavalo" ou da palavra "girafa" ou "gaivota" são sexismo também? Tempestade em copo d'água esse texto, na minha opinião.

O blog em geral é muito bom. Parabéns.

Liana hc disse...

NÃO, NÃO é sexismo. Éguas e cavalos, girafas e gaivotas, fêmeas e machos, NÃO fundamentaram suas sociedades em divisões de gênero, NÃO tentam usar isso para justificar toda uma cultura baseada na opressão do 'sexo frágil'. NÃO rebaixaram metade da população com o discurso de que as mulheres são pessoas de segunda classe, defeituosas e que deveriam ser mantidas sob sua 'rédea' curta.
Mas não sei se você é capaz de compreender esta 'sutil' diferença.

Liana hc disse...

Não há nada de original na tentativa de certas pessoas em legitimar um discurso preconceituoso comparando a parte oprimida com animais. Égua, girafa, galinha, piranha, vaca e por aí vai. Interessante também, é ver que na hora de falar das maravilhas criadas pelo homem (ser do sexo masculino) não são comparados com cavalos, girafas e gaivotas. 'Sutil' diferença, né?
Exercício de casa para os machistas-não-praticantes, acho que até a Lola já falou isso, tentem passar o dia se referindo à humanidade como 'mulheres' e não homens, tentem ler textos variados fazendo esta 'sutil' substituição para ver como vocês vão se sentir e ainda por cima ver que durante milênios estudiosos e intelectuais tentaram 'provar' que você faz parte de um subgrupo inferior, e todo mundo acreditou. E se não se sentirem bem, e acho que não vão mesmo, procurem imaginar-se apontando este 'detalhe' e alguém (do outro gênero) lhes dizendo: "Tempestade em copo d'água esse texto, na minha opinião." É 'legal' todas as vezes. Eu recomendo.

Ághata disse...

Tudo é tempestade em copo de água. Toda reclamação das mulheres é uma grande besteira - especialmente pro homens.
Empatia mandou lembranças.

Aoi Ito disse...

"Homem" é a raça humana toda, homens e mulheres. Mulher é só o feminino do homem. Não é o padrão. É a outra.

Gente, é tão fácil pensar nisso. Quando tem um grupo de 50 mulheres e um homem são "eles" porque tadinho do homem que for identificado como "ela", né? Uma afronta à masculinidade dele. Ser homem é ser simplesmente humano, ser mulher é ser um humano do sexo feminino e junto com todas as questões de gênero que vem junto. Ao contrário, quando é um grupo de 50 homens e uma mulher, são "eles" também e dane-se se a moça não gostar, né?

Tinha um post muito bom no Feministing chamado "In a Matriarchal Hell". E se você pegasse e mudasse todos os gêneros de palavras, personalidades, deuses, etc? O espírito do post era mais ou menos assim:

"Em um inferno matriarcal, iríamos todos os Domingos para a igreja adorar a Deusa e sua Filha, que deu a vida por nós. Na Igreja, teríamos suas sacerdotisas, e homens não poderiam exercer cargos clerigais, porque nasceram do pecado. Nas escolas, ensinariam a nós sobre as grandes mulheres que fizeram grandes feitos, que salvaram a pátria, que têm estátuas em todo o lugar. Estudaríamos nossas várias presidentas, rainhas, cientistas, estudiosas, escritoras. Homens teriam seu lugar apenas em alguns raros exemplos, já que seria muito pouco esperado que um homem conseguisse um papel de respeito assim. Um homem que chegasse a um cargo alto assim seria visto com desconfiança, porque afinal, não dá para confiar na mente hormonal e emocional de um homem. Homens não votariam em homens para a presidência porque teriam medo que "ele fizesse algo de errado e estragasse a imagem dos homens para sempre". Mulheres ganhariam mais que homens. Se uma mulher matasse um namorado, amante ou qualquer coisa assim, foi porque ela fez por paixão e seria perdoada; mas se um homem matasse sua namorada, amante ou algo assim, ele é um desgraçado louco, mas é esperado dele, porque sua mente altamente emocional o deixa histérico e descontrolado sempre. Aliás, homens não poderiam ser confiados para fazer qualquer atividade: Sua inteligência seria questionada porque é impossível que um homem saiba tanto assim de alguma coisa. Seria melhor para um homem ficar em casa cuidando dos filhos, já que foi para isso que a Deusa os fez. Mulheres seriam sempre amigas e companheiras e homens iriam desconfiar uns dos outros. As mães seriam chefes de família. Aliás, uma mulher com vida sexual ativa só reforçaria que ela tem grande poder sedutor e fértil, e ela seria muito congratulada, enquanto um homem com vida sexual ativa seria desonrado, porque não é coisa de homem ficar dando seu precioso esperma para qualquer mulher, já que o mundo é cruel. Ele deveria ser só fiel à sua esposa, casto publicamente e muito bom na cama na vida privada, senão ele é um frígido que odeia sexo e precisa trepar mais."

A intenção do texto não é denunciar o que seria um inferno matriarcal. É mostrar que, se você trocar os gêneros, vira o inferno patriarcal, que é exatamente o mundo em que vivemos, e ninguém considera um inferno porque é tão naturalizado assim. Então homem é a raça humana, mas mulher é uma coisa totalmente à parte e seria esquisito e pouco natural se o mundo fosse dominado por outras. =p

Janaína Leslão disse...

trabalho em um local onde sempre só tínhamos mulheres em determinada função. Sempre falamos "as funcionárias". Então entrou UM rapaz e ele se incomoda que continuemos chamando de "as funcionárias". Nós não temos o direito de achar ruim quando por causa de UM rapaz chamam a todas nós de "eles"? Faça-me um favor! Agora pra ele a coisa se inverteu. É bom ele saber o quando somos descaracterizadas, não?

Imyra Santana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Imyra Santana disse...

