quarta-feira, 2 de março de 2011

GUEST POST: CICLISTAS ATROPELADOS E MOTORISTAS COVARDES

Acho que já deixei claro em alguns posts que não gosto de carros, que precisamos encontrar outras alternativas de transporte, e que automóvel é apenas um veículo, não um sinal de status. Mas o carro em si é só um carro, um objeto inanimado. É preciso de um motorista pra que ele ande. E é preciso um motorista para cometer barbeiragens, desrespeitar leis de trânsito, e se por acima da vida dos demais. O que aconteceu sexta em Porto Alegre revoltou todo mundo. Eu já tinha pedido faz tempo pra um leitor, o Thiago (Nefelibata), escrever um guest post sobre essa cultura de idolatria ao automóvel, e como ela funciona como fator de opressão social. Ele, que acabou de se formar em Direito, me enviou um texto fascinante, mas longo. Pretendo publicar outras partes depos. Esta é a mais urgente:

Sempre fui muito crítico ao uso indiscriminado de automóveis, e, naturalmente, sempre fui muito repreendido e ridicularizado por isso. Dessa forma, acho triste ter que acontecer algo como o bárbaro atropelamento ocorrido em Porto Alegre na sexta-feira última para que as pessoas no geral parem para pelo menos tentar refletir sobre o papel do carro na sociedade. No dia 25 de fevereiro, cerca de uma centena de ciclistas estavam a passeio nas ruas, num movimento chamado de Massa Crítica. Havia adultos com crianças na garupa, idosos, até mesmo um cachorro numa cestinha. Então, um carro com motorista impaciente resolve literalmente passar por cima. Toma distância, acelera e faz igual àqueles jogos de videogame estilo Carmageddon e Grand Theft Auto; simplesmente atropelando quem quer que estivesse na sua frente. Felizmente, a maioria escapou do atropelamento ao ouvir o ruído, mas dez foram feridos e, ainda de acordo com a notícia do Terra, cinco foram hospitalizados (a Folha fala depois em dezesseis atropelados e oito hospitalizados).
Casos de ciclistas atrope
lados por motoristas no mínimo irresponsáveis são motivo de luta para grupos de bike Brasil afora (neste link o exemplo de ciclistas mortos no trânsito e homenageados com ghost bikes; a foto ao lado e a acima, do "devagar vidas", são de autoria de Willian Cruz e foram retiradas daqui). Embora não vejamos com frequência um carro sozinho atropelando uma massa de ciclistas, é fato que essas pessoas são agredidas todos os dias nas ruas, seja moralmente, psicologicamente ou fisicamente. O que houve em Porto Alegre simplesmente ilustra e resume tragicamente a realidade cotidiana. E o que está por trás disso é um elemento cultural específico, que cresce descontroladamente e nos brutaliza, e que é preciso combater. Podemos ver esse elemento claramente, por exemplo, nos comentários de notícias sobre esse caso, muitos dos quais dão razão ao motorista ou no mínimo dizem que os ciclistas “procuraram” por isso, tendendo a aliviar ou mesmo eximir a culpa do atropelador. Tudo bem que comentários de notícias na Internet geralmente são uma ótima vitrine para muito do que há de pior na humanidade, mas o que pensar quando a autoridade pública se manifesta no mesmo sentido? Pois foi assim com o delegado Gilberto Almeida Montenegro, responsável pelo inquérito do caso:
"O primeiro erro crucial foi esse evento ciclístico. Esse grupo cometeu um erro grave, qualquer evento desse porte se avisa a Brigada Militar (BM), a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação), a Secretaria de Segurança, para se formar um aparato para evitar situações desse tipo".
"Aqui não é a Líbia. Aqui tem toda a liberdade para fazer manifestação, desde que avisem as autoridades. Faz a tua manifestação, mas não impede o fluxo de automóveis. Se tu impedes, dá confusão, dá baderna, dá acidente. Fica o alerta".

O que o delegado disse é um absurdo (nem quero tentar descobrir o que ele pensa sobre a Líbia). Por que deveria avisar? Como bem disse o Bicicreteiro, todos os dias milhões de automóveis travam o fluxo de tudo que há nas pistas, em manifestações barulhentas, cheias de buzinas, e não avisam ninguém. As bicicletas em Porto Alegre andavam em velocidade até maior que os carros nesses eventos. Como uma pessoa da lei, o delegado Montenegro deveria saber que o Código de Trânsito Brasileiro entende bicicletas como veículos, tal como carros (Lei 9.503, artigo 96, inciso II, alínea a). Então, por que diabos uma centena de ciclistas não podem sair nas ruas sem avisar as autoridades e milhões de carro podem? Por que o carro merece tratamento privilegiado? Pela fala do delegado, inclusive, até as manifestações são um detalhe perto do fluxo de carros. Não interessam os valores humanos pleiteados nas manifestações; os automóveis são mais importantes. E ele não entende que se tem uma manifestação popular, é porque essas pessoas estão insatisfeitas com algo e lutam por um direito que acreditam possuir. Mas na sociedade individualista de hoje, a maioria da população não liga para nada que acontece para fora da porta de casa ou do carro. Então, o sentido de qualquer protesto é justamente atrapalhar os outros um pouco, para que possam parar e perceber que existe algo de muito errado acontecendo. Exatamente por isso, o panfleto distribuído até pelo menos antes do atropelamento diz: “Olá, amigo motorista, tudo bem? Desculpa por hoje estarmos atrapalhando um pouco mais o trânsito de vocês, mas normalmente é o contrário”.
Quando o panfleto pede para que os motoristas respeitem os ciclistas, diz que “tudo isso é lei; mas não é por ser lei, é para não nos assustar, ou pior, não nos machucar ou até matar. É, acima de tudo, para mostrar que você é um cidadão”. É precioso o que diz, para não respeitar o ciclista só porque é lei. É importante dizer isso, que a lei não é um fim em si, que não é só porque algo está na lei que é absolutamente correto. Lembremos que muitas lutas sociais visavam exatamente à revogação de leis opressoras. Escravidão já foi legalizada, adultério já foi delito, o casamento homossexual ainda é ilegal, o aborto ainda é crime, por exemplo. Por isso, não podemos admitir que se dê alguma razão ou atenuante ao criminoso de Porto Alegre quando nos vierem com essa do Código de Trânsito:

Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

“Bordos da pista de rolamento” significa a faixa mais à direita. Ou seja, o ciclista deve, por lei, deixar a faixa da esquerda livre (quando houver duas faixas). No caso de Porto Alegre, não havia ciclovia/ciclofaixa, não havia acostamento, havia mais de uma faixa e os ciclistas estavam usando todas elas. Errado? Não, porque era um protesto. “Ah, então os ciclistas não estavam saindo normalmente de casa como os motoristas do cotidiano! Nesse caso deveriam ter chamado a polícia!”. Não de novo, porque o sentido do protesto é justamente o de ocupar as ruas inteiras, sem escolta policial, tal como ocorre com carros nas ruas todos os dias. Assim, talvez mais pessoas consigam ver que “existe uma alternativa muito divertida, não poluente, silenciosa e saudável para o transporte”.
Contudo, o pior é que o absurdo dito pelo delegado Montenegro é coerente. A fala dele é porta-voz da cultura de idolatria do automóvel e de violência do motorista, e essa cultura se traduz na realidade como uma verdadeira forma de opressão social. No seio da humanidade esses fenômenos são, infelizmente, múltiplos e variados; machismo, racismo, elitismo, homofobia, xenofobia, etc. E dentre eles, há também essa opressão do motorista de carro não apenas contra ciclistas, mas também pedestres e até mesmo os famigerados motoqueiros. A denúncia dessa forma de opressão é algo relativamente recente, e talvez isso ajude a explicar porque até mesmo gente da esquerda ou “progressista” não a perceba, ou, na pior das hipóteses, negue-a como qualquer conservador faria.
Afinal de contas, como toda forma social de opressão, ela não é apenas sustentada pelo Estado e pela política; é também respaldada por parte da população. E no caso particular da opressão pelo automóvel, há aquele detalhe que dificulta o combate: é razoavelmente fácil “escalar a pirâmide” social e passar de oprimido a opressor. No Brasil economicamente ascendente de hoje, basta a simples tarefa de financiar um carro. E então, com essa possibilidade sempre em vista, e com uma enorme massa popular potencialmente motorista de carro, ocorre a internalização do opressor no oprimido; não se busca acabar com o conflito, mas entrar no lado de quem está ganhando e, assim, reproduzir a desgraça – que só será desgraça para os outros a partir de então. Por isso não é difícil ver alguém que pega transporte coletivo todo dia achar normal os excessos dos motoristas. Essa pessoa deseja que um dia ela mesma possa cometê-los logo que puder usar um carro. Prefere, dessa forma, tal como um capitão-do-mato, “trair a sua classe”, indo contra seus próprios interesses na condição de não-motorista, em nome da opressão da qual um dia espera fruir. Assim se perdoam barbaridades do opressor-condutor; elas não são mais vistas como injustiças, mas sim como caprichos, luxos, privilégios, direito! Se alguém tem culpa, é quem se opõe: o não-motorista. Aplica-se desse jeito uma espécie de vingança, tal como ocorre em trotes: toda a violência recebida terá que ser devolvida com os juros da espera.
O sórdido detalhe desse tipo de internalização do opressor e vingança social é que o oprimido traidor de sua classe não devolve a truculência acumulada em si contra as pessoas que lhe agrediram inicialmente. A vingança não pode ser contra eles porque a partir do momento em que o oprimido troca de lado e sai de baixo para cima, ele vai querer reconhecimento de seus novos pares, e não conflito pessoal com eles – o que poria a perder o mundo que quer ganhar. Quem sobra então são aqueles que permaneceram embaixo, e serão eles efetivamente o alvo da vingança. Essa retribuição de males cumpre muitas funções: faz com que os já presentes no topo da pirâmide reconheçam o recém-chegado como um de seus iguais, faz com que o antigo oprimido assassine seu passado, exorcizando o fato de que ele mesmo já foi um dia um daqueles miseráveis que não valem mais nada, e, por fim, proporciona a sensação imediata e direta do poder.
Dessa forma, como toda forma social de opressão, a violência do automóvel também se baseia na agressão do forte contra o fraco. Assim como um homem abusa da mulher por meio de sua força física normalmente superior, um motorista de carro abusa de todos na rua porque está protegido por uma arma de vários cavalos de potência e uma armadura de mais de uma tonelada. Em uma palavra: covardia.
Mas essa é somente a forma direta de opressão, a forma imediata. Há também a forma indireta, mediata: como toda forma social de opressão, o motorista também é protegido pela organização dessa mesma sociedade em detrimento de suas vítimas. Assim com
o a proteção institucional explícita ou sutil que homens têm em crimes contra mulheres (chegando mesmo ao ponto de alguns juízes negarem-se a aplicar a Lei Maria da Penha – cujo um dos objetivos é justamente combater esse acobertamento), que ricos têm em crimes contra pobres, motoristas também recebem a forma mais desprezível do benefício da dúvida; no caso em Porto Alegre, já tem gente dizendo que os ciclistas é que começaram a bater no vidro do carro e a fechar o motorista, como se isso o exculpasse do crime que cometeu. E até agora há quem insista em chamar o ocorrido de “acidente”, “erro do motorista”. Para mim, erro é quando a gente não consegue fazer o que quer. Por exemplo, quero acertar uma questão, respondo e não está certo: errei. Quero atingir um alvo, tento, e não consigo: errei. Um dos ciclistas filmava o local na hora do “acidente”. Isso parece um erro para quem? Se existe algum erro do criminoso, é que ele não conseguiu acertar tantos ciclistas quanto pretendia. Isso é tentativa de assassinato, contra várias vítimas de uma vez só. E ainda fugiu sem chamar as autoridades, o que constitui infração gravíssima no Código de Trânsito (artigo 176) e crime (Código Penal, artigo 135 – omissão de socorro). Dizer que é “acidente”, e de novo concordo com o Bicicretero, é entender que o motorista é sempre o “coitadinho” da história, que é sempre um outro maluco que se joga na frente do carro, que no noticiário, antes de sabermos o estado da vítima de atropelamento, somos informados da extensão do congestionamento que ela, a vítima, provocou. Sabe aquela história da mocinha ser a culpada pelo estupro porque estava de minissaia? Pois é.
O resultado de todo esse arranjo de violência e proteção dos violadores é, como também ocorre em toda forma social de opressão, o medo. Dou aqui exemplo vivid
o pessoalmente: meu pai era ciclista assíduo e abandonou a bicicleta porque ficou com medo de morrer após algumas situações de perigo. Deu todas as três bikes que tínhamos em casa e encrenca comigo sempre que menciono voltar a pedalar. Isso significa que, nele, os motoristas conseguiram o que queriam: mostrar quem manda na rua. Mostrar quem é o dono da rua. Impuseram nele não apenas o medo, mas o sentimento de submissão, de subjugação.

62 comentários:

Deize disse...

Conforme comentei em um outro fórum, querer culpar os cicilistas pelo atropelamento segue a mesma lógica de culpar a mulher pelo estupro porque ela usava uma roupa "provocante".

E o pior é que o sujeito estava com o filho de 15 anos no carro. Belo exemplo!

Ana Claudia disse...

Olha Lola, eu concordo plenamente com o texto, acho que os ciclistas muitas e muitas vezes são desrespeitados da mesma forma que acho que muitas e muitas vezes eles não respeitam o transito, da forma prevista na lei. Eu morei em uma cidade relativamente grande onde muitas pessoas se locomoviam de bicicleta. Entretanto, para atravessar uma rua com fluxo em sentido único era necessário olhar para os dois lados, porque sempre vinha uma bicicleta no sentido contrário. Eu inclusive fui atropelada por uma bicicleta ao atravessar a rua. Uma vez eu e meu marido estávamos em com o carro parado em um cruzamento, esperando a oportunidade para entrar na via principal que tinha o fluxo de carros vindo da esquerda. Assim, obviamente estávamos prestando atenção nos carros que vinham da esquerda. Assim que o fluxo de carros diminuiu, fomos entrar na via principal e quase atropelamos uma senhora que vinha de bicicleta no sentido contrário. Além disso ela ainda parou a bicicleta e começou a nos xingar loucamente!!!!!
Assim, creio que para caminharmos para um transito democrático é necessário muuuuuuito trabalho educativo tanto para os ciclistas quanto para os motoristas de veículos motorizados! Estive um tempo nos Estados Unidos e lá é imperativo o respeito dos motoristas aos ciclistas e pedestres. E lá o que se sente é que a relação é ao contrário: a prioridade é sempre do ciclista e do pedestre. Mas tanto ciclista quanto pedestre também seguem as regras: travessia na faixa de pedestres, ciclistas aguardando sua vez nos cruzamentos iguais aos carros. Enfim... espero que um dia possamos chegar a uma relação harmônica no transito! Porque preferiria mil vezes poder andar por aí em uma bicicleta do que de carro!!!

Michele M. Xavier disse...

Escrevi um post sobre o assunto no mesmo dia em que os ciclistas divulgaram o vídeo do acidente, até porque faço parte do grupo de discussão do Massa Crítica de POA(ofereci-me para assistência jurídica) e o grupo ViaCiclo de Florianópolis. A discussão sobre o tema já era acirrada desde a sexta última (dia dos fatos).
Fiz uma análise mais jurídica da situação, até mesmo pela minha formação.
Mas a primeira coisa que me veio à cabeça foi este vídeo do Pateta (sim, o desenho): http://www.youtube.com/watch?v=RMZ3bsrtJZ0
Para mim esse desenho é mais atual do que nunca, pelo que bem podemos perceber no dia 25/02.
É como uma esquizofrenia, que se alimenta do trânsito e transborda quando os agentes entram em seus veículos.
Houve um período em que vinha para meu trabalho de bicicleta. Acabei largando esse veículo, contudo, porque diversas eram as forças que me compeliam a isso.
A começar pelo próprio trabalho. Tenho uma bicicleta importada, dobrável (e cara). Por essa razão, e tendo em vista que o "dobrar" da bike se destinava justamente a isso, levava-a até a sala em que trabalhava. Seu tamanha fica bem reduzido com a dobradura, mas nem por isso fui menos abordada pelas recepcionistas do prédio (público, diga-se de passagem) e por aqueles que dividiam o elevador comigo.
Poxa, subir 11 andares com a bike nas costas não seria nada fácil e no elevador ela não ocupava mais do que o espaço de uma pessoa (e olhe lá).
Afora essas questões menores, que eu simplesmente ignorava, já que autorizada por meu chefe a entrar no prédio e guardar a bike na sala em que trabalhava, havia o problema do trânsito.
E aqui não podemos culpar unicamente os motoristas de veículos, pois os pedestres também não sabem respeitar as bicicletas.
Há unicamente uma ciclovia em Florianópolis (de minúsculo trecho, diga-se de passagem) e os pedestres simplesmente ignorar que a calçada (larga) que percorre a lateral da ciclovia é para o seu uso e não a área destinada aos ciclistas.
É mãe que atravessa a ciclovia sem olhar para o lado, empurrando a criança para correr na frente; são pessoas correndo no meio da ciclovia e impedindo que os ciclistas por ali trafeguem e assim por diante.
Florianópolis possui muitos atletas que treinam ciclismo para grandes competições, como Iron Man, sendo obrigados a dividir espaços com os carros nas perigosas rodovias que cortam a ilha.
Infelizmente não temos a cultura da bicicleta e as pessoas desconhecem que este é, sim, um veículo, devendo tomar os cuidados necessários, como o uso do capacete e o local em que devem trafegar. Por mais de um vez me deparei com um ciclista trafegando na contramão (quando eu de bike) e quase causamos um acidente envolvendo nossas bikes e os veiculos que nos circundavam.
Infelizmente hoje sou mais uma das usuárias de carro, pois o transporte público de Florianópolis é uma vergonha, desestimulando qualquer um com seus preços e precariedades de higiene e conforto.
Fugi um pouco do assunto principal do post, mas creio que todas essas coisas estão interligadas.
Concordo com a capitulação dada pelo Thiago e acrescento: trata-se de tentativa de homicídio triplamente qualificado -
§ 2° Se o homicídio é cometido:

[...];

II – por motivo futil;

III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

[...]:

Pena – reclusão, de doze a trinta anos.

