segunda-feira, 16 de agosto de 2021

A DERROTA DOS EUA, O TALIBÃ DE VOLTA, E O DESESPERO DAS AFEGÃS

É terrível ver o que está acontecendo no Afeganistão. As imagens de pessoas desesperadas correndo para o aeroporto para tentar fugir do país agora que o Talibã tomou a capital Cabul são assustadoras. Pior ainda quando lembramos o que o Talibã representa para as mulheres e outros grupos considerados minoritários, como LGBT ou gente de outras religiões que não a muçulmana.

Mas vamos por partes. Vou tentar reunir neste texto um pouco do que andei lendo sobre a situação desse país da Ásia Central com cerca de 34 milhões de habitantes. Mesmo pequeno, ele fica próximo a potências mundiais como China, Rússia, Irã e Índia. Logo, o que acontece lá pode afetar toda a (des)ordem mundial.

Não vou nem tentar resumir a história do Afeganistão, mas vale lembrar que esses vinte anos de ocupação militar americana (no mês seguinte ao 11 de Setembro de 2001, os EUA invadiram o país) não foram novidade. Durante a Guerra Fria, em que EUA e União Soviética disputavam cada território como se estivessem num tabuleiro de War, os soviéticos invadiram o Afeganistão. Entre 1979 e 1989, os soviéticos dominaram os afegãos. Enquanto isso, a CIA treinava e armava rebeldes e milícias para derrotar os soviéticos.  

Por incrível que pareça, esse período da dominação soviética foi aquele em que as mulheres afegãs tiveram mais igualdade em sua história. Durante essa era, os direitos das mulheres eram apoiados tanto pelo governo afegão quanto pelos soviéticos, que eram contra véus e burcas e a favor da educação compulsória para todas as meninas (incluindo as da zona rural). Foi nessa época que foi criado o Conselho das Mulheres Afegãs. Não estou apoiando a invasão e ocupação soviética, assim como não apoio a americana, só descrevendo um fato. 

Pouco depois dos soviéticos saírem, começou uma guerra civil. Os talibã (que significam estudantes) surgiram em 1994, para implantar a sharia, a lei islâmica. Em novembro daquele ano tomaram Kandahar, a segunda cidade mais importante do país. Seus primeiros decretos atingiam diretamente as mulheres: forçadas a usar burcas, foram proibidas de trabalhar fora de casa, de ir a escolas, de serem atendidas por médicos homens (o que, na prática, queria dizer que não teriam atendimento médico, ponto), de usar sapatos, de fazer barulho ao caminharem etc. A penalidade para calcanhares descobertos era o chicote. Para sexo fora do casamento, morte por apedrejamento. 

Em setembro de 1996, o Talibã -- que exige que as famílias entreguem meninas e mulheres solteiras para se tornarem esposas de seus combatentes -- capturou a capital Cabul. Seu governo foi reconhecido por somente três países (Emirados Árabes, Arábia Saudita e Paquistão). Assim que tomaram o poder, proibiram todas as mulheres de trabalhar. Imaginem o caos: um quarto dos serviços civis de Cabul, todo o ensino e grande parte dos serviços de saúde dependiam das mulheres. 

As escolas femininas foram todas fechadas. Mulheres não podiam sair de casa sozinhas, sem a companhia de um parente homem. As janelas tinham que ser pintadas para que ninguém enxergasse as mulheres dentro da casa. Até a burca afegã é ainda mais restritiva que as outras -- a rede que cobre os olhos é mais apertada. Televisão, cinema e esportes também foram banidos. Todos os dias eram anunciadas novas proibições. Todos os homens tinham que usar barba, por exemplo.

Assim como na Arábia Saudita (eterna aliada dos EUA), foi criada a polícia de "Prevenção do Vício e Promoção da Virtude". Uma das funções era fiscalizar o único hospital em Cabul em que as mulheres podiam ser tratadas, sempre acompanhadas de um parente homem. Os médicos homens não podiam tratar ou examinar as mulheres, e as médicas mulheres haviam fugido. 

