terça-feira, 3 de agosto de 2021

TODOS NÓS QUEIMAMOS BORBA GATO

No mais recente protesto Fora Bolsonaro, realizado em várias cidades brasielras no dia 24 de julho, a horripilante estátua de 13 metros do bandeirante Borba Gato, em Santo Amaro, São Paulo, foi incendiada. Ela passa bem. Alguns dias depois, recebeu um pouco de tinta. Ficou menos feia. Mas não alivia o genocídio de indígenas e negros que ela representa.

Em represália, fascistas picharam uma das homenagens mais famosas a Marielle Franco, um escadão que leva o seu nome, também em SP. Jogaram tinta vermelha, escreveram "666" (mais um símbolo nazista) e "viva Borba Gato", e desenharam um pênis na boca. Também jogaram tinta vermelha num monumento da Carlos Marighella. Felizmente, um grupo de artistas reparou o escadão Marielle no dia seguinte. 

A discussão sobre heróis e heroínas que merecem ser homenageados continua, assim como o que é ou não vandalismo. Recomendo a assinatura do abaixo-assinado criado pela vereadora Luana (Psol-SP), que propõe substituir a estátua de Borba Gato por uma da líder quilombola Tereza de Benguela. Reproduzo este texto de Fran Rodrigues para o Juntos.

Precisamos falar sobre a adoração por estátuas de torturadores e escravistas no Brasil e no mundo.

Em 2020, ano marcado pela luta antirracista nos Estados Unidos e em todo o mundo após o brutal assassinato do George Floyd por um policial branco em Minneapolis.

Naquele momento, manifestantes dos atos antirracistas  nos ensinaram que lugar de estátuas que homenageiam escravagistas é no lixo e não enfeitando a cidade.

As manifestações aqui no Brasil contra o governo genocida de Jair Bolsonaro estão cada vez mais fortes e precisamos potencializar as lutas do povo nas ruas ainda mais.

Já somos milhões nas ruas desde a primeira manifestação. O povo pede socorro, já são mais de 550 MIL VIDAS perdidas para o vírus que o presidente escolheu como seu aliado. 

No penúltimo sábado (24 de julho), novamente manifestantes foram às ruas em todo o Brasil gritar fora Bolsonaro. Mas o que o sistema opressor, que vangloria torturadores e escravagistas, não esperava era que manifestantes na cidade de São Paulo, uma das principais capitais do Brasil, colocariam fogo na estátua que homenageia Borba Gato. 

O Brasil viu queimar a estátua de mais de 13 metros de altura em um local de forte fluxo de pessoas. 

Borba Gato foi um líder bandeirante que caçava indígenas para escravizar e lucrar com o trabalho desse povo entre 1674-81. Não foi herói e nem nunca vai ser e por isso não merece homenagens em nenhum local nesse país. 

Assim como o atual presidente da república, Borba gato não passou de um genocida que massacrou o povo indígena. 

O problema é que homenagear escravistas nas ruas é algo muito importante no país que segue massacrando o povo indígena e nós não podemos permitir isso. Queimar a estátua de Borba Gato foi um ato revolucionário.

Assim como nos Estados Unidos, os manifestantes fizeram história derrubando estátuas de escravagistas, mostrando que esses que escravizaram negros e indígenas não nos representam e o lugar deles é no lixo ou em chamas, como aconteceu em São Paulo no dia 24 de julho.

Vivemos no país que se comove mais com a queima de uma estátua do que com a vida de milhares que morrem por dia. Vivemos no país que se comove mais com a queimada de uma estátua do que com operação policial em Paraisópolis que tirou a vida de 9 jovens periféricos. A Amazônia está em chamas há tempos e não vimos tamanha comoção com as queimadas. 

Agora, após Borga Gato ficar em chamas,  o prefeito se pronunciou  para dizer que “a reforma no momento será custeada por um empresário”. Essa é a importância dada para aqueles que escravizaram. 

Lutar não pode ser considerado vandalismo! E claro que a perseguição contra aqueles que manifestaram sua indignação já está sendo colocada em prática. No dia 26 de julho, foi decretada a prisão do entregador antifascista Galo e sua companheira Gessica. [Gessica foi solta na sexta, dia 30 de julho. Galo segue preso].

Nós que lutamos pela democracia neste país, temos a tarefa de mobilizar para que Galo e Gessica sejam libertados. É inaceitável que um criminoso como Borba Gato tenha uma estátua em uma das maiores capitais desse país e aqueles que lutam por uma mundo mais justo sejam detidos pelo estado.

 Lutar não é crime. vandalismo é escravizar alguém!

15 comentários:

Anônimo disse...

Além de homenagear um genocida, essa estátua do Borba Gato é feia de doer, credo!

titia disse...

Você percebe que tem algo MUITO errado com um país quando os homenageados são da (rastejante) categoria dos homenageados aqui no Brasil. Mas, tipo assim, o pessoal está certo de reclamarem por terem tacado fogo na estátua. Não serviu pra nada, não ficou nem uma manchinha, nenhum arranhão. Tinham é que ter dado um tiro de bazuca nessa porra.

