sexta-feira, 17 de abril de 2009

“ESTA É SÓ UMA PARTE DE MIM”, DIZ SUSAN BOYLE, 47

Muitos dos blogs que costumo ler andam falando do vídeo de uma tal de Susan Boyle num tal de programa que parece o Americal Idol, só que britânico. Eu vou só dar meu pitaquinho básico, já que o Rubens pediu e escreveu um post provocador sobre isso. Vi apenas uma parte do vídeo, porque meus olhos começaram a marejar, então parei. Tá tudo feito pra gente chorar. Fazer a Lolinha aqui chorar é como tirar chocolate de uma criança, mas até os corações mais duros estão relatando que derraramaram litros de lágrimas com a performance da Susan. Sinal de que o programa é bem-feito - a intenção sem dúvida é provocar um dilúvio.
Mas o que me choca um pouquinho é o discurso que vem junto. Susan só está recebendo esse destaque todo porque representa o que a sociedade (a gente, não vale se excluir) comumente chama de loser. Antes dos seus 15 minutos de fama, ela era uma senhora de 47 anos (uau, existem mulheres que vivem até essa idade avançada?!), solteirona, feia, gorda, desempregada, com gatos como seus únicos amigos. O tipo de mulher que já não tinha nenhuma serventia neste mundo, porque não é decorativa. E agora, que chegou na velhice extrema e não pode nem se reproduzir, é que não vai servir pra nada mesmo. Essa é a idade da mulher invisível. De quando a sociedade passa a não enxergar nenhuma utilidade pra gente (sim, o seu dia vai chegar). O padrão de beleza é sempre o da juventude, e desde cedo somos ensinadas que mulher só pode ser considerada útil se for bonita, e que só pode ser considerada bonita se for jovem, magra e branca. Pense em quantas mulheres fora deste padrão a gente vê na mídia. São bem poucas, não? E mesmo as que já passaram dos 30 continuam sendo julgadas principalmente pela sua aparência (o caso da Dilma, Heloisa, Hillary, e qualquer mulher que teime em entrar na política). Tem o lado bom de ser uma mulher invisível, claro, como poder parar de ser avaliada ao andar na rua. Se bem que o silêncio já é uma avaliação. E tem o lado melhor ainda, como a personagem da Kathy Bates ensina pra Frances Conroy num episódio de A Sete Palmos. Já que ninguém repara nelas, elas têm a liberdade pra fazerem o que quiser. Inclusive roubar mercadorias numa loja.
E inclusive pra cantar num programa de calouros, né, Susan? (desde que passe na seleção). Esse vídeo todo é construído em cima dos nossos preconceitos. As pessoas zombam de Susan no começo, e a câmera as mostra rindo e balançando a cabeça, o que representa a reação do espectador(a): o que esse trubufu está fazendo enfeiando a tela? Ainda mais numa tela que só enfoca pessoas idênticas na sua beleza e juventude? Mas aí Susan abre a boca e começa a cantar e o pessoal explode em aplausos e lágrimas porque, puxa, não é que a idosa obesa serve pra alguma coisa?! Tem um pouco de alívio nessa reação e muito de auto-congratulação. É como se todos nós estivéssemos nos dando tapinhas nas costas por superar nossos preconceitos (que a gente nem vê como preconceitos, vê como uma atitude totalmente natural diante do diferente, do outro). Olha só como somos bonzinhos: até nos dignamos a ouvir a Susan! Claro, rimos quando ela diz sobre sua idade e aparência, “Esta é apenas uma parte de mim”, mas deixamos a TV ligada pra ouvi-la! Viu como somos tolerantes? E desde que ela cante, a gente releva que ela seja feia, velha e gorda. Ela pode ser nossa amiguinha durante alguns instantes. E todos nos damos as mãos por fazer parte de uma bela comunidade de humanos tolerantes, quando o honesto seria que pensássemos por que Susan, e tantas outras pessoas, são excluídas. Ou seja: quase todo mundo torce pelo underdog, o azarão. Mas poucos param pra pensar por que aquela figura é um azarão. Nesse auê todo com o vídeo, não vejo nenhuma crítica a um sistema que automaticamente classifica pessoas em úteis e inúteis, winners e losers. Só vejo sorrisinhos comovidos e surpresos. Ué, você vai se surpreender sempre. Toda vez que a gente adota uma postura preconceituosa, vai se surpreender. Porque o preconceito não se sustenta.
Ok, esse textículo está meio amargo e não merece ser considerado. Afinal, foi escrito por uma velha senhora gorda de 41 anos. E eu nem sei cantar! Realmente, não tenho salvação. Nem eu nem a humanidade, pelo jeito.

67 comentários:

Gabriel disse...

Oi, Lola! Eu sou o Gabriel (aquele menino que tinha um blog em www.gabriel-aleatorio.blogspot.com), e não queria comentar sobre o post, mas matar minha dúvida. Você consegue editar no seu blog quando aparece de baixo do seu post "x comentários" para "x fala gente fala", como se faz isso? Já tentei de tudo...

Ale Picoli disse...

Olha, Lola, vou dividir contigo o que eu achei do vídeo. Na terça, quando todo mundo tava falando e linkando esse vídeo, eu fui lá e assisti. E não consegui entender pq todo mundo chorou. Eu ficava olhando os jurados fazendo caretas, o público bagunçando, mas não estava entendendo direito qual era o big deal. Ok, eu vi que ela era feia, eu não sou cega, mas sempre tem gente feia nesses programas. Aparentemente meu cérebro não levou isso em consideração pra julgar a cantoria. Então, quando ela cantou, eu não achei nada de mais - bonito, só isso.
Eu acho que todo mundo chorou por causa da quebra de expectativa envolvida no vídeo. Da mulher feia, gorda, solteirona, etc, que canta como um anjo. Mas como eu não tava levando em consideração que "feia, gorda, solteirona, etc" pudesse ser uma desvantagem, eu não chorei, pq não tinha nenhuma expectativa.
É isso. Acho que desse preconceito - esperar coisas boas de gente bonita e coisas ruins de gente feia - eu me livrei. De verdade.

Ale Picoli disse...

Putz, meu comentário foi desnecessário. O Rubens escreveu o que eu pensava.

Babs disse...

Lola, tem tempos que não comento aqui (foi bem de páscoa? não te mandei chocolate, nem fiz pra ninguém...), mas vamos lá:

Embora eu concorde com grande parte do que você disse, ainda sim eu não o faço integralmente. Porque embora eu considere esses aspectos "amargos"(você que disse), acho que não posso limitar a experiência de ver Susan dessa forma.
Pelo contrário, é porque existe um mundo de "Loser" que precisamos de mais "Susans", para mostrar as outras "Susans" do mundo que "Its ok to be like Susan". É um problema de auto estima profundo, nos tornamos o "loser"(odeio esse termo) quando outro nos chama/trata dessa forma e incorporamos isso na nossa auto imagem. E auto estima baixa é algo seríssimo, pra você ver: a própria Susan acabou a apresentação e foi saindo do palco, os aplausos não foram suficientes, ela estava mais acostumada de certa forma ao escárnio que ao elogio.
Mas enfim, posso estar divagando demais... Mas ainda acho que é uma revolução que podemos começar, eu e você (e você certamente já o faz), e qualquer um quando vemos e/ou somos uma Susan e dizemos "basta eu tenho valor!"