Por causa de tantas guerras, havia mais ou menos 30 mil viúvas em Cabul. Elas perderam a pensão. Sem parentes do sexo masculino, viraram mendigas. Até 2018, havia pelo menos meio milhão de viúvas no país todo. Hoje, são 2,5 milhões. Num país que considera que mulheres dependem dos homens, as viúvas constituem um dos grupos mais vulneráveis. 

Depois do ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001, as tropas dos EUA invadiram o Afeganistão para tentar capturar Osama Bin Laden. Foi fácil derrubar o Talibã. Tanto que o presidente Bush Jr decidiu invadir também o Iraque, que nada teve a ver com o 11 de Setembro. Com isso, o Talibã se infiltrou na fronteira com o Paquistão, reagrupando-se principalmente a partir de 2004. 

Os EUA prometeram que sua maior intenção com a invasão era restaurar a democracia e os direitos humanos no Afeganistão. Não era, óbvio. Era pegar Bin Laden. E os EUA fracassaram até nisso. Só em 2011, dez anos depois da invasão ao Afeganistão, o terrorista foi assassinado -- no Paquistão. E nem assim a Al Qaeda acabou.

Os atentados terroristas promovidos pelo Talibã continuavam, com a alegação de serem contra a "corrupção moral, mistura de sexos e promoção dos valores ocidentais". Na época, um porta-voz do Talibã em Catar negou violação dos direitos das mulheres. Ele disse que o grupo defende que as mulheres tenham "todos esses direitos dentro dos valores islâmicos e afegãos". Ou seja, zero de direitos.

Os EUA, cansados da mais longa guerra de sua história (a do Vietnã, que eles também perderam, durou oficialmente onze anos), em 2018 começaram negociações de paz com o Talibã. As feministas afegãs (sim, é lógico que existem feministas no Afeganistão; existem feministas em todo lugar) foram afastadas das negociações de paz por imposição do Talibã. Elas acusaram as negociações de excluírem direitos das mulheres, direitos humanos, ou sequer a preservação da Constituição do país, que garante direitos iguais. E isso que estudos da ONU provam que, quando mulheres participam de negociações de paz, um acordo tem 35% mais chances de ser cumprido. As feministas afegãs sempre avisaram que as condições das mulheres iriam se agravar se o Talibã voltasse. 

A RAWA (Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão) afirmou: "as conversações de paz com os Talibãs são insignificantes, hipócritas e simplesmente ridículas. Temos os talibãs de um lado, que são criminosos medievais, do outro, o regime fantoche composto pelos irmãos de credo dos Talibã, e o terceiro ator, os EUA, que é o criador de ambos". 

"É muito importante termos a paz, mas um tipo de paz que vai nos ajudar a continuar, não ao custo de perder o que conquistamos até agora", já dizia uma feminista afegã em 2018. "Não estamos pedindo para os EUA lutarem a batalha por nós. Estamos pedindo que os EUA nos apoiem enquanto nós lutamos para proteger nossos direitos", disse outra, três anos atrás. Onde estavam as prioridades americanas? Não na melhora da vida das mulheres, seguramente. Até o final de 2019, os EUA haviam gastado quase mil vezes mais em suas ações militares do que no auxílio para os direitos das mulheres.

Em fevereiro do ano passado, EUA e Talibã assinaram um tratado para "trazer a paz". Isso incluía a retirada das tropas americanas e da OTAN, a promessa do Talibã de impedir a Al-Qaeda nas suas áreas, e conversações entre Talibã e governo afegão. Desde abril deste ano, quando Joe Biden anunciou a retirada de todas as tropas, o Talibã foi conquistando mais e mais distritos. No final de junho, já controlava 157 dos 398 distritos do país. Ontem, tomou Cabul (a CIA previa que o Talibã entrasse em Cabul em três meses. Foi antes mesmo dos EUA retirarem suas tropas). Agora, quer proclamar a ditadura teocrática totalitária islâmica do Emirado Islâmico do Afeganistão. 

