Fiz muitas amigas queridas quando morava em Floripa e cursava mestrado e doutorado, e sinto falta delas, mas não é disso que quero falar. É que, de praticamente todas as amigas que fiz, nenhuma votava. Elas não transferiam o título pra onde moravam. A maior parte era politizada e de esquerda, e mesmo assim, não votava. Tudo bem, Floripa era um lugar meio de transição, onde se ficava apenas dois ou quatro ou seis anos, enquanto cursávamos a pós-graduação. Mas dois anos é ano pra caramba, não? Dá pra votar pelo menos uma vezinha em dois anos.
Creio que votar é algo tão valioso pra mim porque voto faz pouco tempo. Como toda a minha família, eu nasci na Argentina. Viemos pra cá em 1971, e só eu me naturalizei. Fiz isso principalmente porque me sentia uma cidadã de segunda classe por não poder votar. Não importa ter carteira de residente permanente e me considerar brasileira. Em 98, quando finalmente me naturalizei (custa caro, dá um trabalhão, é uma burocracia imensa), pude ir às urnas. E foi uma alegria só.
O pessoal mais jovem encara a democracia como algo que está e vai ficar aí, não como algo que teve que ser conquistado. Não podemos esquecer que o Brasil (assim como tantos países pobres) ficou 28 anos sem ter eleições presidenciais. A última vez antes do golpe militar foi em 1961. Daí, apesar de um montão de gente lutar pelas Diretas Já, em 83-4 (e eu e minha família estávamos lá, na Praça da Sé, com muito orgulho, vestindo a camisa amarela e insistindo “Eu quero votar pra presidente”), esse direito nos foi negado. Foi um colégio eleitoral que escolheu Tancredo Neves, não o povo. Tancredo morreu antes de assumir, veio o vice, Sarney, e só tivemos eleições de fato em 1989. E então ganhou o candidato da elite, criado e impulsionado pela grande mídia, o Collor. Mas foi por uma pequena margem de votos, se é que isso serve de consolo.
Desde aquela época Lula foi candidato a presidente. E, em todas as eleições que ele participou (89, 94, 98, 2002, 2006), eu sempre ouvi o mesmo discurso: “Se Lula ganhar, o exército não deixará que ele assuma / governe”. Sempre. Aquele comercial da Regina Duarte dizendo “Eu tenho medo” foi apenas a materialização desse medo (ou torcida?). Imagina se em democracias consolidadas alguém diria que tem medo de golpe se um candidato for eleito. Em inglês não existe nem palavra pra golpe de estado (eles usam o francês, coup d'état, se bem que americano pode não ter experiência com golpes no próprio território, mas é expert em patrocinar golpes em territórios alheios).
O que os falantes da língua inglesa tem, e nós não, é uma expressão que faz falta: o “take for granted”. Os jovens brasileiros take for granted (não dão a devida importância) que votar é algo fundamental. É o voto que garante a democracia. Não vou nem entrar no mérito do voto ser obrigatório, pois não tenho opinião formada sobre se seria bom que o voto fosse facultativo. Mas pense: quem deixaria de votar se o voto não fosse obrigatório? Pessoas que não se sentem cidadãs, que acham que um voto só não faz diferença, que acreditam que político é tudo igual e nenhum presta. Mas políticos não são alienígenas. Eles são gente como a gente, apenas com uma conta bancária muito maior, dependendo do partido. Se há tantos políticos corruptos, é porque nós do povo também somos corruptos. Ainda somos o país do jeitinho, do “importante é levar vantagem em tudo, cerrrto?”. De quem joga lixo na rua, de quem não respeita faixa de pedestre, de quem bebe e dirige, de quem suborna o guarda ao ser pego cometendo alguma infração. E a gente se espanta que tantos políticos se comportem mal?!
E somos também o povo que vota “por obrigação” e, no mês seguinte, mal se lembra em quem votou pra vereador e deputado. Não fiscalizamos. Não ligamos. Votamos em indivíduos, não em partidos, mesmo que esses indivíduos venham de uma plataforma específica e quase sempre legislem de acordo com os interesses do partido. Bah, nem sabemos os nomes dos partidos! Votamos em números: 13, 45, 15, 11, 25...