Se a alguém interessar, minha análise mais "jurídica" do assunto. http://t.co/0gM85jj

Thiago Beleza disse...

Oi lolinha.. Sugiro colocar o sobrenome do autor no texto... várias pessoas estão pensando que foi eu...rsr.. Não quie isso seja ruim, mas é injusto de qqr forma..

bolt disse...

Olá Senhora,

vejo que você acredita que o aborto não deveria ser considerado crime. E quanto ao homicídio e ao estupro, também deveriam ser descriminalizados ?

Sds,
Alex

aiaiai disse...

Thiago,

como seu pai, eu e meu filho também desistimos de andar de bicicleta. Os motoristas daqui conseguiram impor a nós quem é que manda. Moramos em uma cidade média, todinha plana...seria maravilhoso andar de bicicleta. Mas eu morro de medo. Só andamos de bicicleta no calçadão da praia onde há uma ciclovia. Alias, a ciclovia está crescendo, sendo ampliada para outras ruas e, acho, em breve poderemos fazer alguns trajetos em segurança (sempre na ciclovia).
Esse foi um investimento que a prefeitura fez e que NINGUÉM - a não ser eu - elogiou. Só ouvi reclamações, do tipo: puxa, ao invés de aumentar a via dos carros, faz essa "porcaria" de ciclovia...

A gente vai ter que ralar muito para fazer o brasil parar de idolatrar carros.

Bicicleta é um ponto.

Outro importantissimo é investimento em transporte público. Vc só vê os jornais pedirem mais vias, mais pontes, mais mergulhões, etc, para desafogar o transito. NINGUEM pede transporte público de qualidade, afinal, quem anda em transporte público é pobre...

Pense em São paulo. Você só consegue chegar aos dois aeroportos se for de carro. OK, tem uma linha especial de onibus - cara e falha. Agora pense em Londres - vc vai até o aeroporto de metro. Alias, em qualquer cidade da europa é assim. O transporte público é para todos e é bom.

Não sou contra carro, gosto de ter carro e acho que as pessoas devem poder comprar seus carros. O que eu sou contra é você não ter a alternativa de deixar o carro em casa e fazer as coisas de bicicleta ou usando transporte público. Eu queria poder usar o meu carro apenas em viagens ou em ocasiões especiais. Mas sou obrigada a fazer quase tudo de carro, seja por falta de transporte público, seja por medo de ser atropelada.

bolt disse...

Senhora,

não tive a oportunidade de assistir a sua palestra na DRF em comemoração ao dia da mulher. Pelo que vejo nos seus textos vc é a favor da descriminalização do aborto. E quanto ao homicídio e ao estupro, por que deveriam continuar sendo considerados crime ? Gostaria de compreender que lógica é essa ?
asfrota@gmail.com

Jáder disse...

Moro em Fortaleza, Ceará, é já era difícil promover as bicicletas como uma boa alternativa de transporte. Depois dessa aí do atropelamento dos cilcistas da massa crítica, f**** de vez.

Não sei como é que tá a criminalidade em Porto Alegre. Mas bem que eu gostaria de ver uma maior parte da população de Fortaleza adotando biciletas como meio de transporte. Mas não dá. Aqui só quem tem bicicleta é marginal. E quem não é marginal e tinha bicicleta, foi roubado.

Seria bom poder ir ao trabalho de bike, mas tudo o que eu conseguiria é fazer a festa de um assaltante antes de chegar na metade do caminho.

Anônimo disse...

O pior é ver comentários no vídeo do YouTube de gente achando graça na situação. Eu sei que inferno não existe, mas se existisse esse era o tipo de gente que deveria ir para lá, junto com esse motorista que merece a tortura ao melhor estilo "O Albergue".

Anônimo disse...

Bolt,

Homicídio no seu particular caso,nós não consideraríamos crime.
SAIA JÁ DAQUI,TROLL COVARDE!

Rhael disse...

Por mais que o delegado tenha tentado defender o motorista ele está absolutamente certo quando diz que todo movimento e/ou protesto TEM que ser avisado às autoridades locais.

Isso existe pra que eles desviem o trânsito e preparem a segurança. O objetivo de movimentos é simplesmente ter visibilidade, então avisar às autoridades não faz diferença; a não ser que eles sejam negados, claro, aí pode estar havendo tentativa de coibir se não houver um motivo plausível pra recusa.

E, de qualquer forma, se houvesse ali a polícia acompanhando o evento o motorista não o teria feito; e se mesmo assim fosse imbecil a esse ponto ele teria sido autuado em flagrante pelos próprios policiais como testemunha, não tendo desculpa alguma pra fazer o circo que o advogado deve ter instruído a armar pra reduzir ou dirimir a culpa dele no ocorrido.

Eduardo Marques disse...

Tb sou crítico ao uso indiscriminado de automóveis. Acho que o veículo perfeito para a atualidade, pois não gasta tanta gasolina quanto o carro. Não creio no sucesso de um veículo de tração animal, que são as bicicletas, mas respeito quem usa.

Apesar de eu ter muita vontade de ter uma moto -- só dirijo o carro da família todo dia -- eu não consigo controlar a impaciência com as motos e as bicicletas na rua. Eu me sinto um boi enorme cercado de moscas atrapalhando ao redor. O carro, enorme, ocupa todo o espaço da pista. Na hora que aparece uma bicicleta, fininha, lenta, tenho que diminuir a velocidade até poder ultrapassar. E o q dizer dos motociclistas sem amor à vida que tentam passar por qualquer frestinha? Logo eu, que gosto tanto de moto fico com mta raiva delas e das bicicletas.

Patrick disse...

Lola, sabe qual foi um dos meus primeiros pensamentos ao ver essa notícia pela primeira vez? Provavelmente esse cara também bate na mulher. Não foi surpresa para mim quando o noticiário começou a mostrar que ele já teve dois registros na Delegacia da Mulher de Porto Alegre por agressão.

Lidiany CS disse...

Li o post inteiro e me emocionei, pq traduz essa cultura de trolagem no trânsito que vivemos atualmente.
Eu sou motoqueirA, sim sou duplamnte trolada.
Convivo com uma família de motoristas TROLLS, sim pai, tio, sogro, cunhado, colegas.
São todos assim ñ respeitam o trânsito, nem mulheres, nem pedestres, nem ciclistas, NADA.
Pra eles usar cinto só na frente do guarda, já ouvi absurdos sobre como morrer com o cinto de segurança.
Pra eles os problemas do trânsito são os motoqueiros e as mulheres dirigindo de salto.

Eu tenho nojo de sair com eles, escondendo suas infrações da polícia. Se ferir a lei de trânsito mas ñ for multado vale. Msm q isso mate alguém ou alguns.

Essa é a realidade na maioria dos lugares. O trânsito brasileiro é uma guerra, mata todos os dias, é tenso!

Eu dirijo morrendo de medo de ser atacada a qualquer momento. E sempre desejo estar dirigindo a moto do batman. Um lança-chamas ia ser mto útil! HAHAHA

Patrick disse...

Rhael, bicicletas estão autorizadas a utilizar as ruas como qualquer outro veículo, tal como motos e carros. Excesso de carros nas ruas provocam congestionamentos e ninguém pensa em solicitar "autorização" à polícia para que carros trafeguem nas vias publicas.

Rhael disse...

Não era "tráfego comum" de bicicletas. Eram pessoas fazendo um movimento pelo uso do transporte alternativo, e como todo movimento eles se unem em grandes grupos pra ter visibilidade, e como todo movimento eles TEM que avisar às autoridades o que vão fazer porque faz parte de da prática de qualquer organização.

Não sei se entendeu que eu houvesse dito que eles não deveriam estar nas ruas... e também não me importo. O ponto é que todos que vão fazer movimentos por qualquer motivo, que vão reunir grandes grupos, precisam avisar às autoridades.

Com a rara exceção, claro, de quando vão protestar contra as próprias autoridades, senão seriam dispersados antes mesmo de começar.

Patrick disse...