Toda a ação dos EUA nos últimos anos foi desastrosa, culminando na retomada do Afeganistão pelo Talibã. Vinte anos de guerra e um trilhão de dólares depois, Joe Biden declarou: "Fui o quarto presidente a presidir com tropas americanas no Afeganistão -- foram dois republicanos e dois democratas. Eu não iria, e não irei, entregar esta guerra para um quinto".

A Nobel da Paz Malala Yousafzai manifestou sua preocupação com o que acontecerá com as minorias do Afeganistão com a volta do Talibã. Ela não é afegã, mas paquistanesa. Ainda assim, foi vítima de um atentado realizado pelo Talibã em 2012, um tiro na cabeça ao voltar da escola de ônibus. Seu crime: defender o direito das meninas à educação. A primeira prefeita mulher no Afeganistão, Zarifa Ghafari,  já avisou q o Talibã vai matá-la. Uma das notícias mais comentadas foi a de professores e professoras se despedindo das alunas universitárias, sem saber o dia da amanhã. 

Um porta-voz do Talibá já prometeu: "Na nossa sharia é claro: para quem tem relações sexuais e não é casado, a pena é de 100 chicotadas em público. Quem rouba deve ter as mãos cortadas". E: "Se não renunciarem à cultura ocidental, teremos que matá-los". Como alguém, de esquerda ou de direita, pode comemorar a vitória de um grupo fundamentalista? Ponham-se no lugar das meninas, mulheres e LGBT do Afeganistão. É puro Gilead. 

As mulheres e os LGBT que vivem no Afeganistão certamente devem estar comemorando o fim da opressão

O Afeganistão é um país miserável. O PIB aumentou durante a ocupação americana, mas isso não quer dizer grande coisa. Só que mais gente com dinheiro estava no país. Ao sair, levam o dinheiro. A condição das mulheres, e da população em geral, é horrível. Mas claro que houve avanços nesses vinte anos (apesar dos 241 mil afegãos mortos na guerra). A Universidade de Cabul foi reaberta após a queda do Talibã (só que agora em maio, bombardeios do Talibã a escolas de meninas em Cabul mataram mais de 85 pessoas, já indicando que os acordos de paz não seriam cumpridos). 

As conquistas que agora estão sob ameaça com a volta do Talibã são muitas. Na política, atualmente, 27%  da Câmara é dedicada às mulheres. Mulheres podem votar, dirigir carros, e participar das Olimpíadas. Também existem mulheres ministras, mulheres diretoras de ONGs, mulheres juízas, milhares de mulheres chefes de família. 3 mil postos de saúde foram criados, e a mortalidade materna caiu 40%.

Mulheres conseguiram incluir seus nomes nas certidões de nascimento dos seus filhos. Essa foi uma conquista das mulheres afegãs apenas no ano passado, através de uma campanha internacional chamada #WhereIsMyName (onde está meu nome?). 100 mil mulheres conseguiram chegar à universidade. 

Mas, como o país patriarcal que é, a violência doméstica e os "crimes contra a honra" continuam. Mesmo proibidos em 2016, os testes de virgindade continuam sendo realizados. Dependendo do resultado, a mulher pode ser presa ou executada. O Afeganistão não deixou de ser um dos piores países para ser mulher.  

Cinco meses atrás, no dia 8 de março, a RAWA acusou os EUA de impedirem "o estabelecimento de uma democracia, os direitos das mulheres e a independência e progresso do nosso país. [...] Esta traição do governo americano, embora custosa para as pessoas do Afeganistão, também tem seu aspecto positivo: nosso povo percebeu que a promessa dos EUA para instalar democracia, direitos das mulheres e progresso em qualquer país, incluindo o Afeganistão, é uma mentira descarada". 

Toda a torcida e sororidade as nossas irmãs afegãs para que consigam vencer as opressões de uma vez por todas.

27 comentários:

Jane Doe disse...

