Ligia Moreiras Sena, Ana Lucia Keunecke, Carolina Pombo e Raquel Marques escreveram este lindo texto defendendo o que deveria ser bastante óbvio: que existem inúmeras pautas feministas, e que a maternidade, o parto humanizado, a violência obstétrica, estão entre elas.
O texto que elas escreveram é bem mais longo, e você pode lê-lo aqui. Gostaria que o post não fosse visto como um grito de oposição ou de polarização, e sim como um chamado à luta coletiva. À mais uma luta feminista.
Recentemente, um grupo de mulheres fundou a Artemis, organização não governamental que tem entre seus objetivos a erradicação da violência obstétrica no Brasil. A Artemis tem promovido atuação efetiva, com presença decisiva no Fórum Mundial de Direitos Humanos e junto à Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
No início do mês de dezembro, por ocasião do IV Ciclo de Conferências da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, as ativistas deste grupo foram duramente atacadas, não virtualmente mas presencialmente, por pessoas que afirmavam não ser a maternidade uma causa feminista. A Conferência é um espaço da sociedade civil, onde todas as 90 propostas apresentadas devem ser de extrema importância para a sociedade em geral e para o Estado de São Paulo.
Ali estavam propostas importantíssimas para a questão da mulher: funcionamento das delegacias da mulher 24 hs/dia, inclusive finais de semana; acolhimento de mães puérperas em situação de rua; criação de casas de passagem e abrigo especializado para mulher em situação de violência; criação de Juizados Especializados em Violência Doméstica; proteção à identidade de gênero; campanhas pela legalização do aborto; atuação na questão da violência obstétrica, entre outras de igual importância.
É facilmente perceptível a grande relevância de todas as propostas, as quais, certamente, estão dentro do escopo dos movimentos feministas. E a inserção da violência obstétrica como mais um tema a ser trabalhado e a ser combatido na sociedade é prioritário num contexto do Poder Judiciário onde pouco ou quase nada tem sido feito sobre o assunto.
Após a defesa da proposta, duas delegadas de movimentos feministas da capital paulista se manifestaram contrariamente à inserção da violência obstétrica como violência contra a mulher: uma sugerindo que a questão da maternidade não agrega o feminismo, já que a maternidade, segundo ela, seria “uma forma de controle do patriarcado sobre o corpo da mulher”, e outra sugerindo que as delegadas deveriam votar em questões sérias e não em “questões que ainda estão no imaginário e não acontecem de fato”.
Tais manifestações de negação da violência obstétrica como causa feminista nos causaram perplexidade. Não apenas pelo caráter discriminatório para com milhares de brasileiras que estão sendo violentadas durante o nascimento de seus filhos, como também pelo desconhecimento e desatualização de ambas as delegadas a respeito do tema.
Não é possível ignorar dados de pesquisas brasileiras realizados nos últimos três anos e amplamente divulgados nos cenários científico e midiático brasileiros, os quais já mostraram a toda sociedade civil a gravidade da questão. Muito menos desmerecer a violência sofrida por uma a cada quatro mulheres que dão à luz no Brasil, atribuindo a essa violência caráter de “invenção”, de “imaginário”, ignorando mulheres e suas dores.
Não sabemos se nesse contexto ou fora dele, alguns dias depois foi publicado no coletivo Blogueiras Feministas o texto “O ativismo materno para além do parto”.
Ao começarmos a leitura do referido texto, sentimos algo como o que sentimos quando ouvimos alguém dizer: “Não sou racista, mas...” ou “Não sou machista, mas...”, ou “Acho que mulheres têm direitos, mas...”, à semelhança do cartoon ao lado. O “mas” que veio em seguida foi muito parecido com os “mas” mencionados anteriormente e o tom do texto se assemelhou em muito ao ataque sofrido pelas ativistas da Artemis em função do suposto não pertencimento da maternidade à pauta feminista.
O texto “O ativismo materno para além do parto” foi explicitamente direcionado a um blog, o Mulheres Empoderadas. Arriscamos dizer que 90% das mulheres que curtem e “fazem” a página Mulheres Empoderadas não se intitulam empoderadas porque defendem e vivem a autonomia da mulher para parir de cócoras, na piscina, sem intervenções ou porque amamentam seus filhos no peito por tantos anos. Intitulam-se assim porque venceram muitas lutas pessoais -- e coletivas -- para conseguirem fazer isso, lembrando que tudo isso aí representa grandessíssimas exceções no Brasil.
O texto tem razão quando diz que mulher empoderada vai muito, mas muito além de parir. E é exatamente isso que queremos dizer aqui: essas mulheres não podem ser resumidas a um corpo que pariu, mas a mulheres que, sim, venceram um sistema violento e degradante. São mulheres que travaram grandes lutas para conseguirem parir do jeito que queriam e amamentar. Muitas delas foram demitidas por incompatibilidade entre a bombinha de extrair leite e o cartão-ponto. Então não, não são empoderadas porque paririam assim ou assado ou deram o peito, mas por terem enfrentado um modelo cruel, machista e patriarcal para fazer isso. E muitas vezes enfrentaram e desafiaram a si próprias, gente que nunca pensou que fosse capaz de dar conta desse tipo de enfrentamento.
E se, à semelhança dos exemplos citados no texto mencionado, houvesse um blog chamado MULHERES EMPODERADAS escrito por mulheres que escolheram não ser mães? E se houvesse um blog chamado MULHERES EMPODERADAS escrito por mulheres que nasceram com pênis? E se houvesse um blog chamado MULHERES EMPODERADAS escrito por quem nasceu com ovários e vagina mas não se reconhece como mulher? E se houvesse um blog chamado MULHERES EMPODERADAS escrito por mães de plantas, mães de gatos, mães de projetos? Faria mais sentido? Seriam empoderamentos mais bem vistos no contexto do “feminismo”? Essa crítica ao uso do “empoderadas” ainda seria feita? Sejamos sinceras: não seria.
Mulheres mães brasileiras vivem em péssimas condições. Pelos rankings internacionais, feitos por diferentes instituições de pesquisa, como a Save the Children, o Brasil tem péssimo desempenho no que se trata do bem estar materno. Enquanto Cuba aparece com a melhor posição da América Latina, em 33o lugar, nosso país permanece na 78a posição, atrás da Ucrânia (país mais pobre da Europa) e da África do Sul.
Mas o que os rankings não mostram é que os melhores desempenhos, medidos por variáveis como saúde gestacional, mortalidade materna e infantil, renda, emprego, educação, dentre outras, foram construídos ao longo do tempo, principalmente por políticas públicas focadas no bem estar das mães, pais e crianças. A Suécia, por exemplo, que figura há muito tempo entre a primeira e a segunda posição em diferentes rankings como esse, construiu políticas sociais focadas nas famílias, sob influência de um feminismo forte e preocupado com as condições de vida das mães -- casadas ou não.
Uma das medidas mais antigas e importantes nesse país foi o financiamento de creches acessíveis e de qualidade para as crianças de famílias monoparentais. Sabendo que em 90% dessas famílias quem se responsabilizava pelo sustento e cuidado das crianças eram as mulheres, os movimentos feministas do início do século 20 já cobravam medidas especiais para acolhê-las. Com o tempo e o aumento da consciência da desigualdade de gênero nas famílias e no mercado de trabalho, e com a preocupação crescente com os direitos das crianças, a Suécia desenvolveu um sistema de pré-natal totalmente baseado na prática das enfermeiras obstetras, doulas e casas de parto, concomitante a uma política de licença parental remunerada de até 13 meses, a ser desfrutada por homens e mulheres, e que assim contribui para uma das melhores taxas de amamentação da Europa.
Em nosso país, parece ainda pairar uma ideia majoritária de que maternidade e paternidade são assuntos da vida privada, que nada têm a ver com movimentos sociais e políticas públicas. Esse abismo de políticas para as famílias acaba reforçando também a reprodução da desigualdade econômica e racial entre as mulheres. Sem garantia de vagas em boas creches, e sem licenças parentais razoáveis, a mão de obra de outras mães, pobres e geralmente negras e/ou migrantes, é explorada pelas famílias de classe média. Essas trabalhadoras ainda não têm seus direitos trabalhistas respeitados, na maior parte dos casos, e não encontram apoio público para o cuidado com suas próprias crianças.
Ao contrário do que parecem achar outras pessoas, não temos visto um culto exacerbado ao lugar da “mulher mãe” como sinônimo daquela que larga tudo para cuidar dos filhos em tempo integral. O que temos visto, isso sim, são milhares de mulheres em luta constante para satisfazer simultaneamente seu próprio desejo de cuidar de suas crias de perto e a necessidade de subsistência, o desejo de seu patrão de produzir, ou o próprio desejo de ter uma vida profissional ativa.
O que há é uma pluralidade de vozes e, entre tais vozes, há as das que decidem se dedicar exclusivamente ao cuidado com os filhos -- embora esteja muito longe de ser majoritário. A grande maioria das mães precisa contratar creches para poder trabalhar, e são poucas as que continuam a tirar leite do peito para amamentar. Ou vamos cair no erro de achar que os poucos gritos de “VAMOS VOLTAR PARA CASA!” que ouvimos nas redes sociais representam a maioria das brasileiras? O que algumas feministas têm chamado de privilégio representa também uma conquista árdua, a partir de tomada de consciência e desejo de mudança sobre as condições gerais de maternagem em nosso país.
Uma das críticas de alguns grupos à inclusão da maternidade como questão feminista é o fato de que isso reforçaria o estereótipo de que as mulheres são as únicas responsáveis pelos cuidados com as crianças. Não querer reforçar a ideia comum de que os cuidados com a criança é algo natural na mulher é diferente de negar que não apenas a maternidade, mas todas as funções de cuidados, são executadas majoritariamente por mulheres. Ao afastar isso das frentes de debates feministas perdemos a oportunidade de não apenas desnaturalizar estas associações, mas também de exigir políticas públicas que liberem a mulher de tal condição.
Como falar em cuidados compartilhados entre os pais se a licença paternidade é de apenas cinco dias enquanto a licença maternidade é de quatro a seis meses? A não criação de vínculo parental pelo pai da mesma forma como acontece com a mãe, pela ausência de tempo dedicado, leva a nefastas consequências, como o acúmulo de tarefas pela mãe que também trabalha fora de casa. Esse é um exemplo sobre como agregar questões de maternidade ao debate feminista, a fim de pleitear causas como aumento da licença paternidade, resultam em melhoria de condições para as mulheres, em especial maior possibilidade de escolhas em suas vidas.
O parto humanizado no Brasil, atualmente, está mesmo limitado a um recorte de mulheres da classe média. Fato. O que significa que todas as demais, financeiramente abaixo, estão atualmente fora dele -– com exceções como as que têm acesso ao Sofia Feldman (MG – SUS) ou ao Elpídio de Almeida (PB – SUS), ou a parteiras tradicionais nos confins do Brasil e outras poucas. E por conta disso, as mulheres da classe média que estão parindo dignamente são muitas vezes ridicularizadas ou chamadas de alienadas, umbiguistas, egotripistas, etc etc.