Claro que nem eu nem minhas amigas somos assim. Somos cidadãs, respeitamos a lei, amamos o nosso país. Mas elas não votavam. Não se davam ao trabalho de ir até um cartório eleitoral e transferir seu título para Floripa. Preferiam ter que se dar ao trabalho de justificar sua ausência a cada eleição.
Eu segui votando porque nos fins de semana eu sempre estava em Joinville. Em 2008, infelizmente, não pude votar, porque bem naquele dia estava voltando de um congresso na Argentina. Passei o dia inteiro em aeroportos e rodoviárias. Mas no segundo turno eu tava lá, na escola perto da minha casa, com um sorriso no rosto, escolhendo o meu prefeito. Uma decisão histórica, aliás: foi a primeira vez que o PT ganhou a prefeitura em Joinville, a maior cidade do Estado.
Antes de vir pra Fortaleza, comuniquei ao maridão que, tão essencial quanto comprar nossa casa, seria transferir nosso título. Não quero perder a eleição deste ano de jeito nenhum. Será a primeira vez em que votarei numa mulher pra presidente. Pô, será a primeira vez em que votarei em alguém que não seja o Lula! Vai ser emocionante. E tudo que temos que fazer é ir a um cartório eleitoral com nossa carteira de identidade, nosso título de eleitor e ― o mais difícil ― nosso comprovante de endereço. Só agora conseguimos algo em nossos nomes (uma conta de água pra mim, uma conta de telefone pro maridão). Comprovante residencial pode ser duro de conseguir pra quem vive de aluguel, eu sei (caso das minhas amigas em Floripa). Lembro quando tive que comprovar residência pra ter desconto em passe de ônibus. Levei uma conta e a carteira de identidade da proprietária da casinha que eu alugava, além de uma declaração assinada por ela dizendo que sim, eu morava lá. Não é fácil não. Mas definitivamente vale o esforço.
Se você não transferiu seu título, faça isso até 5 de maio (depois de amanhã!). Se você tem 16 anos e ainda não pegou seu título, o que você tá esperando? Somos nós que decidimos uma eleição. Antes de “take for granted” o direito a voto, vale lembrar que a gente, que é mulher, só conquistou o direito de votar na década de 1920. Não tem nem cem anos!
Creio que votar é algo tão valioso pra mim porque voto faz pouco tempo. Como toda a minha família, eu nasci na Argentina. Viemos pra cá em 1971, e só eu me naturalizei. Fiz isso principalmente porque me sentia uma cidadã de segunda classe por não poder votar. Não importa ter carteira de residente permanente e me considerar brasileira. Em 98, quando finalmente me naturalizei (custa caro, dá um trabalhão, é uma burocracia imensa), pude ir às urnas. E foi uma alegria só.
O pessoal mais jovem encara a democracia como algo que está e vai ficar aí, não como algo que teve que ser conquistado. Não podemos esquecer que o Brasil (assim como tantos países pobres) ficou 28 anos sem ter eleições presidenciais. A última vez antes do golpe militar foi em 1961. Daí, apesar de um montão de gente lutar pelas Diretas Já, em 83-4 (e eu e minha família estávamos lá, na Praça da Sé, com muito orgulho, vestindo a camisa amarela e insistindo “Eu quero votar pra presidente”), esse direito nos foi negado. Foi um colégio eleitoral que escolheu Tancredo Neves, não o povo. Tancredo morreu antes de assumir, veio o vice, Sarney, e só tivemos eleições de fato em 1989. E então ganhou o candidato da elite, criado e impulsionado pela grande mídia, o Collor. Mas foi por uma pequena margem de votos, se é que isso serve de consolo.
Desde aquela época Lula foi candidato a presidente. E, em todas as eleições que ele participou (89, 94, 98, 2002, 2006), eu sempre ouvi o mesmo discurso: “Se Lula ganhar, o exército não deixará que ele assuma / governe”. Sempre. Aquele comercial da Regina Duarte dizendo “Eu tenho medo” foi apenas a materialização desse medo (ou torcida?). Imagina se em democracias consolidadas alguém diria que tem medo de golpe se um candidato for eleito. Em inglês não existe nem palavra pra golpe de estado (eles usam o francês, coup d'état, se bem que americano pode não ter experiência com golpes no próprio território, mas é expert em patrocinar golpes em territórios alheios).