"Como alguém, de esquerda ou de direita, pode comemorar a vitória de um grupo fundamentalista?"
Simples: para os cristãos fanáticos eles reptesentam tudo o que a igreja medieval já foi e tudo o que que eles gostariam de voltar a ser. E a esquerda condena os cristãos radicais mas cai de joelhos para os islâmicos pois eles representam o "oprimido lutando contra o opressor". As mulheres e a as meninas? Elas são o cordeiro de Deus/Alá. Elas são as ferremantas da revolução. Elas deveriam ser gratas pela oportunidade de serem vendidas e usadas como gado pra promover a "justiça social".
Elas tinham mais direitos na época da URSS? Pode até ser. Porém governos "progressistas/esquerdiatas/comunistas não pensariam 2x em tirar TODOS os direitos conquistados pelas mulheres no ocidente se isso servir a causa (e com aval de boa parte do feminismo).

Anônimo disse...

Sobre os EUA no Afeganistão:
Li em outro lugar que agora que eles aprenderam um refinar Heroína não é mais interessante para eles ficarem Por la.

Agora sobre mulheres e Uber:

https://fb.watch/7qBx884NX2/

Lu disse...

Muito pesada toda essa história. Dá muita angústia o rumo que o mundo anda tomando...

Léia disse...

Tudo muito opressor! O que mais me chocou foi a informação de que mulheres não tinham o direito de colocar seu nome na certidão de nascimento dos filhos! Como pode uma coisa dessas?

Anônimo disse...



A decisão precipitada de Biden jogou 20 anos no lixo. Claro que uma hora as tropas americanas deveriam deixar o Afeganistão, e isso vinha sendo planejado desde Bushinho. Essa era a vontade da maioria do povo americano, aliás.

Mas a forma como foi feito me pareceu bem amador. Calcularam mal as intenções do talibã, um grupo político armado que acolheu terroristas da al quaeda. São a escória do mundo que agora detém armamentos de guerra da ponta, deixados pelos americanos lá. Inacreditável e inaceitável o que Biden fez.

Inaceitável também - mas não surpreendente -, que China e Russia, nações que historicamente (e nem tão historicamente assim) não tem apreço algum pelas liberdades individuais, estão prontas para reconhecer o novo governo, certamente serão parceiros. Outra escória do mundo. A exportação de terroristas vai bombar, aguardem.

Alícia

James disse...

E ainda tem gente que fala que o Brasil é um dos piores países do mundo para ser mulher.

Alan Alriga disse...

"Era pegar Bin Laden. E os EUA fracassaram até nisso" na verdade não, os EUA sabiam onde ele estava deste a primeira invasão americana, só demoraram de propósito para assim poderem fazer todo um desenvolvimento tecnológico militar, coisa essa que só pode ser feita com aprovação da população, ao contrário de outros países mundo afora que não precisam de aprovação da maioria da população.

E sim os EUA vão retornar para lutar nessa guerra novamente, e sim eles vão levar anos para vençer, pelo simples fato de que eles precisam desse enorme campo de testes militar perfeito. Só que quando eles retornarem será para testas os seus drones terrestres, principalmente os primeiros protótipos de "T800" americanos, para ver se realmente colocar músculos de carne nos seus robôs realmente vai servir para alguma coisa de fato.

E não a direita não está comemorando a volta do Talibã, só a esquerda brasileira que defendem terroristas, assassinos, ladrões, traficantes, e por aí vai, chamando eles de vítimas da sociedade. E porque eu disse só a esquerda retardada brasileira faz isso?
Simplesmente porque as esquerdas de outros países lutam contra o terrorismo, na Europa existem grupos paramilitares formados por jovens socialistas que realmente lutam de verdade contra o terrorismo, pegando em armas e matando terroristas, e não apoiando como a esquerda retardada brasileira faz.

E outra coisa os cristãos fanáticos odeiam o islã com todas as suas forças.

Alan Alriga disse...

Jane têm youtuber socialista brasileiro que defende os bilionários chineses, além de falar que a desigualdade social de lá não é um problema real, então eu não duvido que eles também não apoiem isso, ou coisas piores como a perseguição contra feministas que acontece na China, ou os campos de estupros contra mulheres de etnias minoritárias como também acontece na China. Aqui uma matéria da BBC sobre isso.