Anônimo disse...

Gente, as pirâmides do Egito foram construídas com mão de obra escrava.

Assim como boa parte dos monumentos antigos.

A arquitetura e a arte contam histórias. A nossa história, e ela nem sempre foi bonita ou digna de orgulho.

É o mesmo que se recusar a ler alguns clássicos da literatura porque o autor tinha uma vida pessoal que não condiz com o que achamos correto.

Borba Gato fez parte da nossa história, fazendo coisas ruins e boas.
Zumbi dos Palmares escravizava tinha seus próprios escravos.

Acho que não devíamos queimar coisas, como se não tivessem acontecido.

ALícia

Anônimo disse...

A resposta mais coerente sobre o ocorrido. https://youtu.be/047Q8CqqSVk

Anônimo disse...

17:59 Alicia não é aquela que falou que "não votaria no Haddad, mas daria tudo certo"? Taí Bolsonaro eleito, graças a pessoas que acham que dá para comparar Borba Gatos a Monteiros Lobatos. 550 mil mortes. Deu certinho.
Não há algo de bom que um bandeirante possa ter feito. O Brasil foi construído em cima de genocídio. E eram os borbinhas os soldados desse extermínio.
Todos nós somos uns merdas, mas alguns de nós escreveram bons livros. Alguns de nós nunca mataram nenhuma pessoa. Nem torturaram.
E... todos nós somos pessoas ruins, mas alguns de nós não votaram em genocida. Nem anularam o voto, dando uma de classe média sofre...

Mihaelo disse...

O lugar adequado para estátuas de escravistas e genocidas é nos museus, como fizeram os ingleses com a de Edward Colston no ano passado. Os museus têm condições adequadas para realizar as atividades educativas tanto para o público escolar como aos adultos. A maioria dos museus têm educadores de museus, museólogos e conservadores qualificados para realizar as atividades pedagógicas contextualizadas de modo a conscientizar a população. Museu não é somente "lugar de coisa velha" como a maioria das pessoas costuma se referir. E disso entendo bem, pois sou graduado em museologia. Infelizmente a cultura está sendo abandonada cada vez mais pelo governo, e novos incêndios em instituições culturais, como ocorreu recentemente com a Cinemateca brasileira, continuarão acontecendo.

Anônimo disse...

Alicia

Você está no lugar errado, assim repete coisas "faladas" sem ser ou apresentar fonte segura. Coisas semelhantes a isso aí escrito estão em vídeos do Olasno boca de peido do Caralho, do músico frustrado piramideiro no YouTube, você deveria ir por aquelas bandas comentar este tipo de coisa, renderá muitos likes e comentários positivos, pois o que não faltam em redes sociais, plataformas são pessoas mal informadas, gente trouxa, otária.

Anônimo disse...

Apagar uma história pra colar uma outra historinha labradora ñ é o certo! Os fatos que moldaram a humanidade ñ passam a NUNCA terem existido se vcs queimarem um símbolo. Hitler e o nazismo ñ deixarão de ter existido se vcs queimarem Treblinka e plantarem flores no lugar. A história ñ tem como ser apagada. O que aconteceu, aconteceu e já era. Serve de lição, pra talvez ñ se repetir. Colocar uma mentira no lugar é burrice, é jogar a sujeira embaixo do tapete.

Anônimo disse...

Concordo com vc, anon das 17:59, e DISCORDO totalmente do anon das 19:17h.

Alan Alriga disse...

Concordo totalmente com você.

Anônimo disse...

Existem vias legais para chamar a atenção ao tema e pleitear mudanças ou retiradas de monumentos e estátuas. Propor o debate e trazer a população para discutir o assunto deveria ser o caminho. Mas isso dá trabalho e pode demorar, porém a cidadania assim é. Apenas uma reflexão.

Anônimo disse...

Não queremos apagar a história e fingir que coisas que aconteceram não aconteceram. Parem de se projetar dessa forma desonesta. Só não queremos que pedaços de bosta podres e repulsivos sejam vangloriados, idolatrados, homenageados, reverenciados, etc. como pelo visto vocês adoram fazer e se incomodam se alguém não faz... tsc

Anônimo disse...

mas assim, o borba gato não era um bandeirante escravistas, ele era um prospector, ou seja, queimaram uma estátua por nada já que a bandeira do tio dele era pra pegar minérios e não índios, além de danificar o patrinmônio público, fizeram por nada.

Anônimo disse...

O ponto não é tentar o impossível que é mudar o passado, reaças; mas sim construir um futuro diferente para que lixos sejam corretamente vistos como desnecessários e descartados, não homenageados, glorificados, santificados, endeusados ou vistos como exemplos a serem seguidos eternamente, conservadores de merda.

Anônimo disse...

Só uma pequena observação - não sabia que o 666 tinha sido adotado pelos neonazis, pra mim, na pichação, estavam chamando a Marielle de satanista ou algum outro delírio à moda olavista.