E poxa Lola, um passo de cada vez. Um dia não vamos mais nos surpreender, pois aprenderemos que cada ser humano guarda dentro de si um grande potencial! Mas enquanto isso não acontece, vamos comemorando os tapas na cara que as "Susans" representam nas pessoas preconceituosas! E sim, eu sou otimista!

Bjão!

Má disse...

Oi Lola!
Ao ler vc escrevendo sobre losers me veio uma pergunta na cabeça, não sei se vc saberia responder.
Conhecidos meus q já viveram no EUA me disseram o q essa divisão entre losers -winners é bem mais forte por lá. O que vc acha?
Acho que há tb isso aqui, mas será q nos Eua o negócio é mais brabo mesmo? Ou no caso da Inglaterra (talvez em países mais "desenvolvidos"?) por isto q esse vídeo pode causar tanta comoção?
Apesar q o lance da aparência p mulher aqui acho ser TÂO mais cruel...
sei lá...

Abraços!

Babs disse...

Faltou uma vírgula no ""basta, eu tenho valor!"

E acho que não era só a feiúra, mas acho que dois aspectos importantes também ajudaram a emocionar:

Ela parecia despreparada

A letra da música foi bastante significativa, junto da interpretação dela. Ela emocionou porque ela convenceu como uma pessoa que já teve sonhos e que :

"I had a dream my life would be
So different from this hell I'm living
So different now from what it seems
Now life has killed
The dream I dreamed."

Não dá para simplificar "ela" surpreendeu porque é feia. Blá... É muito mais, ela convenceu com sua interpretação o papel da letra. E não é só por causa da imagem e tal, mas ela sabe se apresentar, as expressões faciais e olhares, tudo. Enfim, acho que é isso...

Srta.T disse...

Eu admito que fiquei com os olhos cheios d'água ao ver o vídeo, ontem. Aí revi hoje de manhã e nah, nada. Ontem eu estava mal, hoje acordei de bom humor e vi o vídeo com outros olhos. Então não parei pra questionar muito o porquê que quase chorei. Na minha cabeça, foi por causa da música mesmo: eu adoro essa canção, e sim, a Susan canta divinamente.

Ali tava o palco prontinho pra debocharem dela. E foi bacana ver o "plot twist". O tal jurado loiro, engolindo em seco, eu achei emocionante. Porque ele foi o que aparentou mais descrença quando ela entrou.

Mas enfim, não compactuo com essa cultura de "loser" não. Na minha família há mulheres velhas, solteironas, gordinhas e fora dos padrões de beleza (não consigo achar os meus feios, desculpa), e eu nunca as vi assim, não nos tratamos assim. Eu já me imaginei assim, inclusive, porque gosto de solidão, e não achei isso amargo. Gatos são companhia melhor que muita gente, ora pois. =P

Eu também sou otimista. Acho o máximo quando aparece uma Susan Boyle e prova que é mais do que o que as pessoas se limitam a ver. Assim como vibro quando uma mulher bonita mostra que é mais do que a bela capinha. Concordo com a Ale sobre a questão da "desvantagem": ela tá em desvantagem em relação a quem, ao quê? Velhos todos ficaremos, solteirice pode ser uma opção, beleza e feiúra são conceitos extremamente subjetivos. O talento da Susan que é indiscutível, e não pereceu com a idade. Azar de quem esperava pouco dela.

Ah, e pelo que me consta, Edith Piaf também era feia, né?

Rubens Oliveira disse...

Segue um belo artigo (em inglês) que faz uma excelente análise da clara construção narrativa que levou à apresentação de Boyle, transformando-a numa sensação do dia para a noite.

http://blogs.suntimes.com/scanners/2009/04/reality_what_a_concept.html

Serge Renine disse...

Aronovich e visitantes:

A propósito do assunto ser mulher, acessem esse link abaixo que vocês vão adorar! Essa italiana sabe ser feminista as avessas.

http://www.zerozen.com.br/irrelevancia/irrelevmax0105.htm

Cris disse...

Oi Lolinha.
Que bom que vc escreveu sobre ela.
Eu tinha deixado aqui e o Masegui sugeriu que eu baixasse direto no youtube.
Li o texto que vc chama de provocador.
Bom, eu não concordo que ela teve uma apresentação mediana. Não sei cantar,e ntão o que eu considero como "cantar bem" é quem tem uma voz linda como a dela e que nos emociona, e isso ela fez muito bem.
Como a Srta. T, tbém me emocionei devido a letra da música.

De resto, concordo com tudo que vc escreveu. Não achei amargo, mas exato, para variar.
E se ela não soubesse cantar?
Como ela, solteiras, sozinhas e feias, existem aos montes, e a maioria não sabe cantar nada.
E vão continuar sendo consideradas feias, velhas e sem serventia ( gerar filhos, como vc muito bem diz...já que essa é a "utilidade" principal de nós mulheres)


So que eu vejo um outro lado, que é muito bom nessa história.
A alegria e esperança que a Susan deve ter inspirado em muitas mulheres solitárias como ela, e às vezes as pessoas precisam de animação e esperança.

Sim, o mundo não é perfeito. Ele é cruel, na maioria das vezes.
Mas o simples fato da Susan aparecer, e cantar de forma tão linda, e fazer com que as pessoas refiltam o porquê da comoção geral, já é muito positivo.

Fosse ela feia e sem talento, passaria em branco.
Como canta tão divinamente (pode ter quem não concorde, mas achei a voz dela, repito, linda e a interpretação emocionante mesmo) e causou esse furor todo, chegamos a essa discussão, que é basicamente, a utilidade das mulheres que não são mais jovens, que não tiveram filhos, que são feias.

E talvez por isso eu tbém tenha ficado com vontade de chorar.

Sou solteira, não tenho filhos- nem quero.
Não sei cantar.
E quando eu estiver nos quarenta, será que não vou servir pra nada?

beijosss

Cris disse...

Corrigindo, não foi a Srta T, foi a Babs que mecionou a letra da música.

E para concluir, também sou otimista.

Serge Renine disse...

Aronovich:

Tirando o fato de a Susan ser uma grande cantora, o resto todo é fake, com o objetivo de despertar emoções. Da pra perceber desde o começo. É óbvio que todos, (menos a platéia, talvez) já sabem, por triagem anterior, da sua qualidade de cantora e usaram sua feiúra e maus modos para montar um teatrinho e conseguir o que conseguiram no mundo. Isso é uma das possibilidades que é proporcionado pela internet via you tube, etc., e quem sabe se utilizar dessa ferramenta colhe os frutos. Parabéns e eles que conseguiram seu intento e parabéns a Susan que com seu talento saiu do ostracismo já no crepúsculo da vida da mulher.

Giovanni Gouveia disse...

Crepúsculo, Serge?

Alfredo disse...

A Susan disse na entrevista que era virgem de boca... talvez virgem até la na "amelinha."

Serge Renine disse...

É Giovani Gouveia: crepúsculo.

Há ate´um livro de poesias com esse nome: "Crepúsculo o entardecer de uma mulher" da Eliza Maria.

lola aronovich disse...

