Na penúltima segunda, dia 29/9, Donald Trump e Joe Biden se digladiaram num debate agressivo. O atual presidente, que já deu a entender que não aceitará o resultado caso não seja reeleito, foi perguntado se ele condenaria supremacistas brancos e milícias.
Trump respondeu que a violência vem da extrema-esquerda, de movimentos como os Antifa (antifascistas). E enviou um recado a um dos grupos de extrema-direita: "Proud Boys, recuem, preparem-se". Óbvio que o grupo misógino e racista, fundado em 2016, durante a campanha de Trump, sentiu-se mais orgulhoso ainda. Foi reconhecido em horário nobre numa transmissão para todo o mundo!
E mais: o que o laranjão quis dizer com "stand by" (fiquem alertas ou preparem-se)? Preparar-se para quê? Para uma guerra civil? Para o tão sonhado apocalipse?
Óbvio também que não foi só um grupo que sentiu-se revigorado. Foi toda a extrema-direita americana. O dano já estava feito.
Para compreender melhor esse episódio, reproduzo o texto de Amy Goodman e Denis Moynihan publicado no Democracy Now, com tradução de Isabela Palhares ao ser publicado na Carta Maior.
“Proud Boys (“meninos orgulhosos”), recuem e fiquem alertas”, declarou o presidente Donald Trump em seu primeiro debate presidencial com Joe Biden. O moderador da Fox News, Chris Wallace, pediu ao presidente Donald Trump que denunciasse os supremacistas brancos. Ao invés disso, Trump fez um vibrante apelo aos Proud Boys, um grupo extremista de direita que está crescendo desde 2016 e que conta com partidários de Trump que promovem abertamente a violência policial.
Uma mensagem clara do debate: Trump está desesperado para semear a discórdia no país e desconfiança no sistema eleitoral, e está recrutando justiceiros violentos para ajudá-lo. “Trump basicamente disse para irmos ferrar com eles. Isso me deixa tão feliz”, escreveu Joe Biggs, um Proud Boy proeminente, nas redes sociais.
“Está claro aos Proud Boys o que ele estava pedindo: pressão contínua, contínua violência contra o que ele está chamando de ameaça da esquerda”, disse Christian Picciolini ao Democracy Now!. Picciolini, ex-skinhead neonazista, co-fundou o Projeto Radicais Livres para prevenir o extremismo global. “Não há ameaça da esquerda... nos últimos 25 anos, extremistas de direita - todos desde neonazistas até supremacistas brancos até nacionalistas brancos – são responsáveis por quase 100% da violência, 100% das mortes e 100% do medo, da retórica e da propaganda que induz esse tipo de violência.” Dois relatórios recentes do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais indicam que entre 1994 e 2020, extremistas de direita mataram 335 pessoas nos EUA, em sua maioria pessoas de cor.
Trump afirmou durante o debate, “quase tudo o que eu vejo vem da esquerda, não da direita”, adicionou. “Alguém tem que fazer alguma coisa sobre a antifa e a esquerda.” Antifa, abreviação de antifascista, é um movimento originado nas lutas antifascistas europeias no século 20.
Essa não é a primeira vez que Trump abraça extremistas violentos de direita. Ele sugeriu que o justiceiro adolescente branco que assassinou manifestantes do Black Lives Matter em Kenosha, Wisconsin, estava agindo em legítima defesa. Ele defendeu a passeata “Unir a Direita” que amontoou neonazistas, membros da Ku Klux Klan e Proud Boys em Charlottesville, Virginia, em agosto de 2017, chamando-os de “pessoas muito boas”. Isso foi apenas três dias depois de o neonazista James Fields Jr. conduzir seu carro em direção a uma multidão de manifestantes antirracistas, matando Heather Heyes e ferindo outras 19 pessoas.
Essa semana, o The Nation reportou sobre um memorando interno vazado do escritório do FBI em Dallas que prevê um crescente potencial violento de membros do movimento Boogaloo anti-governo com “propensão à violência e à compra de armas que causam mortes em massa, usadas por um número pequeno de terroristas”. Em maio passado, David Patrick Underwood, oficial do Serviços Protetivos Federais, foi assassinado durante um protesto antirracista em Oakland, Califórnia. O suspeito principal é Steven Carillo, sargento da Força Aérea e membro do movimento boogaloo. O vice-presidente Pence relembrou Underwood em seu discurso na Convenção Nacional Republicana, culpando os protestos. Ele não mencionou que foi um grupo de extrema direita que assassinou Underwood.
Apenas duas semanas atrás, em uma manifestação em Bemidji, Minnesota, Trump soou seu apito racista novamente, dizendo à multidão quase completamente branca, “vocês têm bons genes...a teoria do cavalo de corrida. Vocês acham que somos tão diferentes? Vocês têm bons genes em Minnesota”. Carin Mrotz, da Jewish Community Action, conectou as observações de Trump à “ciência da raça usada pelos nazistas para justificar o extermínio de muitos de nossos ancestrais”.
Donald Trump não esconde que ele é um aspirante a autocrata, se gabando que será presidente por “mais doze anos”. Ele alertou aos seus seguidores a sondarem locais de votação no dia da eleição, em recintos majoritariamente Democratas, o que claramente intimidaria e desencorajaria eleitores. Ele tem ameaçado enviar policiamento armado, assistentes dos xerifes e até a guarda nacional aos locais de votação. Seu filho, Donald Trump Jr., tuitou um vídeo pedindo que “todos os homens e mulheres fisicamente capazes se juntem ao exército para a operação de segurança da eleição de Trump...precisamos que nos ajudem a vigiá-los”.
E, em meio à pandemia de covid-19, que tem devastado desproporcionalmente as comunidades de cor, Trump vem tentando descreditar a prática popular e agora salvadora de vidas que é o voto por correio. Mais do que nunca é esperado que os Democratas votem por correspondência, enquanto é provável que Republicanos que acreditam na abordagem de Trump sobre a pandemia, zombando de máscaras e do distanciamento social, votem presencialmente. O próprio Trump vota por correspondência.
100 anos atrás, Benito Mussolini na Itália recrutou jovens homens para se juntarem ao seu “Squadrismo”, uma força voluntária conhecida como os Camisas Negras que aterrorizou e matou seus opositores. Hitler formou os Camisas Marrons, que brutalmente espancaram e assassinaram seus opositores. Nenhum dos ditadores poderia ter conquistado o poder sem esses exércitos de criminosos leais e paramilitares. Quando Donald Trump pede a grupos como os Proud Boys a “recuarem e ficarem alertas”, precisamos levá-lo a sério. Precisamos estabelecer o limite. Aqui não, agora não, e nunca mais.
4 comentários:
Trump vai ser eleito sim. não adianta ficarem chorando kkkkkk
Vai pros EUA chupar a rola do velho nazista seu babaca!
Biden vai ganhar e o Nazismo americano vai sofrer uma boa queda, aceita que foi menos otário!!
Biden vai ganhar e o neonazista tupiniquim que comentou vai chorar pela derrota do nazista velho
A midia dizia que a hillary ia ganhar. e perdeu não fica cantando vitoria não. vamos ver quem vai rir por ultimo.
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