quinta-feira, 14 de julho de 2011

GUEST POST: ISSO TAMBÉM É COM VOCÊ

Esta é a quarta e última parte de um super guest post que o Thiago, também conhecido como Nefelibata, teve a generosidade de escrever pra gente. Por favor, leia, releia, e envie pr@s amig@s as partes um, dois e três. As cidades devem ser nossas, não de máquinas metálicas que andam sobre quatro rodas. Quando falamos que um outro mundo é possível, estamos pensando em fazer um uso melhor, mais democrático e mais coletivo do espaço público urbano.

Há uma frase do Elwyn Brooks White (frase que vi num jogo), cujo contexto desconheço, mas que parece resumir bem o lugar central do carro nos nossos valores: “tudo na vida está em algum outro lugar, e você chega lá de carro”. Com um deus na garagem, fica fácil entender porque não temos o menor constrangimento de pegá-lo para ir até a padaria no outro quarteirão. É por isso que compramos picapes 4x4 para andar em ambientes urbanos, só para garantir a superioridade física e econômica contra outros carros, ao custo da combustão do diesel -– o mais poluente e nocivo dos combustíveis. É por isso também que colamos adesivo da Marina Silva e do Green Peace no vidro do possante e não vemos nenhum problema nisso –- somos capazes de criticar tudo, desde que esse tudo exclua nossos caprichos. E dentre os caprichos, para o brasileiro, carro é o principal símbolo de luxo. Temos para nós que transporte coletivo é coisa suja e indigna porque é de pobre que não pode comprar carro. Preferimos passar uma hora no estresse do trânsito do que quinze minutos apertados no metrô. Porque, ao contrário do Figueiredo, devemos preferir o cheiro do cavalo ao cheiro do povo (certamente preferimos o cheiro da fuligem e do veneno). Mas, ei, nós somos povo também, não? Não importa; escolhemos nos encastelar em nossas torres de marfim ambulantes e ligar, junto com a chave na ignição e com a música privada, um grande mecanismo de “dane-se” para o resto do mundo e da humanidade.
Já tive o desgosto, cuja mera lembrança ainda me dói, de ouvir gente muito próxima de mim dizer coisas como “eu trabalhei para ter o direito de usar um carro, e se eu precisar esculhambar com outras pessoas, com a cidade ou com o planeta, não vou pensar duas vezes para fazê-lo”. Estarrecido, pergunto por quê, e me responde “porque eu adoro dirigir, e você só critica carro porque não gosta de dirigir”. Finalmente o carro se transformou na materialização do ego hipertrofiado. E seu motorista em um ser bruto para o qual, num piscar de olhos, toda a gentileza vira fraqueza, toda condescendência vira palermice. A cidade inteira se torna sua, e o mundo inteiro passa a girar ao seu redor; o resto da humanidade deve apenas lhe servir e não haverá obstáculo algum que não seja derrotado. Não é à toa que propagandas mostram os automóveis correndo sem dificuldades no meio da montanha, na natureza ou em cidades irrealisticamente vazias (i.e., sem trânsito). Ou seja, o motorista sente-se imbuído de poder e autoridade tais que nem a realidade nem a humanidade podem ou devem pará-lo. Se param, se oferecem qualquer oposição, é uma espécie de sacrilégio que cometem. Isso revoltará o motorista e ele vai querer punir o sacrílego com um furor fanático. O vídeo dos agressores da mulher grávida é emblemático porque mostra que um deles não apenas bate nas pessoas, mas também faz questão de danificar o carro; chuta as portas, risca a lataria nos dois lados –- o objetivo não é apenas agredir fisicamente, mas atingir o totem, o fetiche, o orgulho, a alma.
E faltou falar da questão da pressa; isso é algo que me intriga. Será que todo mundo nas grandes cidades acorda atrasado, perde a hora? Será que o carro comeu o relógio em casa? Será que todo mundo que barbariza no trânsito faz isso porque está simplesmente com pressa? Ou será que essa “pressa” não passa da recusa de aceitar que outros seres humanos, reles mortais, se coloquem no caminho do motorista, que acredita que, em comunhão com seu carro, ele também é Deus?
(Esta animação curtinha da Disney, que tem rodado por aí agora, tem só seis minutos, é bem dublada, e mostra de forma bem instrutiva a bipolaridade do motorista. É o Pateta retratado como o Sr. Pedestre e se transformando em Sr. Motorista. Ponto alto para os rachas intercalados com semáforos que também tocam um gongo, comparando a relação entre motoristas com uma luta de boxe. E mostra também que a ignorância no trânsito infelizmente não é fenômeno típico daqui -- mas que está presente em outras culturas idólatras do carro, como é também a estadunidense, que, de certa maneira, nos legou muito dessa idolatria).
Tudo isso explica porque carro combina tanto com outras formas de preconceito e opressão. É por isso também que combina tão bem com capitalismo; ele é talvez o melhor estimulante que há para o hedonismo, para a irresponsabilidade, para inconsequência e, principalmente, para o egoísmo, para o individualismo. Tudo o que é altruísta, previdente, sustentável, consequente, responsável... e também tudo que é dividido, coletivo, compartilhado, comum... tudo isso diminui lucros e atrasa o desenvolvimento ulterior do sistema, que por sua vez trabalha sem descanso para fazer a gente estranhar o próximo e até a nós mesmos. Capitalismo é consumo voraz do planeta e dos seres humanos, e o motorista de carro é um excelente resumo dessa imagem em conjunto. A imagem da desumanização e da brutalização, aceita pela sociedade, sacramentada pelo poder público. Fetichiza-se o carro, aliena-se o motorista. Infelizmente não me lembro da autoria da brilhante frase: “se amanhã alienígenas inteligentes chegassem à Terra, saberiam imediatamente qual é a espécie dominante neste planeta: os automóveis”. Queria poder lhe dar os devidos créditos.
Só posso terminar o texto perguntando: ei, motorista (e você também que quer ser motorista e só não é por falta de oportunidade), perante tudo isso, perante 40 mil pessoas que morrem no trânsito anualmente no país, perante toda essa opressão, perante toda essa catástrofe... até quando você vai levantar o vidro automático, ligar o som, ar condicionado e fingir que nada disso tem a ver com você? Até quando você vai culpar os “folgados” que sempre entram na sua frente, culpar o governo, culpar sempre um outro só para iludir sua consciência, como se você não fizesse parte de tudo isso também? Até quando você vai trocar a realidade inteira por um breve instante de prazer solitário, de conforto superficial, dentro de um brinquedo que se transforma numa arma em um instante, e que não apenas pode ferir e matar outras pessoas, mas também destrói efetivamente o planeta inteiro? Será que um dia você vai buzinar contra algo que realmente valha a pena? Talvez contra as formas de opressão da sociedade em geral, talvez contra a opressão do automóvel em específico, talvez contra quem atropele ciclistas por motivo fútil (como se houvesse motivos não fúteis para matar alguém)... Acorde! O alerta para nós está vermelho; até quando vai acelerar para ele e furá-lo como se fosse amarelo? Até quando você vai viver em função dessa máquina e desprezar o ser humano que está à sua frente, ao seu lado, separado dos seus olhos apenas por uma fina camada de vidro? Acorde! Só somos humanidade se estamos em conjunto, por isso, ao desprezar o ser humano que lhe é próximo, você também despreza o ser humano que há dentro de você! Até quando pretende fugir correndo a milhão disso? Até quando?!

62 comentários:

Experiência Diluída disse...