Gabriel, eu não lembro como fiz isso. Aliás, foi o maridão que fez, e só uma vez, faz mais de um ano. Mas perguntei pra ele e ele encontrou rapidinho:
Vai no Customize (tem que estar logged in, lógico).
Page elements.
Blog posts - Edit.
Vai abrir uma janela. Onde está escrito “comentários”, vc escreve o que quiser, e salva. Aí muda.
(o nosso computer tá em inglês, mas acho que dá pra entender, né? Agradeça ao maridão!).


Ale, eu chorei um pouquinho vendo o vídeo, mas isso é fácil em se tratando de mim. Acho que eu choro com qualquer performance bonita. Além disso, toda a edição tá feita pro pessoal chorar. Se eu visse de novo, eu choraria de novo. Só que estou ciente que estou sendo manipulada. Não vejo nada de errado em chorar com o vídeo, mas é bom pensar: por que a Susan é um underdog? A gente concorda com uma sociedade que tira sarro de alguém? O vídeo certamente seria bem menos emocionante se ficasse apenas na Susan, sem todas as reações (antes, durante e depois d'ela começar a cantar). Eu tb nunca esperei coisas ruins de pessoas “feias”... Mas chorei.

lola aronovich disse...

Babs, senti falta dos seus chocolates! Pensei que vc tivesse feito ovos pra toda família aí. Ou pelo menos bombons?
Entendo o lado positivo de tudo isso e também sou otimista. Mas, pra ser positivo mesmo, vamos pensar: as pessoas que zombaram da Susan no começo e depois a aplaudiram de pé aprenderam alguma coisa? A próxima vez que aparecer uma mulher feia, velha e gorda no palco eles vão saber respeitá-la? E fora do palco? Agora esse pessoal parará de achar que mulheres feias, velhas e gordas são inúteis? Não sei, mas acho que não.
Autoestima é um problema seríssimo, sem dúvida. E espero que este vídeo motive outras mulheres na mesma situação da Susan a se verem mais positivamente. Mas o problema maior não é a autoestima. É como a sociedade trata o “loser”. Sério: tá tendo alguma conversa interior, algum questionamento, da parte do pessoal que discrimina? Eu tô vendo mais é tapinha nas costas...
A música é muito bonita, e é significativa, claro.
Vc achou que ela parecia despreparada?

lola aronovich disse...

Má, faz um tempão, não lembro quando, em alguma crítica de cinema, eu escrevi que o maior insulto da língua inglesa é “loser”. Porque os EUA são uma sociedade que divide as pessoas nessas duas categorias. Eles realmente são muito mais competitivos que outras nacionalidades. Não sei como é na Inglaterra. Mas, se o problema de bullying é tão sério lá quanto é nos EUA, imagino que essa cultura de “winners/losers” seja comum lá tb. Acho que aqui no Brasil isso seja mais frequente entre a classe média e alta. É o que capitalismo quer: todos são losers até podermos pagar pra sermos winners.


Srta T, concordo que depende muito de quando a gente vê o vídeo, o humor da gente, etc. Eu não compactuo nem um pouco com essa cultura de winners/losers. Acho horrendo dividir as pessoas assim. Mas é o que acontece pra muita gente... E sobre a Susan estar em desvantagem, bom, ela certamente estava “em desvantagem” em relação àquele universo do Britain's Got Talent. Não havia ninguém no palco como ela. Das 5 pessoas que mais aparecem depois dela no vídeo, 4 são homens (dois jurados, e dois carinhas fora do palco). A única jurada é praticamente uma modelo. Imagino que os outros concorrentes também não fossem como a Susan. Uma mulher desse jeito não existe na mídia. Simplesmente não aparece, a menos que seja nas reportagens policiais ou pra efeitos de comédia.

lola aronovich disse...

Rubens, muito bom esse artigo que vc indicou. Gostei particularmente desta frase:
“I'm not sure which is more offensive: the way she was regarded before she sang or the way she has been portrayed since”. Porque o preconceito continua no tratamento que ela está recebendo agora...


Cris, também discordo com o Rubens sobre a interpretação da Susan ter sido mediana. Eu sou leiga no assunto, mas achei linda a cantoria da Susan. Acho que vc tem razão sobre o efeito que a performance da Susan e todo esse show pode causar em pessoas como ela, com baixa autoestima. Eu sou apenas mais cética quanto ao efeito que isso tudo possa causar no pessoal que é preconceituoso... Sabe, o pessoal que zomba ou ignora uma mulher gorda, feia e velha (se bem que a Susan não é nenhuma das 3 coisas), e depois se espanta quando seus filhinhos maltratam os outsiders da turma na escola... Qual é a diferença?

lola aronovich disse...

Serge, concordo contigo que o circo foi todo montado. Agora, o que é isso de “crepúsculo da vida da mulher”? ECA! Se vc dissesse “da vida das pessoas”, sem especificar gênero, talvez passasse. Mas dizer algo assim é assinar embaixo de quem pensa que mulher só serve pra ser bonita e ter filhos. Depois que deixa de cumprir suas funções, é o crepúsculo. Susan tem 47, 48 anos. Se a expectativa de vida está em 80 anos, ela ainda vai viver 32 anos. Puxa, é um bocado de tempo pra se viver no “crepúsculo”, hein?


Sim, Asnalfa, Susan provavelmente é virgem. A gente não tem por que duvidar dela. O que faz o pessoal se espantar, quando vê uma mulher gorda, é saber que ela faz sexo, tem namorado, marido, vida normal... Há até pesquisas mostrando que mulheres gordas fazem MAIS sexo que mulheres magras, o que deve ser surpreendente pra uma sociedade que gostaria que mulheres gordas se escondessem em casa e só saíssem de burka.

Serge Renine disse...

Aronovich:

Você que fala no seu texto que mulher com 45 anos já deu o que tinha que dar, principalmente ser for feia. Eu falei neste sentido. No caso aqui, da Susan.

Giovanni Gouveia disse...

Lembrei de uma tia avó minha, que, aos 95 anos choramingou ao meu pai:

"Acho que eu vou morrer logo, porque o povo da família da gente morre cedo..."

lola aronovich disse...

Putz, Serge, eu estou sendo irônica! Vc lê este bloguinho faz quanto meses? Não deu pra sacar que este não é meu pensamento? Que eu não compartilho dessa tese “utilitária” da mulher?


Gio, há há, que delícia deve ser chegar aos 95 anos de bom humor e boa saúde... Eu tb quero! Mas duvido. Acho que não vou passar dos 80.

Ju Ribeiro disse...

eu chorei um pouquinho vendo o vídeo, mas isso é fácil em se tratando de mim. Acho que eu choro com qualquer performance bonitaLola, eu tb sou assim. Você acredita que eu morro de chorar até com um episódio do desenho do Snoopy? A Patty Pimentinha vai se apresentar num concurso de patinação e a fita com a música pra ela quebra. Daí o Woodstock assobia a música - "O mio babbino caro".