O que os falantes da língua inglesa tem, e nós não, é uma expressão que faz falta: o “take for granted”. Os jovens brasileiros take for granted (não dão a devida importância) que votar é algo fundamental. É o voto que garante a democracia. Não vou nem entrar no mérito do voto ser obrigatório, pois não tenho opinião formada sobre se seria bom que o voto fosse facultativo. Mas pense: quem deixaria de votar se o voto não fosse obrigatório? Pessoas que não se sentem cidadãs, que acham que um voto só não faz diferença, que acreditam que político é tudo igual e nenhum presta. Mas políticos não são alienígenas. Eles são gente como a gente, apenas com uma conta bancária muito maior, dependendo do partido. Se há tantos políticos corruptos, é porque nós do povo também somos corruptos. Ainda somos o país do jeitinho, do “importante é levar vantagem em tudo, cerrrto?”. De quem joga lixo na rua, de quem não respeita faixa de pedestre, de quem bebe e dirige, de quem suborna o guarda ao ser pego cometendo alguma infração. E a gente se espanta que tantos políticos se comportem mal?!
E somos também o povo que vota “por obrigação” e, no mês seguinte, mal se lembra em quem votou pra vereador e deputado. Não fiscalizamos. Não ligamos. Votamos em indivíduos, não em partidos, mesmo que esses indivíduos venham de uma plataforma específica e quase sempre legislem de acordo com os interesses do partido. Bah, nem sabemos os nomes dos partidos! Votamos em números: 13, 45, 15, 11, 25...
Claro que nem eu nem minhas amigas somos assim. Somos cidadãs, respeitamos a lei, amamos o nosso país. Mas elas não votavam. Não se davam ao trabalho de ir até um cartório eleitoral e transferir seu título para Floripa. Preferiam ter que se dar ao trabalho de justificar sua ausência a cada eleição.
Eu segui votando porque nos fins de semana eu sempre estava em Joinville. Em 2008, infelizmente, não pude votar, porque bem naquele dia estava voltando de um congresso na Argentina. Passei o dia inteiro em aeroportos e rodoviárias. Mas no segundo turno eu tava lá, na escola perto da minha casa, com um sorriso no rosto, escolhendo o meu prefeito. Uma decisão histórica, aliás: foi a primeira vez que o PT ganhou a prefeitura em Joinville, a maior cidade do Estado.
Antes de vir pra Fortaleza, comuniquei ao maridão que, tão essencial quanto comprar nossa casa, seria transferir nosso título. Não quero perder a eleição deste ano de jeito nenhum. Será a primeira vez em que votarei numa mulher pra presidente. Pô, será a primeira vez em que votarei em alguém que não seja o Lula! Vai ser emocionante. E tudo que temos que fazer é ir a um cartório eleitoral com nossa carteira de identidade, nosso título de eleitor e ― o mais difícil ― nosso comprovante de endereço. Só agora conseguimos algo em nossos nomes (uma conta de água pra mim, uma conta de telefone pro maridão). Comprovante residencial pode ser duro de conseguir pra quem vive de aluguel, eu sei (caso das minhas amigas em Floripa). Lembro quando tive que comprovar residência pra ter desconto em passe de ônibus. Levei uma conta e a carteira de identidade da proprietária da casinha que eu alugava, além de uma declaração assinada por ela dizendo que sim, eu morava lá. Não é fácil não. Mas definitivamente vale o esforço.
Se você não transferiu seu título, faça isso até 5 de maio (depois de amanhã!). Se você tem 16 anos e ainda não pegou seu título, o que você tá esperando? Somos nós que decidimos uma eleição. Antes de “take for granted” o direito a voto, vale lembrar que a gente, que é mulher, só conquistou o direito de votar na década de 1920. Não tem nem cem anos!
36 comentários:
Engraçado, fiz as contas agora, já votei treze vezes
Desta vez vou votar, como sempre, no Treze!
Mas além de votar sempre usei o tempo das eleições para tentar convencer um ou outro indeciso.
Sempre amei votar, briguei pra poder votar (não estava na Sé, mas estava no largo da feira de Santo Amaro, aqui no Recife), não há perigo algum de eu estar vivo e não votar.
Ai Lolinha, vc me animou a ir até o consulado brasileiro amanhã, apesar de estar super atolada, na reta final da dissertação. Não é sempre que a gente pode votar numa mulher pra presidente, né? Com chances mais do que reais de ganhar, claro.