A questão do carro é dificil de comentar viu? Quando a gente tem um, a liberdade de ir e vir é sensacional. Vc não precisa esperar ônibus, que muitas vezes demoram séculos para chegar. O autor comentou sobre fedor no transporte público, pode não ser a realidade de muitas capitais, mas moro no interior, e aqui o pessoal entra no bus com galinhas amarraddas, pacotes de carne, farinha, frutas, tudo o que vc pode imaginar, e realmente o odor não é agradável.
Também não temos metrô, então ficamos reféns de ônibus e transportes alternativos que lotam as acomodoções sem respeito algum pelo passageiro.
Se é egoísmo querer ter um pouco mais de conforto e se deslocar pela cidade sem precisar de transportes alternartivos, bem, pode até ser, mas a gente sempre quer conforto, trabalhamos tanto para ter algum privilégio...
Tenho consciência da poluição, do trânsito, dos motoristas que não respeitam pedestres e bicicletas, mas aí preciso educação. Se o sistema de transporte público agradasse a população com certeza as pessoas pensariam duas vezes em ter carro, mas infelizmente o transporte coletivo é péssimo! Digo na minha cidade, não sei na de vcs.

Niemi Hyyrynen disse...

Olha não é por nada não mas...esse texto ficou muito piegas! Pelo amor...até parece que o motorista é o cão em pessoa.

Tem gente folgada, psicótica que quando entra em um carro se sente Deus? Tem! Oh se tem! Mas o texto deixa impressão que todo mundo é assim! Não há salvação, só buzão para melhorar a vida do povão.

Sabe, tem pessoas que só querem não depender de condução pra tudo, quando vc depende de transporte público até seus horários giram em torno da necessidade do transporte.

É algum pecado querer ter pelo menos esse previlégio? Vou trabalhar pra quê então? Daqui a pouco vai ter texto aqui na Lola dizendo que quem compra apartamento é o que? Porco capitalista? ¬¬

Concordo que o governo deve investir mais no transporte público pq isso benefeciaria a todos nós e ao meio ambiente também.

Ah, se o transporte público precisa de melhorias, o metrô por exemplo não seria essa maravilha toda que o texto tentou passar, 15 minutos? Acho que o Thiago não pegou nunca na vida metrô na linha vermelha de SP na hora de pico né? Aquilo é um CONFORTO MARAVILHOSO. Vc chega super rápido! Depois de uns 40 minutos....até uma hora apertada que nem sardinha na lata.

Acho mais efetivo trabalhar na educação do transito, rever essa vista grossa que o governo faz para montadoras, acabar com a industria da multa e enfim, muitas outras coisas, do que simplesmente eleger o motorista como monstro.

Carolina disse...

Concordo em partes com o autor e com os comentários das meninas. Porém, contudo, todavia, entretanto, não posso largar o carro. Não me agrada nada a idéia uma máquina que consome tanto dinheiro meu quanto minha filha com escola, comida e vestuário. Não sou fã de carro e mesmo podendo ter um modelo "potente" prefiro um popular e econômico. Quando vou a algum lugar que não tenha horário e sei que vou enfrentar transtornos com trânsito e estacionamento vou de ônibus mas como meu trabalho se resume em visitar lojas e preciso me locomover com mais agilidade, numa cidade como Porto Alegre onde o metrô não passa nem perto dos lugares onde preciso ir, ônibus que levam no mínimo 20 minutos entre um e outro, e um sistema de transporte como a lotação que é bom custa muito mais caro, não posso me dar ao luxo de abandonar meu carro, infelizmente. Meu sonho era poder ter um carrinho na garagem só pra viajar ou dar passeios mais longos com minha filha aos finais de semana. Talvez um dia consiga... E mais, tem horrores de motorista mal educado MESMO. Mas onde, em que setor da sociedade não temos???

Bruno S disse...

Niemi,

a questão do direito, da liberdade de ter o carro pega no ponto que essa situação só é viável quando não é para todos.

Enquanto a ideologia em relação ao transporte for "vou trabalhar bastante para poder ter um carro e me livrar desse transporte público infernal" nossa sociedade não vai se interessar em transformar o transporte público urbano viável.

Depois que a gente viaja um pouco por países mais ricos e mais pobres que o nosso dáp ra ter uma aproximação do desenvolvimento urbano de uma cidade pela qualidade/acessibilidade do transporte público. Nas mais desenvolvidas, usar carro no dia a dia só sobfevive mesmo pelo fetihe de alguns.

E, por exemplo, uma pessoa que more na Zona Sul do Rio e trabalhe no Centro só usa carro em sua rotina por puro fetiche.

Eu gosto de ter carro e o utlizo no espaço ao qual deve ser reservado. O lazer, passeios, viagens. Durante dias de semana após 18h e nos fins de semana. Não me vejo indo diariamente ao trabalho de carro.

Niemi Hyyrynen disse...

Bem pontuado Carolina

Acho que a questão chave para o debate sobre carros é o bom senso do uso.

Eu também faço isso, se o meu compromisso tem uma compatibilidade de lugar e horário com transporte público, pq vou usar carro? Para entupir mais ainda as vias públicas? Poluir mais, me estressar em briga de transito? Não mesmo...

E outra coisa, acho que aqui precisa fortalecer mais a cultura da carona, dar carona pra alguem aqui ainda é um costume muito estranho.

E com o advento da internet isso pode melhorar, há pelo menos uns três bons sites de carona, é super prático, eu mesma em viagens cansei de pegar carona e com homens inclusive, apesar do medo inicial, a viagem foi super tranquila, nesse processo vc até acaba conhecendo otimas pessoas.

Cynara disse...

Atualmente moro em BH.
O clima aqui é maravilhoso.Se eu quiser vou andando para o meu trabalho,o que levaria cerca de 25min percorrendo belas paisagens.
Mas...meu marido não vai nem na padaria(a 1 quarteirão)a pé :( e trabalhamos juntos.
Sou amazonense e lá em Manaus é impossível.Digo impossível!! alguém ir andando para o trabalho.O calor,junto com a umidade que oscila entre 80 85% não permite alguém deixar seu carro na garagem.
Agora se o transporte público funcionasse e tivesse o mínimo de conforto seria diferente.
Lá por exemplo não tem condições de dormir sem ar condicionado.
Na teoria funciona que é uma beleza.

Niemi Hyyrynen disse...

Bruno

Eu entendo seu ponto de vista e concordo com ele, sei que se a população só pensar na solução privada que é o carro o transporte público não vai melhorar tão cedo.

Dai eu defendo sim o debate sobre a questão e a conscientização desse fato. Eu gostaria muito não depender de carro, mas uma vez que dependo pra trabalhar não posso aceitar essas generalizações.

No meu trabalho, tem dias que preciso ir de um lado para o outro da cidade e se não fosse o carro eu não conseguiria cumprir com os meus compromissos.

A questão do rodizio mesmo, a intenção dele não era conter a frota? Como efeito colateral o que ocorreu? O AUMENTO da frota.

Pq? Pq tem nego que quer ter dois carros, um para o dia do rodizío.

Nesse caso, é preciso rever as prioridades e necessidades.A pessoa precisa mesmo de DOIS carros?

Bom senso...bom senso.

Lara Rodrigues disse...

Eu nunca tive carro e sou totalmente contra ao uso excessivo de automóveis.
Mas enquanto as cidades brasileiras continuarem com seus sistemas de transporte público caros e ruins (falo pela minha experiência própria no Rio de Janeiro), o problema não vai ser resolvido!
Eu moro há dois anos e meio em Santiago de Chile, e aqui o transporte público funciona de verdade. Todos os ônibus e as 5 linhas do metrô são integradas, e não é tão caro quanto no Brasil.
Quando penso no transporte público do Rio me vem tristeza e vergonha. Os donos das empresas de ônibus continuam mandando e desmandando, o metrô não vai a lugar nenhum e só investe em "maquiagem", as passagens estão cada vez mais caras, e ainda querem acabar com o bonde de Santa Teresa (o único meio de transporte público barato e democrático da cidade).