Eu chorei com a Susan mais pela sua história. Não que uma pessoa precise mesmo de um parceiro, mas nunca ter sido amada na vida? E, bem, eu me identifiquei com ela. Sou uma loser, desempregada, feia e não sei cantar (só não tenho 47 anos). A letra da música também só contribuiu para que eu quase afogasse o meu teclado.

A propósito, tem vídeo de um antigo concorrente desse mesmo concurso, Paul Potts, cantando "Nessum Dorma" divinamente. Igualmente lindo.

Babs disse...

Ah Lola, achei sim. Ela parece um diamante bruto sabe? Por ex a voz, que é lindíssima, pode ficar mais treinada e tal.

Lola, eu não fiz nem pra família. Estou fazendo 6 matérias na faculdade (lembra que eu faço filosofia?) e vou pegar uma pesquisa (se tudo der certo). To bebendo café o dia inteiro e me sinto semi zumbi...
Bjão!

Vitor Ferreira disse...

Lola, acho que o principal motivo da repercussão é porque ela foge do padrão de artista que a gente vê na tv. A gente não vê artistas pop, protagonistas da broadway como ela. Mas o maior motivo que me levou a gostar do vídeo foi porque ela sabia do seu talento e só quis uma oportunidade pra mostrar. Ir contra todo o preconceito, enfrentar um público claramente hostil não é qualquer pessoa que tem coragem de fazer. Por mim pouco importa o resto, o que o juri fala, a reação da platéia, só me importa ouvi-la cantar. Achei belo. Achei a reação do Rubens cri-cri demais (e eu sou muito!). Quem participa de programas de calouros são pessoas querem uma oportunidade e mostram seu potencial. Isso não significa que eles são perfeitos. Eles ainda vão desenvolver o seu potencial posteriormente. A Jennifer Hudson de Dreamgirls não é a mesma que cantava no American Idol. Só é procurar no Youtube os vídeos. Então acho que ele deveria dar mais crédito ao talento nato de uma pessoa que nunca se dedicou corretamente para aquela tarefa. Adorei o vídeo dela, e ouvi diversas vezes. A voz dela é belíssima e se eu fosse Andrew Lloyd Webber, escreveria uma peça para ela estrelar.

Somnia Carvalho disse...

Hej querida e doce amarga Lola,

Eu não sou nada chegada a TV, então eu nunca sei como funcionam esses programas de Talentos. E também sou péssima no mundo virtual, só sei das coisas através de gente muito próxima. Vi o vídeo e pensei que, logo depois de ter lido seu texto e o comentário bacana de tanta gente, eu não haveria nada mais para sentir e falar...

Embora eu tenha sentido muito, há pouco para eu falar. Eu senti um nó na garganta. Foi um misto de emoção por ouvi-la. Uma voz tão suave e tão cheia de vontade de se pôr pra fora... uma letra tão cheia de significado para o momento e para a vida da própria Susan. Mas junto a isso o sentimento mais forte foi mais ou menosp parecido com o seu... Eu também fiquei com nojeriza de ver a cara do pessoal e tudo o mais antes da "coitada" cantar, mas eu sei que eles, infelizmente, expressam aquilo que quase todos sentimos. Entretanto, o que me deu tristeza mesmo, das grandes, foi ver que a Susan, com essa voz e sensibilidade nunca foi percebida. E nunca fui percebida porque ela não tinha o "perfil" que a gente constrói para os grandes cantores de sucesso. Ela é gorda, mas não é gorda com pinta de cantora de ópera, por exemplo. Ela é feia, mas ela não é uma feia segura de si, que tenha sido valorizada num coral, num teatro ou coisa que seja para ter aprendido a se valorizar, embora não fosse certinha fisicamente.

Ter que esperar seus 47 anos - que estão longe da velhice, mas que para o mundo da música é algo absurdo! - para ter esse momento de reconhecimento e "valorização" é tristíssimo ao meu ver...

Que ótimo... mesmo que a gente não ache que seja tão bom assim, pra ela é! Que ótimo que ela tenha chegado a esse momento porque ele de alguma forma deu a ela essa segurança e paz consigo mesma para que ela acreditasse que pode cantar, que é boa, que sua voz é linda... Mas que pena, que tristeza ver que ser alguém nesse nosso mundinho funcione assim com tudo tão pequenininho ao nosso redor...

Débora disse...

Mas o problema maior não é a autoestima. É como a sociedade trata o “loser”. Sério: tá tendo alguma conversa interior, algum questionamento, da parte do pessoal que discrimina?É exatamente esse o meu questionamento quando aparece essas notícias do EUA sobre garotos que sofreram bullying ao ponto de não aguentarem mais e sairem matando meio mundo. Todo mundo fica concentrado no fato do garoto ter acesso à armas de fogo (o que eu concordo que deveria ser dificultado), mas ninguém fala em tomar alguma atitude para fazer parar e conscientizar quem pratica o bullying.

Gabriel disse...

Nossa... Parece até que foi planejado para dar uma lição na sociedade. Não sei o que os outros pensaram, mas quando eu vi ela, achei simpática, bem-humorada. Não considerei a aparência.

E obrigado pela resposta, Lola!

jac rizzo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ollie disse...

Se eu disser que o vídeo da susan Boyle não me afetou em nada, o que você pensaria?
Sério, eu não achei nada demais.
Sim, ela tem uma bela voz e sabe cantar a música direirinho; sim, ela é gorda e tem mais de quarenta.
E daí?
Eu até agora não entendi o frisson em torno desse vídeo.
(devo ter um iceberg no lugar do coração, boo, boo, boo... :) )

Serge Renine disse...

Aronovich:

Confesso minha burrice: não entendi a ironia

Dai disse...

Lola, sem condição de ler tudo o que disseram. Bom, vou comentar arriscando o "mais do mesmo".

Sim, eu concordo com cada palavra do que você disse. O que deixou a todos - jurados, platéia, massa, público consciente, intelectuais, críticos - boquiabertos foi justamente o tapa que a Susan Boyle deu em nosso paradigma 'loser' (também detesto essa palavra, mas mostra quanto a filosofia do american way of life tem influência sobre a gente).

Pessoa que achou que uma mulher de 47 anos não pudesse ser tão afinada nem executar tão lindamente uma canção difícil como I dreamed a dream (logo de Les Miserables, meu musical favorito de todos os tempos): presente!

Eu fui super preconceituosa. Até tinha alguns motivos: conheço algumas pessoas que cantavam na juventude e na maturidade perderam a voz. Sem treino e sem técnica é muito difícil manter a afinação e alcançar notas altas como as que ela conseguiu. Eu duvidei MESMO que ela fosse se sair tão bem.

(Se alguém achou que a performance dela foi mediana, bem, eu sou uma soprano de voz pequena e quem dera ter a mediocridade da Susan).

Mas, além da idade, o fenótipo caipirão da Susan, o jeito ingênuo e bonachão, tudo contribuiu para que descressemos dela. Vc tem razão, Lolinha, nosso olhar está condicionado - sobretudo quando ligamos a TV. Todo mundo esperou a execração pública da moça quarentona, que mora com gatos e nunca beijou.

Deu aquele aperto, aquela vergonha alheia, aquela vontade de salvá-la das vaias. Mas, poxa. Foi muito massa assistir aos queixos caindo. Tá, qualquer pessoa com uma leitura mais apurada de técnicas de direção de programa e construção narrativa saca que a edição foi tendenciosa, a trilha de fundo cadenciada, os cortes e closes precisos.