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55932384

Anônimo disse...

Quem pode ser desgraçado o bastante para comemorar uma coisa dessas??????
Os grupos totalitários de lá estão MUITO ALÉM, ACIMA de qualquer coisa que nós ocidentais conhecemos como esquerda ou direita.

Meu coração fica pequeno imaginando as milhares de famílias sendo separadas, que provavelmente jamais voltarão a se encontrar e essas são as sortudas as que conseguiram fugir de modo desesperado, para o que ficam eu não tenho nem bagagem mental para saber como será a vida.

Izabel

Anônimo disse...

a) Lola amei o texto.

b) Sinto tristeza e impotência diante dos acontecimentos no Afeganistão e me desespero com um detalhe aquela multidão tentando deixar o país no aeroporto de Cabul não vi mulheres ou seja elas ficaram para trás nem mulheres e nem crianças.

c) Temos que pegar o Afeganistão como exemplo e lutar para que estes falsos cristãos fanáticos não avancem mais no Brasil eles representam o atraso

titia disse...

EUA financiam e armam o talibã pra fazer birra com a URSS, desgraçam o país e a vida das pessoas, voltam após algumas décadas pra causar um genocídio e depois se oferecer pra "reconstruir o país", embolsam trilhões de dólares e alguns direitos de exploração da riqueza local e então se mandam, deixando o povo à própria sorte. É, nada de novo no império dos ladrões mesmo. E claro que vão tirar as tropas do Afeganistão, precisam dar um jeito de roubar a Venezuela e a Bolívia agora. Só não fizeram o mesmo com o Brasil porque os capachos de gringo no poder DERAM nossas riquezas de graça pro capital estrangeiro.

E nessa quem sofre? As mulheres, sempre. Mulheres são a bucha de canhão, as que sempre podem ser sacrificadas pelos ideais e valores dos homens. Simone de Beauvoir já avisava que nossos direitos sempre serão os primeiros a serem questionados em qualquer crise, temos que estar sempre vigilantes. Agora que os incels islâmicos voltaram, minha esperança é que as mulheres afegãs aprendam com as mulheres de Rovaja e defendam seus direitos na bala - coisa que todas nós devíamos fazer, aliás. Se esses putos fazem questão de só entender a linguagem da violência, então vamos falar na língua deles e ver se continuam tão "machos".

Exterminador de cope disse...

Incel islâmicos? isso não existe pelo menos não no Oriente

Anônimo disse...

Jane Doe matou demais. Maravilhosa! Só li fatos. Melhor comentário.

Dica de leitura para as feministas:


"Diante da crise e da aparente imediata ruptura democrática do Estado brasileiro, existem alguns bordões circulando entre a Esquerda que sintetizam mais ou menos as seguintes ideias: “se falou ‘nem esquerda, nem direita’ é porque é de direita”; “falou em ‘terceira via’? É de direita!” O texto de Perry, abaixo, é bastante didático ao delinear como os interesses das mulheres estão além e na transversal do espectro político tradicional. Ele também exemplifica o fato de que, entre os seus supostos aliados, tanto à Direita quanto à Esquerda, as mulheres não são vistas como seres humanos completos e de direito e, portanto, não são vistas pelos homens como parceiras legítimas de luta.

Isso acontece porque um real comprometimento com a luta das mulheres não pode ser feito sem prejuízo aos interesses e prerrogativas dos homens. Nenhum dos lados do espectro político parece querer abrir mão disso."

http://radfem.info/as-feministas-devem-rejeitar-a-esquerda-e-a-direita/

titia disse...

Exterminador de cope os estupradores assassinos do Talibã são exatamente o que os incels seriam se não houvessem leis para impedi-los de escravizar, estuprar e matar mulheres. Eles falam contra o islã todo dia mas se pudessem fariam exatamente a mesma coisa que os fanáticos muçulmanos.

Alan Alriga disse...