Escarlate disse...

Ai gente, eu sei que quando mexe com os nossos privilégios é difícil não arrumar motivos para determinada ação, mas a discussão não é o PORQUÊ você usa carro, mas sim sobre uma cultura (geralmente de países em desenvolvimento) de adoração a uma máquina altamente poluente que exarceba sim o individualismo.

Eu mesma odeio carros. Odeio mesmo, quase irracionalmente. Odeio aquele monte de classe-medianos solitários envoltos numa capa de metal fedorenta se achando os donos do mundo. Não digo que são todas as pessoas, mas eu me revolto em ver aquele bando de gente sozinha dentro do carro buzinando e fazendo volume. Uso ônibus e já estou me progamando pra usar bicicleta, e olha que eu moro a uns 20 km do centro de SP.

Eu realmente não quero saber dos motivos que as pessoas usam carro. Acredito que qualquer pessoa que eu perguntar vai me dar 1001 motivos sensatos pra usar carro, e desse jeito os mais 8 milhões de usuários do mesmo estarão certos. Só gostaria que vocês, motoristas, diminuissem cada vez mais o uso dessa descarga de câncer. Nunca houveram tantas crianças e adultos com problemas respiratórios, e não temos mais como culpar as indústrias por causa disso, já que elas diminuiram muito em número na capital.

Se você acredita que precisa usar carro e procura usar combustíveis menos poluentes, use conscientemente. Use menos. Ninguém aqui vai fazer fogueira pra te queimar, mas o planeta tb é meu, é seu, é nosso. É responsabilidade de todos cuidar disso tudo.

Alex disse...

Em cidades brasileiras típicas andar de carro é quase sempre mais vantajoso que andar de qquer outro meio. Isso pq elas foram, ao longo do séc XX, reformadas para isso (ao mesmo tempo em que não se investiu em transporte público ou melhorias em outros espaços livres públicos).

Eu entendo que a mentalidade "carrocêntrica" precisa ser combatida, mas ao invés de mostrar o motorista como vilão (e colocar todo mundo na defensiva), porque não mostrar como poderia ser melhor?

Existem exemplos no mundo de cidades na escala do homem e não da máquina, onde é agradável andar a pé ou de bicicleta, onde o transporte público tem suas falhas, mas preço e relativa eficiencia, fazem do carro uma escolha ruim.

Death disse...

Minha opnião sobre o transito:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=P_gmRyJkWyc

Lord Anderson disse...

Tb achei o tom do texto bem desequilibrado, inclusive contrastando com os anteriores.

Desculpe, mas ficou com aquele ar de pregação contra os males do mundo, nesse caso um demonio de metal que por puro prazer sadico destroi nossa civilizaçãoi.

Sou solteir, sem filhos, meu bairro é servido por duas linhas de onibus com otimos horarios, logo não preciso mesmo do carro.


Mas minhas irmãs tem filhos pequenos, moram mais longe e tem N compromissos para resolver nem sempre podem se dar ao luxo de esperar o onibus chegar.

Sem contar os momentos que precisam levar as crianças p/ medico, compras, um simples passeio, etc

Nenhuma delas é aficionada por autos, nenhuma vê o carro como algo alem de um instrumento para facilitar a locomoção.

E essa postura de odio insano aos carros para mim é tão idiota quando sua glamorização.

É transferir para um objeto atos e feitos que são causados por seus usuarios.

Não faz sentido.

é preciso uma discurssão profunda sobre o fetichismo por automovel, um debate sobre responsabilidade individuais e coletivas,

Uma campanha de educação que quebre esses paradigmas e ajude a formar uma população urbana mais humana, mas gentil e empatica.

E sim, tb é preciso cobrar do governo que envista muito mais no trasnporte publica, ampliando e melhorando os metros, os onibus, mudando o panorama das cidades que é pensado preferivelmente para veiculos etc.


Simplesmente discursar contra o carro, o elegendo como um cancer e atribuindo todos os pecados e defeitos aos seus motorista é simplista e sem muito efeito.

Liana hc disse...

Olha.. eu adoraria não depender do carro, ainda mais quando eu volto cansada e sonolenta para casa, tendo que lidar com pessoas impacientes e com os reflexos já lentos de bebida ou sono mas..

aiaiai disse...

ótimo texto e ótima série!
É interessante perceber que mesmo aqui, num blog de pessoas que têm vontade de melhorar o mundo, a questão do carro parece um item que não dá para mudar kkkkk

o pessoal nem percebe o quanto está confirmando o que o texto diz.

Como é que não dá para não ter carro e no entanto a maioria da população VIVE sem carro?

Como é que não dá para não ter carro e no entanto nos países mais desenvolvidos as pessoas só usam carros para viajar ou em situações muito especiais?

O que o texto tá mostrando, gente, é que enquanto você (cada um de nós) ficar apegado ao seu privilégio, não vai ter força nem interesse em lutar para que exista sistema público de transporte de boa qualidade para TODO MUNDO!

E como o carro entra na nossa vida pela linha do "eu sou privilegiado tenho carro", acaba q a maior parte das pessoas se acha também "superior porque tem carro" e barbariza. Ou vcs acham q o trânsito das nossas cidades é normal?

Eu tenho um amigo noruegues que disse que em uma semana no Brasil ele ouviu mais buzina do que em toda a vida dele!!! E olha que ele tem mais de 40 anos...

Eu não me excluo disso...me pego várias vezes usando o carro para coisas q não precisava e quando estou no trânsito muitas vezes me comporto de maneira irracional...como se estivesse dirigindo uma ambulância.

Não sou melhor do que ninguem, fui criada na classe média brasileira idólatra do carro!

Mas, esse tipo de texto me faz pensar melhor e ajuda a mudar o meu comportamento. Será que vocês não entendem que é isso que o Nefelibata e a Lola estão querendo?

Eles não querem ofender ninguem, apenas mostrar o absurdo que está acontecendo todos os dias, não por causa de meia duzia de doidos, mas pela cultura de poder do carro que criamos e fortalecemos nos últimos 50 anos.

Pensem! Mudem!

Lu-Bau.Blog disse...

É transferir para um objeto atos e feitos que são causados por seus usuarios.

CLAP CLAP Lord

Penso o mesmo e não só para o assunto carro, mas quem pensa assim, sempre é visto com preconceito pq joga na cara da sociedade que o problema não é o carro (e outros temas) e o seu uso e sim a sociedade. Sofro isto principalmente com relacao às ONGS de protecão aos animais, mais especificamente de cães e gatos.

Niemi Hyyrynen disse...

Assino em baixo no que o Lord Anderson disse!

Aoi Ito disse...

Ainda acho que o melhor meio de transporte é o ferroviário e tudo seria melhor se as cidades tivessem algum tipo de malha assim, seja de trem, seja de metrô, seja de CPTM, VLT, monotrilho... :D

Mas infelizmente é caro e a mentalidade é do remediar quando podia ter prevenido, ou seja, só vão criar ou aumentar esse tipo de transporte depois que a superfície estiver insuportável, depois que o trânsito estiver tão ruim que carro ou busão vão ser impensáveis.

No meu momento, não preciso de carro (Até porque sou menor e não posso ter um, né. Faço aniversário em 11 dias e entro pra maioridade. Aceito presentes. *hint hint wink wink*). Minha rotina é "Bairro da Zona Norte Carioca Que Por Sorte Tem Metrô"-Niterói. Prefiro mooooooito mais pegar o metrô que, mesmo cheio, não tem trânsito (Às vezes, né, porque o metrô do Rio é zoado) e chega sempre em 40 minutos e depois a barca que são mais 20 minutos que ir de ônibus ou carro. É claro que a malha do Rio devia ser muito maior e melhor elaborada, mas o conceito de um meio de transporte de massa que pega os caminhos mais curtos possíveis e não sofre com trânsito é BRILHANTE.