Eu sei, eu sei de tudo isso.
Mas também acho que foi mais que isso. Dizer que ela foi apenas uma quarentona mediana que serviu ao propósito de um programa de TV cafona. Não só.
Eu acho que a Susan teve a oportunidade de, por um breve momento, nos arrancar desse deserto de certezas desastrosas. Lembrei de tanta coisa na vida. Lembrei de dar aula em banca de concurso e de outros momentos de exposição constrangedora. Lembrei que, enfim, no mundo em que a gente vive nem sempre conseguimos manter a afinação, muito menos surpreender. Por que ser loser é uma ficção que infesta o nosso imaginário, dia e noite. É difícil escapar desse enquadramento funcional que a sociedade joga em cima da gente.
E agradeço a ela por ter me proporcionado alguns instantes de lágrimas e catarse verdadeira e intensa. Por isso a Susan é minha heroína. Minha big lady sunshine. Totalmente macada de auditório e piegas nessa hora. Hehehe. Beijos.

Karime disse...

Lola, conheço seu blog há poucos dias, mas já virei sua fã. Seu texto é maravilhoso, sensível, profundo e verdadeiro. Realmente, o mais difícil para as pessoas é admitir seu próprio preconceito. Claro que estou me incluindo. É muito fácil criticar os outros, chamá-los de intolerantes, mas quando é conosco... aí tudo tem desculpa. O maior sinal do preconceito contra essa mulher é justamente o fato de o vídeo ter ficado tão famoso: se ela fosse uma moça magrinha e linda, seria só mais uma concorrente do American Idol. Você expôs clara e divinamente como agimos com nosso próprio preconceito: achamos que estamos admirando, elogiando alguém, quando na verdade estamos immpressionados porque aquela pessoa conseguiu sucesso, amor, dinheiro, seja o que for, apesar de estar fora dos padrões ditados pela sociedade. Brilhante, Lola, virei sua fã de carteirinha. Beijos!!

Dai disse...

corrigindo: quis dizer macaca de auditório. e não macada. ;)

Mila disse...

Nossa, Lola, nem vi este vídeo ainda, vou dar uma olhada assim que eu tiver tempo.

Túlio disse...

Eu li na net que já fizeram uma mudança no visual dela. Tipo, cortaram e pintaram o cabelo, mudaram o estilo dela se vestir... ou seja, estão tentando torná-la 'aceitável'.

Acho que essa iniciativa diz bem mais do ser humano do que o choro que muitos derramamos ao ao ver o vídeo pela primeira vez.

Paula Reis disse...

Lola!
Minha diva! Eu tinha pensado justamente isso que você falou. Fiquei matutando o seguinte: quer deizer que se ela fosse feia, gordea, velha e quando abrisse a boca cantasse como, tipo assim, sei lá, eu! Aí ela tinham mesmo que ser espinafrada? Ou se ela cantasse bonitinho, mas não tanto, todos iam poder dizer: Viu, deste corcunda de notre-dame não se podia esperar outra coisa! E se ela fosse hostilizada por cantar mal, todos poderiam dizer: Mereceu! Além de horripilante, ainda canta mal! Me parece muito com o que ouvimos sobre negros, quando qualquer deles tem uma atitude mal-educada: Além de preto, ainda é metido! Como se a pessoa, por ser negra, por ser mulher, por ser homossexual (?) já estivesse cometendo uma heresia e, ó, audácia: ainda é metido? ainda é conbencido? não é humilde? não é submisso? não é agradecido por poder frequentar o mesmo espaço que nós, nobres cidadãos "normais"?
De fato, é muita audácia! Sorte desta feiosa que a voz dela é linda, se não, estaria condenada à humilhação, com a concordância de todos os deuses.
Tá amargo, né? Mas até os chocolates podem sê-lo.
Abraços!

Gustavo C. disse...

Acho que a edição trabalha mais com a surpresa do que com a emoção. Funcionou comigo. Como eu já tinha assistido um pouco desses programas (Ídolos, por exemplo, cheio de candidatos fazendo palhaçadas), achava que era mais um caso em que a participante ia nos fazer rir ou fazer algo diferente (que seria o motivo pelo um colega me passou o video). Mas aí ele pega a expectativa que gerou e vira do avesso. Foi o que aconteceu comigo, pq, sendo leigo em música e canto, achei que ela cantou super bem. E minha reação ainda pegou carona nos aplausos do público.

Talvez ter sido impactado assim seja sinal de algum preconceito meu (eu achava que ela ia fazer alguma graça ou qualquer outra coisa, menos cantar), mas pelo menos posso me tranquilizar com uma parte com a qual não me identifiquei: a questão idade. Tem um jurado que faz uma cara de "ela tá maluca de vir aqui sendo tão velha", e a platéia tbm se manifesta. Isso aí eu achei nada a ver, como se essa idade fosse motivo para não tentar.

Anônimo disse...

Lola tenho 10 aninhos a mais que a Susan e este post chamou minha atenção especialmente.Creio que houve sim toda uma armação e andei na rede vendo outras matérias a respeito da Susan. Bom isso não me impediu de achar linda a apresentação dela e apesar de ser uma chorona não tive vontade de chorar.E não achei ela gorda. Feia?
Não demora muito fazem a sobrancelha dela fazem uma maquiagem capricahda dão um corte legal no cabelo e veremos uma Susan
linnnndaaa! Eu aposto!
Por certo haverá produtores para colocar o talento musical fazendo sucesso e dinheiro.
Fico feliz por ser uma mulher quase cinquentona e torço por ela.
Lógico que vou comprar seu disco.
Lembra aquela autora inglesa da série famosa do menino bruxinho (Harry Potter)? Ela tbem estava desempregada, e o namorado a deixara quando começou
a escrever. Lá parece que dá certo
eheheheh ...quando tudo parece perdido.Fatima/Laguna

Karime disse...

Lola, só depois de comentar aqui é que fui ver o vídeo. Uma coisa que achei muito legal é que ela chegou lá toda segura de si, dando até uma reboladinha, não se sentindo inferior por ser mais velha e por não ser linda e maravilhosa. Achei isso o máximo, porque ela sabia o que ela estava fazendo, e não se deixou intimidar. Mesmo quando riram dela, antes que ela começasse a cantar, ela permaneceu firme em seu propósito.
Por favor, não pense que estou falando isso porque penso "oh, como é que pode uma mulher feia e gorda se sentir tão segura?". Mas é que nesses programas a grande maioria dos candidatos é jovem com cara de modelo, e ela, mesmo obviamente sabendo que não possui esses atributos e sabendo, também, que a sociedade os exige, foi lá dar a cara a tapa, e ainda disse que aquele era só um dos lados dela. Adorei!

Experiência Diluída disse...

Oi lolinha. Eu assisti esse video essa semana. Particularmente não me emocionei, na verdade sou muito fria para certas ocasiões, mas confesso que fiquei arrepiadissima quando ela começou a cantar, a voz dela é linda e ela conseguiu interpretá-la muito bem. Ach oque esses são os aspectos positivos do video, no mais, é tudo uma cena para ganahr audiência, afinal ela n segue os padroões de blz, e a gente já espera algo surpreendente da parte dela, afinal não estaria ali por acaso.