Esse texto só é tempestade em copo d'água para que está confortável nessa situação, os homens, e as mulheres que se sentem bem em serem submissas, e que acham tudo isso normal.
O idioma reflete muito o ideal da sociedade perfeita como sendo masculina. Em francês há uma coisa muito interessante; assim como em português se há apenas um homem em um grupo este automaticamente passa a ser designado no masculino. Mas no caso do francês até o século XV pelo menos não era assim. Por exemplo:
"Les hommes et les femmes sont belles", no caso o adjetivo concorda com o último grupo, de mulheres no caso. (a tradução seria: homens e mulheres são belas. estranho pra maioria das pessoas, não?)
Mas um gramático, padre por sinal, escreveu que se houvesse dois gêneros o adjetivo deveria concordar com o gênero mais forte e superior. Portanto temos hoje "les hommens et les femmes sont beaux" (homens e mulheres são belos)A mulher deixa de ter importância gramatical por não ter importância como ser humano.
Refletir sobre isso não é nem perda de tempo, nem tempestade em copo d'água, pois sem reflexão não se muda nada. Mas enquanto vivermos em uma sociedade falocrática por excelência muita gente não vai ter consciência de quanto o que falamos reflete o que significamos.

Lar Ternura disse...

Mais um exemplo disso é que se diz
"Declaração dos Direitos Humanos do Homem e do Cidadão", e vai querer me dizer que estamos fazendo tempestade em copo d'agua.

Mariane disse...

Impossível ler o texto e não ler os comentários.Vocês são ótimas, meninas! Aoi Ito , copiei e guardei seu comentário , pois adorei o que postou do "inferno matriarcal".

Unknown disse...

Janaína Leslão disse...

trabalho em um local onde sempre só tínhamos mulheres em determinada função. Sempre falamos "as funcionárias". Então entrou UM rapaz e ele se incomoda que continuemos chamando de "as funcionárias". Nós não temos o direito de achar ruim quando por causa de UM rapaz chamam a todas nós de "eles"? Faça-me um favor! Agora pra ele a coisa se inverteu. É bom ele saber o quando somos descaracterizadas, não?

>>Não senhora, isso que fazem é uma ofensa a masculinidade dele não? já que gays e trans gostam de ser chamados no feminino¬¬
E no caso de uma mulher isso não ocorre ninguem quando fala eles ainda que elas sejam a maioria esta ofendendo a feminilidade dela
E como o padre bem disse é uma questão de valor
Femeas mais "famosas" são as que dão mais lucro, ou representam mais caso de vaca, abelha, cobra, formiga e vejam o trabalo que certos animais dão por sua feminização tem de se acrescentar a palavra macho no final¬¬

Carina Prates disse...

Ótima análise. O androcentrismo me dá nos nervos.

Milena disse...

Ai Lola, você fez isso só pra dar um suspense né, haha! Você sabe que a gente não se incomodaria de ler um texto grande, se for interessante como esse!

E eu queria dizer que estou muito orgulhosa dos comentários das meninas aqui, elas souberam argumentar e sustentar seu (nosso!) ponto de vista com maestria.

Eu já havia feito uma reflexão sobre esse uso genérico do gênero masculino, mas tinha relevado a sua importância. Agora vou tentar excercitar isso, parar de generalizar grupos humanos como masculinos. É difícil, né?

Liana hc disse...

Para que possamos seguir em frente com justiça e equidade é importante desconstruir certos conceitos estabelecidos. Entender como o idioma reflete as ideologias do momento, a cultura de quem fala, que é meio poderoso de propagação de idéias e práticas, faz parte do nosso momento atual. Precisamos conversar sobre quais conceitos, implícitos e explícitos, continuaremos reproduzindo. Não basta ser a era da informação, é preciso que seja também a era da CONSCIENTIZAÇÃO.
Penso também que redefinir o que entendemos por homem, é parte importante deste processo. Conversando e lendo por aí, inclusive textos masculinistas - o velho de roupagem nova, percebo que o homem ainda é visto por muitos(as) como o protagonista de toda sexualidade, o provedor(de quê, afinal de contas, se mulheres são plenamente capazes de conquistar o próprio sustento?) e protetor(de quem somos protegidas? de outros homens) E o que sobra quando estão numa situação que desempenhar estes papéis já não cabe a eles? Que valor na sociedade os homens têm se não se enquadrarem nestas categorias? É preciso repensar isso também.

Fer Tiberio disse...

Ih, agora to em dúvida. Não sei se gostei mais do post ou do texto enviado pela Aoi Ito!
Pena que nem todo mundo entende. Mas a gente vai caminhando, né?

Carla Mazaro disse...

Juro que se eu soubesse que as outras partes do texto seria publicada apenas na próxima sexta ,eu não teria começado a ler... poxa tava tão bom!!

Quanto a tempestade em copo d'agua já temos alguem pra provar que isso não é verdade, já que se o papel se inverte certos homens se ofendem....

Sara disse...

amei seu comentario AOI ITO, incrivel como vc descreve muito bem o que nós vivemos.
O Inferno Patriarcal.

Aline Schmitt disse...

Ahhh... bem que o post podia ter vindo completo, né. Eu não ia importar de ter de ler todo de uma vez...

Quanto à concordância de gênero, divido com quem não viu a resposta enfática de Pilar del Rio, sobre a resistência ao uso da palavra presidenta: Porque é que entre uma mulher e um animal tem primazia o género do animal? Porque dizem “Vêm os dois” se é uma mulher e um cão quem vem? Em vez de dizerem que não se pode dizer presidenta, mas ministra sim, solucionem essa injustiça e canalhice. Que os doutos académicos resolvam um conflito que tem séculos porque não têm sensibilidade para apreciar a questão ou nem se aperceberam. Por isso, justificam com leis gramaticais ou simplesmente silenciam e riem-se das pretensões da mulher porque se acham superiores. Em quê?

Anônimo disse...

Este é um comentário da Cintia Schwantes, professora de Literatura Inglesa da UNB-Brasília (enviei para ela o link do blog):

Ale:
tentei postar uma resposta, mas não consegui.
o texto é esse:

Em primeiro lugar, um pouco de linguistica (eu estudei árabe, mas tomo
emprestado o seguinte trecho da wikipedia):
Assim como as demais línguas semíticas, a gramática [do árabe] está
baseada num sistema de raízes triconsonanticas, que possuem um sentido
genérico. Por exemplo, as consoantes k t b constituem uma raíz com o
sentido básico de 'escrever', q r ? expressam a ideia geral de 'ler',
? k l 'comer', e assim por diante. A posição dos movimentos e afixos é
que precisa o sentido de uma palavra em particular.