(Não se importem comigo... Eu realmente gosto de metrôs. ): )

Da questão do carro, quando fui pra cidade do meu namorado, descobri que lá tinha um sistema de ônibus brilhante. O único problema era que a frota era muito pequena. O sistema envolvia "estações" como as do metrô, terminais. Você pegava o ônibus, pagava, ia até um terminal, entrava em outro ônibus de graça, ia até outro terminal, entrava em outro ônibus de graça, e ia pra onde você queria. Você também podia pagar pra entrar no terminal e fazer o mesmo esquema. Era muito bom pra uma cidade nova, cujos bairros são bem longe uns dos outros, e precisa sempre de mais de um meio de transporte.

É claro que carro é mais confortável... Mas se reformarmos o sistema de transporte público, será que não valeria a pena passar a usar este? Digo da reforma que o sistema no Rio é bem ruim, muito desigual. Nos bairros do subúrbio da Zona Norte tem poucos ônibus indo pra poucos lugares, o que te obriga a pegar vários ônibus e pagar por todos eles, mas em bairros ricos turísticos como Copacabana, da Zona Sul, tem 934723478367486234 ônibus pra tudo quanto é lugar que estão SEMPRE vazios já que não tem necessidade alguma de uma pessoa que more em Copa ir pra Madureira ou um lugar igualmente longe.

Claro que ficar falando de reforma, reforma, reforma, não vai dar em nada... E mesmo que dê, vai demorar bastante. Enquanto isso, o que faremos?

Se alguém esperar alguns anos e onze dias (;DDDDD) eu ganho experiência de vida e consigo falar um pouco melhor sobre o assunto...


... Mas que metrô é o melhor sistema de transporte of all time, é. :DDDD

Liana hc disse...

Pois é, redução de danos + cobrança por ações políticas eficientes. Até lá.. Eu procuro sempre conhecer quais os planos dos meus candidatos sobre transporte público e eu cobro, pois acompanho suas carreiras. Também denuncio empresas quando vejo irregularidades, como má conservação, atrasos. O que francamente é frequente. Mas a gente ainda precisa viver, apesar dos pesares. Só comecei a usar carro há pouco tempo por conta de trabalho novo, e distante, fica inviável ir de ônibus(seriam 3, e umas 5h ida e volta; de carro dá 1,5h), para todo o mais, vou à pé ou de busão.

Também não sou fã de carro. É só um meio de transporte que me facilita a vida. Minha filha só faz tossir quando estamos na rua, e dá-lhe remédio para bronquite. Na faculdade, de carro eram 40 min, de ônibus 1h 40min e mesmo assim ia busão-cacareco. Isso cada um só a ida, porque a volta era pior ainda.

Todas essas questões políticas são de deixar qualquer um de cabelo em pé, tamanho o emaranhado de corrupção e incompetência que se formou. Tá na hora de uma escova progressiva neles.

Não gosto de comparar muito porque cada país sabe onde lhe aperta o calo, mas já viram o exemplo de Bogotá, Colômbia, com o então prefeito Enrique Peñalosa? Os problemas lá também eram gigantes, vá lá que não foram totalmente solucionados, custou muita reclamação por parte de empresários mas agradou à maior parte da população e mais importante.. funciona. Porém lá é lá, cá é cá. Foi só um exemplo de que é possível quando há comprometimento, a despeito dos reclamões.

Liana hc disse...

À propósito, Bogotá 'copiou' o modelo de Curitiba. Eles adaptaram à sua realidade. Bem, eu moro na 'Estado Maravilhoso, cheio de problemas, ops encantos mil..' que sei lá, tipo assim, não é parecido com o Paraná em organização :) mas a idéia geral é interessante.

Vejo também uma questão séria que é a migração dos trabalhadores, meu caso. Se estivesse na Europa, seria o mesmo que trabalhar em outro país, tamanha é a distância.

Empregos estão muito concentrados. De uns anos para cá, tem aumentado as ofertas para o interior por causa dos pólos industriais, o que deveria ser uma tendência.

Lord Anderson disse...

Concordo com a Aoi e com a Liana.

Ferrorivas e metros deviam ser uma prioridade total quando se fala em transportes publicos, mas até onde eu sei não há nenhum projeto que vise dar essa inportancia aos trens.

E a Liana lembrou de algo que não pode faltar que é a consciência politica.

Tem que ficar atento aos planos dos candidatos e as suas realizações depois de eleitos.

Conscientização social sobre a idolatria do carro, debates e educação tem que agir em conjunto com a cobraça p/ que o poder publico faça a sua parte.

Não é nada facil, mas é a unica maneira.

Sexo c/ Amor? disse...

imagine lançar uma campanha: proibido andar de carro particular. Se eu não ando de carro, quero meu ar mais limpo e você está poluíndo tudo!
Eles lá nunca tiveram interesse nisto. porque seria muita gente pra "abafar". As fábricas, os proprietários, só pra citar alguns. Mas, que destroem o ar isto sim é sabido. não vinga, não existe interesse...

Fer Tiberio disse...

Pois então... eu ainda concordo com o comentário da Escarlate (ali pra cima). Sim, eu sei, todo mundo sabe que cada um de nós tem bons motivos pra usar o carro. Ninguém duvida disso. Mas ainda acho que dá pra melhorar...
Esperar o ônibus por 20 minutos não é um luxo pra ninguém que não tenha carro, nem vai ser pra quem tem.
É claro que a esmagadora maioria das cidades do país não tem um transporte publico realmente bom. Mas se não tem, vamos cobrar que tenham! Alias, um dos motivos para o transporte publico ser mal cuidado é pq ele não é feito pra classe média e sua grande necessidade de conforto (e correria)... Certo? Não deve ser coincidência.
Mas, a titulo de exemplo, essa semana mesmo, meu namorado resolveu deixar o carro na garagem e ir de bicicleta pro trabalho. Resultado: o percurso de ida e volta leva menos tempo do que ir de carro! E não moramos numa cidade com ciclovia nem com respeito por ciclistas... nada diferente da maioria das cidades que conheço. Mas deu certo! O carro só sai agora quando for realmente preciso.
Sim, é só um exemplo. Mas mostra que é possível.
Eu mesma passei os últimos 8 anos reclamando que não tinha carro e fazia tudo a pé ou de ônibus! Bom, eu to aqui e consegui fazer tudo do mesmo jeito. Sim, é mais difícil em vários momentos! Mas dá!
Hoje, antes de pensar comprar um carro, penso mesmo em comprar uma bicicleta!
Que tal a gente brigar pra poder andar de bicicleta, a pé, de ônibus, de metrô ou até de taxi de forma confortável, agil e justa?
Que tal a gente adotar vidas menos estressantes e tentar diminuir o ritmo? E isso não tem a ver só com o carro. Eu acho que a gente vêm adotando um tipo de vida que a gente mesmo não gosta, sabe. E antes de dizer não, não dá.. minha profissão não permite, acho que precisamos lembrar que nossa profissão não é tudo o que somos! Somos muito mais!
Bem, filosofei demais né... mas é que o texto veio a calhar pra mim. Estou exatamente nessa fase! Brigando pra mudar de vida...

Recomendo esse livro online pra quem se interessar:
http://zenhabits.net/focus-book/

Beijocas a todos!

Daní Montper disse...

