Hoje, pra comemorar o Dia do Servidor Público, vou publicar o texto de uma professora da rede estadual que é a minha candidata à vereadora em Fortaleza nas eleições de novembro. Aqui muita gente já conhece a Anna Karina (50.505)-- afinal, ela teve mais de 300 mil votos para senadora nas últimas eleições. Mas leia o texto para conhecê-la melhor:
Nunca pensei em me candidatar a absolutamente nada. Mas aqui estou eu, em outubro de 2020, como candidata, faltando agora menos de 20 dias para concorrer a minha segunda eleição. A primeira vez que me candidatei foi há dois anos, a uma das vagas para o senado pelo PSOL, quando obtive 316.922 votos em todo o Ceará, sendo mais de 102 mil só em Fortaleza. Foram mais de 4% dos votos válidos. Uma votação surpreendente, já que nunca havia me apresentado antes como candidata nem a síndica de prédio.
Não é que nunca fiz política, até mesmo porque, como digo para meus alunos, até o ato de beber água pode ser um ato político. Faço política há muito tempo, como tantas outras mulheres também fazem quando muitas vezes compram as brigas pra, por exemplo, defender suas famílias. Entendi a importância de fazer política em coletivo nos atos pelo Fora Collor lá em 1992. O diretor da escola em que estudava me disse que não devia me meter com política. Foi aí que eu me convenci mais ainda de que os atos de rua que vieram a derrubar o presidente eram meu lugar.
Foi na Universidade Estadual do Ceará, nos anos 1990, que me entendi pela primeira vez como feminista. Através do debate do direito ao aborto compreendi os motivos que levaram uma colega à morte por aborto malfeito. Foi através do feminismo que me tornei militante do movimento estudantil e aos poucos me descobri socialista.
Meu primeiro filho tive ainda estudante do curso de História e como diretora da secretaria de mulheres do DCE. Bordei pra ele uma camiseta com FORA FHC que ele usou ainda com pouco mais de um mês de vida em seu primeiro ato do primeiro de maio. Foi com meu primeiro filho também que descobri que ser mãe e estar organizada politicamente são atos praticamente impossíveis de conviver entre si. Ainda mais quando se tem um filho atípico (autista) em uma sociedade capacitista e excludente para com pessoas com deficiência.
No mundo do trabalho, como professora me encontrei rapidamente nas lutas de minha categoria. Estive nas duas grande greves de professores da rede estadual dos últimos 10 anos. A primeira em 2011 ainda como professora temporária, onde defendi com toda força a necessidade de efetivação dos temporários, e a segunda em 2016, quando lutamos contra os cortes de projetos pedagógicos que Camilo Santana quis impor à categoria e também contra o golpe que derrubou a presidenta Dilma Roussef. Foi também na greve de 2016 que várias escolas foram ocupadas por estudantes e receberam todo apoio e solidariedade do movimento de professoras e professores. Tive a alegria de estar ao lado daquela meninada, e a pedido delas e deles, na noite da primeira ocupação no CAIC Maria Alves Carioca no Bom Jardim.
A participação nas eleições de 2018 nem foi muito uma escolha. Pelo menos não uma escolha pessoal. Era impossível, pelo menos pra mim, pensar uma eleição onde não houvesse uma mulher de esquerda candidata ao senado, e como os nomes não apareciam, praticamente me vi obrigada a assumir o desafio. Quando o fiz, olhei pra meu companheiro e perguntei “Será que tiro pelo menos 50 votos? Como vou me apresentar? O que vou dizer?”, ao que ele me perguntou, “Quais são as pautas que você defende?” Eu respondi: “O feminismo e o direito à educação”. Ele de pronto disse: “seja você mesma”, e lá fui eu, me apresentar como sou, feminista e professora.
Quando veio o “Ele Não”, lá estava eu, candidata ao Senado convocando a mulherada pra estar nas ruas, me apresentei em toda campanha com uma forte pegada antifascista e em defesa da democracia. O “Ele Não” impediu o presidente fascista de ganhar ainda no primeiro turno e me sinto feliz de ter podido usar aquela candidatura para construí-lo.
Não pensava em me candidatar novamente. O espaço público e político são lugares perversos com mulheres. Mas entendo o desafio e a necessidade de nós, mulheres, sobretudo as feministas, colocarmos nossos corpos a serviço de construir a derrota do bolsonarismo. Sou candidata a vereadora pelo PSOL. E espero muito que possa ser agora também um instrumento do feminismo para enfrentar os fundamentalistas raivosos e machistas ressentidos que nos querem quietinhas e longe dos espaços de decisão.
Se conseguirmos 10% daqueles 102 mil votos de 2018, teremos garantido que vai ter professora feminista na câmara municipal. E será que não temos 10 mil feministas em Fortaleza para garantir isso? Ah… eu acho que temos muito mais.
Neste sábado, dia 31/10, haverá uma plenária online com Anna Karina e contra o fascismo. Na terça, 3/11, um jantar de arrecadação no Gentilândia Bar. E no outro sábado, 7/11, plenária de apoiadoras e apoiadores: uma semana para eleger Anna Karina vereadora de Fortaleza.
7 comentários:
Eu sempre voto em candidatas. Na de 2018 elegi as duas em que votei, a Fernanda Melchiona e a Sofia Cavedon. O Brasil passa vergonha no cenário latino-americano, é o maior país do continente e tem pouquíssimas mulheres no parlamento. Bem contrastante com a Bolívia, que acaba de eleger para suas duas câmaras legislativas mais de 50% de mulheres.
É minha candidata também!
Não ganha não, infelizmente... Fortaleza ainda é um Coronelismo
Gosto muito da Anna Karina mas meu voto é da Larissa Gaspar, do PT, 13132. Ela vem fazendo um excelente trabalho como vereadora. Espero que as duas sejam eleitas, e outras também!
a) Lola tb vou votar em uma candidata do Psol Thais Ferreira 50011. Estou fazendo campanha tb para Elika Takimoto PT e Mônica Cunha Psol.
que incrível <3
Esse aí não nasceu pra ser bípede; por isso tem inveja das emas:
https://nitter.pussthecat.org/GeorgMarques/status/1321824429035368450
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