Porém, são essas mesmas mulheres da classe média que estão organizadas para lutar pelos direitos de todas por um parto sem violência e sem mutilação. É uma das poucas vezes que o Brasil vê uma mobilização da classe média espirrando na assistência básica à saúde, no SUS, na legislação.
Essas mulheres estão organizadas e estão se organizando -– vide a ONG mencionada no início do texto e outros tantos exemplos -- para que a mudança de cenário favoreça as mulheres brasileiras universalmente e se torne uma opção acessível independentemente de classe social ou qualquer privilégio ou sorte.
Sim, o feminismo é muito mais, muito mais mesmo. É autonomia para além de ser mãe.
Mas TAMBÉM para ser uma.
78 comentários:
O chamado "parto humanizado" é um risco. A chance de complicações é grande de modo que somente o parto hospitalar pode assegurar o bem estar da mãe e do bebê.
A título de exemplo: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/02/mae-que-defendia-parto-residencial-morre-apos-dar-luz-filha-em-casa.html
Ademais muitos casos da chamada "violência obstetrícia" nada mais são do que mal-entendidos entre médico e paciente. Muitas vezes o médico - a fim de evitar danos inclusive à vida da gestante e do bebê - dispõe de apenas alguns segundos para agir, ou seja, acaba tendo de ser mais duro pois não tem tempo hábil para ficar explicando à paciente cada passo do que está fazendo. Um exemplo é o caso recorrentemente narrado do médico que manda a paciente abrir as pernas no parto de modo rude ou mesmo abre ele mesmo as pernas da paciente de modo abrupto. Isso acontece na maioria das vezes pois a paciente, quando a cabeça da criança deixa o canal uterino, têm impulso de fechar as pernas, o que pode asfixiar o bebê!
Seria muito mais salutar que em vez de combater os médicos como vilões a pauta de luta focasse na conscientização das mães bem como no incentivo ao melhoramento das técnicas usadas em hospital para o parto, como, por exemplo, o plano de parto elaborado em conjunto com o obstetra. Essa coisa de parteiras e doulas deve ficar no século XIX.
O meu comentário não é sobre o texto, mas tem relação. Minha cunhada teve a filha no sábado na casa de parto de Sapopemba(https://www.facebook.com/pages/Casa-de-Parto-Sapopemba/268908269866230). O lugar é ótimo, as enfermeiras deram muito apoio pra ela. Ela podia escolher do jeito que queria ter o bebê, tentou na água, com bola, na cama, em vários lugares até achar o mais agradável. No final ela ficou num banquinho com meu irmão sentado numa poltrona atrás dela e os pés dela apoiados numa enfermeira.
O atendimento foi ótimo, o que me espantou é como lá é bem vazio. Meu irmão falou que tem em torno de 24 partos por mês. Só tinha a minha cunhada lá internada no dia, o que foi bom pq o atendimento para ela foi melhor ainda. Pra quem mora na zona leste, recomendo fazer o parto lá.
Anônimo 11:01,
Antes de tudo, não sou mãe e nem pretendo ser no momento. Dito isso, não me tome por alguém comentando com despeito.
Enfim, gravidez por si só é um risco de morte, blz, concorda-se que nem todo médico é bobo, feio e cara de mamão macho.
Mas me ocorre umas coisinhas:
1) No saudoso Orkut, comunidade Feminismo e Feministas, uma advogada brilhante questionava como é q em maternidades públicas morriam mães e/ ou bbs no parto - e eram mães jovens, tipo 20 e tantos anos - enquanto nas maternidades onde pariam as ricas o saldo de mortalidade era algo como...0?
2) Cansei de ouvir casos onde a mulher está lá com dores expulsando o filhote pra fora e as espirituouusas das enfermeiras emitem pérolas como "caalma, mãe, na hora de fazer o bb vc não gritou neeé".
Minha própria mãe afirmou que na maternidade onde nasci tinha uma com costume de beliscar parturiente, pois aparentemente tava de saco cheio do "chororô". Aliás me escapa se a tal maternidade que fechou por algum tempo devido ao elevado número de MORTE DE RECEM-NASCIDOS foi onde nasci ou outra onde nasceu minha irmã mais velha...
3) Trabalhei com uma ex-enfermeira que defendia e muito a classe. Segundo ela, enfermeiras eram aquelas pobres profissionais labutantes não reconhecidas vítimas de médicos folgados e pacientes grossos.
Não sei se vc é da área, mas eu tentaria ser um pouco mais imparcial antes de, sei lá, insinuar que essas parturientes histéricas viram imbecis na hora H e ainda culpa o coitado do médico inventando um problema que não existe.
E sobre a importância das doulas/ parteiras e o jeito que o G1 colocou essa notícia, acho que esse texto aqui explica melhor: http://daquiapoucomamae.blogspot.jp/2012/02/o-caso-da-fotografa-caroline-lovell.html
Obs.: Recomendo ler outras fontes (de preferência, internacional) sobre esse caso. E se pesquisar sobre morte materna e de RN em hospitais, suspeito que vc vai achar muito mais coisas.
Anônimo das 11:01, seria muito mais salutar que você entendesse que a globo e outras organizações semelhantes buscam manter a cultura do medo e, por isso, divulgam esse tipo de notícia ao invés de divulgar os milhares de partos domiciliares saudáveis que acontecem. Seria muito mais salutar que o G1 divulgasse procedimentos respeitosos em hospitais, como esse relatado pelo comentário seguinte ao seu. Infelizmente ainda são poucos, mas existem hospitais e profissionais assim, que respeitam a parturiente e o bebê. Uma gestante bem informada sabe quais são os procedimentos necessários em um parto e não passam por situações de "mal-entendido". Violência obstétrica diz respeito muito mais a "procedimentos padrão" no parto que, na verdade, são intervenções desnecessárias que chegam a atrapalhar o curso de um parto saudável. Mas, no geral, os obstetras não informam suas pacientes suficientemente bem para que possam fazer as intervenções tranquilamente. Com certeza o ideal seria que os obstetras se dispusessem a fazer um plano de parto, mas nem se fala sobre isso em um pré-natal comum. Falo com conhecimento de causa, tenho 3 filhos, os 3 nascidos por cesárea, já que nenhum dos 3 GOs me deu informações suficientes para que minha história fosse diferente e meus partos fossem respeitosos. Estas informações sobre intervenções e até sobre plano de parto, só tive depois do nascimento dos meus filhos, via internet. E a partir daí eu vi q ue o buraco é muuuito mais fundo...
Parteira e doulas teriam ficado no século XIX se os médicos tratassem as pessoas como pessoas, doutor. Não é o que se percebe em vários hospitais e clínicas.
Eu acho o "parto humanizado" muito bonito. Entretanto, ele é uma irresponsabilidade com a pessoa mais frágil e mais indefesa durante a gravidez: o bebê.
A mulher não é o ser agente durante a gravidez, ela é o paciente. Tanto isso é verdade que se o bebê não ficasse isolado pela placenta o corpo da mulher iria expulsá-lo de sua barriga, pois ele é um "corpo estranho" ao corpo da mãe.
Tudo bem que a mãe tenha suas convicções políticas, ideológicas e doutrinárias. Todavia, o bebê, que nem nasceu ainda, não é obrigado a compartilhar forçadamente essas mesmas opiniões. A mãe tem a responsabilidade de proteger o bebê e educá-lo para que um dia ele possa chegar a fase adulta e formar suas próprias opiniões. Antes disso, a mãe tem a obrigação de proteger sua saúde, cuidar do seu conforto, assegurar que ele se desenvolva em perfeitas condições físicas e psicológicas.
Um problema no parto que não seja rapidamente solucionado pode gerar sequelas irreversíveis para a criança. O parto no hospital pode diminuir esses riscos.
A mãe tem o direito de assumir esses riscos sobre seu próprio corpo, mas não sobre o corpo do bebê.
Lola, meu coment foi pro saco : (?
Não compreendo como algumas feministas podem crer que questões referentes a maternidade - violência obstrética, licença paternidade, acesso a creche - não são pautas do movimento. Essas problemáticas vitimizam as mulheres certo? Essas questões limitam nossas ações socias, políticas, econômicas? Para mim a reposta é positiva nas duas questões, então fazem parte da minha luta feminista.
Desculpa, Patela, foi bom vc avisar. Eu tinha certeza que vc tinha mandado dois comentários repetidos (acontece com frequência), então deletei um deles. Mas parece que vc só tinha mandado um... Enfim, taí agora.
Só para reafirmar: Parto Humanizado não é igua Parto Domiciliar.
Mas Parto Domiciliar Planejado é Humanizado.
Vira a página e vamos continuar o debate?
anônimo "parto humanizado" não é um risco porquê não é sinônimo de "parto na selva cercada de onças". Um parto que pode ser chamado de humanizado é aquele em que os seres humanos envolvidos são respeitados. uma cesárea pode ser um parto humanizado, se os envolvidos não forem um bando de cabeça-de-vento que estão preocupados apenas com o 'happy hour' depois do serviço.
Esse exemplo de "caso recorrente" que você citou só é recorrente por um motivo muito simples: colocar a mulher deitada de barriga pra cima e pernas abertas é anti-natural e só existe porquê facilita a vida do médico. Em posições naturais, isso não aconteceria... mas como esta posição é "errada", o corpo reage da forma errada e aí adivinha? é necessário usar a força para contornar a situação.
Não tenho muito dizer a respeito, não sou mãe, e ultimamente ando tendente a optar por nunca ser mãe biológica, tenho muitos medos, e por diversos motivos, acho que não faz sentido, ao menos para mim. Acho que vou adotar quando quiser ser mãe (se um dia o quiser, o que acho provável, mas não certo).
Mas vai saber, um dia posso mudar de ideia, ou ter uma gravidez acidental e levar adiante, nenhuma proteção é 100% certa...
Mas enfim, em relação ao texto, a galera que está criticando as mães que optam pelo parto humanizado, é obvio que maternidade é um tema do feminismo, quem pari somos nós...Quem sofre as consequências e ritos do patriarcado sobre gestação e parto somos nós...
E gente, parto em hospital nem garante nada. Tenho uma tia enfermeira (nem fez faculdade, tem curso técnico), que trabalhou alguns anos em maternidade, ela já fez um monte de partos (normais, claro) porque os médicos não chegavam a tempo (e quem recebia o pagamento pela realização do parto era sempre o safado do médico, que não tinha feito nada), isso em hospital particular... Que segurança toda é essa? minha tia só tinha curso técnico, a única coisa que a habilitava para conduzir um parto era a necessidade aliada a experiência que ela adquiriu pela necessidade mesma...
Estava aqui lendo o comentário da Madalena Barros, e me parece muito com os argumentos do pessoal do pró-vida, que dá mais direitos ao embriões/fetos/bebês do que às mães.