Aqui no Rio não é jogo andar de carro se a pessoa tem pressa pra se locomover , principalmente em horário de rush, pois demora quase o mesmo que o ônibus. O melhor mesmo é andar de trem ou metrô.
Da minha casa para o trabalho, por exemplo, em horário de rush é assim:
trem - 16 minutos
metro - nao tem
ônibus - 1 hora
carro - 35 minutos

Concordo que deveríamos ter trem e metrô em todas as partes do Rio!

Carros para levar os filhos ao colégio, eu apoio, pois é complicado andar com criança, ainda mais pequena, em conduções lotadas, então basta levar amiguinhos do filho ou outras crianças que vão para o mesmo colégio, divida com os outros pais e tal.
O texto mostra é que podemos até usar o veículo, mas com responsabilidade e bom senso, exemplo, você prefere carro, então pelo menos divida com outras pessoas que vão para o mesmo local que você - ou que ficam pelo caminho, mas não ande de carro na hora do rush sozinho e saia atravancando o trânsito porque você está com pressa, e nem use o carro como arma ou blindado! E vamos combinar, todo mundo fala que não faz isso ou aquilo quando está dirigindo, mas será que não faz mesmo? Tem muita coisa que já está no automático e a galera nem pensa a respeito.

Nara disse...

Ironia total: enquanto lia o texto minha colega de trabalho me conta, toda feliz, que tinha comprado um carro. Detalhe: ela mora, estuda e trabalha na Cidade Universitária. Acho que ela precisa de carro para atravessar a Praça do Relógio...

Excelente(s) texto(s)! Num dia seco como este, veio a calhar: como se não bastasse a falta de chuva em São Paulo nos últimos dias, temos nossa saúde comprometida pela massa de motoristas que não abrem mão de seus carros. Eu estudo e trabalho na USP e sempre pensei que com a linha amarela funcionando (e está funcionando num horário considerável - das 4h40 às 21h) o trânsito na região melhoraria. Que ingênua. Os motoristas parecem ter o seguinte raciocínio: Ah que bom, agora dá para OS OUTROS usarem o metrô, vou aproveitar para cortar caminho para a Raposo Tavares, ou sei lá onde. E entopem o trânsito do mesmo jeito,igualzinho antes da inauguração do tão esperado metrô na região.
Na minha família as pessoas se escandalizam quando falo que não quero tirar carta ("como assim? você já tem 20 anos e não tirou?!). Simplesmente não quero! Quando estou presa no trânsito, dentro de um ônibus, sempre observo os carros nas ruas, com 1 pessoa dentro... E ainda buzinam para os ônibus! É exatamente o que o Thiago falou: querem o espaço só para eles, mesmo que para isso ponham em risco a vida alheia.

Unknown disse...

Engraçado quando o dedo é apontado para estas que adoram criticar né?
Existem 1001 desculpas, ou pior condenam o autor

Lord Anderson disse...

Não vi ninguem condenando o autor, apenas discordando de sua abordagem, enquantro outras pessoas concordaram com tudo oq ele disse.

Diversidade de opiniões, coisa comum aqui no blog.

E o melhor é que não teve nenhuma ofensa pessoal ou tentativa de desqualificação, pratica comuns de alguns trolls que só aparecem aqui para xingar.

Felizmente são minorias.

Milena Araguaia disse...

Ó turma, textinho de hoje sobre descontrole e trânsito.

http://delas.ig.com.br/comportamento/por+que+viramos+monstros+no+transito/n1597079006321.html

.Bacaninha.

Ághata disse...

Ai, eu amo a classe média! XD
Ela me diverte horrores! Pense numa classe sofrida e trabalhadora!!! Mhauhauhauhauhauhauhahahuahauh!

***

Deveria ter um post da Lola cruzando dois assuntos: o uso dos carros e empregada doméstica! Uuuh! O mundo acabava!

***

Ainda vamos ver o nascimento do Movimento Medianos! Quais seriam as reclamações?
1. diminuição dos impostos (comida? Não, não, estou falando das novidades em eletrônicos! Eu quero meu iphone e meu ipad!);
2. fim da 'indúsria' da multa (PQP! Por que eu tenho que levar multa?? Quero dirigir e falar ao celular ao mesmo tempo, dá licença? E o sinal ainda tava amarelo, eu juro! E aquele limite de velocidade é ridículo!)
3. direito de ter uma empregada doméstica por um salário "justo"!
.
.
.E, ah, sim, claro, o fim da corrupção na política! (E daí que eu voto em ladrão? Pelo menos, ele faz!)

***

Gente, leiam!:

http://classemediawayoflife.blogspot.com/2009/09/dica-030-praticar-o-cada-um-por-si-no.html

Blanca disse...

" uma pessoa que more na Zona Sul do Rio e trabalhe no Centro" ???

Olha, beleza que de metrô é perto, muito perto. Mas vai cheio pra caramba! E a pessoa que não quer enfrentar esse desconforto gigante?

Flavia Vianna disse...

Assunto bem complicado esse...

Não tenho carro e não sei dirigir nem bicicleta! Adoraria que a cidade do Rio de Janeiro tivesse um sistema de transporte público mais eficiente, pois nem todo mundo mora em bairro com acesso a trem ou metrô.

Hoje só compraria um carro devido a dois motivos: moro num dos bairros mais distantes do Centro e para dar uma maior mobilidade a minha mãe, pois ela tem uma certa dificuldade para caminhar e subir em ônibus. Porém, se morasse num bairro onde o acesso ao transporte público de massa fosse mais fácil, o carro estaria completamente fora dos meus planos. Mas ainda quero aprender a andar de bicicleta!

Sabe qual é um dos meus passatempos favoritos quando estou num engarrafamento? Contar quantos carros estão só com uma pessoa. Na última vez que fiz isso, perdi a conta no número 20... Isso deixa bem claro qual é a mentalidade de nossa classe média: não compram carro por necessidade, mas por puro status.

Blanca disse...

Também adoro metrô, Aoi Ito. Você mora perto da tijuca? E faz facul na UFF, certo?

Sei que não se identifica aqui, mas Zona Norte do rio até Niterói, fiquei me perguntando.

Metrô seria muito melhor se tivesse mais carros. Enche pra caramba, fica impossível, tem gente que desmaia, enfim, horrível. E ônibus no Rio é bem tenso. Moro na Tijuca e estudo em São Cristóvão. São bairros vizinhos e pego 2 ônibus pra voltar pra casa!

Sara disse...

Aqui em casa só usamos o carro quando é impossível usar o transporte público, temos metro próximo de casa, minha filha mesmo tendo ganhado um carro num programa de TV (juro q é verdade) rrrsss, preferiu vende-lo, porque não queria dirigir, e resistiu enquanto pode, só que ela é Engenheira e foi intimada pela empresa a ter um carro, para poder se deslocar entre as cidades que tem de trabalhar.
O único que não usa transporte público aqui é meu marido, ele é um dos fetichistas por carro, nem adianta argumentar com ele.
Agora se o transporte público fosse melhor ainda, seguramente desistiria do carro, porque também concordo que ele é nocivo em muitos aspectos.
E já nem faz sentido ter um para andar aqui nas cidades, porque não se consegue chegar a lugar algum, a não ser que vc disponha do dia inteiro pra isso.

Daniel disse...

Moro no Rio e não tenho carro. Mas a realidade da cidade é a seguinte: se você mora no "Rio turístico" ou seja, na zona sul ou na Tijuca, pode contar com transporte de razoável qualidade, ainda que o metrô tenha piorado muito nos últimos anos. Não por acaso essas estão entre as áreas mais caras da cidade.

Se você mora em qualquer outro lugar claro que pode viver sem carro. Mas a sua qualidade de vida cai dramaticamente, faz MUITA diferença perder hora e meia num congestionamento confortavelmente sentado num carro com ar-condicionado e perder 2 horas em pé num ônibus lotado nos 40 graus do verão carioca.