Rhael, eu trabalho próximo de um cemitério e é comum haver tráfego "anormal" de veículos acompanhando cortejos fúnebres. Nenhum deles nunca pensou em pedir proteção policial. E nem acho que deveriam.

Rhael disse...

Ah sim...

Relendo também notei que passou despercebido o "pedir 'permissão´"

Eles não tem que pedir permissão. Só tem que avisar, para que todos se organizem. Os órgãos públicos também tem que ter o direito de se organizar, e se não o fizerem o aviso dirime a culpa dos "manifestantes" em caso de desorganização por parte do Estado.

Do Estado, viu, não da polícia. ninguém tem que avisar à polícia, eles tem que avisar ao Estado.
Eles tem que avisar ao Estado, e não à polícia, a polícia não precisa ser avisada, nem a permissão pedida, apenas o Estado precisa ser avisar e não precisa quelhe peçam permissão, apenas que avisem para poder haver organização de ambas as partes.

Será que repeti o suficiente pra TODO MUNDO entender dsta vez?

Mesmo porque, por mais inteligente, o não treinado não sabe cuidar do fluxo do trânsito. Quem vai tentar definir um trajeto alternativo são os engenheiros de trânsito capacitados.

Anônimo disse...

Ótimo post, Thiago, parabéns! Aqui em BH a topografia não ajuda muito os ciclistas, infelizmente, mas se alguns pudessem pedalar tranquilamente nas poucas áreas planas da cidade, já seria uma boa ideia. Morei muitos anos perto da lagoa da Pampulha e só recentemente a prefeitura instalou uma ciclovia para o pessoal pedalar com segurança. Antes, a gente morria de medo.
Mônica

Nola disse...

Pois é, dirigir um carro na maior parte do Brasil é um privilégio enorme. Dentro de um carro vc pode ignorar todos os trechos do Codigo Brasileiro de Transito que mandam dar preferencia para pedestres e ciclistas. E fique tranquilo, o guarda não vai te multar.

Na minha opinião tem 2 jeitos de mudar essa situação:

1- Conquistar o espaço na porrada, como o exército de motoboys fez aqui em SP

2- Multa, muita multa pra quem não para na faixa pra pedestre atravessar, pra quem tira fina em ciclista, etc. Pior que pelo menos aqui em SP, eu já ouvi várias vezes que a CET deveria instruir ao inves de multar pq existe uma tal de "industria da multa". Mas pô, nenhum motorista sabe pra que serve uma faixa de pedestre? Ninguém sabe que tem que tomar cuidado com os outros?

http://www.youtube.com/watch?v=4_Bq1vxCUvo
este vídeo fala bem brevemente sobre "strict liability". Em boa parte dos países desenvolvidos, se ocorrer um acidente entre carro e bicicleta, a princípio o carro é o culpado, pois ao chegar perto de uma bicicleta ele deveria diminuir a velocidade, passar longe, etc. Ou seja, a pessoa no veículo maior deve sempre cuidar das pessoas nos veículos menores ou a pé.

Pat Ferret disse...

O pior é que o ocorrido continuaria sendo uma tentativa de assassinato, ainda que os ciclistas tivessem avisado as autoridades sobre o protesto. Um erro não justifica o outro, principalmente num caso como esse.

Ótimo post!

Willian Cruz disse...

Oi Lola, tudo bem? Belo texto. Só discordo do Thiago quando ele diz que "bordos da pista" significa lado direito. O plural já o diz: são ambos. Claro que, por especificar "no mesmo sentido dos carros" entende-se que en vias de mão dupla isso significa o lado direito.

Também entendo que não é prudente pedalar na faixa esquerda de uma avenida, mas suponha que você está numa rua de mão única com três pistas, sendo na da direita um corredor de ônibus. Ou que você está em uma avenida, onde a faixa da esquerda naquele ponto serve para fazer a conversão à esquerda que você precisa. Nesses casos, justifica-se usar o lado esquerdo da via - e se está amparado pela lei nisso.

Outro ponto que eu gostaria de comentar é que seria elegante dar crédito aos autores das fotos. Não sou nem um pouco chato com o uso de meus textos e fotos, mas é importante a atribuição de autoria, é bem mais ético e simpático. Há duas fotos minhas nessa página.

Abraço,

Willian Cruz
vadebike.org

Anônimo disse...

Que papo furado desse cara, sempre querendo adular as feministas no meio da defesa! Tá carente, queridinho, tá?

Oliveira disse...

Duas coisas:

1) O que o motorista fez, em Porto Alegre, não tem desculpa, nem perdão, muito menos justificativa; é tentativa de homicídio. Homicídio doloso!

2) Esses vagabundos andando de bicicleta em grupos irritam todo mundo, e ameaçam a todos que os questiona (foram proibidos de andar na USP, em São Paulo, por isso). Quem anda de bicicleta como se usa carro, como veiculo, não incomoda ninguém e, geralmente, são humildes trabalhadores e não esses viados, com roupa colada, capacetes coloridos, frescura sem fim e falta de respeito pelos outros total.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

http://vimeo.com/13156147

L. Archilla disse...

Fiquei chocada com o vídeo quando o vi pela primeira vez. Eu milito há 10 anos e nunca tinha visto uma reação tão violenta de um civil. Não há a menor dúvida de que foi uma tentativa de assassinato. Acidente foi esse cara ter tirado CNH. Aliás, fiquei pensando tb em que raio de psicotécnico aplicaram nesse cara que não viram toda essa agressividade. Não é à toa que existe um teste psicológico pra pessoa poder dirigir, olha o que faz um maluco desses com o volante na mão!!

Sem falar que tem mais coisa estranha nessa história. O cara diz que atropelou a marcha porque ciclistas estavam batendo no carro dele e ele ficou com medo de ser linchado. Mas linchado por quê? Foi sorteado pra ser depositário da raiva contida de todos os manifestantes?? Achei engraçado que nenhum jornal contou esse detalhe: ele estava sendo ameaçado POR QUÊ?

Independente de qualquer coisa, ok, rolou uma discussão, os caras bateram no carro e aí ele simplesmente decide matar 15, 20 pessoas? Sim, porque se não morreu ninguém foi pura sorte. Qualquer um que bate a cabeça na guia ou cai com o pescoço meio torto já era. Pode não ter sido um crime calculado, premeditado, mas que foi tentativa de assassinato, foi MESMO.

Mudando um pouco de assunto, em relação aos motoqueiros eu já tenho minhas reservas. É complicado, porque eu não ando de moto, só carro, então o ponto de vista fica limitado, mesmo. Mas eu sinceramente queria entender qual a dificuldade de um motoqueiro dar seta e olhar antes de mudar de pista. Sério, gente que pilota, podem me responder? E qual a dificuldade em escolher uma pista e só trafegar entre elas quando precisar, tipo com o sinal fechado ou trânsito realmente lento? Às vezes me identifico com aquelas imagens de trânsito da Índia, onde não tem pista, nem semáforo, nada, cada um vai pra onde quer quando quer. Motoqueiro não precisa observar a direção em que os carros andam, pra onde sinalizam que vão, nada, é só escolher um vãozinho, acelerar o dobro da velocidade permitida e ir buzinando pra todo mundo dar passagem. Toda a minha solidariedade aos ciclistas, mas os motoqueiros que me desculpem.

Alexandra disse...

Esse vídeo era do tempo em que pedestres e ciclistas dominavam as ruas:

http://www.youtube.com/watch?v=kJdwzY1o7k8

Anônimo disse...

Archila, só um comentário em relação aos motoqueiros... orei 25 anos em Sampa e sei bem do que vc esta falando..

Dizer que não da pra generalizar é desnecessário, né?

O trânsito é uma loucura... As pessoas tem pressa, muita pressa. Veja, por exemplo, quando vc vai dar seta pra mudar de faixa o doido acelera pra impedir vc....

Motoqueiros tem uma vantagem muito grande em relação aos motoristas, pois estão do lado de fora de seus veículos. Tem uma visão e podem ouvir muito melhor do que nós, dentro dos carros.

Some todos esses fatores a loucura que é o trampo de um motoboy numa cidade como SP: O cara recebe por encomendas que entrega. Se é devagar demais, fica sem dinheiro e sem trampo...

Temos essa mania de visualizar motoqueiros somente como partes do transito, mas tem uma série de fatores aí...

Obviamente, muitos deles são irresponsáveis e arriscam causar acidentes... MAs as leis de transito existem pra isso, não?

Tudo que vc citou q os motoqueiros fazem, aqui em BH são os motoristas de carros, ônibus, e caminhões que fazem o mesmo.

A grande diferença entre os motoristas e motoqueiros é q os segundos são vulneráveis... Por isso morrem mais.. Mas os acidentes entre veículos grandes tbm são comuns (apesar de causarem menos mortes por razões óbvias).

