BOLSO TESTA POSITIVO PRA COVID E NEGATIVO PRA PRESIDÊNCIA

Ou, como preferiram algumas manchetes, "Bolsonaro diz que seu exame para Covid-19 deu positivo". 

Diz que é mais verdadeiro que o resultado em si. Afinal, ele também disse que testou negativo em março, ao voltar dos EUA com uma comitiva quase toda contaminada (só a bailarina que não tinha). Ele se recusou a mostrar os exames até que o STF iria obrigá-lo. E apresentou exames negativos pra lá de suspeitos. 

Por isso, todo pé atrás com este novo exame positivo é desejável. Bolso mente sem nenhum pudor. Ganhou as eleições mentindo e nunca mais parou.

Tem quem diga que esta é uma nova cortina de fumaça para que seu Jair não tenha que depor pessoalmente na Polícia Federal (era esta semana), para fazer com que esqueçamos Queiroz e sua esposa, e para distribuir cloroquina adoidado (pouco depois da Organização Mundial da Saúde suspender os testes com esse medicamento em definitivo). 

Ontem, assim que o pior presidente de todos os tempos anunciou que estava com sintomas da covid, as palavras Força Covid se mantiveram nos primeiros lugares dos Trending Topics do Twitter. Roberto Jefferson, nova bússola moral da nação em tempos bolsonaristas, não gostou. Exigiu que o Twitter proibisse a tag.

A jornalista Vera Magalhães também se incomodou. Declarou que nós fracassamos como sociedade. Sei não, eu acho que fracassamos como sociedade ao eleger um genocida, não ao "torcer" para que este genocida parta desta para pior.

Antes de eu saber da desaprovação de Bob Jeff e Vera, fiz um tuíte escrito "Pelo menos 160 milhões de brasileiros nesse momento desejando FORÇA COVID!" e anexei esta charge incrível do Gabriel Tropz. 

Pronto. Foi o suficiente pra que centenas de bolsominions (a maior parte robôs) viesse me chamar de bruxa, monstro, gorda e mal-amada, pra divulgar meu endereço residencial (gostaria de avisar que moro em Fortaleza há dez anos, não mais em Joinville), pra pedir para que a polícia me prenda ou mate, pra desejar para que eu e meus filhos (?) peguem covid, e por aí vai. Putz, nem parecem esses cidadãos de bem bonzinhos que comemoraram as mortes de Marisa e do neto de Lula, ou que pediram que o câncer matasse Dilma.

Um perfil de movimento estudantil de extrema-direito, criado para "combater e denunciar o esquerdismo nas universidades públicas" (ou seja, "expor" professores), me destacou, permitindo a seus seguidores um sem número de xingamentos a mim e "denúncias". Alguém avisa os reaças que, se não tenho medo de ameaça, não vou ter medo de perder meu emprego. E que Bolso ou o ministro do MEC (ah, nem tem, né?) não são meus chefes. 

Um leitor aqui do bloguinho -- creio que deve ser o mesmo que me acusou de derrubar o Coisa Ruim no banheiro -- deixou nos comentários que, se o presidente dele morrer, será minha culpa (agradeço, mas não sou tão poderosa assim).

Não entendo todo esse escândalo. Afinal, e daí? A covid é só um resfriadinho. Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai derrubar Bolsonaro não. O vírus taí, vamos ter que enfrentá-lo, enfrentar como homem, porra. É a vida, todos nós iremos morrer um dia. Vai morrer gente. E daí se ele está doente ou morrer? Quer que eu faça o quê? Não sou coveira. Mas com esse histórico de atleta, óbvio que Bolso vai se safar. Qualquer coisa, é só tomar cloroquina (a cura milagrosa para uma doença que sequer existe) que passa! 

Bom, agora que Bolso diz que o exame deu positivo (até que enfim alguma coisa positiva neste desgoverno!), é esperar que Mourão vá visitá-lo (sem máscara, que quem precisa de máscara? Bolso acabou de vetor o uso obrigatório de máscaras no comércio, no serviço público e nos presídios) e que dê tudo certo. Minhas preces estão contigo, Covid.