E é um festival de "as mães tem obrigação disso e daquilo", como se, ao engravidarem, as mulheres deixassem de ser donas de si mesmas e se tornasse tão somente o hospedeiro de um parasita.
A mãe tem todo o direito de decidir como e onde será o seu parto. É no corpo dela que ele ocorre.
Tenho uma filha de dois meses e alguns dias. Tentei um parto domiciliar com equipe de enfermeiras obstetras experientes e apoio de uma doula. Não consegui parir, mas as profissionais detectaram o problema e pude sem nenhum desespero ir par ao hospital tentar um parto normal induzido. Como o hospital que me atende só faz cesarianas agendadas, ainda pude ser transferida sem dano para mim, ou minha filha para outro hospital. Terminei em uma cesariana. Todo mundo está vivo e bem.
Primeira coisa, para quem diz que parto humanizado é uma irresponsabilidade, todos os partos deveriam ser humanizados, isto é, parturiente não é doente, gravidez não é doença, e a maioria das mulheres pode parir. Se não consegue, mesmo em uma cesariana, é preciso respeitar mãe e bebê. A mulher não é receptáculo de bebê, esse serzinho mais importante que tudo, ela é um indivíduo e precisa, sim, ser ouvida. Há inclusive cesarianas em que várias medidas são tomadas para que mãe e bebê possam ter contato imediato e a criança não tenha seu cordão umbilical cortado às pressas e possa mamar ao nascer. Isso é humanização. A minha cesariana não foi humanizada e tenho muita sorte de não ter sofrido violência obstétrica, porque, claro, desconto a pediatra surtada que tentou usar de seu "saber médico" para tentar me intimidar e se quebrou.
Há quem confunda com o parto domiciliar, que eu descrevi lá no início. Ele é assistido (*parto dessassistido é outra coisa*), é tão ou mais seguro que o feito em ambiente hospitalar. Peguem dados e evidências. A diferença em um parto domiciliar é que Enfermeira - e poderia ser com médico, também - não pode fazer intervenções elaboradas nem administrar analgesia. Parto humanizado pode ser feito em hospital e deveria ser regra, não exceção.
No mais, o primeiro comentário me fez ter vontade de vomitar, mas não me surpreende, é discurso corrente. O resto é ignorância e isso se cura com uma mente aberta e algumas leituras. Engravidar e ter filhos deveria ser uma opção, e a forma com se nasce e se pari deveria ser respeitosa com todos, mulher e bebê, e, não, estar a serviço de interesses outros, sejam de médicos, de planos, ou mesmo de imposições de Estado.
Caro Anônimo das 11:01, é interessante notar que morte por infecção hospitalar nem notícia costuma ser. Essa discussão não se faz com exemplos tirados de memória, mas com números, estatísticas e ciência, aspecto no qial o blogue Estuda, Melania, Estuda! trabalha com afinco. Fica a sugestão de leitura.
Eu conheci a Casa de Parto de Sapopemba há alguns anos, e também fiquei admirado com o baixo número de atendimentos lá. O fato é que a casa normalmente não aceitava fazer partos se não tivessem feito o acompanhamento desde o início, e havia muita pressão por parte dos médicos para fechar a casa, alegando falta de segurança em caso de complicações, uma visão muito compartilhada pela maioria dos médicos, que acreditam no monopólio dos médicos para questões de saúde e parto.
Seria bom essas pessoas que afirmam que parto seguro é parto hospitalar estudas as recomendações da Organização Mundial da Saúde a respeito.
Sobre a "inexistência" de violência obstétrica - mal entendido??? oi??? -, é só dar um google tb. Tem pelo menos dois documentários excelentes sobre o tema.
E outra coisa, parto humanizado (ou assistência humanizada) pressupõe que as decisões sejam tomadas baseadas em evidência científica (não, os protocolos hospitalares atualmente não são baseados em estudos controlados e publicados em revistas e congressos reconhecidos na área), respeitando os direitos das mulheres e dos bebês, e, inclusive, as vontades das mulheres em relação a seu corpo e de seu filho, sobre quem tem responsabilidade. Então, seria bom dar uma estudada antes de sair palpitando sobre o que não entendem, né?
Oi Lola!! Tudo bom com vc's? Super abraço seguimos em 2014 por aqui, não é?
Talvez seja impossível tratar esse assunto sem chocar com discrepância de opiniões. Divergências haverão sempre, defesas sem fundamento ou fundamentadas em matérias de jornal que se alimenta de fracassos pra perpetuar o sistema que beneficia o lado de sempre, o que já está, o que impõem a ignorância, só mostra que o trabalho de esclarecimento é lento.
Lidamos com dados, lidamos com evidências científicas, com fatos.
Se entre mulheres, todas, cedo ou tarde, atingidas por algum tipo de violência institucionalizada, seja obstétrica, seja espancamento pelo companheiro, seja o estupro, há uma bizarra desconsideração que julga um tipo de violência mais ou menos que outro, ou que mais bizarro ainda vira as costas pras vítimas por seu posicionamento político ou social, vamos esclarecer, apresentaremos as evidências, brigaremos com a mesma força.
Lamento que no momento se questione se essa aceitação de uma forma de violência tão marcante e definitiva pra mulher seja questionada como pauta feminista, lamento o egoísmo, lamento que o movimento não tenha achado esse item no manual, mas quer saber uma coisa? A gente segue...com ou sem esse apoio, no fundo eu penso que ele virá ou melhor eu tenho esperança que virá, porque não foi pela ignorância afinal de contas que conseguimos os direitos que lutamos pra manter e que vamos ampliando constitucionalmente, não é mesmo?
Pois bem, parabéns às meninas que não baixam a bola que nos representam, como as que escreveram o texto, parabéns as q rompem o silêncio, que superam, para nós que somos mães e pras que desejam ser e que graças a nossa luta e inconformismo o serão de forma digna.
Eu só não gosto do ar de superioridade das "mães empoderadas" que ficam fazendo ativismo no Facebook mas na hora agá acabam parindo de cesariana e depois dizem que tiveram parto roubado. Na hora do vamos ver, da dor e de tudo mais, quero ver quem vai recusar uma anestesia. São umas belas hipócritas também.
Ainda assim, acho interessante informar as mulheres que nem todo parto precisa ser cesariana ou que parto natural deitada é uma afronta às leis da física e da natureza (demora muito mais para o bebê ser expulso), entretanto se a mulher quiser ter filho de cesariana com a sua hora marcadinha e não amamentar, ela tem total escolha e não deve ser condenada por isso em nome de um falso empoderamento.
No mais, acho que seria válido colocar na pauta feminista com mais constância que filho é escolha e não obrigação social, que em vista de como o mundo está (recursos naturais, vida urbana, doenças, mercado de trabalho etc) é uma coisa pra se pensar uma, duas, dez, vinte vezes, que acarreta inúmeras consequências negativas na vida da mulher estar presa a uma prole que nem sempre foi bem pensada e escolhida e que sem filhos você tem uma vida economicamente melhor, mais independente de homens e dos sistemas do patriarcado. E estamos muito longe de ser uma espécie em extinção.
Menos gente = melhor distribuição de recursos para as pessoas que já existem.
É a primeira vez que comento no blog, mas por enquanto, é apenas para dar uma informação as autoras do texto (Ligia Moreiras Sena, Ana Lucia Keunecke, Carolina Pombo e Raquel Marques): aqui em Salvador tem um Centro de Parto Natural que fica na Mansão do Caminho e que faz um atendimento muito elogiado e um hospital público em Lauro de Freitas (região metropolitana de Salvador) que atende pelo sus e também trabalha na perspectiva do parto humanizado.
Nossa, a única palavra que eu tenho para descrever os comentários do anônimo das 11 e da Madalena é: NOJO!
Violência obstétrica não existe é o ckt! Não te dei o direito de falar pela minha voz. Nem pelas milhares de mulheres que dizem o mesmo. Não te demos o direito de falar por nós e de nos dizer o que devemos fazer, perceber ou sentir. Aliás, é interessante que esse protocolo de parto comum nos hospitais brasileiros, ele sim, É do século XIX, e vai contra as evidencias científicas. De resto, você apenas demonstra ignorância e homoexplicantismo.
Madalena, todas as observações acima servem para você e seu comentário ridículo. Falar de irresponsabilidade de algo que você não sabe e não conhece, seu juizo nojento e formado sobre as mulheres, esse enaltecimento do bebê em detrimento da mulher (e por isso, devemos nos submeter a Deus, digo, ao médico, em todo) é a síntese da postura que leva a violência obstétrica.
E claro...problemas de morte materna e neo-natal nem acontecem em hospitais...imagina...
E outras leitoras, me desculpem o tom agressivo, é um desabafo. Mas me tira do sério esse tom de gente que fala como se nós fôssemos idiotas, incapazes de fazer escolhas e desautorizando o discurso feminimo. Já estou pelas tampas com esse tom paternalizador, e é impressionante como nesse tema de parto humanizado ele SEMPRE aparece
Pô, anon das 14:26, não dá pra fazer o mesmo comentário sem chamar o pessoal de hipócrita, não? Já te passou pela cabeça que tem "mãe empoderada" que fica fazendo ativismo no FB (como se fazer ativismo fosse algo ruim!) e que finalmente tem filho por cesariana não porque ela planejou, mas porque houve complicações e ela precisou? A própria Valéria (Shoujofan) narrou o caso dela aqui nos comentários! E não é porque ela precisou fazer cesárea que ela vai passar a defender que esse realmente é o melhor jeito de parir pra todas as mulheres. Essas discussões me cansam, sinceramente. Os fatos são: o Brasil é o país com o maior índice de cesáreas no mundo. Fato 2: isso não faz bem pra mulher nem pro bebê. Fato 3: as brasileiras fazem cesáreas por uma questão cultural (não por uma necessidade biológica). Fato 4: ninguém deve apontar o dedo pra ninguém e dizer: "Sua traidora! Vc fez cesárea!" (ou "Sua hippie egotripista umbiguista! Vc fez parto domiciliar!"). O que uma pessoa faz da sua vida individual só diz respeito a ela. O que se critica é UM SISTEMA QUE PRATICAMENTE OBRIGA MULHERES A FAZER CESARIANA. Um sistema violento, sem diálogo, que não dá escolhas. E não dá pra entender que algumas feministas considerem um tema desses um tema não feminista.
Feministas (inclusive mães feministas) falam o tempo todo que filho é escolha, não obrigação social. Esta é uma pauta fundamental. Mas uma pauta não desqualifica outra. Por que temos que escolher qual violência é mais ou menos legítima, se violência doméstica ou violência obstétrica? Por que temos que dizer que, só porque a luta feminista vai muito, muito além da questão da maternidade, o feminismo não engloba a maternidade? "Ir além" não quer dizer "deixar de fora"!
Valéria, Rosa, muito obrigada pelo comentário de vcs.
A Virginia não está conseguindo comentar, então ela me pediu, por email, para colocar seu comentário aqui:
"Ah, gente! Preguiça monstra.