A forma mais simples do verbo é o perfectivo, na terceira pessoa do
singular masculino: kátaba 'ele escreveu', qara?a 'ele leu'. As demais
pessoas formam-se a partir dessa forma:

Isso por que girafa vem do arabe zarAfa(t), e portanto o final em "a"
NÃO é indicativo de feminino.
Gaivota vem do tupi, lingua que também não tem as mesmas regras de
indicação de genero que o portugues - Ajuricaba, que eu saiba, era
muito macho. Sâo informações simples de encontrar - qualquer
dicionario mediano traz a origem das palavras antes do significado.
Mas cavalos, girafas e gaivotas não nomeiam a si mesmos. Quem nomeia
somos nós, humanos, de acordo com nosso entendimento de mundo. Os
historiadores romanos chamavam os chefes tribais da provincia
Brittania de "reis" porque conseguiam entender esse conceito, proximo
para eles, e não conseguiam entender uma organização social tão
distinta da deles. Então, quando estendemos nosso entendimento de
mundo e chamamos "cavalo" (e não o nome generico, "equino"), estamos
de fato estendendo o entendimento de que o macho da especie é superior
à femea, ao reino animal.
Em 8 de julho de 2011 12:15

Bom, espero que o LEONARDO seja mais investigativo antes de se ofender tanto. Isso é, sim, machismo velado da parte dele. #prontofalei#

Elaine Cris disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elaine Cris disse...

É muito fácil ser homem e achar um texto como esse tempestade em copo d'água, querer que um assunto como esse passe batido. É como ser branco e achar uma besteira uma data importante como dia da consciência negra, por exemplo.
Difícil é pensar fora da caixinha, é ter empatia com uma situação pela qual você não é afetado diretamente, como o Robson fez.
Parabéns ao autor do texto.

Robson Fernando de Souza disse...

Valeu, Lola, por ter aceito a sugestão de fazer o blog publicar guest posts enquanto vc e o maridão se divertem nas Oropas =D

Ramon Duarte disse...

É tempestade em copo d'água sim, concordo com o Leonardo. O feminismo é uma causa legítima, mas exigir que se abandone todo o legado linguístico que já temos é simplesmente exagerado.

Talvez fosse importante num mundo onde mulheres não são estupradas, não ganham salários inferiores, não estão condenadas a suprimir sua própria sexualidade e podem exercer cargos de direção sem terem sua autoridade questionada. Porém, num mundo onde isso não acontece (como o nosso), essa ênfase em transformar a língua de forma imediata é desagregadora e só reforça o estigma de que feministas são "reclamonas" e "mal-comidas".

TWO OF US disse...

Ramon, você perdeu uma ótima oportunidade de calar sua boca. Graças a Deus eu sou feminista e não sou "comida" por um homem! Aliás, tal palavra, "comida", faz parte do acervo machista. Eu faço amor, com muito amor, com minha companheira. E, sim, não ouço que sou reclamona toda vez que dialogo sobre assuntos importantes em minha vida e em nossa sociedade. E sou lésbica não por ser feminista, mas por minha orientação sexual, contrariando todos os argumentos de pessoas como você e cia.
Leia mais e se liberte de argumentos tão medíocres. Rever conceitos não te fará mudar tua orientação sexual. Aliás, só te fará ser uma pessoa melhor do que a educação sexista te fez...Alguém de pouco raciocínio, de nenhuma reflexão e nada de sensibilidade, como muitos escrotos por este mundo afora. Muita pena de tua companheira, se houver uma...

Gabriele disse...

Gente, e o texto nem se refere tanto a questão do gênero no sentido de se referir a um grupo misto como "eles" e coisas do tipo. Ele trabalha principalmente com a questão de usar a palavra HOMEM para falar da humanidade em geral, quando é super simples substituí-la por SER HUMANO ou PESSOAS, nem é nada tão drástico e já tem gente achando exagero. Eu mesma só fui me dar conta disso uns anos atrás, ao escrever um artigo e usar algumas vezes HOMEM no texto, daí meu professor me pediu pra substituir tudo por termos neutros, me explicando que quanto mais adaptarmos nossa linguagem para um paradigma igualitário, melhor, que é nas pequenas coisas que cultivamos esses valores. Só essa simples situação já mudou minha concepção sobre várias coisas.

Blanca disse...

"Homem" é a raça humana toda, homens e mulheres. Mulher é só o feminino do homem. Não é o padrão. É a outra. +1


Eu sei que há uma normalidade em dizer "homem", mas por que não dizemos "ser humano"? Tão fácil e confortável pensar que "Homem" = humanidade.

Tô no aguardo pela 2ª parte. :)

Blanca disse...

Quem diz que é "tempestade em copo d'água"... gente, não é uma tempestade. Ainda mais num copo. É só um texto afirmando que esse negócio de homem = humanidade existe. E não tem como não ser, sabe, porque é tão melhor substituir por pessoas, seres humanos etc.

Liana hc disse...

"Talvez fosse importante num mundo onde mulheres não são estupradas, não ganham salários inferiores..." Ou seja, quando tudo isso acontecer, ele já não habitará mais entre nós.
Então deixa eu ver se entendi.. eu sou mulher, pode demorar um pouco :P O moço aí está dizendo que 1º temos que realizar as mudanças que concernem a um mundo justo, para só depois fazer as mudanças que concernem a um mundo justo. Eu acho que ele colocou o carro na frente dos bois.
O que temos que alcançar primeiro? Quando chegarmos neste estado maravilhoso de vida em que mulheres e homens coexistem pacificamente é porque JÁ realizamos estas mudanças óbvias e de base.
Estas são aquelas pessoas que sabem que não vamos continuar neste estado de coisas por muito tempo, mas individualmente não conseguem dar um passo adiante, não querem abrir mão de seus privilégios, nem os linguísticos.
É o mesmo que uma pessoa doente dizer: 'Olha, PRIMEIRO eu vou restabelecer minha saúde, DEPOIS eu tomo o remédio amargo.' Vai sonhando.