Titia na verdade os incels apóiam o islã justamente por causa dos muçulmanos fanáticos, pois eles vêem aquela barbárie como um mundo ideal para eles.

Anônimo disse...

Onde tem homem tem "celibato involuntário", não é algo exclusivo do Ocidente. Pelo contrário, em um mundo com um crescente excesso de homens, onde faltam milhares de meninas e mulheres, devido à misoginia em conjunto com a seleção sexual de bebês que favorece a busca pelo nascimento de meninos e leva a eliminação de milhares de fetos do sexo feminino, que ocorrem com ainda mais frequência em países do Oriente.

Texto completo:

Os homens deverão ultrapassar dramaticamente o número de mulheres nas próximas décadas, descobriu um novo modelo global de proporção de nascimentos entre os sexos.

Os pesquisadores alertam que a estabilidade global de longo prazo pode estar em risco devido às “preferências culturais” por meninos em certos países. Nações com proporções sexuais distorcidas no nascimento devem “perder” mais 4,7 milhões de meninas até 2030 - um número que pode chegar a 22 milhões em 2100.

O estudo, publicado na revista BMJ Global Health, descobriu que a seleção pré-natal do sexo ajudou a distorcer a proporção dos sexos no nascimento em favor dos meninos em vários países do sudeste da Europa ao sudeste da Ásia desde os anos 1970.

Isso criará um excedente de homens jovens em mais de um terço da população mundial, com impactos sociais e econômicos desconhecidos, alerta.

A Dra. Fengqing Chao, da King Abdullah University, na Arábia Saudita, é a principal autora do estudo. Ela disse: “Menos mulheres do que o esperado em uma população pode resultar em níveis elevados de comportamento antissocial e violência e pode, em última instância, afetar a estabilidade a longo prazo e o desenvolvimento social sustentável”.

As projeções foram baseadas em um banco de dados de 3,26 bilhões de registros de nascimento de 204 países de 1970 a 2020, bem como na experiência de países que enfrentam proporções sexuais distorcidas ao nascer antes de 2021, como China e Índia, que têm o maior número de nascimentos anuais. Espera-se que o Paquistão, a Nigéria e outros países subsaarianos sigam essa tendência nos próximos anos.
A proporção dos sexos ao nascer em tais países tende a se estabilizar e então diminuir em 20 anos.

Reduzir a seleção do sexo é uma parte importante dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. A Dra. Chao acrescentou: “Isso exige estruturas legais mais amplas para garantir a igualdade de gênero”.

https://www.thetimes.co.uk/article/millions-of-girls-lost-to-sex-selection-is-global-timebomb-z8g2z0x0r

Anônimo disse...

Não é que leis impedem homens de escravizar, estuprar e matar mulheres, tanto que fazem isso em qualquer parte do mundo. O problema é maior quando eles fazem leis que os "autoriza", dá "direito" e até os incentiva e recompensa a escravizarem, estuprarem e matarem mulheres, sem enfrentarem as consequências ou mesmo um vislumbre de punição.

Exterminador de cope disse...

Mas lembre-se quem mais apoia os terrorista são o pessoal da esquerda e até agora não vi as feministas reclamando do talibã

Jane Doe disse...