Pegarem o caso da Caroline como bandeira para demonizar os partos em casa é a mesma coisa que pegarem o caso Yoki para mostrar que mulheres também matam companheiros.
Ora, é CLARO que pessoas morrem em parto em casa. É claro que mulheres matam companheiros.
Só que isso é EXCEÇÃO. Por isso é notícia.
Em Brasília, há vários anos (uns 15?), uma mulher rica-rica-rica-de-marré-marré-marré morreu no parto, cesárea, no hospital. Foi um bafafá. Não houve erro médico, não houve forma de se evitar, foi fatalidade mesmo.
Diariamente mulheres morrem no parto por mil motivos. Eclâmpsia, erro médico, hemorragia, problemas com a fixação da placenta no útero, enfim...
O que ninguém me convence é que o parto domiciliar é menos seguro do que no hospital. Primeiro que estamos falando de uma equipe que vai na casa da pessoa, com equipamentos de segurança, capacitação, etc. E FICAM com a mulher durante TODO o trabalho de parto.
Quem já assistiu um parto ou já teve um ente querido internado no hospital sabe que a coisa mais difícil de se ver é médico.
Gente, sério. Uma sobrinha minha (6 anos, com plano de saúde, em hospital particular) no dia em que saiu da UTI e foi para o quarto, não recebeu a visita de um médico sequer no quarto.
E ela, com caso de diabetes tipo I, só conseguiu uma visita de uma endócrino pq os pais pagaram uma fortuna. O hospital simplesmente não tinha endocrinologista. Isso um hospital em Brasília, com todas as condições, particular e tal.
Desculpem-me, mas eu não vejo qual é a grande vantagem de hospital exceto em caso de internação em UTI (onde, de fato, há um acompanhamento constante). Prefiro ficar em casa e receber tratamento lá. Não justifica mesmo.
Fora que você pode ter dois doutorados que os médicos (e muitos enfermeiros) tratam você como um incapaz.
Aliás, bem como a pessoa do comentário dizendo que a partir do momento que a pessoa engravida, ela que abra mão de todas as suas convicções pelo bem do ser maior - o feto.
Jóia.
Vê-se bem como a mulher é um ser menor do que o feto.
@vbfri "
Madalena Barros. Gostaria de contra-argumentar algumas coisas que você colocou.
Quando você diz que o "parto humanizado" (imagino que você se refira ao parto domiciliar) é uma irresponsabilidade com o bebê, fica implícito que você acredita que em um parto domiciliar o bebê fica mais exposto à riscos do que em um parto hospitalar. Estudos científicos comprovam que não existe maior risco: http://www.nhs.uk/news/2009/04April/Pages/HomeBirthSafe.aspx . Claro que você pode "se sentir" mais segura em um hospital, mas esta sensação é mais subjetiva e, principalmente, individual.
O seu argumento de que a mulher deve ser tratada como paciente uma vez que na ausência da placenta o bebê seria "um corpo estranho" na barriga da mãe, simplesmente não faz sentido algum. É a mesma coisa dizer que todos os humanos devem ser tratados como pacientes, uma vez que na ausência o sistema imune as pessoas pegariam uma gripe e morreriam.
Depois você diz que independentemente das convicções da mãe, sua obrigação é de proteger a saúde, cuidar do conforto, do desenvolvimento físico e psicológico do bebê. Mais uma vez fica implícito o seu preconceito e total falta de conhecimento do que é um parto humanizado. Uma das principais características do parto humanizado é o cuidado com o bebê, minimizando (a zero, se possível) os procedimentos DESNECESSÁRIOS realizados no bebê assim que nasce: aspiração, colírio de nitrato de prata, corte imediato do cordão umbilical, separação da mãe, tapinha no bumbum para chorar, testes psico-motores, medições, etc... Ainda sobre o cuidado com a saúde do bebê, o parto humanizado é totalmente oposto à epidemia de cesarianas eletivas (eletiva é aquela em que o médico e a mãe decidem, a partir da 37° semana uma data conveniente para o parto) -- veja bem, não estou dizendo que no parto humanizado não existe cesárea. Existe sim parto cesárea humanizado para quando houver real recomendação médica, por volta de 15% dos casos.-- Na cesárea eletiva a conveniência do médico e da mãe é colocada na frente da saúde do bebê, resultando em partos antes da hora (antes da hora = bebê não esta pronto!).
O seu comentário é um exemplo muito claro de preconceito e falta de informação quanto ao parto humanizado, mas mais do que isso, o seu comentário deixa claro que você NÃO LEU O TEXTO!
Graciema, você é mãe? Você já pariu uma criança?
Pela sua agressividade eu percebo que não, então eu torço para que um dia você passe por essa experiência maravilhosa. Enquanto isso não acontece, é melhor você ficar quieta porque ESSA CONVERSA NÃO É SOBRE VOCÊ.
Hmmm. A Madalena é tão autoridade no assunto que ela pode decidir quem pode ou não falar dele. Interessante.
Eu acho que homens não devem palpitar sobre o meu parto, da mesma maneira que eles não devem palpitar sobre como uma mulher deve ou não se vestir, ou então se ela deve ou não abortar.
Isso é óbvio demais, afinal, estamos em um blog feminista.
Preguica de gente feito essa Madalena que, por ter tido um filho, se acha a mais especial das criaturas... Qualquer mamifero tem suas crias do mesmo jeito, isto nao torna uma ratazana especial. Quer dizer que quem nao tem filhos deixa de ter direito a opiniao sobre qualquer assunto relacionado a maternidade? Pfffffff
E qual é a melhor posição para se ter filho?
E mais uma vez madalena com a ladainha de que ter filho é a melhor coisa do mundo.
Madalena deve ter parido todas as crianças do mundo, hmm.
E por um lado ela tem um argumento de autoridade sobre quem nunca pariu. O mesmo argumento que todo mundo usa: "você não é mulher então não pode opinar", "você é cis então não pode opinar", "você é branco então não pode opinar", etc.
Por outro lado, é o argumento mais idiota do mundo, como se sua experiência ou inserção num grupo automaticamente habilitassem - ou invalidassem - sua opinião.
Número um: os homens são vítimas de uma sociedade opressora e injusta tanto quanto as mulheres. Número dois: eles participam da concepção tanto quanto você, você não engravida deitada ao luar. Número três: os homens participam das famílias e dos cuidados com os filhos sim, ainda que em grau supostamente menor.
Portanto, eles podem opinar sim, a opinião deles é livre assim como a nossa. Ninguém devia obrigar ninguém a fazer o que não quer. Mas opinar todo mundo pode e dar pitaco todo mundo pode, desde que entendam que a decisão ainda continua com a pessoa em foco. No caso, a parturiente.
Mulher grávida não é nem doente e incapaz como dizem alguns, nem é dona da verdade como dizem outros. Ela é dona do próprio corpo, suprema dona de si. Tudo isso. Só isso.
Engravidar por si só já é um risco. Já que eu e meu bebê estamos correndo risco de morrer a qualquer hora por qualquer motivo, que seja nos meus termos. Se é pra morrer vai morrer mesmo. Se é pra viver, e eu tenho pra mim que a natureza é bem sábia nesse aspecto, vai viver nem que o parto seja feito na sarjeta.
Madalena, ninguem esta palpitando sobre o SEU parto. 'E uma discussao sobre partos, violencia obstetrica e direito a informacao para melhor decidir sobre procedimentos feitos em nossos corpos. Obvio que homens podem "palpitar" sobre qualquer assunto, inclusive este. Informacoes tem mais e que estar disponiveis para todos. Homens estao ao lado de suas esposas, companheiras, amigas, filhas, maes e irmas e podem compartilhar estas informacoes com elas, nao e mesmo. Podem ate mesmo ter que tomar decisoes por elas caso elas nao estejam conscientes e suas vidas corram riscos. Nao e melhor que eles estejam informados sobre maternidade, procedimentos, direitos da gestante? Nao e melhor que sejam parte do momento ao inves de mero espectador?
Finalmente concordamos Madalena!
Nenhum homem (ou mulher) deve dar palpite no parto da outra.
Mais do que isso, nenhum homem (ou mulher) deve julgar uma mulher que queira receber o seu filho em casa. Principalmente utilizando argumentos preconceituosos e infundados.
Sua frase: "A mulher não é o ser agente durante a gravidez", é o exemplo do machismo praticado por mulheres.
Mulheres machistas que perguntam (com a maior delicadeza, claro): "Nossa, mas esse bebê não está muito grande para mamar no peito?" ou que comentam: "Porque não vai em um lugar reservado para amamentar?"
Sob o mantra do "meu parto, minha decisão" vocês esquecem que há uma terceira pessoa em jogo. O bebê não é um brinquedinho, é uma pessoa, e você não é senhora da vida e da morte dele pra colocar a vida dele em risco à toa. Se você "decide" ter um parto domiciliar, por exemplo, recusando a assistência hospitalar, você não passa de uma mimada irresponsável que acha que o mundo gira em torno do seu umbigo e dos "seus sentimentos". É nojento o quão egoísta vocês podem ser.
seria interessante ver como os médicos do "Mais Médicos" estão tratando a questão do parto. Sem entender nada do assunto, aposto que nos locais onde eles estão atendendo vai haver uma redução de cesárias e tb de mortes.
eu já falei aqui q tive filho por cesária, por minha escolha junto com o meu médico. eu tinha problemas no útero e precisaria mesmo fazer cirurgia. mas, acho, foi uma cesária humanizada uma vez q minha vontade foi respeitada, meus médicos e os assistentes foram superbacanas (lembro até de dar risada), eu não tomei anestesia geral, vi meu filho nascer e pude ficar com ele no colo enquanto o cirurgião fazia o procedimento cirúrgico após o parto. Duas horas depois, eu já estava amamentando ele.
Pergunto a quem entende: dá p falar em cesária humanizada? Ou só pode ser humanizado se for parto vaginal? Pergunto porque eu não sei mesmo...
aiaiai
Para o anônimo que não acredita em violência obstétrica, só uma coisa - vá plantar batatas!!! Pelo menos assim você se mantém ocupado e não escreve bobagem e de quebra pode alimentar alguém!!!
TODAS as causas levantadas no post pertencem ao feminismo! Não tem como não pertencer... é impossível tentar avançar no campo dos direitos reprodutivos e sociais das mulheres sem passar pela maternidade.
Só que eu compreendo a resistência de algumas feministas - eu inclusive - em acolher alguns pontos do tema.
Esse assunto já foi abordado aqui no blog da Lola pouco tempo atrás, e talvez eu seja repetitiva no meu comentário.
O que afasta as pessoas do tema é justamente o modo como algumas ativistas o abordam. Não é diferente de alguns colegas vegetarianos/veganos que eu conheci. Quando viam alguém comendo um bife saíam gritado - assassino, torturador de animais, monstro. O criticado ficava lá parado, com o bife no garfo e uma expressão espanto na face.