Liana hc disse...

E como bem disseram, trocar 'homem' por 'ser humano' não é nenhuma mudança absurda. Não estamos inventando nenhum neologismo. Já existia um termo para designar 'pessoas' muito antes da palavra 'homem' ser transformada em coletivo de humanos. Só vamos restabelecer a ordem normal das coisas.

Lívia Pinheiro disse...

Este argumento do Ramon é típico de quem acha um absurdo fazer parada do orgulho LGBT com tanta corrupção no país, ou lutar por contra o machismo no Brasil enquanto mulher não pode nem dirigir na Arábia Saudita. E o mais bonitinho é que não conheço um que defenda este argumento que levante a bunda da cadeira para qualquer coisa que não seja o próprio umbigo.

Ághata disse...

Isso sem falar no primor da lógica 'Ramonistíca', né?

Se você criticar e procurar as origens da nossa linguagem patriarcal = você é uma reclamonA, mal comidA.

Será que ele consegue ser mais machista que isso?

Milena disse...

Lola, queria compartilhar um vídeo que eu encontrei na página da causa "Women's empowerment", no site causes.org (não tem a ver com o post em si, mas tem a ver com feminismo, e eu preferi colocar nos comentários pra todos e todas lerem): http://www.youtube.com/watch?v=1e8xgF0JtVg

Milena disse...

Ah, pesquisando sobre esse movimento 'girleffect', eu descobri que é financiado pela Nike... Estranho, pra dizer o mínimo. O vídeo ainda serve de alerta e sensibilização sobre a causa, mas eu não confiaria nessa 'ONG'. Eu fico indignada com a postura desses grandes grupos empresariais que usam causas sociais de forma superficial pra conseguir conquistar clientes desavisados, quando eles não estão nem aí pros problemas do mundo na realidade... Mancada minha ter indicado o vídeo sem averiguar direito antes :/ Serviu de lição.

Unknown disse...

Bem, o que me tira certo peso da consciência, é quando era mais novo, usava a palavra homem ao invés de humanidade, mas pra falar mal. xD

Mas lembro da minha professora de Didática em Ciências e Biologia, que em palestra para professoras do ensino médio e fundamental, usava o termo "professoras" e não "professores". Já que a maioria é mulher. Mas sempre aparecia um professor pra reclamar.

Mas essa coisa da lígua já tinha reparado quando estudava inglês no ensino médio:
He - ele
She - ela
They - neutro
Mas nunca entendi o "it" que era pra coisas, ser usado para crianças e bebês. =S

Letícia disse...

eu adooooro essas "viagens" pela história da(s) língua(s). qdo comecei a ler, já pensei em vir comentar a diferença no latim clássico entre uir (homem) e homo (ser humano), mas o nosso colega não deixou escapar esse detalhe... :)

a mitologia grega é muito interessante, justamente por ser repleta de misoginia. :P as divindades relacionadas ao mal são quase sempre femininas - e, o mais importante, são mulheres feias e velhas, "secas", imprestáveis. exemplo disso são as Górgonas (Medusas) e as Fúrias (nome auto-explicativo). as Górgonas eram tão horríveis, com seus cabelos de serpentes que matariam alguém só por olhá-las. as Fúrias eram entidades desprovidas de razão que vinham buscar mais sangue quando o sangue era derramado (puniam os assassinos com a morte)...

as "boas" divindades femininas eram sempre ligadas à beleza, à juventude e à fertilidade. uma das poucas "exceções" é Atena que, apesar de bela e jovem, era "nascida da cabeça de Zeus" e representava a justiça, a inteligência, o bom senso. não à toa era a deusa que dava nome a Atenas. no entanto, como disse: ela era um pedaço de Zeus; o fato de não ter nascido de uma mulher a tornava superior a outras mulheres. ela era, de certa forma, como um homem.

Letícia disse...

uma outra ideia muito curiosa dos gregos (e que prevaleceu por muito tempo) era a de que a mulher fosse apenas um receptáculo da criança, não tendo na verdade nenhuma ligação de sangue com ela. os gregos antigos acreditavam que o germe da criança estaria completo no sêmen do pai, que apenas a depositava num "terreno fértil", o útero da mãe. todos seriam filhos, assim, apenas dos pais, tendo pelas mães somente uma consideração devido aos cuidados na infância e à amamentação.

este argumento teria salvo Orestes, assassino da própria mãe, no primeiro julgamento da história de Atenas: crime pior seria matar o pai, e não a mãe, pq a mãe não representava nenhum laço familiar, na verdade. aliás, matar o marido era um crime pior do que matar a mãe.

Letícia disse...

gente, me empolguei!

o meu professor de latim uma vez expôs uma opinião curiosa: de que, no latim clássico, o que sairia linguisticamente "desprivilegiado" era o homem... isso pq as declinações (espécie de "conjugação" de nomes) correspondentes ao masculino é que eram "genéricas", usadas pra qq coisa ou animal, enquanto as femininas eram apenas pra mulheres. e, como já foi dito, homo era humano e não homem. :)

Imyra Santana disse...

Laetitia,infelizmente essa idéia da mulher apenas como um receptáculo da criança, avançou muito além na nossa história. Em alguns tratados de medicina muito mais "recentes" (idade média) se comparados aos da Grécia há a teoria do homúnculo; ou seja, o homem já estava completamente formado dentro do espermatozóide, ele apenas se implantava no útero. Inclusive há nos livros desenhos dos hominhos todos enconlhidos em posição fetal dentro do espermatozóide. A história está impregnada de exemplos da formação da nossa cultura (o que inclui o idioma e a ciência também, infelizmente)a partir de pensamentos pré-existentes de quem "manda".

Unknown disse...

Alguem aí linkou uma doida "impondo" o "presidenta" chamando quem chama ela de presidente de ignorante tsc tsc tsc tá bom vamos chamar de estudantas também

Unknown disse...