Daniel disse...

Dito isso é fácil responder a certas perguntas:


Como é que não dá para não ter carro e no entanto a maioria da população VIVE sem carro?

Como disse acima, dá para viver mas perde-se muita qualidade de vida. E nem todo está disposto a ferrar com sua vida como sacrifício no altar da revolução ecológica.

Como é que não dá para não ter carro e no entanto nos países mais desenvolvidos as pessoas só usam carros para viajar ou em situações muito especiais?

Isso simplesmente não é verdade, fora das grandes cidades européias. Nos EUA, Canadá, Austrália e mesmo no interior da Europa as pessoas usam o carro com muito mais frequência. De resto, na Europa as bicicletas são mais usadas ´porque é possível andar nas ruas sem correr risco de ser morto, além das temperaturas serem bem mais baixas do que na maior parte do Brasil.

Eu adoraria ir de bicicleta para o trabalho. Mas para isso meu local de trabalho teria que ter vestiários (não tem) e minha cidade teria que ter um trânsito em que eu não corresse risco de vida por isso.

Elisa Maia disse...

Infelizmente, como moradora de Brasília, eu rio quando alguém sugere que larguemos o carro. O transporte coletivo aqui é mega deficiente, os ônibus são tão velhos que já podem votar e vivem quebrando na rua. O ponto mais próximo da minha casa fica a mais de 40 minutos de caminhada no sol. Não gosto de carro, tanto que quando vou a cidades onde o transporte coletivo funciona, é só o que uso (metrô é uma maravilha da engenharia). Mas em Brasília ainda não dá.
Adicionalmente, acho graça quando falam em destruir o planeta. O planeta vai continuar aqui, quem vai embora somos nós. :p

Blanca disse...

Daniel, Tijuca é pra turista onde? Ou você confundiu com Barra da Tijuca? '-'

Caroline disse...

Eu praticamente sonho todo mês que estou dirigindo. Nesses sonhos eu dirigia em diversas situações diferentes. Tenho obsessão por dirigir. Não sei nem ligar um carro. E eu ando de ônibus. Desde o comecinho da minha adolescência eu ando de ônibus e não vejo problema nenhum nisso. E olha que onde eu moro, só posso contar com ônibus como transporte público. Vou admitir que as vezes eu me estresso muito com atrasos, lotações e etc, mas por um outro lado, eu olho para todas aqueles passageiros e fico fazendo as contas de quantos carros estão deixando de poluir e atravancar o trânsito. Por isso ando de ônibus. A minha vontade é de ter um carro, mas para viajar e não andar duas quadras, o que acho um absurdo.
Sou professora e já trabalhei em diversas escolas e quase todos que trabalham comigo tem carro. Pelo menos na cidade que trabalho (Santos), é difícil professores andarem a pé devido trabalharem em mais de uma escola e ser impossível chegar no horário. Eu fico impressionada, gente. É cada um com seu carro. Não existe aquele esquema de "hoje eu te dou carona, amanhã vc me dá". Nâo, é cada um com seu carrinho, com ar condicionado e tal. Não quero impor nada pra ninguém, e claro que fico na minha. Tem uma pessoa que mora a duas quadras da escola e vai de carro!!! Consciência zero, né! Conheço gente que tb deixa de fazer um monte de coisa: passear, viajar e etc pq não tem carro e odeia entrar num ônibus. Fala de transporte público e a pessoa já faz aquela cara de nojo.
Quando se trata de carro, ou moto, as pessoas ficam muito individualistas.

Daniel disse...

Bianca, Tijuca é área turística sim, por causa do Maracanã. Tanto que nas partes do bairro que ficam distantes do estádio (Muda e Usina), o transporte público é bem precário.

Sara disse...

Concordo com vc Aoi Ito, transporte ferroviario seria uma boa solução, pq alem de levar um numero bem grande de passageiros, polui bem menos que os outros tipos, incrementar a malha ferroviaria traria um grande alivio pro transito, mas vou te confessar q estou agradavelmente surpresa de saber que vc é tão jovem, gosto dos seus comentarios, acho até agora todos muito sensatos, talvez discordemos no futuro sobre algum ponto, mas mesmo isso sera bem vindo afinal a diversidade só acrescenta não é?
Meus parabens adiantado a vc...

Hamanndah disse...

Para os homens bons que não são machistas e agressivos, que visitam este blog ou não:

FELIZ DIA INTERNACIONAL DO HOMEM PARA VOCÊ, HOMEM QUE SABE SER BOM E TER CARÁTER, SEM SER BABACA.

UM GRANDE BEIJO A VOCÊS, HOMENS QUE PRESTAM, E QUE AS MULHERES QUE PRESTAM LHES VALORIZEM

VOU FAZER UM POST PARA VOCÊS, HOJE, HOMENAGEANDO-OS

BEIJOS BRUNO, LORD ANDERSON, DANIEL E OS OUTROS HOMENS LEGAIS DESTE BLOG, E CLARO, OS LEGAIS,HOMENS INTELIGENTES QUE SABEM QUE NÃO ESTAMOS CONTRA ELES, E SIM A FAVOR DE TODOS

Daní Montper disse...

Faço das palavras da Hamanndah as minhas:

Parabéns aos homens companheiros que prezam pela igualdade!

Deixo esse texto do brilhante Sakamoto em homenagem à vocês:

http://blogdosakamoto.uol.com.br/2011/07/14/e-necessario-comemorar-um-dia-do-homem/

Liana hc disse...

Dia do Homem. Parabéns. O simbolismo vale pelo que escolhemos fazer com ele. Os homens de minha vida ganharam um beijo e um abraço. E nem adianta disfarçar, todo mundo gosta de ser apreciado :) Muitas são as maneiras e ocasiões para se fazer isso, um colendário para alguns pode ser a chance para abordar um tema, ampliar a conscientização, estar entre os que amam ou contextualizar um gesto de maior carinho. Todos esses caminhos são válidos.

Sara disse...

Opaaa meus parabens tb aos homens de verdade, que nos aceitam como iguais, como companheiras e amigas......um grande abraço a todos

Nefelibata disse...

Lola, achava que você não publicaria esse final, porque tinha me dito que só seriam três partes, hahaha. Eu sumi; só vi que você tinha publicado a parte final do meu texto por puro acidente. Desculpe não estar participando tanto do seu blog, mas espero que no segundo semestre o tempo e a energia retornem =)

Como peguei o final do debate, não tem mais muito o que dizer. Logicamente, minhas respostas à crítica seriam na linha do Bruno S, da Escarlate e da Aiaiai, que aliás, fizeram excelentes acréscimos, obrigado!

Apenas algumas coisinhas, então: como faz tempo que escrevi o texto, não me lembro exatamente se esclareci isso nele ou em algum comentário das partes anteriores, mas, vá lá (acho que respondendo para a Niemi e para o Lord Anderson; acabo respondendo mais ou menos para a maioria).

@Lord Anderson: esta sua frase "transferir para um objeto atos e feitos que são causados por seus usuarios" é muito boa. Compare com o que eu escrevi: "o carro se transformou na materialização do ego hipertrofiado". É uma forma de alienação do motorista no veículo. Logicamente, o carro não é uma existência que age por si mesma, mas ao me dirigir à máquina, eu quero tentar desmistificar o totem, entende? (...)

Nefelibata disse...