É importante compreender que, qualquer causa que se lute, gritar, ameaçar, acusar, apontar o dedo NÃO leva a reflexão. Só deixa as pessoas muito p*** a vida. Já comentei aqui uma vez, o que deixa apavorada em algumas ativistas é justamente isso - sobra arrogância, falta diálogo.
Outra coisa que, na minha opinião, é fundamental para avançar na questão dos direitos femininos: É a desconstrução do mito do amor materno. Nem toda mulher nasceu para ser mãe (bom, isso parece já estar claro) nem toda mãe é mártir.
Enquanto o papel da mãe for esse ser abnegado, cujo a única alegria na vida é se sacrificar pelos filhos, eu duvido muito que as coisas vão pra frente.
Jane Doe
Otimo post Lola!!! E ótima resposta das "Maternas" no blog da cientistaqueviroumãe ao texto mal elaborado do blog feministas que só traz um retrato arcaico e preconceituoso de uma visão feminista sobre maternidade baseada sei lá na década de 50!!
Tem muita gente aqui que não entendeu até hoje o que é parto humanizado, pra ajudar eu gravei um vídeo explicativo no youtube, se eu puder compartilhar acho que pode ajudar: http://www.youtube.com/watch?v=eKq8fa2gfu4
Tenho duas filhas e acho que partos devem ser feitos pelo médico.
E que de preferência, enfermeiras e médicos sejam educados, ou vcs acham q só na hora do parto é que as pacientes são xingadas?
Pacientes em hospital públicos são destratados em todos os setores. Homens e mulheres.
Desculpe, Madalena. Não estou opinando sobre seu parto (nem sei como foi, você não o descreveu), mas estou sim, criticando suas ideias a respeito do tema e sua postura em uma lista de comentários pública e aberta.
Apesar do blog ser feminista, a Lola sempre manteve o espaço aberto não somente às mulheres, e por isso me sinto no direito de comentar.
Na verdade, comento muito pouco pois vejo este espaço como um dos poucos onde as mulheres tem voz e são defendidas de "trolls mascus", como a Lola diz, e por isso, prefiro mais acompanhar que participar.
Assim, eu, que sou ativista pró-parto humanizado no FB (:D), nunca li relato de parto domiciliar que tenha ido para as cucuias porque a mulher pediu analgesia. Deve haver, eu suponho. A presença da doula, o apoio do companheiro, da equipe, já faz uma diferença danada para que a maioria das mulheres consiga parir. Meu relato pessoal, para quem interessar, está aqui. Não sei se terei outro filho/a, mas faria tudo de novo se não houvesse real impedimento em benefício meu ou da criança.
Agora, vamos supor que em uma situação de parto hospitalar humanizado a mulher peça analgesia. E aí? Ela tem que se matar, porque, bem, isso é uma traição? Lembro do fora que a Rainha Vitória, uma defensora da analgesia em parto vaginal, deu para o arcebispo de Canterbury, que dizia ser pecado usar qualquer coisa que diminuísse a dor da mulher: “No dia em que o senhor puder parir, ouvirei sua opinião sobre a anestesia”. Certamente, ela vai lamentar, mas pedir analgesia é muito diferente de pedir cesariana. Quem diz que a cesariana é necessária (*mesmo que não seja*) é a equipe médica, não a mulher. Agora, aqui no Brasil é muito comum o/a obstetra convencer a mulher a marcar cesariana. Tem montes marcadas nessa época do ano, sob várias alegações.
Como Lola bem frisou, o que se critica é o sistema que obriga mulheres à cesariana e mantém práticas que não têm evidências científicas simplesmente “porque é assim”. Eu posso achar horrível, mas defendo até a morte o direito de uma mulher, desde que bem informada, possa marcar sua cesariana. O que não é possível é que mulheres sejam enganadas, ou mulheres pobres sejam submetidas a partos vaginais cheios de violência e achem que a cesariana seria melhor. E vão pagar se puderem. Ou ainda, serem induzidas a acreditar que tanto faz ou que é chique ter sete camadas d esua barriga aberta e seu bebê arrancado de lá. Os empresários da saúde agradecem, e as UTIs neonatais estão cheias por causa disso. Há até investigação rolando aqui em Brasília.
Pergunto (*embora saiba a resposta*) quem ganha ao valorizar uma morte em parto domiciliar em outro país, não aqui no nosso, ou a tentativa de desacreditar a Maternidade Maria Amélia no Rio (*campeão de cesarianas do país*), enfatizando (*lamentáveis, sim*) mortes de mães ou bebês. Agora, quando morre – e morrem bem mais – mães ou bebês depois de uma cesariana é “fatalidade”, ou se houve “pelo menos salvaram a criança”. Eu me sinto aviltada ao ver mulheres reduzidas à barrigas ou suas mortes diminuídas dessa forma, especialmente, quando poderiam ser evitada.
Quanto às boas notícias, aumentou a procura pela Casa de Parto de São Sebastião, aqui em Brasília. Nenhuma morte, enquanto em ambiente hospitalar tradicional tivemos várias mortes de bebezinhos por conta de bactérias, algumas transmitidas por falta de higiene. Que parto humanizado possa ser acessível à todas as mulheres que o desejarem na rede pública.
Sou mãe, passei por três cesarianas, então acho que entro nos critérios da Madalena para participar da discussão (ironia mode on).
Fui paciente e não protagonista, por isso perdi meu primeiro filho. Fui paciente e não protagonista e por isso perdi meu segundo filho. Minha filha nasceu, mas foi submetida a todas as rotinas que os recém nascidos passam, mesmo sem comprovação da necessidade das mesmas.
O assunto é sobre mim, é sobre todas nós, porque nenhuma de nós, mulheres que decidem ser mães, está 100% livre de sofrer violência obstétrica. Nenhuma. Querer tirar isso das pautas feministas, determinar quem pode ou não pode se manifestar, é de uma falta de visão e sororidade que chega a doer de verdade.
Fernando, você acha realmente que uma mulher vai colocar a vida dela e do filhx em risco por capricho? Fica quieto ai. Eu não entendo muito sobre esse assunto então queria perguntar: No parto domiciliar não tem anestesia? Porque a mulher tem que sentir dor? A doula/parteira não podem aplicar nenhuma anestesia?
Quis dizer ao Fernando que nenhuma mulher vai colocar a vida dela e dx filhx em risco por querer parto humanizado ou domiciliar.
Por favor chega de confundir parto humanizado e parto domiciliar! Será tão dificil assim entender que partos hospitalares podem ser humanizados? Que pode ocorrer violência obstétrica num parto domiciliar?
E que não é uma questão de médicos malvados x mulheres?
Poxa, fiz internato (estágio obrigatorio de medicina) num hospital com residencia de enfermagem obstétrica, vi enfermeiras fazerem episiotomia, obrigarem mulheres a se deitar antes do período expulsivo, gritarem e serem grossas. Vi técnicas de enfermagem entrarem na sala de pre-parto em que eu era responsável e falarem coisas horríveis, vi todas elas (técnicas e enfermeiras) fazerem a manobra de Kristeller (aquela que se pressiona o fundo do útero de maneira bem violenta).
Da mesma forma vi mulheres e meninas chegarem prontas para um parto normal e sem nenhuma ou quase nenhuma consulta de pré-natal/ exames, vi mulheres gritarem por uma cesárea, também vi acompanhantes serem negados a mulheres pouco informadas. Várias vezes tive que, escondido dos outros profissionais, orientar a mulher que chamasse a ouvidoria/ imprensa se seu direito a acompanhante não fosse respeitado.
As vezes fico dividida, acho lindo a ideia das casas de parto, mas o atendimento pré-natal deficiente torna dificil que a maioria das mulheres usuarias do SUS exclusivamente tenha acesso a elas (já vi também muita mulher reclamando que os critérios são muito rigidos nesses locais...)
E aí tem muita mulher que põe o discurso a perder quando para de se guiar pelo que é cientificamente comprovado (beneficios do parto normal, corte tardio do cordão, aleitamento precoce, contato pele a pele etc) e começa a generalizar: atendimento pós parto é desnecessário (tipo, como em termos de saúde pública se retira o credê, a vacina de Hepatite B e a vitamina k, num país que até hoje tem casos de sífilis congênita?!)orientando mães a recusar o serviço...
Enfim, tenho certeza que a forma de nascer no Brasil está errada, tenho certeza que muita culpa é do serviço médico (apesar do que um sistema não se mantem assim nas costas de apenas uma classe de profissionais, no fim, é o machismo em todos da equipe multidisciplinar que sustenta o sistema), mas vejo que infelizmente essa luta está encabeçada por uma série de pessoas que não utilizam o SUS e assim, muito das ideias, do que saí daí fica difícil de se aplicar em termos de saúde pública (como fica a humanização para a jovem adolescente?Para a mulher moradora de rua? Viciada em drogas? Com HIV ou Hepatite? Para aquela que chega querendo a cesárea?).
Julia, talvez alguém mais competente responda, mas vamos lá: há procedimentos que são permitidos somente aos médicos. O anestesista é especializado nisso e anestesia é coisa muito, muito séria. Se você opta por um parto domiciliar, sim, você assume que sentirá dor. A doula e outros profissionais podem ajudar a minorar a dor, ajudar na resistência, mas parir é um processo dolorido, sim. Outra coisa é que a analgesia em parto normal pode fazer com que a mulher não consiga controlar os puxos necessários, afinal, as contrações marcam o ritmo do trabalho de parto. Eu encarei a coisa de forma positiva: é uma dor para vida e, não, para a morte. Quem morre de parto, não morre ou morria por conta da dor das contrações.
Agora, engana-se quem pensa que por haver anestesia, a dor se vai. Olha, a anestesia passa, e, no caso da cesariana, a cicatriz continua a doer. Mais para umas que para outras, mas dói. Tenho que escrever isso, ou acabo me convencendo que tenho maior resistência à dor... sei lá... Dói e/ou repuxa meses depois e sua barriga fica dormente, mais para umas que para outras. Há quem nunca volte ao normal. Eu espero voltar.
HÁ! eu tava esperando a Madalena Barros se revelar a fake camila malheiros, porquê era aberração demais desde a primeira postagem. Parou de chamar de mascu e de atacar os homens, mas a intenção de plantar a semente da discórdia continua lá: tentando fazer as pessoas se sentirem inabilitadas a entrar na discussão e a polarizar os interessados de forma que se formem grupos que briguem entre si. Fake do cão.
Não se deixem levar pelos baderneiros, chegadas(os)!! Gente assim tem total interesse em um grupo incoeso, incoerente e cheio de ódio entre si.
(Não é que eu procure demônios para caçar, mas quando eles aparecem... não tem como não notar)
Interessante que o século muda, o tópico em debate muda, mas o nível da contraargumentação não muda....
Exemplo 1 (Título: vocês-mulheres-são-equivocadas-e-não-são-capazes-de-entender-nada-deixem-me-explicar):
Mulheres, vocês votarem é um risco. Há grande chances de complicações que só um homem pode entender. Quando seu marido lhe bate é porque ele precisa agir com força, às vezes é preciso ser rude sabe, mas é para o seu bem. É muito mais salutar que em vez de combater a política a pauta fosse a conscientização de como a mulher é importante de verdade no seio da família, educando as crianças. Essa coisa de voto feminino deve ficar no século XVIII.