Enfim, oq eu queria dizer com tudo isso é que, não adianta apontar o dedo culpando sempre o outro..Pessoas irresponsáveis existem aos montes e não é exclusividade de uma categoria (motoqueiros, ciclistas e motoristas)... O fato é que o transito é um campo de guerra e todos tem sua parte de culpa.. As regras de trânsito, o bom-senso e as multas existem pra por ordem na bagaça.. Infelizmente é algo que tem fugido ao controle do poder público....

Rafaella disse...

Entendo que há toda uma preocupação ambiental, mas eu prefiro andar no meu carro com insulfilm a andar a pé ou de bike e ouvir grosserias na rua a cada 5 minutos - sem hipérbole.

Acho até engraçado quando alguém cita entre os benefícios do ciclismo a melhora do humor. Para mim, ouvir uma série de cantadas nojentas e insultos todo começo e fim de dia é pior do que ficar presa em um engarrafamento com vontade de fazer cocô.

Sempre fico com isso engasgado quando começa esse debate e acho que essa caixa de comentários é um dos poucos lugares onde talvez alguém entenda que, às vezes, o inconveniente de andar de bicicleta vai além de "apenas" chegar suado e ofegante no destino...

Agora, podem começar a dizer que eu me rendi e que eu devia tomar uns Prozacs e aturar o assédio. Oh wait, aí eu estarei me rendendo à indústria farmacêutica.

Verônica disse...

A violência dos motoristas é explícita! Li numa revista que uma ciclista ouviu de uma motorista: "sai daqui! você não paga IPVA".
òtimo post!

Unknown disse...

Agora eu lembrei onde vi que "bordos da pista" dá a abertura para se usar ambos os lados da pista, quando necessário, foi no Vadebike.org, do Willian Cruz. Aqui em Ribeirão Preto, aproveito essa possibilidade, já que o maior problema são monstroristas de ônibus despreparados e homicidas em potencial, os quais andam pela esquerda.

E o Rhael insistiu,justificou e justificou, mas se esqueceu de um dos pontos da Massa Crítica (ou Bicicletada) que é ganhar o respeito por ser ciclista.
A cultura brasileira é condicionada a respeitar as Leis somente quando há uma autoridade por perto, ou um radar. Sendo assim, se houvesse escolta, ou desvio, ou qualquer outro tipo de intervenção de autoridades ou do Estado, o motorista padrão respeitaria as autoridades e não o ciclista. Isso não faz sentido algum, certo?
Porque quando o ciclista estiver sozinho e sem a fiscalização das autoridades (in)competentes os motoristas aproveitariam a liberdade e dariam a "fina educativa".

Por isso não concordo com uma bicicletada com escolta, seja com 10 membros (caso de Ribeirão Preto) ou com 1000. O respeito tem de vir da cabeça do motorista com relação direta ao ciclista. Senão o Movimento perde um de seus pilares.

E a propósito, o local de encontro é sempre avisado abertamente na internet. Se fosse realmente interesse das autoridades, elas iriam lá e se prontificariam. Mas pra quê? São apenas bicicletas mesmo.

Como disseram há alguns meses "a melhor arma contra motorista irresponsável é uma câmera na mão" =D

karina disse...

Discussão fundamental. E muito, muito urgente...

Edson Bueno de Camargo disse...

Muito bom o texto. Não podemos esquecer que muitas pessoas ao se situarem atrás de volante parece que despertam o psicopata reprimido.

Não há urbanidade ou solidariedade entre os próprios motoristas.

Fabio Burch Salvador disse...

Olha tchê, pelo menos o noticiário não está defendendo o "bonitinho" do carro. A condenação dele é pública e quase unânime, até mesmo pela mídia burguesa.

Os gritos "do contra" vêm só da tradicional trollagem internética de sempre. O que é uma novidade: sempre tem algum colunista engraçadinho que defende o demônio numa situação dessas. E neste caso não teve. É um milagre.

Acho que falou muito bem, aqui, quem disse que um trânsito civilizado passa pela educação, não apenas de motoristas, mas de pedestres e ciclistas.

Eu, uma vez, quase atropelei um velhinho e, se atropelasse, acho que eu deveria até cobrar o conserto do carro. Porque ele PULOU no meio da rua, fora da faixa, e com sinal aberto. Os pedestres são acostumados a saltar na rua e deixar que os motoristas pisem no freio como puderem. Nem sempre dá tempo de parar, mesmo andando devagar.

Também tem um problema nessa cultura de "o motorista dar prioridade ao ciclista", porque embora 90% dos ciclistas e pedestres sejam pessoas racionais, alguns acham que isso é uma brecha legal para que possam tripudiar. Eu, uma vez, briguei com um ciclista no trânsito, mas não usei o carro como arma. Eu tinha um buggy, daqueles com paralamas quase planos, e parei numa sinaleira. O cara parou ao lado e apoiou o pé em cima do meu paralama, como se meu carro fosse uma pedra. Mandei ele tirar... o que na verdade foi muio melhor do que, simplesmente, arrancar quando o sinal ficasse verde, jogando-o longe com o tranco. Confesso que pensei em deixar o pé do cara ali e dar uma arrancada, mas o bom senso falou mais alto. Não riam. Ter bom senso é uma coisa que eu tento fazer há 15 anos. Às vezes até consigo.

Mas voltando ao assunto...

o PROBLEMA é que os motoristas sem noção brigam não só com pedestres e ciclistas mas com outros motoristas. Ele acham que ficam com o pinto maior quando aceleram, cortam a frente dos outros, ou "ganham" uma disputa por um lugar numa pista. Já acostumei a deixar esse tipo de idiota passar. E olha que eu não aceitava levar desaforo no trãnsito! Logo que fiz minha carteira, eu era desses motoristas que descem do carro e compram a briga ao menor sinal de hostilidade. Mas aí vai-se ficando mais velho e vendo como essa política do "vou quebrar tua cara" é imbecil. A naba é que tem gente que, para não admitir que fez mongolice no passado, defende a posição do "eu vou passar com meu carro e quem se meter morre" até o fim da vida.

Anônimo disse...

Homens só compram carros porque as mulheres gostam. Fato.

Fabio Burch Salvador disse...

Como assim, ANONIMO?

Homem compra carro porque mulher gosta?

Eu comprei meu último carro já sendo casado, não o uso para "pegar mulher" e não dou importância ao impacto que o carro provoca no sexo oposto.

Na realidade, o comprei porque moro num distrito da zona rural da minha cidade e não tem ônibus num horário bom para eu ir trabalhar.

E também porque para fazer compras é bom ter um porta-malas enorme. E para levar a família para a praia...

Enfim. Comprei meu carro para andar. Se alguém acha bonito, melhor ainda. Mas não é o essencial.

Fabio Burch Salvador disse...

Se tivesse trem até a minha localidade acho que eu nem usaria o carro no dia a dia.

Andar de bicicleta está fora de cogitação. Eu chegaria ao trabalho ensopado de suor e, além disso, são 20km da minha casa até o trabalho. Sem chances de eu ir e voltar de bike todo dia.

Elaine Cris disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elaine Cris disse...

Lola, também achei um absurdo o que aconteceu, uma violência terrível, mas vou fazer alguns comentários discordantes.

Primeiro: manifestação é um direito, mas na maioria das vezes as pessoas que se manifestam atrapalham ainda mais é a vida de quem também é prejudicado e muito pouca a dos governantes.

Cheguei a perder prova de faculdade por causa de manifestações no Anel Rodoviário de Belo Horizonte e presenciei gente ao meu lado no ônibus desesperada porque poderia perder o emprego se chegasse atrasado ao serviço. Se querem se manifestar, por quê não vão bater panela na porta de certos governantes?
É mais fácil atrapalhar o trânsito e a vida de outras pessoas que também são prejudicadas.

Já xinguei muito nesse dia gente que estava "se manifestando", xinguei de desocupados, egoístas, ignorantes que não sabiam nem se manifestar direito e não me arrependo. Acho que seria mais válido fazerem isso de uma forma que pressionasse as autoridades mas não prejudicasse os outros. Porque na maioria das vezes o que conseguem é apenas isso.

Segundo: Eu não tenho carro por enquanto e sei a falta que isso me faz em vários momentos.
O transporte público é uma porcarias, táxis são caros e também não estão sempre disponíveis. Então acho que a solução ideal não é querer que as pessoas não tenham veículos, envolve muito mais coisas como melhora do transporte público, incentivar uma política de caronas entre pessoas conhecidas, facilitarem para que pessoas trabalhem ou estudem mais próximas de casa. Enfim.

Abraços Lola.

Oliveira disse...

Me esqueci de um detalhe:

No mundo de hoje bicicleta não serve de forma alguma como veiculo de transporte. Se deslocar de bicicleta é um inferno. Só anda de bicicleta quem não pode ter carro.
Hoje em dia, bicicleta, quando muito, serve pra lazer; o resto é frescura de sociólogos e blogueiros inocentes que não o que fazer, ou que querem de alguma forma aparecer na mídia.