Revolução Industrial

Com o advento da Revolução Industrial, houve um crescimento na prostituição. As mulheres de então passaram a somar à força de trabalho, e como as condições eram desumanas*, muitas passaram a prostituir-se em troca de favores dos patrões e capatazes, expandindo novamente a prostituição e o tráfico de mulheres.

*Desumanas mas que os homens sempre foram obrigados a aturar¬¬

Ramon Duarte disse...

Queridas leitoras,

Desculpem ter tentado trazer uma discussão de alto nível intelectual para vocês. Aparentemente, superestimei a capacidade de leitura de algumas de vocês, imaginando que, sendo este um blog feminista e de cultura, as leitoras seriam capazes de, no mínimo, interpretarem adequadamente um texto simples.

A quem ainda se der ao trabalho de evoluir como ser humano, vou explicar algumas regras básicas de leitura:

1) Quando há palavras entre aspas (aspas são esses símbolos aqui: ""), significa que o autor está fazendo uma CITAÇÃO, ou seja, aquelas palavras NÃO SÃO DELE. Nesse caso, eu repliquei um ESTIGMA, é como a sociedade em geral enxerga as seguidoras do feminismo. Não é como eu enxergo, mesmo que algumas leitoras pareçam ter se encaixado bem no estereótipo.

2) Se eu fosse machista, não pisaria neste blog. Isso deveria ser óbvio, sinceramente, principalmente quando começo um comentário dizendo que "o feminismo é uma causa legítima".

3) Liana, não, você não entendeu, ma reclamou mesmo assim. Se você tivesse se dado ao trabalho de ter refletido a respeito, teria percebido que a língua apenas reflete os hábitos da sociedade. Inclusive, é a grande lição que o post do Robson nos traz. A língua é excludente porque a sociedade é excludente, não o contrário. Tornar a língua mais igualitária não fará a sociedade mais igualitária. Por outro lado, numa sociedade onde a mulher é respeitada e elevada ao mesmo nível dos homens, não haveria a necessidade de se alterar a língua, porque os seres humanos falantes, por si só, adaptar-se-iam a esta nova realidade.

Entende agora por que é mais importante eliminar as diferenças no mundo real para, só depois, eliminar as diferenças na língua?

E, sinceramente, fico extremamente decepcionado com o seu pessimismo. Quando eu nasci, não havia nem governadoras no Brasil. Hoje, somos governados por uma presidente, como muitas das outras potências regionais e mundiais (Argentina e Alemanha são apenas alguns exemplos).

Se em 20 anos houve tamanha evolução, eu espero sim estar vivo ainda para ver um mundo igualitário. Se você acha que o ritmo está lento demais (e está mesmo), deveria se engajar mais pela causa e não discutir comigo.

Vou terminar por aqui, meninas (e mulheres), porque sei que, se eu escrever mais, você não lerão. Já escrevi o suficiente para deixar claro que a língua é apenas uma CONSEQUÊNCIA das relações sociais e, se queremos uma transformação, devemos começar pela CAUSA, que stá no machismo enraizado na sociedade.

Espero que minhas palavras tenham valido de alguma coisa e não tenham sido apenas um desperdício de tempo, mas estou otimista, pelo menos.

abaco disse...

Laetitia,

Sinto contrapor essa idéia de que os homens tinham a "desvantagem linguística" - com o perdão do termo - no latim clássico. Isso da declinação masculina ser usado para coisas genéricas e a feminina em casos específicos é exatamente o que afirma esse desprestígio feminino. Por que? Bom, se o 'normal' é ser homem e a mulher é somente a 'exceção', então parece-me claro que se usa o masculino para tudo e, quando quer-se dirigir a mulher, usa-se o termo específico. Exemplos? O fato, como já falaram, do neutro plural equivaler ao masculino plural (usa-se 'eles' se tiver 50 mulheres e 1 homem); e o próprio texto do post, que, em linhas gerais, trata de um termo masculino ('homem') que é usado para determinar o neutro ('ser humano')

OBS: muito legal seus comentários! a Oresteia é um ótimo exemplo. impressiono-me com o desfecho da tragédia, como a defensora de Clitemnestra é facilmente persuadida a 'abandonar a luta' quando Atena promete que todos vão esquecer de sua tentativa de justificar Clitemnestra.

Ághata disse...

Nossa, haja arrogância.
Mas eu gostei de ver como a criatura nos chama de inferior, nos diz como devemos lutar ou no que devemos discutir, acha que nos trará a luz e pensa que não é machista.
Vamos agradecer a esta alma iluminada e sábia, garotas, por ele estar gastando seu tempo precioso nos ajudando a nos desenvolvermos como ser humano com suas valiosas palavras!

Flasht, não entendi. Você acha que as mulheres só começaram a trabalhar na revolução Industrial? E que trabalhavam nas mesmas condições que os homens?

Laetitia, achei todos os seus comentários muito interessantes! Não sabia do julgamento de Orestes! Vou pesquisar sobre ele depois.

Imyra, acho que esta teoria dos homúnculos deve ter sido bem herança grega mesmo.
Diziam que quando a criança nascia parecida com a mãe, é porque alguma coisa dela a havia contaminado enquanto estava no ventre.

abaco disse...

Ramon,

Já debati longamente com alguns colegas que tem a mesma opinião que a sua, que a língua não é causa, e sim consequência. Concordo plenamente com isso: a língua é consequência. Mas, assim como a língua, também é consequência o estupro, o desrespeito a mulher, a falta de oportunidades, a violência de gênero, etc. O que é a causa então? A causa, no meu entender, é a cultura sexista. Mas, convenhamos, 'cultura sexista' é um termo um tanto teórico; como podemos mudar SOMENTE a cultura sexista, sem se preocupar em mudar as coisas PRÁTICAS do dia-a-dia?

Continuo achando que a língua é consequência, e que mudando SOMENTE ela, não seria de grande importância. O que acontece é que não lutamos por causas isoladas, mas por mudanças em milhares de pontos práticos na sociedade, que resultam, aos pouquinhos (infelizmente) em uma mudança no plano do pensamento cultural.