Exemplo 2 (Título:mulher-é-sobre-algo-maior-que-você-trate-de-não-opinar)
A mulher não é o ser agente durante o casamento. Ela não deve escolher. Tudo bem que a mulher tenha suas convicções políticas, filosóficas e doutrinárias. Todavia, seus futuros filhos devem ser protegidos, não devem arcar com as decisões irresponsáveis da mulher. Por isso a mulher deve aceitar pacientemente aquilo que seu pai escolher para ela. Porque o pai e a sociedade sabem o que é melhor para mulher. A mulher tem o direito de escolher o que cozinhar para o almoço, ou que cor de meias quer combinar com o vestido, mas não pode escolher sobre seu casamento, envolve uma pessoa além dela.
Alguém me diz que não é a mesma coisa??????????????????
Katita
Bom, eu também espero que o post sirva mais para a convocação de uma luta coletiva do que para uma divisão. Não estamos precisando disto. Considero a questão da violência obstétrica pauta do feminismo sim. É violência contra a mulher, em contexto obstétrico uai! Não consigo perceber como se separa uma coisa da outra. Ainda que a "instituição maternidade" seja o controle do patriarcado sobre o corpo feminino, a violência que mulheres grávidas passam devem ser desconsiderada? Entendo que a questão do ativismo materno deva englobar sim além do parto, mas apenas desconsiderar a violência obstétrica, para mim, não faz sentido. É pura misoginia o que acontece nos hospitais, praticada pelos médicos, ou pelas enfermeiras, enfim, o aparato multidisciplinar do hospital esculhambando com as mulheres num momento de fragilidade.
Lutemos gente. Até que todas (todas mesmo) sejamos livres.
M.
Comentar sobre a agressão sofrida pela Raquel Scheherazade por um blogueiro de esquerda, nem pensar, né?
Acho que atrapalha a sua agenda...
Júlia, eu não acho que uma mulher possa colocar a vida de um filho em risco por capricho, eu tenho certeza. Aliáis isso não é opinião, é a constatação de um fato. Há mulheres que escolhem parto domiciliar, logo estão fazendo com que seus filhos corram riscos desnecessários.
Só um adendo. Júlia, imagine que uma mulher opte por parto domiciliar com doulas e parteiras. A gravidez foi considerada de baixo risco no pré-natal logo essa mulher está tranqüila com sua escolha. Durante o parto no entanto ocorre uma daquelas imprevisíveis e raras (nada é raro demais se quando acontece o dano é irreparável) complicações que só poderiam ser resolvidas em ambiente hospitalar. A criança tem uma anóxia e fica com paralisia cerebral. Agora imagine a culpa (justa) dessa mulher cada vez que vê seu filho seqüelado, todos os dias, ano após ano após ano...
E a polêmica Paulo Ghiraldelli versus Rachel Sheherazade, nada? Um filósofo, professor universitário, faz votos para que uma mulher seja estuprada, e tudo bem? Fosse um desses outsiders que não têm nenhuma ligação com o PSDB e outros partidos da “direita maligna”, valeria um post longo, não?
Bem, eu nao sou mãe e nem quero ser; sou medica mas nao sou GO.
Acho que posso dar minha opinião aqui :
Eu nao sabia que existia a violência obstétrica ate coisa de 2-3 anos atras e fiquei horrorizada.
Aprendi sobre o assunto lendo esse blog e me informando mais sobre o assunto depois,
Sobre os procedimentos invasivos e desnecessários,posso dizer que aprendi exatamente desse jeito na faculdade ; acho que o modelo de ensino deveria ser revisto( talvez ja esteja sendo em algumas escolas ou grupos de pesquisa ?)
Nao vou escrever mais porque ja comentei sobre o assunto em outros posts e vou ser redundante.
Parabéns pelo post e pela luta
-:)
Beijos
Lola, adoro seu blog e entro nele com frequência.
Lembrei de vc ao ler o texto: http://br.mulher.yahoo.com/blogs/preliminares/contato-f%C3%ADsico-entre-homens-ufc-e-o-impacto-143347616.html . Me fez pensar - que vida triste acaba tendo o garoto, não? mesmo na minha família tios, primos e demais parentes são ultra carinhosos com as "princesas"... mas já ouvi até que "menino é para chutar".
Espero que isso um dia mude. E que quando eu tiver o meu, que seja com um pai carinhoso.
Fernando, entendo sua preocupação, mas como doula que já acompanhou diversos partos domiciliares planejados e assistidos por equipe médica/enfermeira-obstetra, posso te garantir que as complicações não acontecem assim.
Pesquise melhor sobre parto domiciliar para emitir uma opinião. A equipe leva todo o material que existira num hospital. Muitos hospitais não dispõe de UTI neonatal, e quando algo acontecem transferem o bebê para um que há. Um parto domiciliar é igual a um parto em um hospital onde não há UTI, a equipe possui material de reanimação, entubamento, oxigênio, medicação, material pra sutura etc etc e pode transferir o bebê para o hospital mais proximo (deve-se sempre ter um plano B para transferencia bem pensado, nada é feito na irresponsabilidade).
Um estudo holandes feito com 700mil partos chegou a conclusao que partos domiciliares sao tao seguros quanto partos hospitalares, sao feitos apenas com gestantes com gestacoes saudaveis, de risco habitual, onde intercorrencias na maioria das vezes podem ser observadas pela equipe que atende, e esta irá decidir o modo de ação (intervenção ou transferencia) sempre que necessário.
Nenhuma mãe arrisca a vida do seu tão desejado bebê. São escolhas muito conscientes e muito bem pensadas
E deixo mais um dado pra você, paralisia cerebral, segundo os estudos cientificos evidenciam, é tão frequente em bebes nascidos de cesarea quanto de parto normal (provando que nao tem relação com o parto necessariamente)
e anoxia acontece muitas vezes no ambiente hospitalar POR CAUSA das intervenções desnecessarias que nao acontecem em casa. Um bebê pode ter anóxia prq foi dada muita ocitocina (soro) pra mãe, prq ela esta deitada (e nao em posicao vertical), prq fazem manobras violentas que comprimem o abdomem dela.. e ai ele nasce mal e acham que "quem bom que estavamos no hospital", mas foram as intervenções que criaram o risco, e nao o contrario!
que chatice hein katita?! todo mundo que discordar de vcs ou falar uma merda agora é essa tal de camila,é fake,é troll?
eu acho que vcs pensam que só feminista e mascu lê esse blog,n sei pq a madalena seria fake,to cansada de ouvir esse bla bla dela,de que quando eu tiver um filho vou saber como é bom...
parto domiciliar tem risco sim e se algo der errado na hora?
n vai ter o aparato do hospital para salvar a vida do filho nem da mãe.
Ish, fui publicar este comentário e ficou grande demais. Então o divido em dois. Parte 1:
Der Hexen, Ranieri, reaças e mascus não pautam este blog, ok? Ghirardelli não é um cara de esquerda. Ninguém de esquerda o considera de esquerda. Perguntem aos alunos da UFRRJ que fizeram protesto contra ele em novembro se ele é de esquerda... Pra mim e pras demais feministas que ouviram falar nele (porque ele não é muito famoso não), Ghiraldelli tem tanta importância quanto outros filósofos e astrólogos como Pondé e Olavão. Todos os três são machistas. Eu não vejo grande diferença ideológica entre eles. Não é só porque Olavão o ataca que G deixa de ser de direita. Olavão também ataca Constantino e Júlio Severo, e mesmo assim, são todos reaças.
Mas nem é importante se G. é de esquerda ou direita (eu só refuto porque reaças automaticamente disseram que ele é de esquerda, o que é uma mentira deslavada. Aliás, hoje vi este vídeo sobre o assunto, e concordo bastante). O importante é que G agrediu a Rachel Sheherazade (uma pessoa claramente de direita, que todo mundo da esquerda detesta). G. desejou que ela fosse estuprada, e isso é totalmente inaceitável, independente de Sh ser ou não reaça. Assim que fui informada disso, assim que um leitor me enviou o link pro FB onde G. fez essa agressão, eu condenei o filósofo no Twitter. Disse algo como "não gosto nem um pouco da Sh, mas gosto menos ainda de quem deseje que ela seja estuprada", e pus o link pro FB do G. Logo em seguida, em outro tweet, disse que o G. estava acostumado a ser "polêmico" (eufemismo pra preconceituoso), e pus o link pro vídeo do protesto de seus estudantes na UFRRJ. Isso foi mais pro fim da noite de anteontem, creio eu. Pronto, comentei e me posicionei sobre a grande polêmica do final de ano.
Parte 2
Aí entro no meu Twitter ontem de manhã (ou foi anteontem? Nem lembro mais) e vejo que tem um montão de reaça perguntando "E as feministas?" Ou seja, falando a mesma coisa que vcs estão falando agora. Só que eram dezenas de idiotas atacando AS FEMINISTAS por não terem defendido a Sh "a contento". Um ou outro se lembrou que sim, eu a defendi, mas não quiseram nem saber: acharam insuficiente. EU passei a ser atacada. Segundo eles, eu deveria escrever pelo menos 5 longos posts condenando o G. pra defender a Sh, e mesmo assim eu seria acusada de ser conivente com G. porque "ele é de esquerda" (ha ha), ou de não ligar pro ataque da Sh porque ela é de direita. Ou de só defendê-la pra não ficar mal na fita (é, porque tem algum jeito de eu, uma feminista de esquerda, perdoem a redundância, ficar bem na fita com os reaças! É, e porque eu me importo muito com o que reaças pensam de mim!).
O mais irônico é ver que, entre os que cobram as feministas (na verdade não cobram nada, só querem pretexto pra atacar feministas), estavam vários que frequentemente ameaçam mulheres com estupro! Um deles, um reaça assumido chamado @martorelli, já foi denunciado várias vezes por feministas (e outros ativistas de direitos humanos). Vcs devem conhecê-lo. Ele tem 6,500 seguidores no Tw, quase todos reaças, imagino. Esses amiguinhos conhecem bem os tweets dele, e nunca vi indignação alguma da parte deles. Pelo contrário, eles aplaudem, retuitam, brincam. Afinal, pra machista é uma grande diversão dizer que mulheres merecem ser estupradas!
Então sugiro que vcs cobrem dos seus amiguinhos reaças que ELES comecem a se indignar com ameaças de estupro que eles mesmos fazem a torto e a direito a detratoras (tipo eu) e a mulheres genéricas. Porque eles não têm moral pra se indignar com ameaças de estupro! Parece piada ver reaça falar de "indignação seletiva"... dos outros!