Unknown disse...

Links importantes sobre o assunto:

http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4331&bd=1&pg=1

Reportagem na revista fapesp sobre a sociologia do transito e do uso do carro.

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/03/motorista-que-atropelou-ciclistas-tem-registro-de-agressao-ex-namorada.html

O tal motorista além de montes de multas de transito ainda tinha queixa por tentar atacar a ex-namorada com uma machadinha e um facão.

Eu não considero o Massa Critica um protesto, é um passeio ciclistico, acontece todo mês, na ultima sexta feira de cada mês e as autoridads de transito (pelo menos de São Paulo) sabem do evento, tem até um funcionário que acompanha a decisão do trajeto a cada ocasião.

Lilululuku disse...

Sofismando caminha a humanidade...

Eu tenho alguns problemas de leitura, as vezes levo horas pra ler um artigo se não concordo com o ponto de vista do autor. Mas esse eu tive que parar de ler no 2º parágrafo. Ninguém mais lembra daquele negócio, como é mesmo que chama... ah CONSTITUIÇÃO, mais especificamente Art. 5º, XVI "todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente"

O próximo guest post bem que podia ser sobre a qualidade dos cursos de direito no Brasil, ou a dificuldade de aprovação dos bacharéis na prova da OAB...

Cintia disse...

O ponto é: não interessa se a lei 'tá certa' ou 'tá errada', se tá lógica ou não. Não interessa se eles estavam atrapalhando o trânsito, queimando pneus. NÃO INTERESSA.

Simplesmente NINGUÉM nem NADA faz com que seja MINIMAMENTE razoável um carro tomar distância e fazer boliche humano.

Foda-se se os ciclistas estavam certos ou errado. Um erro não anula o outro.

Kaká disse...

Ótimo post!

@Jader, também moro em Fortaleza. Já fiquei um ano sem carro, só andando de bicicleta e transporte público (que, para mim, em Fortaleza não é dos melhores). Comprei um carro porque ficou perigoso andar de bicicleta. Há dois meses eu voltei a usar a bicicleta para ir a academia e só ando por ruas pouco movimentadas, e sabe o que acontece? Os mototristas jogam os carros para cima, buzinam e gritam "sai da rua!". NUMA RUA VAZIA - só o carro e eu. EU ando no canto da rua e isso acontece toda vez, sem exceção. Mas não quero tirar o carro da garagem para andar 1km e nem ir a pé (que tão pouco tem calçadas decentes no caminho).
E a ciclovia que vai pela Via Expressa até o Eusébio é quase off-road de tanto buraco que tem, além de ser perigosa com muitos assaltos.

Anônimo disse...

"Então, por que diabos uma centena de ciclistas não podem sair nas ruas sem avisar as autoridades e milhões de carro podem? "

Parei de ler nesse trecho.Óbviamente não defendo o motorista com requintes de assassino, porém, nessa parte o texto mostra o quanto está distorcendo o assunto com uma visão parcial totalmente leviana.

O que o delegado disse não é nada mais do que o óbvio.Quando se faz uma manifestação, avisa-se as autoridades para que estas o protejam.No caso, se os ciclistas o tivessem feito, haveria uma barreira policial em volta deles, impedindo que um gol desenfreado os atropelasse.
E não é nada mais que isso.O autor deste techo(não entendi até onde vai a citação ou de quem é) usa argumentos puramente emocionais que não fazem sentido nenhum e nem objetivo tem, senão a revolta sem causa.
1º:o carro ou a bicicleta pode sim sair na rua quando quiser sem avisar ninguém(apesar de que o carro precisa do aval de autoridades para circular, leia-se:carteira de motorista, mas isso o autor ignora), o que é muito diferente de um manifesto(o que o autor idioticamente confunde, numa metáfora ridícula).
2º:O que tem a ver o ocorrido com "opressão social por carros"?Nada, argumento completamente forçado e imaturo, o motorista tinha problemas mentais(já foi constatado).Uma faca serve pra cortar comidas, se eu matar alguém com ela, isso nunca seria um argumento pra eu dizer que facas são opressoras sociais.Obviamente podem ser usadas como armas(para opressão), mas não é o propósito delas, assim como não é o dos carros oprimir ninguém.
Um sujeito que fala que carro é inútil só pode estar tirando com a minha cara.

Adwilhans disse...

Curioso, mas pela primeira vez desde que frequento este blog tenho que concordar com um anônimo...
Está havendo uma nítida confusão entre dois fatos absolutamente distintos: 1. a tentativa de homicídio provocada por um indivíduo provavelmente insano; 2. o direito à manifestação.
Uma coisa nada tem a ver com a outra, e por isso qualquer crítica que se faça à forma como foi realizada a manifestação não significa uma atenuação na crítica que se faz ao ato desvairado do motorista!
Isso posto, e abstraindo completamente o ato criminoso, que é irrelevante para o que vou dizer, afirmo que os ciclistas estavam ERRADOS. Não se ganha respeito desrespeitando o direito alheio!
Os ciclistas têm direito de se manifestar, têm direito de serem respeitados no trânsito, mas isso não lhes exime dos deveres que têm, dentre os quais respeitar as regras de trânsito!
Infelizmente, até hoje o Código de Trânsito não evoluiu o suficiente para que seja viável punir (multar) motociclistas, ciclistas e pedestres que insistem em acreditar que as regras de trânsito se dirigem apenas aos motoristas; embora a imensa maioria dos abusos sejam cometidos por motoristas, isso não significa que eventuais abusos perpetrados pelos demais atores do trânsito devam ser desculpados!
Que me desculpem os envolvidos no processo de luta pela ampliação dos espaços seguros para as bicicletas, mas bloquear uma via pública sem aviso prévio às autoridades é o tipo de atitude leviana que só serve para complicar ainda mais o trânsito. Ao contrário do que se alardeou no post, não vejo como isso pode melhorar o trânsito, ou melhor, penso que sequer é este o objetivo, que parece muito mais ser algum tipo de vingança contra o suposto "opressor", o carro (como se algo inanimado pudesse oprimir alguém...).
Continuem com o movimento, que será muito útil na construção de um futuro melhor, mas RESPEITEM as regras postas de trânsito, ou avisem as autoridades para que, com o desvio do tráfego, seja viável utilizar a pista toda!

Unknown disse...

Novamente, em caixa alta pra ver se assim as pessoas leem: o massa crítica NÃO É UMA MANIFESTAÇÃO, é um passeio ciclistico.

E as autoridades responsáveis pelo transito SÃO AVISADAS, sabem do passeio, que ocorre sempre na última sexta feira de cada mês.

Não é pedida escolta, ou bloqueio do trafego de veículos, porque pra fazer um passeio de bicicleta não se deveria precisar de escolta, oras.

Em alguns cruzamentos é pedido que os motoristas esperem que todo o grupo passe pra que ele não se separe.

O uso de mais de uma faixa ocorre quando há muita gente, dá mesma forma que quando ocorre um engarrafamento de carros estes também ocupam a faixa da esquerda, mesmo que essa seja apenas para ultrapassagens. E isso não dá o direito a um caminhoneiro de passar por cima dos carros com seu scania.

Anônimo disse...

1 - adoro seu blog lola entro todo dia =) raramente comento, mais adoro as discussoes que geram nos comentários, acho ótimo ver outros pontos de vista.

E resolvi comentar hoje, nem é sobre o assunto do post, mais sim pra avisar vc, porque como eu vinha entrando no seu blog, mais nao tinha adicionado no favorito, eu colocava sempre no google e vinha o nome completo. e hoje quando coloquei veio junto o seu site linkado num site chamado " reflexoes masculinas" ( que devia mudar o nome odeio mulheres mais enfim). e eles pegaram todo seu post sobre masculinistas e ficavam ridicularizando.

e eu me indignei porque vc criticou um movimento após comentarios no seu blog não um site especifico. e eles simplesmente ficaram ridicularizando de vc. achei muito errado e resolvi avisar. pensei " se fosse eu gostariam que me falassem para tomar alguma decisao" .

quando a gente acha que o mundo evolui, a gente ve pessoas assim, dificil né?

abraços Raquel.

Nefelibata disse...

Antes de tudo, agradeço muito aos comentários de todos. Inclusive, eu pude confirmar com alguns comentários aqui algo que até o momento em que escrevi era só um rumor, que era o antecedente de violência do atropelador, isso eu também agradeço (especialmente Patrick e Ana). No mais, gostaria de responder prontamente a todas as questões pertinentes, mas de algumas eu já trato na continuação desse texto que a Lola irá publicar oportunamente (como motoqueiros, transporte coletivo e meio ambiente), então vou tentar ficar somente com algumas que não vão voltar tanto no futuro.