Sobre o Adsense. Lolinha, eu coloquei para ver como funcionava. É o seuginte, você ganha a partir dos cliques que as pessoas dão nas propagandas, ou seja, se ninguém clicar vc n ganha nada. Acho que o q rendeu na minha até agora foi 48 centavos. E vc n pode colocar "Clique aqui para me ajudar". Entende? Então fica mais dificl ainda. Só alguém bem interessado mesmo no produto que vai clicar, e geralmente nos blogs, as pessoas n se interessam muito por progagandas.
No meu caso, a coisa n tá muito boa, mas pode ser que no seu seja diferente, afinal o numero de pessoas que frequentam o seu blog é infinitamente maior, e isso pode te ajudar. É bom fazer o teste, quem sabe não dá certo. A única coisa que n gostei foi, que no fim dos textos ficam as propagandas sem a gente querer. Se fosse só nos lados, eu n me incomodaria, mas tem vezes que odeio ver o final do meu texto com uma propaganda, por exemplo, de creme dental ;P

Felipe Guimarães disse...

Lola!
Eu sei que sou meio frio, por isso não é difícil me ouvir falar que não me emocionei, mas sinceramente, acho que todas as pessoas são seres humanos então não acho nada de tão surpreso. É que algumas pessoas se esquecem que todos somos iguais...

Andre Luis Aquino disse...

Eu tinha que escrever algo sobre essa mulher que me fez chorar como há muito tempo não choro e esse texto não vai pro blog porque estou tão extasiado com ela que não quero por enquanto colocar nada lá, quero ficar olhando e ouvindo ela cantar o maior tempo que conseguir.Eu estava na sintonia da “Divina comédia”, mas sinto que vou ter que pegar um atalho só por hoje para “Os miseráveis” de Victor Hugo que, aliás, há muito tempo anda falando comigo.
Escrevo sobre Susan porque a quero como mais um dos verbetes da enciclopédia da minha alma, tudo que escrevo vem de dentro de mim e isso torna as palavras, os sentimentos e as pessoas parte da minha existência, o físico é ilusão, o pensamento que é o real. Susan parece ser a resposta a uma voz que há muito tempo clama dentro de mim , a mudança do mundo, a sensibilização dele torno-o um lugar menos hostil e mais feliz.
Eu me identifico com Susan porque eu já senti na carne o que é ser desprezado pela crueldade de outros seres humanos, porque sinto a realização plena do meu corpo ao ter superado meus complexos, eu tenho baixa estatura para um homem, e isso sempre foi motivo de chacota, até um dia, até o dia que eu percebi que aquelas pessoas eram cegas, elas não viam o que eu tinha de maior em mim e eu resolvi mostrar ao mundo o que é.Hoje todos os dias quando acordo me orgulho de quem sou.
Como Susan eu tinha preconceito comigo mesmo, uma amiga certa vez abriu meus olhos para isso, eu agradeço a ela por ter me fortalecido, acreditava no bullying que as pessoas adoram fazer com as outras, a humilhação é um prazer sádico inerente ao caráter humano, aprendi a rir das piadas que faziam comigo, fui aperfeiçoando minha percepção, aguçando meu olhar, aprofundando a minha sensibilidade.Assim a minha empatia se tornou um dom, assim como a expressão dos sentimentos mais íntimos.Aprendi com a vida e com a insensibilidade das pessoas a reconhecer o caráter de alguém apenas pela maneira dela olhar ou se dirigir a você.
Susan fez girar a minha vida e hoje é um dia especial para mim, se sorrateiras minhas futuras rugas, quase sempre frutos de preocupação excessiva ou de stress maligno, estiverem nesse momento nascendo em meu rosto elas não serão como as outras, estas são marcas da expressão do meu sorriso

Milena disse...

A Susan, embora muito talentosa, é apenas mais um instrumento da mídia. Como sabemos, a mídia, mesmo sendo causadora de boa parte dos problemas do mundo, adora dar uma lição de moral na sociedade de vez em quando. Vocês sabem, os executivos milionários dos estúdios de Hollywood fazem filmes tentando nos ensinar que dinheiro não é tudo na sociedade. Hipocrisia pura. A Elle nos diz que ser magra, alta e loura não é importante na nossa sociedade. Aí eles colocam a Gisele Bundchen na capa. Hipocrisia pura. Esses são alguns exemplos que escolhi para ilustrar meu comentário e chegar na Susan.
O que me irrita nessa história da Susan é que eu sinto que o público não está lhe dando uma chance por seu enorme talento. Estão dando atenção a ela porque as pessoas têm PENA dela! Acho patético colocar um ser humano, especialmente alguém tão talentoso, nessa posição de ser um objeto da piedade dos outros.
Já estou até vendo os produtores do programa dizendo nos bastidores: vamos dar uns quinze minutos de fama para a coitada, quem sabe até pagam umas plásticas para essa freak.
A voz dela foi só um pretexto para causar impacto nos telespectadores. E só. Mas duvido que essa indústria tenha o menor interesse na Susan como indivíduo/artista, mesmo que ela ganhe o concurso. Se ela tivesse 20 anos, fosse magra e tivesse a bunda empinada, já teria contrato assinado por uns 10 anos e estaria na capa de todas as revistas.
Daqui a pouco, cansam do underdog e colocam uma Carrie Underwood da vida em foco, afinal, uma mulher de 47 anos já não tem chances no mainstream. Ela é só mais uma plain old jane que, por acaso canta.A não ser que eles façam o "extreme makeover cosmético" nela. Se bem que, mesmo nessas condições, acho difícil que ela emplaque nos moldes "tradicionais". Infelizmente, vejo a talentosa Susan de volta à mesma vida de sempre em Glasgow daqui a pouco tempo...
Lola, só uma curiosidade: mesmo quando você não responde aos comments (eu leio o blog e sei que você é uma pessoa muito ocupada), você os lê?

Anônimo disse...

"Ué, você vai se surpreender sempre. Toda vez que a gente adota uma postura preconceituosa, vai se surpreender. Porque o preconceito não se sustenta."

Foda. O texto já valeu só por essa frase, Lola.

filipe disse...

pra mim ela é linda e maravilhosa. me emocionei porque ela cantou de um jeito bem bonito. enfim, é bem essa sensação de manipulação. por mais fake que seja tu acaba chorando.

L. M. de Souza disse...

acho q nao entendi o seu texto. ou melhor, onde vc quis chegar com ele. há uma série de premissas, que acho q vc julga como falsas tb (sem dizer isso claramente): que existe uma diferença entre vencedores e perdedores; feios e bonitos; tudo isso é ideologia, e nao acho q uma pessoa q aconteceu de nao casar, nao ter filhos, e nao realizar o sonho de infancia de se tornar cantor seja um perdedor, vai ver a vida não foi legal com ela, apenas isso.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávio Amaral disse...

Fui ver o vídeo mas fiz tudo errado. Antes dei uma olhada num outro que mostra a mesma canção - só que por alguém do elenco da peça - queria conhecer, não conhecia.