Eu, de minha parte, já desaprovei o que G disse, assim como desaprovo qualquer ameaça ou piada de estupro ou estupro real ou whatever. Não deixa de ser engraçado ver machistas asquerosos (não estou falando de vcs, que nem sei quem são) querendo pautar o feminismo, querendo salvar as mulheres do feminismo. Isso, vamos deixar reaças tomarem conta do feminismo. Eu evito escrever sobre o que é óbvio. E pra mim é óbvio ululante que não se deve desejar estupro a ninguém.
Não precisa publicar, não estou querendo começar uma discussão, até porque o tópico do post é outro. Só peço que você setorize suas críticas. Quando um imbecil faz agressões machistas e racistas no twitter, facebook, blogs etc. você imediatamente já o associa ao PSDB, DEM e outros adversários do PT. Desculpe, mas acho um jeito sujo de demonizar um adversário. E não venha com essa de que Paulo Ghiraldelli não é de esquerda. Ele pode não ter a “pureza ideológica” de uma Marilena Chaui, mas é de esquerda sim. Quanto a Rachel Sheherazade, não é o meu modelo de bom jornalismo. Populista e moralista demais para o meu gosto. E não, não a odeio, ok? Um feliz 2014.
Ranieri, nada a ver. Olha só, um dos mais célebres babacas machistas/racistas/homofóbicos do momento é Danilo Gentili. Eu falo bastante dele (mais no Twitter do que aqui). Tente encontrar algum momento em que eu o associo ao PSDB, DEM e outros adversários do PT (ahm, vc sabe que, atualmente, a maior oposição ao PT vem da esquerda, certo? Tipo, PSOL e PSTU fazem mais oposição ao PT que PSDB e DEM juntos). Ele é que se põe como adversário do governo ao inventar teorias da conspiração hilárias de que o governo PAGA militantes online pra atacá-lo. Por que o governo pagaria pra atacar um humorista (tudo que ele diz é "só uma piada", segundo seus próprios fãs) sem a menor importância? Agora, não há dúvida que Gentili é um reaça. Reaça é um termo apartidário pra falar de alguém de direita e/ou com valores que vão contra grupos historicamente oprimidos. E esse é só um rótulo. É um atalho pra "reacionário". Quem é reaça deveria ter orgulho em ser reaça. Eu sou de esquerda, e tenho orgulho em ser de esquerda. Sou feminista (outro rótulo) e tenho orgulho em ser feminista. E por aí vai.
G. é criticado (faz tempo!) por gente de direita e de esquerda. Ele mesmo, faz poucas horas, antes de seu twitter ser suspenso, disse que não é de direita nem de esquerda. Os alunos da UFRRJ que protestam contra ele CERTAMENTE são de esquerda. Mas, como eu disse, não é essa a questão.
Feliz 2014.
Caro anon 21:55
Preguiça eterna... será possível perceber que a discussão da violência obstétrica vai muito além da discussão parto domiciliar? Acho que com meio neurônio já se dá conta disso.
Com mais meio neurônio também dá para perceber que mesmo que essa fosse uma discussão exclusiva sobre parto domiciliar, ainda assim, a bibliografia médica (CIENCIA, você conhece?) respalda efetivamente o parto domiciliar ASSISTIDO.
Se sobrar mais algum meio neurônio por aí, eu apontei estruturas de discursos que não mudam, eu não acusei ninguém de ser troll, mas já que o chapéu serviu...
Katita
A única experiência de parto foi através de uma amiga minha: 3 filhos.
A primeira filha, ela acreditou no medico. Disse que nao se sentiu participe e sim so uma espectadora do que o medico estava fazendo.
Prometeu estudar mais sobre o tema
O segundo ela queria ter em casa com douta, na água, mas o seu marido ficou com muito medo já que ela tem ovário bifurcado, os hospitais sao longes. Ela aceitou ser no hospital mas queria que fosse com um medico de confiança. Infelizmente era natal e o seu ginecologista estava de ferias, quem fez o parto foi outro medico pouco experiente e grosso, uma vez mais ela diz se sentir uma mera espectadora do que faziam no corpo dela. Diz que foi violento.
O terceiro finalmente ela conseguiu conhecer um medico mais humano, aceitou que seria no hospital mas estava se sentindo melhor por ser um medico que ela confiava,
Mas o bebe estava de ponta cabeça e ela foi obrigada a fazer cesariana. Diz que se sentiu meio frustrada porque finalmente tinha conhecido um medico gentil, mas nesse caso a cesariana era super necessária. Falou que o pós operatório foi muito mais lento é pior que o de parto normal
Eu nunca pari mas entendo essa dificuldade em encontrar um ginecologista humano. Na minha idade, 35 anos, eu passei por mais de 10 ginecologistas procurando o melhor, o mais humano. So encontrei uma. A maioria nao te escuta, te obriga a tomar pilula cuja única desculpa é que vc esta em idade fértil, nao querem saber se vc nem tem namorado, se sente inchada com elas, nada. NAO TE ESCUTAM.
Tenho algumas questões com relação a essa questão do parto humanizado. Acho que boa parte da rejeição que esse tema recebe nasce um pouco do discurso de algumas ativistas (não de todas, sejamos justa) de que a mulher que "consegue" ter um parto natural é uma espécie de ser superior. Podem me trolar, mas o fato é que esse discurso existe e dá um bode total. Mas para além disso tem outro ponto que me incomoda. Posso estar enganada, claro, mas que é uma percepção muito forte para mim é que existe muito individualismo nessa "briga". A sensação que o ativismo às vezes me passa é a seguinte: já que o parto hospitalar é ruim (porque os planos de saúde gostam de apressar as coisas e as mulheres são cidadãos de segunda categoria e o SUS e um lixo, etc., etc.) em vez de montar um plano e brigar por uma melhora nesse sistema, vamos contratar doulas e parir em casa mesmo. É mais ou menos o mesmo processo de quem diz "a escola pública é ruim, vamos para a particular, a particular é ruim, vamos educar em casa". Pode ser uma forma de luta, mas não me emociona. Não é a forma como eu gostaria de ver a questão sendo abordada. Vi gente reclamando da confusão que se faz entre parto domiciliar e parto humanizado, mas bem, essa confusão não me parece sem a toa. Quando o CRM do RJ quis proibir médicos de atuaerem em casa foi um bafafá, várias ativistas sairam às ruas, etc. Tudo muito bonito. Quando a imprensa noticiou que no Estado de São Paulo, as presas são obrigadas a dar a luz algemadas, não vi a mesma movimentação. Pode não ser culpa das ativistas. Talvez elas até tenham gritado e a imprensa simplesmente não noticiou, mas enfim. Eu gostaria de ver as coisas diferentes. Acho a questão da violência obstétrica é muito séria, não discordo disso nem um pouco, mas a forma como o ativismo pelo parto humanizado vem sendo conduzido, não me convence. Além do mais parece uma briga entre doulas bem informadas e médicos crueis, sem se aprofundar que o nosso sistema de saúde está doente. A "opção" pela cesária não é só do médico, é de um sistema (especialmente para quem tem plano de saúde) que empurra para que o parto seja realizado pelo "nosso médico", por exemplo. Não tenho esse dado (se estiver errada me corrijam), mas sou capaz de apostar que nos países onde as taxas de cesária são menores, o parto é feito pelo médico de plantão no hospital (quando não pela enfermeira obstetra de plantão), simplesmente porque partos são longos, tomam tempo e, embora sejam rezoavelmente previsíveis, podem começar a qualquer hora (por exemplo, quando o "seu médico" está terminando o plantão ou no meio de outro atendimento). Enquanto esse sistema não for mudado, o parto hospitalar não vai mudar e eu gostaria de ver mais luta para esse lado, mais foco na melhoria do sistema e menos no parto domiciliar. Desculpem as ativistas se estou generalizando, mas é minha opinião com base no que eu percebo de tudo o que vejo sobre esse assunto.
Tenho uma dúvida: se a mulher já fez uma cesárea ela pide ter um filho de parto normal depois? Minha vida inteira eu ouvi que não, mas todas essas coisas ao redor do parto me parecem cada vez mais FABRICADAS pra manter a "indústria da cesárea". Quanto mais eu leio, mais penso isso.
No mais, sempre escuto médicos dizendo que parto domiciliar é uma irresponsabilidade, que não tem porquê fazer, etc. Nunca ouvi um médico defender esse tipo de parto! Ao vivo né, em blogs sim. Mas enfim, o fato dos médicos falarem assim do parto domiciliar não muda um fato: conheço diversas mulheres que fizeram parto domiciliar e dizem que foi uma escolha muito acertada. Essas são as opiniões que prefiro ouvir. Eu tenho um aluno, um senhor de mais de60 anos, médico obstreta e ginecologista, que trabalha num hospital voltado às mulheres aqui de POA. Ele me disse que lá o número de partos normais é muito maior do que de cesáreas, mas que em hospitais particulares e caros aqui da cidade o número de cesáreas chega a 100%. Eu fiquei bem chocada!
Ah, e alguém falou aí em cima de como é revoltante ouvir algo como "ao menos salvaram o bebê". Também acho! E é interessante notar que em filmes, novelas, etc, sempre que há uma situação tipo "você deve escolher entre sua esposa/filha/irmã/etc ou o bebê" as pessoas ESCOLHEM O BEBÊ. Sei lá, acho incrível. Lembro que uma vez, numa dessas conversas que tu nem sabe como começou, minha tia disse que se numa enchente ela tivesse que salvar o marido (ou ela mesma) ou os filhos, ela escolheria salvar os filhos. Daí meu tio (marido dela) disse que salvaria minha tia, porque, nas palavras dele, "eu poderia ter outros filhos, mas Andréia só tem uma". Nossa, foi um auê. Mas poxa, o que que tem? Eu falo às vezes que acho que mesmo que eu venha a ser mãe eu vou continuar sendo ~a pessoa mais importante da minha vida~ e essa afirmação sempre é repelida em coro pelas mulheres-mães que me escutam, que dizem que eu não sei o que é amar um filho etc. Engraçado que homens-pais parecem sempre entender meu posicionamento...
Pra mim, não há dúvida de que a violência obstétrica e o fato da mulher decidir como quer ter seu bebê são pautas feministas. Mas acho que tem se confundido muito a causa (justa) com as defensoras (frequentemente insuportáveis). Como já vimos em outros posts sobre maternidade aqui no blog, as "sou super mãe-mais mulher-uma deusa onipotente onipresente e onisciênte para meu filho- mimimi" podem ser irrascíveis, prepotentes, arrogantes e imagino que isso faça com que muitas feministas as coloquem pra escanteio na causa ou não consigam ouvir as pautas das "super mães/mais mulheres" sem revirar os olhinhos depois de uma visita aos blogues delas pelo menos... Mas não, apesar de tudo isso, não acho certo que o que essas mulheres pleiteiam seja escamoteado, não é justo que uma mulher seja alienada do que acontece no seu corpo, como o parto. E muito menos que seja mal tratada por isso.
Oi.