@Niemi; sempre morei na Zona Leste de São Paulo e dependo do metrô da linha vermelha para fazer praticamente tudo. Apenas o horário de pico da manhã demora para ir para o centro (e isso não o torna um problema pequeno); porque as pessoas travam as portas do vagão apertando-se para entrar. Na volta, o acesso na Sé é controlado, e a composição só esvazia no trajeto, então é normal e rápido. Os horários de pico são realmente desconfortáveis, não neguei isso, mas o desconforto nesse caso também vale para carros; ninguém se sente bem quando travado no trânsito. Claro que você pode dizer que o desconforto no carro com trânsito parado é menor do que o do metrô lotado andando, mas aí entra meu apelo para o "cálculo total": acha mesmo que vale a pena pagar o preço de todos os malefícios do carro para, no caso específico de SP, trocar 40 min de aperto por 40 min de buzina? Meu apelo é para que pense nisso, apenas. Como foi bem dito nos comentários; quem quiser usar carro vai arranjar os motivos para isso de qualquer maneira. Não digo que não existam usos inteligentes e defensáveis para o automóvel; isso também já escrevi/comentei antes; apenas peço para que reflitam sobre esses motivos e vejam se realmente não dá para se adaptar sem o carro. Muitas "necessidades" se desmascaram como caprichos depois de uma análise profunda. Mas você diz que isso é ineficaz se comparado a outras medidas, e até sugere algumas. E, como você, apoio que o governo tome medidas responsáveis contra montadoras, que o sistema de multas seja ético, e "muitas outras coisas". Mas se o texto fosse nessa linha, não seria lá muita novidade, certo? Eu sempre disse isso nos comentários das partes anteriores, mas não me importo em repetir: o texto não se trata de eleger o motorista como monstro; trata-se de escancarar o monstro que há no motorista em geral e, com isso, tentar colaborar para a educação no trânsito, que você também defende. Se você é uma motorista exemplar, parabéns - e digo isso sem sarcasmo nenhum. Mas é preciso reconhecer que você é minoria, e, assim, não é o principal alvo do texto. E ainda que todos os motoristas fossem educados, isso ainda não resolveria o problema do transporte e da poluição nas cidades. Digo mais: a realidade do automóvel tal como é posta hoje, como pilar fundamental do capitalismo e da sociedade individualista, não favorece a educação no trânsito. Pelo contrário; o atropelamento de Porto Alegre está mais para um sintoma dessa profunda estrutura perniciosa.

A questão do privilégio... sim, é isso mesmo. Privilégio é sempre um benefício que um indivíduo tem e que é negado para outros. Não tem como negar que a "porcaria capilista" seja isso também. E por isso eu disse que carro combina tão bem com capitalismo. Mas, na linha do que outros comentários já disseram (e muito melhor do que posso fazer agora), aceitar o privilégio é absolutamente nocivo para o conjunto, e no médio-longo prazo, o nocivo volta para quem usufruiu do privilégio.

Nefelibata disse...

Para terminar; não lembro se deixei o link de um documentário supimpa sobre a formação da cidade de São Paulo e sua relação com os rios e o transporte. Tem 25 minutos, e mostra como, no caso específico de SP, pelo menos, a população foi e é enganada por interesses da grande indústria do automóvel. O documentário demonstra que o transporte público é ruim de propósito, para que o cidadão tenha carro. E ao usar o carro, ele cai na armadilha do establishment, que ri e revigora sua força.

Muito obrigado pelo debate, pessoal. Desculpe a demora para participar dele com vocês.

Lola, mais uma vez, obrigado pelo carinho e desculpas pelo meu sumiço. Abração!

Gaia disse...

Thiago, apareça mais, por favor!
Adoro quando vc escreve! Li os quatro textos e gostei. Me fez refletir...
Gosto muito dos seus comentários também. Vc acrescenta muito nas discussões em que participa.

Lord Anderson disse...

Thiago, obrigado pela resposta.

Sim ,entendo melhor oq vc quiz dizer.

de fato, não da para negar o aspecto sacralizado que o carro alcançou.

o debate que vc ve promovendo é mais do que o necessario.

Lord Anderson disse...

Hamanndah, Dani, Denise, Liana.

Pessoalmente acho a ideia de um dia do homem meio nonsense.

Mas agradeço imensamente o carinho e a lembrança.

O blog da dona Lola é ponto de encontro de pessoas incriveis, conheci muita gente boa por aqui.

que mais homens visitem esse blog e parem para refletir nos posts e comentarios excelentes que aqui são deixados.

Obrigado mesmo.

Niemi Hyyrynen disse...

@Thiago

Olha Thiago talvez de fato eu esteja tentando validar o meu previlégio e sendo egoista. Ainda não concordo com todos os pontos do texto, como já falei achei que ficou um pouco "forçado" mas eu consigo entender outros pontos, assimilar e tudo mais.

Prometo que vou repensar sobre a questão, eu tinha achado que vc estava sendo um pouco hipocrita ao falar do metrô (desculpe) mas vi que pelo contrário, você tem até mais propriedade do que eu, já que não enfrento a linha vermelha sentido zona leste todo dia... Acho que fui eu a hipocrita no fim das contas! Desculpe mesmo o julgamento sem razão.

Não vou continuar a dissertar aqui o meu ponto de vista, pq não quero que alguem pegue uma parte do que eu disse e faça piada sem entender pq eu disse aquilo e parecer que sou uma "mediana" fazendo mimimi.

Sem muita delonga, obrigada pela resposta tão gentil

alice disse...

concordo, lola. eu moro na zona sul (o mesmo vale pra tijuca) e trabalho no centro, posso até estar falando do alto do meu privilégio, mas acho um absurdo pessoas q vivam na mesma situação que eu não pegarem transporte público!

no centro mal tem lugar pra estacionar, os carros congestionam todas as vias principais (fora o barulho e a poluição) e há transporte público suficiente pra todo mundo.

ok, o metrô caiu MUITO em qualidade, mas até uns 3 anos atrás era um meio de transporte muito digno. ar condicionado, lugares vazios (desde que não fosse em horário de pico, mas mesmo assim nunca foi o APERTO que é hoje)

uma coisa é cruzar o aterro em 15 minutos de ônibus... mesmo em pé, não é tão desconfortável e rapidinho acaba. agora ficar 40 minutos pra percorrer o mesmo trajeto, pq tem UM ZILHÃO DE CARROS engarrafando tudo, é foda!

Nefelibata disse...

Pessoal, no meu último comentário, falei de um vídeo e esqueci de postar o link, hahaha. Aqui está:

http://vimeo.com/14770270

Chama-se "Entre Rios", eu super-recomendo.

Pessoal, mais uma vez, obrigado pelo debate e pela gentileza =) Grande abraço a todos!

Ághata disse...

Niemi,
não tinha lido todos os comentários - nem terminei de ler ainda, então, serve pra qualquer outra pessoa que tenha se sentido ofendida com o que eu disse.
Não tava me referindo a você!
Na verdade, eu tinha assistido um vlog absurdo falando uma coisas completamente sem sentido - tava pensando nisso.
No início deste ano ou do ano passado, colocaram pardais em estradas de barro no sudeste do país - o objetivo era ganhar dinheiro público oferecendo um serviço inútil e que foi assunto pra quem tava estudando direito administrativo.
Mas o vlog que eu vi falava deste caso como se fosse uma tentativa de angariar multas dos carros - qnd na verdade mal passavam carros na localidade e nem podiam ser multados - lugar sem sinal, estrada de barro, sem sinalização...
Enfim, eu até costumo ler todos os comentários, mas desta vez não deu. Vou ser mais cuidadosa da próxima vez, me desculpe.

***

Até procurei mas não achei o vlog que eu achei. Criticava até mesmo a proibição de beber e guiar.

***

Tem um post do Sakamoto falando da questão ambiental e dos veículos - mas eu não consegui achar...

Daní Montper disse...