Aí voltei para o de Susan Boyle e fiquei na expectativa do que viria, pronto para me emocionar.

Achei estranho que a mostrassem comendo um sanduíche feito farofeira e as 'mungangas' dos rapazes dos bastidores. Tudo parecia preparado para...o que? Consolidar o que temos de pior em ter uma primeira impressão calcada em pré-conceitos e depois ouvi-la cantar.

E quando ela cantou...bom, achei apenas razoável. Esperei a voz de anjo, o contraste e humildemente confesso que não gostei. Expressei este sentimento em outro blog e em vez de as pessoas continuarem a comentar o 'post' que lá havia, quem dizia que não tinha gostado da cantoria virava Judas.

Isso é reativação do mesmo preconceito que levaria ao 'choque'. Gosto de gente de todos os formatos. Não conheço muita coisa de TV, mas acho que ir a um programa desses é saber que há manipulação. Qual o problema de se achar que ela não canta TÃO bem assim? Por que meus ouvidos não poderiam ouvir o que ouço não importa a cara de quem canta? Por que enquadrar a mulher no formato "coitadinha" cuja avaliação precisa dar um desconto? Sem que se perceba o que há a aperfeiçoar, como ela pode se tornar uma melhor cantante para o que, claro, ela tem potencial?

Eu, hein!

Milena disse...

É, Flávio, passado o hype inicial, eu confesso que não achei que a Susan seja lá uma cantora tão genial...mas acho que ela tem uma base muito boa a ser trabalhada, especialmente se a gente for comparar com a voz dela com as "vozes" famosas que temos hoje em dia. Com estudo e aperfeiçoamento, eu acho que a Susan poderia se tornar uma cantora excelente. O problema, para mim, e que você também expôs, é que ela só conseguiu destaque na mídia por causa dessa ridícula cultura do "coitadinho". Já li vários artigos sobre ela em jornais ingleses e me choquei com a maneira como essa mulher está sendo usada pelo imprensa e como o público em geral é facilmente convencido por tudo que vê na TV. Nesses tempos de crise econômica, é muito conveniente para a mídia encontrar uma história dessas para dar "esperança" a todos os "coitadinhos" do mundo. Não foi por isso que Slumdog Millionaire ganhou o Oscar esse ano?
Pura manipulação. E o pior é que o povo nem percebe. Já vi fanáticos chamando ela de "anjo", dizendo que "ela mudou o mundo", que ela é a "melhor cantora do mundo", tanto absurdo que só rindo mesmo.
Vamos com calma, né, pessoal? Se ela abrisse a boca lá e tivesse sido gongada, todo mundo estaria chamando a mulher de feia, de monstro, etc. Essa hipocrisia do público me enoja.

Luis Henrique disse...

A divisão das pessoas em _winners_ e _losers_ nada mais é do que a expressão social da lógica perversa do capitalismo. É a linha que separa a casa-grande da senzala no âmbito das relações humanas.

Eu fui discriminado desde o primeiro dia na escola por ser o único garoto da classe que não jogava futebol. É o equivalente masculino da 'feiúra' para as mulheres, um verdadeiro estigma social.

Quando à Susan, concordo 100% com a Milena - é deixado aos _losers_ o papel de servir como entretenimento barato para os _winners_. Ela virou um mero instrumento para dar audiência na telinha.

Anônimo disse...

artigos sobre o assunto:

http://www.harpyness.com/2009/04/17/heartwarming-or-heartbreaking/#more-4941

http://jezebel.com/5215015/susan-boyle-has-come-to-save-us-from-our-shallowness

Babi disse...

oi lola, nao sei se ja comentaram isso, pq nao tive tempo pra ler todos os comentarios, mas fizeram a mesma coisa com o cara que ganhou a primeira edicao do programa, ele era mecanico, gordo, feio, com os dentes podres, e quando cantou Nessum Dorma (http://www.youtube.com/watch?v=MFY89Lz0btM) todos ficaram de boca aberta! com ele sim, eu quase chorei, pq realmente cantou extraordinariamente bem... parece q eles só recontaram a mesma historia, mas dessa vez com uma mulher...

L. disse...

Olá, Lola.
Conheci hoje o seu blog, a partir da indicação de um amigo deste post sobre a Susan Boyle.
Sou fã desses "reality" shows musicais. Acompanho vários, pesquiso no YouTube, baixo as apresentações, tenho as versões cantadas no meu aipode. Adoro, mesmo.
É claro que o programa, como qualquer outro na TV comercial, é feito para provocar emoções e despertar afetos. É narrativo no que há de mais pérfido na definição; manipula, constrói o "show de realidade" necessário para seduzir a audiência. Não é isso, afinal, que buscam (e querem) os telespectadores todos, em alguma medida? Essa "magia" artificial, essa ilusão de redenção, essa perspectiva de CHANCE no mundo dito "real"? Eu acho que sim, vide qualquer ficção romanceada (das novelas enlatadas ao formato de transmissão de eventos esportivos).
Dito isso, prefiro me autoalienar um pouco, na frente da TV, e me deixar emocionar pela apresentação da Susan. Linda, tocante, milimetricamente planejada para nos fazer chorar, vibrar, torcer.
Faz bem, também, a gente baixar a guarda e se deixar sentir, simplesmente. Sem, claro, esquecer da importância de manter, apropriadamente, o senso crítico.
Um abraço!

DIARIOS IONAH disse...

Lola, comecei a ler o livro,
O Homem sem qualidades do Robert Musil,
e fico pensando se ja n~ção esta mais do que na hora d eescrever
A MULHER SEM QUALIDADES,
a aprtir desta novissima geração de mulheres ocas, vazias futeis e tendentes a embriagez alcooloca, esta que acham que viver nos bares a noite cpompetindo como os machos eh a emancipação feminina....

Marivone disse...

Interessante é que ninguém comentou que só esse programa deu a ela a oportunidade. Sendo sensacionalista ou não, ela mesmo informa que cantava em feiras, corais, concursos locais, mas, mesmo assim, ninguém nunca a "descobriu". Entende? Podem falar o que for, mas o programa tem seu mérito, mesmo com o Simon fazendo suas críticas desconstrutivas. Tem seu mérito pelo fato de que ouve qualquer pessoa que chegar alí dizendo querer/saber/sonhar/ter vontade de ser cantor ou cantar.

De tudo que eu percebi naquela apresentação, o mais triste pra mim foi isso: ela tentou mostrar seu talento e ninguém a apoiou por sua imagem. Não foi um caso dela ter se escondido todos esses anos. Ela foi realmente ignorada.

Isso dói bastante.

Eu fui uma Susan minha infância toda, minhas adolescência toda... E o que a gente aprende depois de um tempo, depois de tanto levar porrada, é que pouco importa o que dizem, se é ridículo ou não, "Já que ninguém repara" temos "a liberdade pra fazerem o que quiser. Inclusive roubar mercadorias numa loja" (Amei a citação).

lola aronovich disse...

Jac, não desapareça, não. Essa é a intenção do troll: insultar e afastar os leitores. Espero que ele não apareça mais. Mas, se ofender alguém, será deletado. Aconselho que vc passe por cima.