@Rhael: eu entendi seu ponto, e de fato, para o ocorrido em Porto Alegre, se houvesse presença policial (e aí tinha que ser policial mesmo), nada disso teria ocorrido. Mas o que é reinvidicado pelo Massa Crítica perde todo o sentido se eles tiverem que avisar às autoridades, sejam elas quais forem (mas que necessariamente irão destacar a polícia para escolta). Enquanto ciclistas, querem ter o mesmo respeito que qualquer motorista de carro tem nas ruas. E isso significa sair (como bem disseram o Martim e o Patrick) 10, 100 ou 1000 bicicletas tais como os carros saem em qualquer momento. Mas mesmo assim, ainda que continuassem não avisando as autoridades, elas saberiam de qualquer jeito. Porque trata-se de "tráfego comum" de bicicletas, sim; ocorre toda sexta-feira, com horário certo e trajeto determinado, divulgado pela Internet e por panfletos. As autoridades sabem disso tanto quanto sabem que as pessoas irão de carro para a praia no feriadão, ou seja, não foi algo extraordinário. E, se me permite uma ironia amistosa, eu relembro aqui o panfleto que é distribuído pelo Massa Crítica: lá eles avisam direitinho as autoridades das ruas, ou seja, os motoristas de carro.

@Nola: cuidado! Ganhar direitos na base da porrada é algo super controverso e polêmico! Mas, quer saber, no fundo, no fundo, acho que é uma saída válida, se a situação é drástica. Basta ver a grande maioria das revoluções liberais e democráticas (ou mesmo os recentes exemplos do mundo árabe) para ver que hoje a gente comemora em paz muita coisa conquistada em conflito. Mas por enquanto eu defendo uma luta pacífica pela paz no trânsito e por um trânsito mais justo. No máximo, creio que vale a pena recorrer para a desobediência civil, no caso de abandono do governo (que é o que acontece com os ciclistas). Abraço!

@Willian Cruz: corretíssimo, vou levar a informação adiante, obrigado.

Nefelibata disse...

@Fabio Salvador: um abraço especial pra você, com quem polemizei antes, por conta de seu amadurecimento no trânsito. Torço para que um projeto de trem seja rapidamente implantado em suas redondezas.

@Laurinha: entendo sua revolta, mas não acha que a melhor pressão que existe para as autoridades públicas é chacoalhando quem vota nelas? Não sei como funciona direito em BH e arredores, mas onde vivo isso fica evidente porque sempre que me perguntam "por que é que os manifestantes não vão bater panela na porta das autoridades", eu respondo "mas batem", e fica a surpresa no ar. Ou seja, quando não atrapalha as pessoas, elas nem ficam sabendo. E para a autoridade pública competente no caso, que são aquelas eleitas, isso não faz a menor diferença, porque eles sabem que estão no mandato por conta do resto do eleitorado que não está lá na sua janela. De qualquer forma, não acha que manifestantes em geral tem, a princípio, uma razão mais digna para atrapalhar o trânsito do que milhares de motoristas que não dão a mínima para ninguém?

@Luca: ao colega de curso jurídico, leitor do Sofista, eu recomendo que, não só para o curso de direito, mas para qualquer outro, você termine de ler os textos que começa. Por mais avacalhado que seja nosso curso, é ruim para o profissional ou bacharel se formar lendo apenas prefácios. Inclusive, caso deseje, posso lhe passar vasta bibliografia, além da própria lei brasileira (a CF você leu até o fim?), que lhe explique porque esse artigo não impede em absoluto o evento da Massa Crítica e sequer dá qualquer razão ao delegado do caso (que a esta altura já deve ter se tocado do absurdo que disse e não toca mais no assunto). Mas eu te dou uma das muitas dicas, não necessariamente complementares ou coincidentes, para tentar resolver esse enigma: supondo que fosse mesmo vedado aos ciclistas fazer manifestação sem avisar as autoridades competentes, qual seria a punição deles? Responde pra gente, por favor, que conforme for, a gente avisa o Ministério Público...

Nefelibata disse...

@Anônimo (um deles): só estou me dando ao trabalho de responder a um anônimo porque achei realmente engraçadíssimo um comentarista sem nome me chamar de rebelde sem causa... quem tá tirando com a cara de quem, hein? Até pensei em responder às suas críticas, mas... opa, eu já falo delas no texto que você deixou de ler. Criticar um texto sem ler, realmente... É, acho que entendo porque você se esconde. Abraço!

@Adwilhans: concordo; uma coisa é o crime, outra é o direito à manifestação. Mas uma outra coisa também é a distinção entre abuso do motorista e abuso do ciclista. E eu, pelo menos, em nenhum momento pretendi desculpar qualquer abuso, tampouco em nenhum momento defendi que ciclistas revidassem nos carros as injustiças que sofrem nas ruas. Com relação ao aviso para as autoridades, já falei sobre na resposta do Rhael. No mais, atrapalhar o trânsito não se trata de nenhuma vingança; trata-se apenas de chamar a atenção do motorista, que normalmente é só para isso que atenta. Além disso, o primeiro objetivo dos ciclistas não é fazer o trânsito melhorar no sentido de fluir mais rapidamente, e sim no sentido de ser mais seguro e respeitoso. Por fim, entenda que, obviamente, um motorista a mais que eles seduzirem à bike, é um carro a menos a trancar o trânsito. O panfleto é genial ao colocar isso: o motorista deveria ficar feliz ao ver um ciclista, porque aquele ciclista poderia ser mais um carro na sua frente.

@Ana: considerar o Massa Crítica um protesto/manifesto ou simples passeio ciclístico é um debate interessante; mas o mais curioso é que, sendo tanto um quanto outro, nossas conclusões são as mesmas, não? Que acha?

Obrigado a todos, e desculpem por ter que fragmentar o texto e não deixar a discussão ser completa nesta caixa de comentários. Espero ter contemplado todos os comentários pertinentes, apenas lembrando que alguns assuntos deixo para mais para frente (desculpem-me outra vez por isso).

Obrigado especialmente a você, Lola, por me ceder esta oportunidade para tratar e polemizar num assunto que considero muito importante e urgente. Abraços!

Jéssica disse...

Eu vi o site masculinista que a Raquel passou, e queria compartilhar as impressões que tive:

Primeiro, só li 1 post por inteiro, já que o blog conseguiu fazer mais de 20 linhas de texto sem parágrafos com frequência, e levava um parágrafo inteiro para explicar algo que podia ser dito em uma linha. Extrema enrolação.

Havia um post sobre o caso da policial que foi deixada nua, em que o autor teve a ousadia de comparar a agressão que aquela mulher sofreu com dois policiais que insistiam dois presos a se beijarem (mas não forçaram), e outros casos menores. Além de atentar para o fato da mulher ser culpada, e nem citar o abuso que ela sofreu, mas frisar que se ela fosse um homem o caso não teria tido repercussão (oi? O caso nem teria acontecido!). Empatia zero com as mulheres por parte dos masculinistas.

Nola disse...

Nefelibata,

A opção da porrada definitivamente não é a minha favorita, e de qquer modo, acho que nem é factível. Mas como além de dirigir um carro e andar de bike eu tb tenho uma moto, já reparei que me beneficio da barbárie de outros motoqueiros. Tenho certeza que minhas viagens são mais seguras pq alguns manés se juntaram em grupo para detonar o carro de alguém. Omissão do estado é isso aí.

Pergunta: Por acaso é possível denunciar a prefeitura no Ministério Público por não aplicar o Código Brasileiro de Trânsito? Alguém sabe?

Anônimo disse...

sim, me decepcionei com a atitude do "cidadão" ceifeiro de vidas ciclistas... e estou tão indignado quanto a maioria dos brasileiros revoltados.

Porém, devo postar minhas sinceras observações - antes porque sou sincero e honesto comigo mesmo, e pouco me importa o que a "sociedade" vai pensar de minhas palavras... É incrível a capacidade que a pessoa tem de "ler", mas não conseguir entender lhufas, e começar a julgar de modo totalmente deturpado o que leu... Julgue a si mesmo e ESTUDE, antes de julgar...

...bem, é o seguinte:
Não adianta fazer movimentos de protestos; não adianta tagarelar virtual, jornalística e ideologicamente, com blogs, comentários, "rede de amigos antenados"; não adianta juntar o povo para fazer revoltas, militâncias, facções; não adianta ficar argumentando, informando, "comunicando", "criando", produzindo, reproduzindo e liberando informações...
Tudo isso é andar em círculos e fazer o mesmo que a sociedade capitalista burguesa modernista iluminista machista faz e trouxe à "realidade" há muito tempo.
Tudo isso é RELIGIÃO, e não há religião maior do que o padrão de vida burguês e o American Way of Life.
Vivemos a época mais religiosa de todas (sem dúvida nenhuma, e posso citar os mais lúcidos "autores" para corroborar esta afirmação...).