Lord Anderson, eu também achava, mas como o objetivo é conscientizar os homens para cuidarem da saúde e fazer o exame da próstata, além de alguns verem como uma forma do homem pensar sobre o que ele tem feito para acabar com a violência contra mulher, passou a fazer sentido que exista um dia do homem para mim. ;-)
Os mascus não gostam dessa data, porque dizem que o dia deles são os demais 364 - não eram eles que reclamavam que ninguém olhava pelos coitadinhos? :p

Niemi Hyyrynen disse...

Ághata

Não tudo bem, tá tranquilo.Foi uma coincidencia né?

Achei que a critica fosse pra mim pq eu to sempre recebendo um link desse blog do classe media way of life ou aquele tumblr do classe media sofre.

Sou classe média sim mas eu não sou essa tosquera de gente que acha que o mundo todo gira em torno do umbigo deles. Enfim...deixa pra lá :)

Quando vc falou de pardais eu pensei em pássaros...kkk mas dai eu pesquisei no google e vi que eram radares, :)

Luiz Prata disse...

Pleitear melhoras no transporte público, malha ferroviária, ciclovias e uso consciente do carro é uma atitude que beneficiará a tod@s, inclusive motoristas que precisam de carro.

Afinal, a redução de carros nas ruas melhoraria a questão dos congestionamentos, que atualmente dificultam a vida d@s motoristas. E a redução de poluentes melhoraria a qualidade de vida em geral, inclusive de motoristas, que também respiram.

Porque do jeito que a coisa vai, com o aumento indiscriminado da frota de carros e a cultura individalista associada aos carros, além da poluição, o tráfego ficará cada vez mais caótico e inviável, o que contraria até mesmo a função básica do automóvel: facilitar o deslocamento.

Barbara disse...

Acho ótimo o tanto de comentário: ah, eu moro na zona sul; eu moro no bairro tal - e as pessoas nem se dão ao trabalho de dizer de qual cidade! Quem mora fora do eixo Rio-SP fica meio por fora. Sou do interior de Minas e vi só um comentário de uma pessoa de BH.

Enfim, o que quero dizer é que o transporte público é muito diferente entre as cidades no Brasil. Varia de inexistente a muito bom. As condições de tráfego variam enormemente, também é bom levar isso em conta.

Na minha cidade, passo pelas seguintes situações: minha casa fica a 20 minutos a pé da faculdade, mas como estudava a noite, não arriscava ir a pé. Se eu quisesse ir de ônibus, tinha que pegar dois (e pagar ambos, aqui não tem integração). Claro que eu ia de carro ou moto.

Minha casa é a 20 minutos do trabalho, a pé. Seria ótimo, se não fizesse mais de 40 graus. É tão lindo bicicleta na Europa, agora experimenta isso aqui! É bem comum ver pessoas envelhecidas precocemente por causa do sol, na minha região.

Patrick disse...

Barbara, veja como essa questão da bicicleta versus clima é interessante. Até os anos 1960, Copenhague, capital da Dinamarca, seguia o mesmo esquema de idolatração do carro que conhecemos muito bem no Brasil. Quando o Jan Gehl começou a trabalhar na Prefeitura e suas sugestões sobre urbanismo (priorizar ciclistas e pedestres ao invés de carros) começaram a ser colocadas em prática, houve uma reação absurda. As pessoas protestavam com vigor ("bicicleta é coisa de país do Mediterrâneo!" "nosso clima não combina com bicicleta!").

Atualmente Copenhague é uma das cidades da Europa que tem maior percentual de utilização de bicicleta como meio de transporte (cerca de 30%) e possui uma das melhores qualidades de vida do mundo. Mas só quem já teve a experiência de passar uma temporada no frio nórdico sabe a parada que é caminhar ou andar de bicicleta num clima desses. Muito pior do que no nosso clima, pode acreditar.

O nosso clima é perfeito para o ciclismo. Eu vivia até pouco tempo na cidade de Mossoró, cujos termômetros também beiram ou superam os 40ºC ao meio dia. Mas eu ia pro trabalho às 07:30 da manhã (de bicicleta) e voltava lá pelas 17:30, com o sol se pondo (na Dinamarca seria o oposto, esses seriam os piores horarios, porque mais frios). E trabalhava de terno e gravata. O único extra que tive foi ter de comprar um pequeno guarda-roupa para deixar meus ternos no trabalho. Uma vez por semana eu ia de carro pra trocar os ternos e as camisas.

Posso afirmar que não chegava mais suado do que se tivesse ido de carro e enfrentado um congestionamento. É impagável o prazer de dar de cara com a brisa matinal quando se anda de bicicleta.

Mas é possível melhorar ainda mais a estrutura disponível para os pedestres e ciclistas. Lembro que estive em Colônia do Sacramento, no Uruguai, durante o verão e apesar das temperaturas altíssimas era extremamente agradável caminhar pela cidade, porque todas as calçadas eram aborizadas. Isso não acontece no Brasil porque nossa mentalidade (não apenas a dos políticos, mas a nossa de classe média) é voltada exclusivamente para carros (só pensamos em viadutos, túneis, duplicação de ruas e avenidas, etc.). Nunca pensamos na qualidade viária para o ciclista e o pedestre.

Eis algumas fotos de Colônia para expressar melhor o que quero dizer: foto 1, foto 2 e foto 3 (tenho certeza que devem existir cidades no Brasil que podem servir de exemplo positivo, peço desculpas por ter de apelar prum exemplo no exterior).

Meu muito obrigado ao Thiago e à Lola, por darem espaço e escreverem sobre o tema. Precisamos de mais gente como vocês.

Patrick disse...

Sobre este tema deixo como sugestão a leitura do livro Morte e Vida de Grandes Cidades, de Jane Jacobs. Apesar de adotado em praticamente todas as faculdades de arquitetura e urbanismo, não é uma obra "acadêmica" estrito senso, trata-se de uma leitura acessível a todos. A autora é uma jornalista, com um incrível senso para perceber o que é, de fato, qualidade de vida numa cidade. É impressionante, ela escreveu esse livro em 1961 descrevendo vários problemas (não só de tráfego viário, mas também de segurança pública; o urbanismo influencia muito mais a segurança pública do que a legislação penal ou a polícia, acreditem) de se construir cidades em função dos carros, mas ainda hoje não acordamos para as suas lições.

Aoi Ito disse...

Blanca, não moro na Tijuca. Moro em Irajá. É uma viagem bem mais longa em uma linha bem mais cheia, mas eu sinceramente prefiro. A questão dos carros (Do metrô, certo?) é complicada: As estações da L2 foram construídas para abrigarem composições de oito carros, mas as da L1 são apenas para seis. E agora que a L1 e L2 estão juntas na L1-A, fica muito complicado colocar trens de sete a oito carros se não tem espaço para colocar eles. Uma solução um pouco melhor seria, claro, botar todas as composições da L2 com seis carros, já que a maioria roda com cinco. Espero que isso se resolva com a chegada dos novos trens no final do ano.

Agora, se eram carros automóveis de quatro rodas vrum vrum...

Aoi Ito disse...

Aliás, pessoal, sobre ciclovias: Cidades novas estão sendo construídas com ciclovias sim. Fui para Rio das Ostras e Unamar, na região dos lagos do RJ, e devo dizer que lá tem kms e kms de ciclovias, tudo pela avenida principal da cidade. Faz sentido, já que a maioria das pessoas lá usa bicicleta pra se locomover, ir pra mercados e tudo e tal. Acho que o problema são as cidades mais antigas, apertadas e cheias, que não tem como ter uma reforma decente sem mudar muita coisa.

(denise, obrigada :3)

Anônimo disse...

Thiago, a frase sobre alienígenas e a espécie dominante no planeta é do Douglas Adams. Não é exatamente assim, mas a ideia está no início do livro "O Guia do Mochileiro das Galáxias".