Do Cris Vector, sempre certeiro
Ontem o Brasil passou as 80 mil mortes por covid-19. É como se fosse uma Hiroshima.
Nem tudo é culpa do Bolsonaro. Mas certamente teríamos menos óbitos e menos casos se não contássemos com um presidente tão desgraçado, negacionista e incompetente. Estamos sem ministro da saúde há mais de dois meses. O governo federal não gastou nem um terço da verba que tem para covid, assinalou o Tribunal de Contas da União. É uma vergonha. O cara que falou "E daí?" quando alcançamos 5 mil mortes é sem sombra de dúvida o pior líder mundial no combate à pandemia. Quantos mais ainda irão morrer?
Fora tudo que ainda não sabemos sobre a doença. Já se fala em "síndrome pós-Covid", pois os sintomas de muitos que conseguem sobreviver ao vírus são horríveis.
Alguns deles: fadiga física e mental profunda, dores, dificuldades para respirar, fraqueza muscular, dormência, dificuldade de concentração, alterações na pele, inchaços e dores. Isso pode acometer tanto os que contraíram covid-19 grave quanto os que tiveram quadros leves e moderados.
Até subir escadas e amassar banana se transforma em desafio! "As pessoas não vão sair ilesas" [da pandemia], alerta um especialista. "A questão é que não sabemos ainda a escala do problema com o qual estamos lidando. Esse é mais um dos desafios dessa pandemia", diz outro. Há pulmões que nunca vão se recuperar.
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Como em muitas regiões do país o comércio já voltou à "normalidade", e como, inspirada no presidente, há muita gente que age como se a pandemia já passou, vale alertar sobre como é a entubação para casos mais graves. Eu não tinha a menor ideia de como funcionava isso até ler um artigo assustador do New York Times. O importante agora, acima de tudo, é sobreviver sem adoecer, até que surja uma vacina.
Um texto curtinho que circula no Facebook há umas semanas:
Depois de ler isso, que vocês tomem todas as precauções indicadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde)
Falam de respiração ou ventilação artificial, mas tem muita gente que não tem a mínima ideia do que se trata. Não é uma máscara de oxigênio posta na boca enquanto você fica deitado pensando na sua vida.
A ventilação é invasiva. Para o COVID19, é uma entubação que é feita sob anestesia geral e que consiste em ficar duas a três semanas sem se movimentar, muitas vezes de cabeça para baixo (decubitus ventral), com um tubo enterrado na boca até a traqueia e que lhe permite respirar ao ritmo da máquina a que está conectado.
Você não pode falar nem comer nem fazer nada de forma natural.
O incômodo e a dor que sente precisam da administração de sedativos e analgésicos para garantir a tolerância ao tubo durante o tempo que o paciente precisar da máquina para respirar -- tudo isso durante um coma artificial.
Em vinte dias deste "tratamento suave" em um paciente jovem a perda de massa muscular é de 40 % e a reabilitação será de 6 a 12 meses, associado a traumatismos da boca ou até mesmo das cordas vocais. É por isso que as pessoas idosas ou já frágeis não aguentam. Então, cuidem-se!
2 comentários:
É terrível ter que ver uma pessoa próxima tendo que fazer uso de um respirador artificial, tão terrível que a primeira reação à cena é chorar. Foi ótimo vc ter passado esta informação para que, pelo menos, todos fiquem mais cautelosos.
Excelente texto. Sobre a última parte, a que trata da ventilador artificial, isso deveria ser amplamente divulgado ao quatro ventos para ver se o povo se toca da situação. A maioria, sem informação, acha que respirador artificial é como se fosse uma máscara de nebulização, ou uma máscara diferente que tira e coloca toda hora e a pessoa fica lá descansando vendo o tempo passar.
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