Detalhes importantes: a ideologia também é religião, o machismo é religião, o feminismo é religião (pronto... agora um monte de leitores vai me xingar aqui... eita ressentimento que não larga o coração humano!); assim como o militarismo, os "estilos de vida", as tribos urbanas, a mídia, a publicidade, os shoppings (estes são verdadeiras igrejas modernas); a moda é também religião, assim como o fascismo, o racismo, a idolatria das imagens (algo que começou com a narrativa bíblica, mas que se aplica perfeitamente às patologias sociais de hoje)...
Enfim, tudo o que a mão humana produziu durante toda a história se tornou religião, isto é, já morreu há muito tempo e se reergueu como "espectro de realidade", ou, em outras palavras, hiper-realidade...
Até a própria linguagem virou religião (e é por isso que já não adianta mais "falar", "comunicar", "explicar", atribuir valor, significado, proferir discursos, "tagarelar").
Ou seja, a imagem é religião, e essa tem sido a "realidade" do mundo ocidental desde o início, e é inútil continuar produzindo imagens (discursos, significados, valores, mensagens, etc) de liberdade, de felicidade, de justiça, de paz, da mulher oprimida ou libertária...

tudo isso é insustentável, e a Insustentabilidade tem sido a verdade nua e crua já a nível linguístico, antes de todos os outros níveis (sociais, políticos, econômicos). A linguagem tornou-se em si um instrumento de poder, capital, submissão e controle...

O QUE DEVEMOS FAZER ENTÃO??
...parar de ser escravo! Isto é, parar de trabalhar, produzir, significar (julgar e atribuir valor), resignificar, reproduzir... Parar de comprar, de ir ao shopping, de ser cliente, de ser empregado, de ser "o chefe", "o patrão", "o proprietário"...
parar de "ser rico", de "querer o que o rico tem e eu não tenho", de "ser feliz", de "ter poder", de "controlar"... Parar de ser pedestre ou motorista...
Parar de "entender", "compreender", "quantificar", "padronizar", "classificar", "rotular", "codificar", "decodificar"... parar de "entender de modo diferente da outra pessoa" etc, etc, etc...

É vc parar de querer "estar vivo" e confiar sua morte à Seguridade Institucional, à Aposentadoria, ou seja, ao capitalismo... É o sujeito parar de pensar na morte como uma fatalidade separada de si mesmo no tempo e no espaço...

Anônimo disse...

CONTINUANDO
...
A imagem da "vida a qualquer custo", da "felicidade", da "satisfação dos prazeres agora porque amanhã posso estar morto", da morte como algo anormal, repugnante, "além", ou do "vagar como alma penada"...

É morrendo que se consegue fazer uma verdadeira crítica contra o sistema capitalista (pois este agora, define a barra, a linha de "separação" entre a vida e a morte, e a vida necessariamente como "força de trabalho").

Só assim se consegue corroer, desconstruir, arruinar o Sistema e a Lei, paulatinamente, até o seu completo fim. Só assim se consegue ABOLIR O PODER.

A maior "revolução" é esta... É a morte e a renúncia a si mesmo, ao seu orgulho, ao seu ego, ao "seu modo de entender as coisas".
A renúncia a tudo que tomou valor, em detrimento do sujeito e de todos os seres vivos/mortais.

é isso....
pouco me importa se vão "concordar" comigo ou não... se eu "provoquei" alguém aqui, se "ofendi" alguém.

como disse Fernando Pessoa, "pouco importa... pouco me importa o quê?? não sei... pouco me importa", isto é, pouco me importa o meu próprio orgulho...

não adianta "convencer", transformarmos as pessoas e o mundo, "causar revolução", se a revolução não começar a partir do mais profundo interior de nós, nos livrando de todo ressentimento.

Anônimo disse...

Uso bicicleta como meio de transporte em Porto Alegre há 4 anos. Pedalo 7km pra ir e 7km pra voltar do trabalho. Emagreci doze quilos, arranjei uma namorada, fiz diversos amigos, conheci diversos jornaleiros, motoristas de ônibus e prostitutas (não como cliente). Há algum tempo estou pensando em parar, pois quase todos os dias corro perigo de vida. Até mesmo camionetes da companhia de trânsito já tiraram fino de mim. Mas como parar se a bicicleta me trouxe tanta coisa boa? Como parar se meu colesterol baixou de 430 para 190? Como parar se todos os dias me sinto uma parte viva e participante da cidade onde moro? Como parar se usar a bicicleta criou em mim um grande interesse por ler e aprender sobre o assunto, se melhorei meu inglês, e se comecei a ler literatura depois disso? Como parar se meu mundo ficou mais vasto e se eu mesmo estou me tornando, dia após dia, um ser humano mais legal, mais complexo, mais tolerante? Mas devo dizer, a violência e a estupidez com que se dirige automóveis em Porto Alegre é algo corriqueiro, não é algo que aconteceu apenas com esse desmiolado do Golf preto.

EneidaMelo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
EneidaMelo disse...

Thiago,

Penso que você mistura as coisas, não sei se propositadamente. É preciso separar as coisas, e não jogar as críticas num saco só.

O atropelamento em questão foi mesmo uma tentativa de homicídio, e não há desculpas para isso. O sujeito tem que ir para a cadeia (o que, infelizmente, acho que não vai acontecer).

A quantidade de carros nas ruas é realmente absurda, e o governo deve tomar medidas para reduzir seu uso, seja aumentando o preço dos estacionamentos, da gasolina, criando pistas proibidas para carros, etc.

A idéia da bicicleta é linda, saudável e tal. MAS não dá pra pensar na bicicleta como alternativa global. Pobre mora muito longe. Quando eu era pobre, levava quase duas horas pra chegar em casa (e eu nem morava tão longe assim). E não, uma bicicleta não me levaria mais rápido, pois invariavelmente o ônibus deixava todas elas pra trás. A alternativa de transporte numa cidade grande é o transporte de massa, que leva muito mais gente em menos espaço (tanto da bicicleta, quanto ao carro). Bicicleta é para trajetos pequenos ou cidades menores.

Não consigo concordar que o ciclista possa zanzear na frente do carro, como vários comentaram, sem que isso seja de fato uma manifestação, que deve ser comunicada sim ao poder público. Evidentemente que isso não reduz a culpa do motorista assassino.

Anônimo disse...

"Nefelibata",

Sou o anônimo que "te chamou de rebelde sem causa"(botei entre aspas porque você colocou como se eu tivesse te zombado apenas, ou seja, não entendeu nada do que eu disse, já que eu deixei bem claro que o argumento não tinha nenhum fundamento e por isso o "sem causa")

"Até pensei em responder às suas críticas, mas... opa, eu já falo delas no texto que você deixou de ler."

Eu expliquei o porque eu parei de ler e fiz críticas somente sobre o trecho que eu li em particular, logo, eu nem preciso ter lido o resto(a não ser que você estivesse se utilizando de ironia, o que não foi o caso), até porque, já do início pra metade percebe-se(o que eu apontei no meu último comentário)que o texto não se trata sobre o atropelamento em si, mas sim sobre seus ideais.Você usa esse acontecimento pra distorcer fatos com base em pressupostos que você assume serem verdadeiros(com base numa parcialidade absurda e visível pra qualquer um com um capacidade de raciocínio), uma lavagem cerebral total.
Então, permita-me te corrigir:

"Até pensei em responder às suas críticas, mas... opa, eu não faço idéia de como fazer isso, então vou tentar te desmoralizar te chamando de covarde e torcer pra que ninguém aqui saiba o que significa argumentum ad hominem"

Anônimo disse...

Só um adendo, pro sujeito que (não) me respondeu não me fazer perder tempo lendo que aquilo não era uma manifestação:

"Uma manifestação é uma forma de ação de protesto de um coletivo de pessoas. As manifestações são uma forma de ativismo, e habitualmente consistem numa concentração e/ou um desfile, em geral com cartazes e com palavras de ordem contra ou a favor de algo ou alguém.

As manifestações têm o objetivo, de demonstrar (em geral ao poder instalado) o descontentamento com algo ou a respectiva promoção em relação a matérias públicas. É habitual que se considere a manifestação um êxito tanto maior quanto mais pessoas participarem. Os tópicos das manifestações são em geral do âmbito político, económico, e social."

vina apsara disse...

eu acho que não é uma questão só de respeito, mas também de engenharia. não acho que bicicletas e carros deveriam estar ocupando o mesmo espaço e acho que tem alguns ciclistas que concordam comigo, porque tem sempre algum na calçada. é muito perigoso ter dois veículos que andam em velocidades tão diferentes dividindo o mesmo espaço... não acho que a bicicleta não deveria ser usada como meio de transporte (na verdade, a situação ideal seria abolir todos os carros), mas o que deveríamos pedir não é respeito no trânsito, educação, etc, porque sempre vai ter um maníaco em algum lugar. o único jeito de assegurar o trafego de bicicletas é a ciclovia.