Outro dia, no twitter, eu li uma frase assim:
"No brasil, quem vota nulo ou não sabe nada de política, ou sabe tudo".
Eu tenho 21 anos. Voto desde os 16 (naquele referendo sobre o porte de armas. fiz questão de tirar meu título). Minha maior frustração é ter apenas 13 anos em 2002, porque eu queria mais que tudo votar no Lula, ver as coisas acontecerem. Eu acreditava, debatia, discutia. Era uma adolescente diferente da maioria, quando o assunto era política: eu dava importancia, rs.
Mas aí vieram os escândalos, as conversas vazias, as demoras pra punir. Eu sei que muita coisa mudou pra melhor, mas caráter, pra mim, ainda é o mais importante. E a galera do PT não mostrou a força de caráter que eu queria que tivessem mostrado. Eu não pude defender e depois de um tempo, nem quis defender.
Votei no Cristóvão em 2006 e agora, tô perdida. Realmente, eu tô perdida...
Eu também adoro votar! Pego meus filhos, boto uma camisa vermelha em mim, neles, batemos foto, o programa completo!!!
Estou ansiosa pela votação este ano! E até agora estou conseguindo me manter relativamente otimista.
Lola,
Esse post me lembrou notícia triste que li hoje:
"Número de eleitores de 16 e 17 anos caiu quase 26% desde 2006
"
Na agencia brasil :
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=940495
continuando...
vc que tem muitos leitores nessa idade, pode ajudar a mudar um pouquinho esse quadro tão triste!
Lolinha,
aproveitando-me de seu bloguinho querido para recomendar outro belo texto, este no Página 12 (argentino), com análise destruindo o ponto de vista equivocado do vampiro paulista sobre o mercosul:
http://www.pagina12.com.ar/diario/economia/2-144897-2010-04-30.html
Eu estava aqui como suas amigas do mestrado, mas desta vez eu não deixaria de votar por nada, tirei um tempinho na semana passada, logo depois que li aqui que só tinha té o dia 05 para fazer a transferência do título. Está transfrido, tudo em ordem...e nem foi tão difícil assim.
Abraço
Eu também não tenho opinião formada sobre a questão do voto ser facultativo. Mas tenho total consciência da importância do meu voto. E pra essa eleição eu estou mais animada, quero acompanhar e até debater.Tbm tentarei convencer amigos a transferirem o título enquanto há tempo.
* Espero que a cobertura das eleições aqui no blog seja tão empolgante quanto esse texto, Lola.
Eu não concordo muito com a propaganda, Lola. Eu voto apenas por obrigação pois acho incoerente o seu direito ser um dever (obrigatório). Daí pra mim já começou errado. Não, eu não acredito que faço a diferença pois não votei no Arruda, protestei contra ele e estou sofrendo todas as consequencias da sua política escandalosa. Não adianta protestar, pois nada muda. A opinião pública é manipulada e distorcida pela mídia. O Estado faz chacota da população sem ter vergonha de enfiar dinheiro nos orifícios menos nobres do corpo. No final, Lula se safa dizendo que não sabia de nada. Quem governa o país então? Ele é só a fachada? Não voto na Dilma pois não concordo com a postura dela em apoiar o STF em esconder os arquivos da ditadura. Eu sou contra a anistia ampla geral e irrestrita. Acho que todos os lados devem pagar pelos seus crimes e não concordo com a postura de quem está do lado certo deva ficar impune. Não acho que um voto seja grande coisa num processo eleitoral que ainda apresenta falhas, onde políticos ainda compram votos de uma massa manipulada e sem estudo. Sinceramente, com o naipe da classe média brasileira e o atual estado do povo eu não acho que meu voto faça alguma diferença até porque eu não tenho candidato. Queria poder sair da minha casa para votar em alguém que acredito, não alguém que me impuseram. Não concordo com esse ato, não acho que voto obrigatório seja democrático e de verdade, eu gostaria muito que todos tivessem o ataque de lucidez de Saramago e votassem nulo.
Oi Lola!