A língua, mais uma vez, não é a causa, mas é uma consequência que ajuda a sustentar essa cultura sexista, juntamente com a violência, o estupro e as outras cosias que já elenquei. Lutando contra todas essas consequências que sustentam a causa, estamos lutando contra a causa também, e de uma forma abrangente e eficaz.

Liana hc disse...

Condescendência compro e vendo, quem dá mais?

Para começar bem, Ramon. Você não está falando com meninas, somos mulheres.

O idioma não é apenas agente passivo da discriminação, É TAMBÉM mecanismo poderoso de manuntenção do status quo, ferramenta repetitiva que molda a mente de crianças(e adultos) quando elas sequer têm noção do que se passa ao redor delas, mas já reproduzem essas discrepâncias.

O assunto 'sexismo idiomático' não tem grande importância para você? Pois tem para minha pessoa e para as demais aqui. Quem você pensa que é para me dizer quais batalhas travar ou com o que me importar? É muita arrogância.

"Pessimista".Você acha que milênios de injustiças vão terminar em algumas décadas? Creio que não.

Você fala em "mundo real". Pois no 'meu mundo real', preconceitos são combatidos por muitas frentes. Se tem uma coisa que aprendi com o feminismo é que nenhuma luta é pequena ou sem importância. Tudo contribui. Tudo se relaciona e se afeta mutuamente. Não podemos ter elos fracos quando se trata de eliminar preconceitos tão enraizados; como um tratamento para o câncer, não adianta tratar um órgão se o outro está afetado, ele volta a se espalhar, e às vezes, Ramon, a única solução é perder algo para se ganhar outra coisa melhor mais à frente. Não podemos ser tímidos diante do absurdo.

"elevada ao mesmo nível dos homens". Eu não preciso ser 'elevada ao mesmo nível dos homens'. Tem alguém com o pé na minha vaga, Ramon. E esse alguém vai dar um passinho PARA O LADO, não vou subir, nem descer.
A única coisa que eu exijo do machismo é que pare de atrapalhar, não preciso 'ser elevada'(passivo isso né), não preciso de um salvador.

Um sujeito que nem me conhece, que leu 2 ou 3 coisas que escrevi, me dizendo que eu deveria me 'engajar mais' e ainda achando que está trazendo "uma discussão de alto nível intelectual" para este espaço, na expectativa de não ter perdido seu precioso tempo conosco. Haja paciência.

Liana hc disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Aoi Ito disse...

Quanto mansplaining por parte do Ramon. :p

(Mansplaining é basicamente você querer explicar as coisas e esperar estar certo por um ponto de vista tipicamente masculino, mesmo quando a coisa a ser explicada não necessita de um ponto de vista masculino. Um homem querer falar de aborto, estupro, linguística e essas coisas todas, achando que está certo porque é homem, tentando ensinar às pobres mulheres que não entendem, quando o problema não é com ele, está mansplainando. :p)

Liana hc disse...

Pronto, viu.. aprendi algo novo. Mansplaining. Nunca havia escutado falar.

"Me? A mansplainer? Let me mansplain."
Ri um bocado aqui.

Sara disse...

LIANA Meus parabens deu uma de Lola hj aqui, acho q falou por muitas de nós, e acho que se esse senhor que fez os comentarios depreciativos não for um troll tera que convir que vc esta coberta de razão.

Ramon Duarte disse...

@Ágatha e Liana: fui arrogante sim, e continuarei sendo com quem não sabe nem ler um texto e gosta de chamar os outros de machistas. Por exemplo, você, já que eu não tentei "iluminar" ninguém, apenas fiz sugestões.

Começo a me perguntar se o problema é a educação básica deficiente ou simplesmente a má vontade em compreender o que eu escrevo.

Minha conversa com vocês acabou porque eu não tenho paciência para analfabetos (ou analfabetas) funcionais e pessoas que interpretam textos de acordo com sua própria conveniência.


@luisa: Obrigado por ter mantido o nível, ter sido educada, não ter feito generalizações e ter apresentados argumentos devidamente embasados, em vez de simplesmente praticar o "ad hominem" de cada dia.

Li, reli e refleti sobre suas palavras. Concordo com cada uma delas. Estão tão bem colocadas que não há a necessidade de mais nenhuma, ao menos de minha parte.

Tenha uma boa semana!

Blanca disse...

Gostei da resposta da Luisa. Explicou bem o ponto de vista. É isso, gente.

Os debates desse blog são tuod de bom, sempre.

Imyra Santana disse...

Ramon, muito obrigada por sua "boa ação", por tentar nos fazer interpretar corretamente um texto. Até porque eu não consegui encontrar a parte do texto e/ou comentários onde alguém interpreta que o desenvolvimento da língua não é o reflexo da sociedade e sim o contrário. Até porque está bem claro para cada uma das "meninas" que aqui estão escrevendo que a "evolução" da palavra homo, ou a regra de concordância no francês, é um reflexo da sociedade e de seus preconceitos. Afinal a linguagem é uma arma poderosa de manipulação, mas parece que você não percebeu isso.Também está apenas interpretanto o que te interessa.
Você não precisa tentar nos convercer de que não é machista, pois você disse que pisa no blog... como eu interpreto isso? Palavras tem significados e significâncias...
Desculpe se meu nível não é alto o suficiente para você!

PS: Você poderia ter escrito uma "bíblia" que se fosse interessante leríamos com prazer, somos capazes de manter a atenção em alguns poucos parágrafos.
Não costumo ser agressiva, mas não admito que duvidem da minha inteligência e consequentemente que duvidem da de todas as que escreveram aqui. Até porque como disse Elfried Jelinek (conhece?) uma mulher está sempre lutando por todo o gênero, mesmo que não queira, pois automaticamente os homens projetam um ato de uma mulher em todo o gênero.

Liana hc disse...

Tem quem não aguente uma conversa mais acalorada.

Luisa deu uma resposta excelente. TOCOU NO MESMO PONTO QUE EU: Não podemos resumir a luta contra o preconceito, seja ele qual for, apenas olhando uns lados pelos quais ele se manifesta. Alterar o USO DE CERTAS palavras (e não TODO o legado linguístico) não é a única forma, apenas que é algo que a maioria não pensa mas que também tem influência e merece atenção. Juntamente com n medidas.