Anônimo, eu já fui uma aguerrida esquerdista e feminista. Acreditava que certos grupos de fato tinham interesse em promover os direitos das mulheres, ajudá-las a sair da eterna subserviência. Aí aquele fatídico Reveillon na Alemanha aconteceu em que inúmeras mulheres foram estupradas por refugiados. De que lado ficaram os esquerdista e feminista? Dos estupradores. Afinal eram vítimas inocentes do sistema. Como se ser minoria te transforma numa espécie de criatura santa, pura e inatingível. Ser minoria, na visão de boa parte do feministo e dos "proguessistas" é ter licença pra violar mulheres pois isso não é crime - é revolução.
Eu comecei a partir daí a perceber a ambiguidade dessa p**** toda, de como a humanidade das mulhers poder ser distorcida para servir a pauta do dia. Um exemplo:
Eu acredito profundamente que a liberação das mulhers só virá através de direitos reprodutivos assegurados, o fim da santificação da maternidade e da parentagem responsável. Do aborto se é falado com mais frequência, o que já é um progresso. Mas controle pleno da fertilidade? Dessacralizar a maternidade? Instruir desde a infância que ter filhos deveria ser um ato se racionalidade, pensado e planejado? Deuzulivre não!!! Isso é genocídio! Crime contra humanidade! Afinal se não existirem lares desestruturadas, crianças em situação de abandono ou aquelas que nunca foram ensinadas o significado da palavra "não" como vamos ter novos "revolucionários"? E o motivo mais tosco de todos mas um dos mais usados - Quem vai pagar minha aposentadoria?
Eu poderia passar o dia aqui dando mais exemplos. Falar de mulheres que também abusam de mulheres, que promovem a subserviência feminina, mas né- tudo vítima inocente. Cala boca e aceita.
No fim meus amigos, é isso que nos mulheres somos: uma carcaça, um objeto para ser usado pelo grupo da vez para atingir um fim. E para lavar a louça e produzir a próxima geração de pagadores de imposto/guerreiros sociais.

Anônimo disse...

Vai capinar um lote os grupos feministas estão contra o Talibã

titia disse...

Exatamente, Alan Alriga.

23:36 é exatamente como você falou, as leis podem não impedir a violência mas se elas autorizassem ao invés de proibir seria pior.

Exterminador de cope todo mundo nesse blog tá contra o Talibã e se você procurar vai achar mais.

E a Jane Doe está certa. A escravização e a exploração das mulheres vem da nossa capacidade de engravidar, de produzir o próximo lote de explorados para sustentar os poderosos. Enquanto não nos recusarmos maciçamente a produzir novas vítimas e novos abusadores para o sistema, nada disso vai mudar.

Anônimo disse...

Progressistas estão completamente perdidos e são os principais responsáveis pelas atuais distorções e ocultações desse fato que a escravização e exploração das mulheres vem da sua capacidade reprodutiva. Já que para muitos deles mulheres não são mais quem nasce com óvulos, útero, vagina, vulva e têm a possibilidade de engravidar, gestar, parir e amamentar -- e que, de fato, fazem parte do grupo das mulheres todas as que têm essas capacidades e que realizam essas coisas para todas as pessoas que existem, já existiram e ainda vão existir. Para eles mulher também pode ser quem nasce com próstata, pênis e testículos, produz esperma e ejacula, e se disser o contrário é transfobia.

Alan Alriga disse...

Jane e aqui no Brasil mesmo, já têm feminista toktoker famosa, que já fez vídeo passando pano pra letras de funk super machistas, falando que não se pode criticar por causa da precariedade social que eles vivem, ou seja vítimas da sociedade podem fazer qualquer coisa e as feministas têm que baixar a cabeça e ficarem caladas.

Anônimo disse...

Um ponto interesse que vc levantou e o possível fato do imperialismo EUA voltar todas as suas forças para América Latina. Também acho ser o mais provável. Será um próxima década terrível!

Anônimo disse...

você prefere a rússia ou a china tendo seu "imperialismo" aqui ?

Anônimo disse...

Nao gosto de títulos defendo princípios. Não importa se o cara é negro, refugiado, deficiente estrupou uma mulher é criminoso e ponto. Por isso digo que não sou feminista e sim defensora das mulheres. É claro que não é todas as feminista que defenderam os refugiados estrupadores. a esquerda tem que deixar de ser inocente os islâmicos são tão facista quanto os cristãos fundamentalista. Por isso não defendo ideias defendo princípios. Gosto da Lola pq ela não passa pano pra estrupador.

Horácio disse...

Lendo esse artigo 18 meses depois e com a guerra da Ucrânia rolando fica impossível não entrar no modo conspiração. Com o envio de armas para o Leste europeu fica a dúvida. A política americana mudou de foco ou a indústria de armas está pivotando seus negócios?