Desde pequena ia com minha mãe votar, só para sentir que estava votando também! Hehehe. Tirei com 16 o título e até hoje (21) guardo os comprovantes e 'santinhos' do povo em que votei, para não esquecer... mas não adianta, já que não fico conferindo o que eles andaram fazendo no mandato... ^^"
Engraçado que semana passada já comecei a ouvir essa conversa de um colega, "vou votar nulo, é melhor do que votar no 'menos ruim'!", e na hora dei a resposta "Então não vá reclamar do governo depois. Se tá se anulando na hora de escolher, não vá reclamar de quem foi escolhido...", algo assim, e o rapaz com o grupinho, colegas meus também, ficaram me zoando e falando que votariam em mim.
Sempre que falo alguma coisa mais pertinente nas conversas eles mudam o foco me zoando, deve ser mecanismo de defesa automático contra garotas! ... mal acostumados com meninas que só ficam rindo e concordando com eles u.u'
Lola, nos últimos dez anos eu morei em três estados e quatro cidades diferentes. Sempre fiz questão de transferir o título tão logo era possível. E votei em todas as ocasiões na esquerda. Um grande abraço.
"No brasil, quem vota nulo ou não sabe nada de política, ou sabe tudo"
Acredito que votar o voto nulo é um instrumento válido num pleito em que nenhuma das opções agrada ao cidadão. Especificamente em segundos turnos de eleições majoritárias. Em proporcionais com centenas de candidatos e dezenas de partidos é difícil acreditar que nenhum vai ter uma proposta ao menos interessante.
Mas o cara que meses antes da eleição alega que vai votar nulo de cabo a rabo está abrindo mão de questionar qualquer decisão tomada nos 4 anos seguintes. Pois essa atitude quer dizer "decidam por mim que eu não ligo"
Drixz,
Por favor, me diga onde você leu que a dilma apoia o STF em esconder os arquivos da ditadura. Só achei essa informação em blog raivoso da direita. Mas nesses blogs eles falam também que ela é uma assassina, então, não dá para confiar muito, né?
Respondendo a pergunta: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4408648-EI15315,00-Dilma+apoia+decisao+do+STF+sobre+Anistia.html
E votar nulo é diferente de não votar. É uma forma de protesto.
Votar é importantíssimo e me considero politicamente muito atuante. Vim para Brasília em 1980 e participei do movimento das Diretas como todos os estudantes da UnB. Votei no Lula em todas as eleições e estou ansiosa, como você Lola, para votar em uma mulher pela primeira vez. Eduquei meu único filho para que tivesse paixão pela política. Hoje faz doutorado no exterior e a primeira coisa que fez depois de resolver as prioridades mais urgentes - moradia, plano de saúde - foi procurar o consulado e transferir seu título. Acho até que tentou convencer seus amigos a fazerem o mesmo. Estamos fazendo nossa parte e seria um sonho se todos dessem o real valor ao voto.
Vou repassar seu post para todos os meus contatos. Só lamento que não tenha sido publicado mais cedo.
um abração, Lola.
Drixz,
leia o conteúdo do texto e não só a manchete. Retirado do link que você passou.
"Sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, que negou ação que constestava a Lei da Anistia, Dilma disse que a posição da Corte deve ser respeitada."
No globo tem parte de uma declaração dela "Do ponto de vista da decisão do Supremo, o que o Supremo decidiu, decidido está. É a corte mais alta do país e como tal tem que ser respeitada."
No meu entendimento, isso não quer dizer que concorda com a decisão. Apenas que ela preferiu, como esperado em alguém que pretende se eleger, não bater de frente com o STF. Em nenhum momento ela diz que concorda com a decisão, por exemplo.
E votar nulo pode ser uma forma de protesto. Mas não deixa de ser burrice.
Eu sou contra o voto ser obrigatório, acho um negócio muito estranho isso. Afinal votar é um direito ou é um dever?
E fico pensando: uma pessoa que preferiria ficar em casa a ter de votar vai votar com base em quê ao ser obrigada? Maior a probabilidade dela se basear em propaganda, na cara do candidato, na opinião do vizinho etc. em vez de num entendimento da situação política e numa reflexão a respeito do que ela quer.
Eu até hoje nunca votei (quero dizer, sempre votei nulo) porque não confiava no meu julgamento, não me considerava uma pessoa suficientemente informada para tomar uma boa decisão política, mas sou até capaz de me arriscar a votar agora pela primeira vez.
