O maridão era tão engraçadinho, e a nossa casa era tão suja... Bom, pelo menos metade das coisas continuam idênticas ao que costumavam ser seis ou sete anos atrás.
Só pra variar, eu ganhei do maridão no dominó e exijo musiquinhas de louvor ao meu talento. Sabe, tipo "You are the champion / I am the champignon", algo que celebre minha inegável superioridade no jogo.
− Amor, tá na hora da ode à Lola.
− Ódio à Lola? Ih, pra esse propósito tenho um monte de canções. Aliás, não só eu, mas uma boa parte da população joinvilense.
− Não, anjo, não ódio à Lola, ode à Lola, vai.
− Então tá. "Você roubou / meu amor / e a polícia que não veio".
− Não, não, amor, eu ganhei honestamente, com o suor do meu rosto, apesar das pedras marcadas. Canta outra.
− Vamos ver: "Eu nunca lhe disse / mas agora saiba / nunca acaba o nosso amor..."
− É linda, anjo, mas...
− "....da cor do azeviche / da jabuticaba / eu te amo / serei para sempre o seu cantor".
− O que isso tem a ver com a minha habilidade no dominó?
− Quer dizer que eu irei te visitar na cadeia. Não vou ficar nem um mês sem ir lá te ver.
Não lembro como acabou este diálogo, mas algo me diz – o galo na testa dele, talvez – que não acabou bem. Pouco depois, eu termino algum afazer doméstico (limpar um prato que continha a última fatia de bolo de chocolate em cima, por exemplo) e vou pro quarto, cheia de amor pra dar. Encontro o maridão vegetando, deitado na cama, assistindo TV. Ele, lógico, fica felicíssimo ao me ver. Tanto que suas primeiras palavras são: "Você tá causando interferência na televisão! Você pode ficar ali?" (e aponta pra bem longe da cama).
Tá, o último diálogo infame do dia, relacionado à limpeza impecável da casa. Eu e o maridão estamos na cozinha e de repente ele diz:
− Quando eu deixo cair um pedaço de beterraba e a beterraba paira no ar, ou eu descobri uma nova fonte de energia ou uma nova teia de aranha.
− Que bom, anjo. Acho que não é uma fonte de energia. Ahn... Mas o pedaço de beterraba vai ficar aí pendurado pra sempre?
− Enquanto a gente não descobrir o que é, é melhor não mexer.
Viu? Agora você é testemunha que eu mereço todas as musiquinhas de louvor do mundo.
9 comentários:
Ai Lola, vcs dois são hilarios!! Um dia ainda vou pra Joinville (ou Fortaleza?) pra conhecer vcs.
Se o CM usasse lá no torneio a perspicácia com que lida com você, não tinha pra ninguém...
Primeira vez que comento aqui, tô passando só pra dizer que amo seu blog, leio todos os dias. Algumas coisas são muito engraçadas, mas gosto mesmo quando você escreve sobre homossexuais. Você é sensível às atrocidades que sofremos. Obrigada por tudo. Um abraço!
"− Enquanto a gente não descobrir o que é, é melhor não mexer."
Huahuaahuaahuaah
se fosse aqui em casa seria a teia de aranha... nessa epoca as horrorosas fazem teias gigantes de uma noite para a outra e isso nao e forca de expressão...
sabe que depois daquele super video que vcs fizeram com aquela hiper critica a era do gelo eu gosto ainda mais de ouvir os dialogos... quando voce fala: "não anjo" ta ta ta eu ouço ate a sua vozinha cheia de sarro no timbre falando. E a dele? combina total com esse jeitao despojado de ser... voces sao, como amanda disse, hilarios e feitos um pro outro.
Maridão pode não ser um oponente à altura no dominó, mas tem um timing formidável!
Concordo com o povo de cima, você e o maridão são feitos um para o outro. Bem que ele podia fazer um guest post sobre a aventura diária de se conviver com a Lolinha... Rsrsrs Ou um guest post de qualquer coisa já que ele é muito engraçado. Só não peço um guest post da Blanche pois sei como gatos são tímidos.
Sério, guest post do Maridão já!
Vocês são demais. Quem sabe a gente (vc, o maridão, eu e meu maridinho) não poderia jogar uma partida de dominó um dia? O dominó, aliás e meio que passa tempo estadual aqui em Pernambuco...Todo mundo joga!
Já descobriram o que causa a levitação da beterraba? Já consideraram a hipótese de ser algo sobrenatural? Se quiserem, eu tenho o número do Padre Quevedo, rs
Adorei o post, muito divertido!
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