Kaká, obrigada pelos elogios e por virar minha “fã de carteirinha”. Seja bem-vinda e apareça sempre!

lola aronovich disse...

André, adorei o seu comentário e deixei um convite pra vc lá no seu blog. Eu quero um guest post seu!


É verdade, Milena, tem a parte da pena sim. Mas o que é menos pior pro underdog? Ser alvo de pena ou de chacota? Ser totalmente ignorado ou o “falem mal mas falem de mim”?
Sim, claro que leio TODOS os comentários, embora, infelizmente, falte tempo pra respondê-los. Eu dou uma olhada no blog a cada hora, mais ou menos. E aí já leio os comentários.

lola aronovich disse...

Flávio, eu sou muito leiga pra música, mas minha impressão foi que a Susan canta muitíssimo bem. Mas, de fato, pra edição do programa, o mais importante foi que ela surpreendeu. Todos esperavam que ela seria ridícula, e aí ela começa a cantar, e bem. Só o fato d'ela não ter sido “gongada” já a faz uma vitoriosa nesse contexto. Espero que ela possa se aperfeiçoar.


Luís Henrique, é, pega mal menino não jogar futebol no Brasil. Meninos têm que ser atléticos e competitivos em pelo menos algum esporte. Isso não só aqui, mas em todo lugar, acho. É uma droga, né?

lola aronovich disse...

Bárbara, esse é o Paul Pots, não é? Mas é interessante notar com a edição da apresentação dele foi totalmente diferente da da Susan. Não houve risinhos, gente tirando sarro dele antes d'ele cantar. E, por ele ser homem, sua aparência não tem nem metade da importância que tem pra Susan.


L, seja bem-vinda! Claro, um programa de TV busca a audiência. E os editores/produtores do Britain's Got Talent fizeram um ótimo trabalho com a Susan. Não acho que eles imaginavam que o programa iria ser tão visto e falado. Imagina, um monte de gente como eu, que nunca sequer tinha ouvido falar no troço, agora o está comentando. É o sonho de qualquer programa de TV. Só acho que a gente precisa estar atenta. Sei que parece bobeira ter que dizer isso, mas um monte de gente não vê a manipulação da mídia. Tem gente que acredita que, porque a TV está mostrando desse jeito, é porque foi assim que aconteceu. Essas pessoas creem em verdade absoluta também. Ué, a câmera manipula, só mostra o que quer mostrar, e a edição completa a manipulação. Pensa só o que seria a apresentação da Susan sem todas as “preliminares”, o pessoal olhando feio pra ela, balançando a cabeça, e depois essa mesma gente se emocionando e aplaudindo de pé. Não teria o mesmo efeito de jeito nenhum. Acho que os editores foram muito felizes no que fizeram. Devem estar comemorando até agora.

lola aronovich disse...

Interessante, Marivone. É verdade: bem ou mal, o programa lhe deu uma oportunidade. Não conheço a história da Susan, então não sabia que ela já havia tentado cantar várias vezes. Isso me lembra um senhor que conheci em Detroit. Ele era faxineiro do meu andar na faculdade, um negro muito simpático. E tinha uma voz ma-ra-vi-lho-sa. Não sei se sabia cantar, mas era uma voz grossa, dessas impossíveis de ignorar. Eu achava um desperdício que alguém abençoado com aquela voz fosse faxineiro (com todo o respeito aos faxineiros). Uma vez eu perguntei pra ele se ele já havia tentado ser locutor de rádio ou TV. Eu o imaginava no mínimo dando voz a trailers de cinema, sabe? Ele disse que já falaram isso pra ele, mas precisava ter curso de ator e tal. Uma pena.
Acho que o componente da sorte não pode ser ignorado. Tem vezes que a sorte aparece e os nossos talentos não são desperdiçados. Sem menosprezar o talento da Susan, acho que ela também teve sorte. Deve haver milhares de pessoas inscritas nesses concursos de canto. Ótimo que ela tenha conseguido chegar até a seleção.
E não estou fazendo apologia nenhuma ao crime, mas entendo o lado da Kathy Bates em A Sete Palmos: a sociedade nos ignora porque já passamos da idade “certa” de ser mulher? Então vamos nos vingar. Vamos usar nossa invisibilidade pra roubar o sistema. Quer dizer, acho que não funciona muito bem, mas entendo.

Anônimo disse...

De tudo o que li na internet sobre o assunto, este texto foi o mais lúcido, o unico que tocou onde eu achava que deveria tocar todos os que falaram sobre Susan Boyle!

Infelizmente nada mudará. Como disse um grande ser humano que passou por aqui "É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito"

Anônimo disse...

Nossa... Queria que vc me visse agora levantando e aplaudindo! Volta e meia leio seus textos, críticas de cinema e nunca parei para comentar, mas esse realmente mereceu! Quando assisto a esse vídeo (e realmente vale a pena ser assistido várias e várias vezes, pois a mulher manda muito bem), vejo as pessoas se surpreenderem com o vozeirão e se emocionarem porque ela é feia e gorda, mas tem a voz linda! Prenderam-se ao fato de não ser dotada de beleza e cantar bem, como se fosse uma espécie de compensação divina!
Concordo com um comentário que li por aqui, estamos precisando de mais Susans para mostrar para o mundo que isso é muito mais normal do que parece! E que beleza física, definitivamente, é só a embalagem!
Bjos!
Luciana Lopes

kelly marciano disse...

ok... eu não chorei, mas me emocionei com a apresentação dela.
acho sim, que é tudo armado, não armado no sentido de ser mentira. armado como tudo em tv, cinema, etc... preparado, feito pra emocionar, pra tirar o máximo da situação existente.
quanto aos 47 anos da susan, o crepúsculo da vida, essas bobagenns todas: bem, acabei de fazer 40. sinceramente, não me preocupo com minha idade, até porque de nada adiantaria me preocupar, não é algo que posso mudar. gosto dos meus 40 anos. mas sinto as pessoas me olharem de modo diferente quando sabem que tenho 40. me verem como alguém que não tem mais o direito de sonhar, que já passou da idade de fazer planos. eu pretendo viver ainda muitos anos e acho que sempre é tempo de fazer planos e sonhar...

Lolla disse...

Sinceramente, da primeira vez que o vi o vídeo fiquei me perguntando de onde vinha a cara sarcástica dos jurados e da platéia. Ela não é velha (47 anos? Fala sério. Ou será que é proibido chegar aos 47 sem Botox?), não é gorda (sinceramente ela tem um biotipo normal de dona de casa britânica) e nem apavorantemente feia (a Inglaterra nunca foi um celeiro de beldades anyway). Achei uma senhora normal, normalmente vestida (falaram mal até da roupa, que eu gostei e achei digna) e com uma bela voz. Where's the big deal?

Lembra quando me assustei, por ocasião das gordinhas barradas na boate em Jersey, quando percebi que o mundo na verdade ODEIA as gordas? Pois é. Acho que me assustei de novo.

Thiago Lasco disse...

Lola, que post mais espetacular! De longe, o melhor que já li sobr eo 'caso Susan'. Não pude deixar de linká-lo no final do meu post, recomendando-o aos meus leitores. Vou dar mais uma sapeada no seu blog, vc escreve muito bem! Beijos.