Aronovich:
Como já nos conhecemos, via blog, a algum tempo, você sabe que eu sempre votei no Lula. Votei em tudo que o Lula esteve. Quando chegou a eleição de 2006 confesso que fiquei um pouco chateado com a condescendência do Lula com o episódio do mesalão. ele agiu como muitos dos outros governantes do passado tinham agido. Do Lula, que eu tanto admiro, eu esperava mais Eu esperava que os bandidos do partido fossem punidos exemplarmente devido a aura de honestidade que o PT e o Lula plantaram no passado. Bom, apesar disso Lula é Lula e votei nele para a reeleição.
Nesta eleição de 2010 eu não sei. Vi o Lula junto com gente muito ruim (Sarney, Collor, Chaves, Mahmoud Ahmadinejad) e, principalmente, deixando gente boa e lutadora de esquerda (os grevistas de fome de Cuba) abandonados. Neste caso de Cuba, um presidente mundialmente tão importante como o Lula, poderia ter um influencia decisiva em favor dos rebeldes cubanos. Eu me lembro quando o Lula era um rebelde brasileiro. Acho que ele esqueceu.
Por isso e pelo fato da Dilma não me inspirar confiança e não ser o Lula, não sei ainda em quem votar. Lamento muito que tudo esteja assim.
Desculpe o desânimo!
Vou votar pela primeira vez esse ano.To meio indecisa ultimamente,mas acho que até as elições eu decido,alias uma coisa eu sei,votarei em uma mulher.
Eu acho que votar nulo é uma opção válida. Explico: a partir do momento que não tenho a menor idéia do que está acontecendo à minha volta, deixo que a maioria decida por mim. Apesar de alguém já ter dito que "toda uninimidade é burra".
Eu sempre votei na esquerda, vou votar na Dilma, pelo Lula, pelo PT e por ser mulher (já passou da hora) e continuarei votando. E não é só por "dos males o menor", mas porque tenho confiança de que as coisas vão continuar melhorando, embora não na velocidade que eu gostaria.
Ao contrário da maioria dos mineiros - "não sou contra nem a favor, muito pelo contrário!" - eu acho que nasci com a pá virada, porque tenho um enorme prazer em dizer "sou do contra".
Odeio o sujeito que se junta ao grito de guerra da multidão sem ter idéia do que está sendo reivindicado.
Acho que é isto. Vou tomar mais uma latinha e dormir... beijão!
Adendo: gostei do comentário do Renine.
Masegui,
O voto nulo já foi tido como uma arma de protesto devido a uma interpretação do artigo 224 da Constituição Eleitoral, mas recentemente o TSE já deu sua interpretação desse artigo: se 50% da população votar nulo, tais votos estarão anulados, prevalecendo o voto da maioria.
Mas votar nulo foi um dia uma arma, quando interpretava-se que, se 50% da população votar nulo, tal eleição seria anulada e teria sua data remarcada.
"Toda unanimidade é burra" é do Nelson Rodrigues.
Eu acho que voto nulo é válido. Mas só quando é porque a pessoa não sabe o suficiente, preferindo deixar para os outros escolherem. Até porque sou totalmente contrário a obrigação de votar.
Agora, voto nulo por protesto? Tanto protesto mais interessante a se fazer.
Completei 16 ano passado. Esse ano estive com algumas pessoas da minha escola lá na cerimonia de abertura da campanha para votação dos menos de 18, no TRE. Fiz meu título lá na hora já.
Não tenho certeza em quem votarei para nada até agora. Quer dizer, fosse hoje a eleição eu votava na Dilma, votava contra Yeda e Fogaça no RS e anulava o resto. Mas posso mudar (embora o voto contra Yeda e Fogaça eu não mudo, de jeito algum - nem importa quem seja o outro candidato, voto nele). Ainda tenho que me informar mais sobre o resto...
Gostei de poder finalmente votar. Me sinto parte das decisões. Sei que sou uma parte minúscula, insignificante talvez. Mas agora eu faço algo. Ficava tão frustrado quando não podia votar, parecia meio inútil saber algo de política sem nem poder votar >.<
Bem, já na última eleição para presidente eu votei numa mulher. No primeiro turno. No segundo, confesso que me deu muito medo do PSBD conseguir voltar, e aí eu, embora muito decepcionada (muito mesmo) acabei votando no Lula. Mas agora tá difícil! Marina, nem pensar! Embora admire sua trajetória e sua luta, considero muito conservadora, e já diz o ditado "diga-me com quem andas e direi quem és".