Nao sou um ser superior ou super mulher. Sou como todxs aqui. Só fiz questão de entender sobre gravidez e parto. Pesquisei muito e frequentei reunioes de gestantes, conheci então o pessoal maravilhoso do Ishtar.
Pari normal, sem anestesia. Nao doeu. O que dói até hoje é o maldito corte que a plantonista fez em minha vagina, totalmente desnecessário. E o fato de ter que parir deitada, o que nao faz nenhum sentido.
Mesmo eu gritando que não queria, que não aceitava, me rasgou. Isso é violência sim!
Parto domiciliar é tão ou mais seguro que hospitalar. A parteira nos acompanha a gestacao e parto todinho. Qualquer desvio, vamos ao hospital, sem correrias. Assim como foi o meu. Parir faz parte do feminino, todo mamífero fêmea o faz.
Leiam, estudem. Existe muita informacao na net sobre esse tema. Recomendo muito o "estuda melania estuda".
O problema aqui no Brasil é essa cultura do medo, desinformacao geral e achar que médico é sempre dono da verdade.
Acordem.
Drica,
podem ser irrascíveis, prepotentes, arrogantes e imagino que isso faça com que muitas feministas as coloquem pra escanteio na causa ou não consigam ouvir as pautas das "super mães/mais mulheres" sem revirar os olhinhos depois de uma visita aos blogues delas pelo menos...
Mas não é mais ou menos assim que as pessoas que não sabem nem querem saber do feminismo se referem a todo o movimento e suas componentes?
Madalena, ai que preguiça em te responder...
Madalena, realmente, eu nunca tive filhos.
Mesmo assim, eu sou muito mais mulher que você.
Porque eu tenho um cérebro, eu sou FEMINISTA.
Você pode se dizer feminista, mas não é, lendo seus comentários percebe-se que você está cheia de machismo embutido e gente assim só merece meu nojo.
Você é REAÇA, MULHER MASCU, FACISTA, RACISTA!
Tenho certeza que todas aqui concordam comigo, não com você.
Anônimo, deve-se sim lutar para que o sistema mude. mas no momento do parto é IMPOSSIVEL lutar contra o sistema estando literalmente imobilizada, isolada de todos os que podem te apoiar e cercado de possiveis algozes. É como querer que um paciente vá lutar contra as falhas do SUS durante um atendimento devido a um atropelamento, cheio de fraturas e tendo hemorragia. Nessa situação, o máximo que vai acontecer é o paciente ser (ainda mais) imobilizado, sedado contra sua vontade e sofrer ainda mais procedimentos não autorizados. A equipe neste momento sequer considera a parturiente como um ser humano, ela não consegue ser levada em consideração. Só esperneando, gritando e protestando muito - e parto é momento de tranquilidade e concentração, embora isso não seja respeitado. Junte a essa necessidade de protestar com tudo às inseguranças e medos do momento do parto mais o fato de que muitas vezes é proibido à parturiente estar acompanhada de alguem de confiança dela. Não dá. Então é óbvia a escolha, para quem pode, de fugir desse sistema escroto e ir parir em casa com uma equipe que vai ver ela como um ser humano e vai dar ouvidos aos pleitos dela. Parto não é o momento de brigar, briga-se *antes*, e pelas outras também, para que não passem por isso.
andei lendo um ou outro coment(preguiça de certas palavras),li rapidamente o post,e,sinceramente,creio que falta muuita informação,tanto para o pessoal que acha que ter filho é diploma de empoderamento feminino, quanto para o pessoal que fica dando gritinhos histéricos,também achando que se assumir feminista é ter diploma de sabedoria em partos humanizados.Menos,gente,beem menos,por favor!
E minha humilde,mas convicta opinião:filho não deveria ser "obrigação social",mas ele definitivamente,NÂO é opção,é um ser humano,que decide vir a este mundo quando menos se imagina,e o milagre da vida acontece,para aqueles que possuem sensibilidade suficiente para deixar acontecer e não ficar perguntando quem vem primeiro,se o ovo ou a galinha(quem mais importante,a mãe ou o feto,argh,gente isto não é feminismo!),parto humanizado é aquele no qual todo mundo possui a melhor das intenções:manter saudáveis mãe e filho,e se para isto for preciso mil intervenções,fazer o que?Também defendo e tive um parto em casa,mas foi por minha conta e risco...tem gente que não dá pra isso,aí tem mesmo que correr!
Tou com preguiça pura de ficar falando e falando,mas me incomoda essa neura de gente que é mãe e mal informada ,versus galera que não é mãe,não lida com sentimentos que agem somente dentro de situações que só a presença dum filho resolvem,e ficarem se digladiando - o feminismo perde muito em sua essência nessa nuvem de bate-boca(ops,bate-teclas!).
antes que venham aqui me crucificarem,eu acho perfeitamente normal que se pense somente ou primeiramente no bebe do que na mãe em situações de risco.Claro que a gente quer ser salva,amada,considerada e humanizada,não tratada como objeto,mas creio que tem uma diferença sutil aí,e não podemos ficar carentes ou mimadas a ponto de não percebermos!E,num caso de parto,creio eu que os profissionais irão trabalhar e prol daquele que dá para salvar primeiro,as vezes pode ser a mãe,as vezes o filho,não dá para adivinhar,nem os médicos possuem bola de cristal nesta hora,se tiverem prudência e juízo mais humanidade já está de bom tamanho!Sou mãe,e se tiver que salvarem-me,numa situação de emergência,meus filhos primeiro!Eu sou gente grande e mais velha,já vivi mais tempo,posso me virar,se morrer,já terei vivido boa parte da vida,mas o que pode um bebe,numa enchente?
Filho,podem ser 1,2,3,4,6,ou 15,mas fulano,vai ser sempre fulano,cicrano vai ser sempre cicrano,filho é único,um ser ÙNICO!filho NÂo é produção porque mulher NÂo é linha de montagem!
A prioridade num atendimento médico é salvar a mãe ao filho, se houver um impasse.
Caroles, é possível ter parto normal depois de cesariana sim. Mas só encontrando um obstetra que aceite fazer. Não dá para esperar que os médicos que empurram uma cesariana na primeira vez vá querer fazer parto normal nas gravidezes seguintes, né? Eu já encontrei uma médica que faz VBAC (vaginal birth after cesarian) e vou lutar muito para conseguir.
De resto, fiquei tão chocada que tem mulher que se diz feminista que não acha que os assuntos da maternidade tenham a ver com o feminismo que nem consigo comentar. só lamentar.
Lola, só como aviso, fui clonada no meu segundo comentário...tava bem longe da net nesse dia ;-). Povo tem o que fazer não?
E Madalena, ao contrário do meu comentário clonado, te respondendo aqui...eu sou mãe. É exatamente por isso que disse que o anônimo que inicia os comentários não pode falar pela minha voz. E mesmo se não fosse, ainda assim, a discussão seria sobre mim. Toda vez que tentam falar por nós, mulheres, que ridicularizam nossas escolhas e intelecto, toda vez que vêm com esse papinho aranha de zomg os filhos, os filhos, o filho, o feto...em detrimento da mulher, é sobre todas nós.
Percebi que infeliz a grande discussão nos comentários se deu pela questão do parto humanizado e/ou domiciliar, quando na verdade a intenção era discutir porque a maternidade não é considerado um assunto feminista.
Depois de me tornar mãe, e ver o quanto foi difícil achar um médico que não quisesse me obrigar a fazer uma cesária. Em como a sociedade me diz que amamentar exclusivamente até os 6 meses, e posteriormente até pelo menos os 2 anos, e em público é "errado". E como o direito da mulher que trabalha e tem filho e quer ser presente, tirar leite para continuar amamentando, ter direito a uma creche próximo ao seu local de trabalho, etc simplesmente são ignorados, afinal seu patrão é homem ou se mulher acha que se ela teve que dar mamadeira ao seu filho e deixa-lo com uma babá vc poderia fazer o mesmo e não reclamar, afinal ele se sobreviveu o seu tb irá.
Cadê as feministas para lutarem pelos direitos da mulher, que no caso ser somente igual ao dos homens não basta? Somos mães e mamiferas, e sim devemos ter mais reconhecimento de nossa importância como profissional...
Muitas mulheres que tem condições, deixam de trabalhar para se dedicar aos filhos, não pq sejam machistas, mas pq infelizmente nosso sistema de trabalho e as leis trabalhistas brasileiras são!
:D
Sem dúvida alguma a maternidade é um assunto pra lá de feminista, porém seria produtivo que pouco a pouco fosse inserido na sociedade uma noção de que hoje em dia é totalmente opcional. E muitas mulheres, infectadas pelo patriarcado ainda não enxergam a coisa dessa forma, repetindo esses padrões antiquados de que uma mulher só se completa como mãe, assim como já foi com o casamento. até não muito tempo atrás. A sociedade brasileira e o mercado de trabalho precisam acolher as pessoas que querem a maternidade e também quem não deseja ter filhos, estas últimas alvo de grande preconceito a despeito do infinito benefício que existe em não procriar. Uma mulher sem filhos é mais livre, mais economicamente auto-suficiente, menos dependente de "favores" (entre aspas, porque não é favor e sim direito, mas tratado como favor) de patrões que pelo visto esquecem das próprias mães e acham que brotaram do chão já adultos e alimentados. Quanto mais machista a sociedade, menos as mulheres deveriam permitir que alguém as engravidasse.
Também recentemente, as ativistas deste grupo foram duramente atacadas, não virtualmente mas presencialmente, no cara a cara, por pessoas que afirmavam não ser a maternidade uma causa feminista. Isso aconteceu no início do mês de dezembro, dias 06 e 07, por ocasião do IV Ciclo de Conferências da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. A participação da Artemis em tais conferências se deu no âmbito do Grupo de Trabalho dos Direitos da Mulher, tendo sido representada por 9 delegadas e com o objetivo de pautar o tema “violência obstétrica” como uma das metas da Defensoria Pública de São Paulo para os próximos dois anos. A Conferência é um espaço da sociedade civil, onde todas as 90 propostas apresentadas devem ser de extrema importância para a sociedade em geral e para o Estado de São Paulo. ginecologo consulta medico pediatra medico doctor dermatologo veterinario veterinario ask to consulta abogado abogado abogado abogado abogado psicologo doctor psicologo abogado abogado Ali estavam propostas importantíssimas para a questão da mulher: funcionamento das delegacias da mulher 24hs/dia, inclusive finais de semana; acolhimento de mães puérperas em situação de rua; criação de casas de passagem e abrigo especializado para mulher em situação de violência; criação de Juizados Especializados em Violência Doméstica; proteção à identidade de gênero; campanhas pela legalização do aborto; atuação na questão da violência obstétrica, entre outros de igual importância. É facilmente perceptível a grande relevância de todas as propostas, as quais, certamente, estão dentro do escopo dos movimentos feministas. E a inserção da violência obstétrica como mais um tema a ser trabalhado e a ser combatido na sociedade é prioritário num contexto do Poder Judiciário onde pouco ou quase nada tem sido feito sobre o assunto.
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