O texto do Robson nos trouxe essa outra visão. Muitos homens não a reconhecem e acham "tempestade em copo d'água" ou que há coisas mais urgentes para fazermos da vida; ao passo, que mulheres reconhecem o problema e se sentem afetadas por ele. Mas porque vivemos em um ambiente sexista, nossos problemas não são válidos ou dignos de muita atenção. Faz pouco tempo que isso tem mudado e é graças às mulheres, e homens, que não recuaram.

É ótimo né, poder nos retirarmos da conversa quando não mais nos interessa. É uma pena que com o machismo, isso não seja possível, pois ele está presente e atuante quase todos os lugares, na própria família, na escola, faculdade, trabalho, andando na rua, na net, no passado, no presente... Quisera eu passar uma semana da minha vida sem isso no meu dia-a-dia.

E veja só, basta criticarmos o uso da palavra 'homem' como sinônimo de 'ser humano' para acontecer este auê todo, para sermos chamadas de 'analfabetas funcionais', de não 'entendermos outros pontos de vista', de 'interpretarmos textos de acordo com nossa conveniência'. Interessante também é ver que quando falamos de assuntos 'mais sérios' continuamos sendo taxadas de 'analfas' e incapazes de darmos prosseguimento a uma conversa de 'alto nível'. É contra isso que lutamos. E não nos calemos.

Poxa, sexta tá muito longe, eu também não me importaria de ler tudo hoje :)

Ághata disse...

Ah, não, Ramon, por favor! Tenha piedade desta pobre analfabeta que vos fala e tente trazer uma discussão de alto nível pra este blog! Nos ensine como nos desenvolvermos como seres humanos, digo como homens pra chegarmos ao seu nível!

Obrigada por pisar neste blog e reconhecer a causa feminista como legítima! Realmente, nunca vi um homem machista passar por aqui! Ainda mais pra dizer coisas como 'que discussão inútil! Vão se preocupar com coisas mais importantes como (insira qualquer coisa aqui desde corrupção ao último capítulo da novela das seis)' e nos esclarecer com a verdade!! E também nos dizer como conduzir uma discussão e um movimento!

Ághata disse...

Muito bem dito, Liana.

Faz uns anos, lembro de ter lido um texto feminista sobre o uso da palavra Homem como meio de tornar invisível as mulheres na história.

Ela escolhia alguns trechos de textos de livros de História - principalmente escolares - e de como a palavra homem era usada tanto pra se referir a humanidade como só para machos, de forma que alguns textos ficavam até confusos, como se determinado evento ou comunidade fosse formado só por homens.

Imyra Santana disse...

Obrigada Aoi Ito,adorei essa palavra. Aliás, ela deveria ser incorporada ao léxico do protuguês, pois os homens estão o tempo inteiro "mansplainando", seja no boteco, no senado ou neste blog!

Gre disse...

Liana, adorei:

"Tem alguém com o pé na minha vaga, Ramon. E esse alguém vai dar um passinho PARA O LADO, não vou subir, nem descer".

Complicado quando a insegurança máscula denota risco de perder o controle e o poder que sempre pensaram ser supremo e masculino!

Sara disse...

parabens meninas e mulheres, vcs estão arrazando em seus comentarios
LIANA , IMYRA SANTANA, AOI ITO, LUISA, e muitas outras, faz bem ler o que vcs expressam aqui, quando entro nesse blog , mesmo antes de entrar ja fico com a sensação de que vou ler coisas que vão me edificar e me trazer esperanças.

Death disse...

Fico mesmo muito triste com estes "Ramon" da vida.

Pois eles até admitem que agiram com arrogancia, mas esquecem que se comporta assim aquele que ignora partes importantes da vida (ter empatia) por tolice.

Tolice é uma caracteristica daqueles que só querem ver o que seus olhos permitem.Nada mais a frente,mesmo que esteja tão próximo, quase na palma da mão...

Mas fico feliz por outro lado ao ler textos como este e belos acréscimos, como os comentários feitos aqui.

Aoi Ito disse...

Agradeço pelas suas palavras doces, Denise! :3 Espero que se sinta em casa aqui, que poste bastante e que aprenda bastante conosco, assim como aprenderemos com você, já que aqui aprendemos sempre uns com os outros. :D

EriCab disse...

Liana,

"Eu não preciso ser 'elevada ao mesmo nível dos homens'. Tem alguém com o pé na minha vaga. E esse alguém vai dar um passinho PARA O LADO, não vou subir, nem descer."

Disse tudo!!!!

aiaiai disse...

o texto é maravilhoso, mas os comentários são ainda melhores! Parabéns a todas !

Daní Montper disse...

Sabe o que achei mais interesse no caso desse ser que disse que não tomou atitude machista, e que só vi a repercussão agora?
Ele, em sua arrogância, se acha tão inteligente que bateu em retirada porque não conseguiu argumentos para um debate ao seu nível e partiu logo para um "vocês que são burras e não merecem meu tempo mimimi" típico de troll. Cadê a inteligência em nos provar nossa insignificância intelectual? Ficou apenas no superego dele - que bom, assim não se quebra por causa das malvadas feministas =)

Sobre o texto, ainda não comentei porque quero ler tudo, mas a princípio concordo em como é nocivo ter uma gramática sexista causada pela nossa sociedade machista e patriarcal de loooonga data e mantida apesar de todo mal que gera à sociedade. É uma consequência a mais a ser corrigida, e nós mesmas devemos nos policiar quanto a isso, pois somos educadas para ver essa forma gramatical como inofensiva - ou irrelevante.

mari disse...

comentários brilhantes do mulherio, transcenderam o post! obrigada à @aiaiai63 pela dica!

Lívia Pinheiro disse...

Nossa, ganhei o meu dia com essa palavra nova. Mansplaining é fantástica!

Letícia disse...