Gostaria de ter uma alternativa realmente de esquerda...
(Tá difícil de comentar por aqui... chato ter que moderar, né? mas entendo perfeitamente o porquê...)
Voto.... aaaaah; ano de eleição com Copa do Mundo, que belezinha hein?
Eu sou uma das que quis votar desde sempre, tirou o título aos 16 anos, votou no Lula e votará na Dilma.
Não concordo com o voto obrigatório. Mas votar nulo não vai fazer com que ele seja facultativo. Votar nulo pra mim significa apenas que não gostei de candidatura nenhuma. Pensar que o voto nulo (num contexto onde o voto é obrigatório) é uma forma de protesto, é realmente não sacar muita coisa de sistemas políticos.
Também não concordo com a existência do Estado mas declaro meu imposto de renda todo ano. Não concordo com o controle privado sobre o conteúdo da internet, mas utilizo plataforma blogger pra blogar.
Alternativas devem ser construídas coletivamente. Votar nulo não significa imediatamente propor uma alternativa ou construir uma melhor solução.
Maravilhoso seu post.
Fico feliz de saber que ainda existe gente assim, gostaria de compartilhar que pela primeira vez vou votar em alguém que não é o lula, pela primeira vez em uma mulher, e estou muito feliz com isso, acredito que não teremos mais elitistas governando nosso país.
Um abração!!!
anular o voto é agir com a pior arma de um cidadão, a omissão. acredito na humanidade e não acho que 'político é tudo igual'. a solução de tudo está em nós. se nós fizermos alguma coisa além de apenas reclamar que fulaninho de tal partido rouba muito, cicrano acoberta fulano de tal e dizer que a solução é jogar uma bomba no congresso, talvez andemos rumo a um horizonte de melhores perspectiva.
Gente, como eu me lembro da campanha de 2002. Não era a primeira vez que eu votava - já havia na eleição para prefeito, mas fiz muita campanha para o Lula. Distribuia panfletos, e inclusive participei de uma "caminhada" em Curitiba com ele e o Genoíno pela rua XV. Se eu tivesse uma foto com certeza poderia perceber-se meus olhinhos brilhando de felicidade ao dar um abraço nos dois.
Queria ainda ter aquela ingenuidade, aquela pureza de coração... Apesar dos pesares, eu continuei votando no Lula e votaria na Dilma, se não fosse por um pequeno detalhe advindo de um rompante de civilidade. Fui correndo no Consulado mudar meu título para Atlanta no final do ano passado, para me dar conta só há alguns meses que não vou estar aqui durante as eleiçoes... Tristeza.
Drixz,
O Bruno já explicou a matéria para você, mas faltou dizer que essa matéria não tem nada a ver com "abrir os arquivos da ditadura".
Essa matéria que vc postou fala sobre a decisão de não rever a lei da anistia. Acredito que a Dilma gostaria muito que o STF aprovasse a revisão, mas decisão do STF é para ser respeitada, né não? Cabe a nós, cidadãos lutar contra e tenho certeza de que ao chegar ao poder ela vai promover o debate novamente...que, diga-se de passagem só ocorreu porque o PT resolver debater e levar à justiça.
Quanto a abrir os arquivos da ditadura, vc poderia se informar melhor antes de falar bobagem. Veja essa matéria:
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/05/13/dilma-criacao-de-portal-com-arquivos-da-ditadura-acaba-com-cultura-de-segredo-de-estado-755845977.asp
Os arquivos já estão abertos, querida. E foi a Dilma, como ministra da casa civil, que criou um portal para faciliar o acesso a esses arquivos.
Então, por favor, se vc não é troll, arrume outra desculpa para não votar na dilma.
Obrigado Masegui!
Nada contra sua escolha de candidatos, só me diga, por favor, que não escolheu sua candidata simplesmente por causa do sexo....
Claro, Ewaldy, voto na Dilma porque ela tem vagina, eu tb, logo...
Isso é quase tão ridículo quanto um homem votar num político homem (que representam 90% dos políticos) por ele ter um pênis.
Já escrevi sobre isso aqui.
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