Nuam, é verdade. Meu pensamento quanto ao fato do masculino ser o "genérico" sempre foi igual ao seu... a única opinião contrária mais sensata que eu ouvi a respeito foi essa do meu professor de latim.

Que legal achar mais gente aqui que leu a Oréstia! Eu gosto muito das tragédias gregas, justamente pq elas dão pistas sobre a origem do pensamento ocidental. E uma comédia grega legal de ser lida e discutida é a Lisístrata (a Greve do Sexo), que mostra uma mulher organizando uma rebelião pra tomar conta de Atenas.

Luiz Prata disse...

Muito interessante o guest post, trouxe à tona reflexões sobre algo de que nem sempre nos damos conta.
E reflexões importantes, não mera "tempestade num copo d'água". Não se pode subestimar a importância da linguagem e a maneira como ela foi construída.

O texto da Aoi Ito sobre o Matriarchal Hell foi excelente. Acho que ela merecia estrelar um guest post dia desses.

Ramon Duarte disse...

Prezadas Daní Montper e Imyra Santana,

"Ele, em sua arrogância, se acha tão inteligente que bateu em retirada porque não conseguiu argumentos para um debate ao seu nível e partiu logo para um "vocês que são burras e não merecem meu tempo mimimi" típico de troll. Cadê a inteligência em nos provar nossa insignificância intelectual?"

"Ramon, muito obrigada por sua "boa ação", por tentar nos fazer interpretar corretamente um texto."

Não me recordo de ter conversado com nenhuma de vocês. Por que o uso da primeira pessoa?

A não ser, é claro, que "nós" seja um substitutivo para "mulheres" ou "feministas". Eu gostaria, por favor, que você me apontasse onde eu me utilizei de generalizações envolvendo algum desses dois grupos, a ponto de justificar a inclusão de alguma de vocês duas no conjunto de interlocutores.

Sobre o restante dos seus questionamentos, leia de novo. É o que eu faço quando não entendo algo.


Prezada Liana,

A resposta da Luisa pode até ter incluído parte do conteúdo da sua mensagem. Porém, a complexidade da argumentação está além do conteúdo, envolve consistência e coerência de ideias. Quando se argumenta usando falácias, generalizações, ofensas, interpretações forçadas, não dá para se convencer outro ser pensante, realmente.

Retirei-me da discussão porque obtive o conhecimento que desejava, dei-me por satisfeito. Não creio que seja possível absorver mais nada de útil deste post, logo não há por que prolongar minha estada aqui.

Não sei se você lerá isso, mas cometi uma injustiça e não pretendo deixá-la cair no esquecimento.

Acabo de perceber que, apesar do tom defensivo, não houve ofensas de sua parte quando respondeu ao meu primeiro comentário. Peço desculpas pelo tratamento indevido que lhe direcionei sem que fosse merecedora, por tê-la confundido com outras comentaristas.

Manterei uma atitude polida em relação a você, na esperança de que seja capaz de fazer o mesmo.

Tenha uma boa noite.

Liana hc disse...

Ramon, tem mesmo hora que fico na defensiva mas nunca ofendo. Eu tenho os meus limites. Tampouco me importo em liberar um pouco de energia, faz parte.

Desculpas aceitas, sigamos em frente.

Ju Garcês disse...

Estudo Letras na Universidade de Brasília. Pode ser tendencioso, mas a língua muitas vezes pode vir a conduzir mudanças sociais, sim.
Vários estudos históricos de línguas nativas, inclusive, partem prioritariamente de mudanças e contatos linguísticos entre os indígenas sulamericanos para aprofundar um estudo arqueológico, por exemplo.
Acho que é uma via de duas mãos: há a mudança linguística porque há a mudança de conceitos numa sociedade, não necessariamente ocorre no sentido contrário.

Nonona disse...

Acabei de ler hoje que a Austria vai mudar o seu hino. As partes que falam de "filhos" serao complementadas com "e filhas".

Adorei isso.

Liana hc disse...

Vamos ver o que teria que ser mudado aqui no Brasilsilsil:

'Dos filhOs(aqui acrescentaríamos 'filhAs; ou prole) deste solo'
Mas aí vem 'És MÃE gentil'
e os homens poderiam dizer: 'preconceito!'
Aí poderíamos dizer: 'mas repetiram PÁTRIA um montão de vezes!'

'Verás que um filhO teu não foge à luta'. Mas mulheres não podiam lutar em guerras, só morrer. Ou vamos levar para o sentido figurado? porque aí caberia o acréscimo.

Eu particularmente acho: 'Nossa vida no teu seio mais amores' de duplo sentido. Devia ser banida. ;) O que Freud diria disso: "-Complexo de Édipo, com certeza."

'GIGANTE pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido COLOSSO,
E o teu futuro espelha essa GRANDEZA.' Meodeus, calor

Imagina cantar isso?! Sei lá, talvez seja melhor deixar como está. :)

Sandra Parra disse...

Gente, eu sei que, com a pressão constante, a paciência acaba. Mas é preciso lembrar que somos (quase) todos criados em um ambiente machista, e que o feminismo é algo em construção para quase todos nós.
Então fiquei muito contente ao ler a resposta da Luisa ao Ramon, porque vários dos comentários que eu li para/sobre ele me fizeram sentir vergonha alheia - independentemente de eu também discordar do que ele dizia.
Então, meninas, mulheres, velhas, nós: é preciso, é preciso, é preciso fazer o esforço de trazer o diálogo para um bom nível, sempre.
Beijos a todas, e obrigada por estarem aqui.

Roberta disse...

Em alemão, os pronomes pessoais do caso reto na 3º pessoa do singular no gênero masculino e feminino são, respectivamente, "er" e "sie". O curioso é que, na terceira pessoa do plural, o pronome utilizado é SEMPRE "sie", mesmo que se refira a um grupo formado exclusivamente por homens. Coincidentemente (ou não), a sociedade alemã está séculos à frente da nossa no que tange à eqüidade de gêneros. Imagina se os nossos homens se sentiriam à vontade como falantes nativos de um idioma que classifica um grupo de homens como "ela"! Sugiro aos homens que acharam o post desnecessário que façam esse pequeno exercício de reflexão.