terça-feira, 18 de março de 2008

ADORÁVEL CAPITALISMO SELVAGEM

Acabou de chegar pra mim, pelo correio, um cheque nominal no valor de US$ 9,25. Eu só tenho que ir ao banco e depositá-lo ou descontá-lo. Ah, pra isso tenho também que vender minha alma. É assim: ano passado, em outubro, comprei alguma passagem aérea e surgiu a chance de receber quinze dólares. Tudo que eu precisava fazer era me filiar a um clube de vantagens que dá bônus pra cartão de crédito e descontos em viagens. Pra que eles não cobrassem a anuidade (que eles não diziam quanto era), eu tinha dois meses pra ligar e cancelar. Ok, passou-se apenas um mês e apareceu um rombo de 50 dólares no meu cartão de crédito. Liguei pra empresa e exigi meu dinheiro de volta e o cancelamento imediato da minha anuidade. Pagaram e nunca mais ouvi deles. Até ontem. Se eu depositar esse tentador cheque nominal, vão me cobrar uma anuidade de US$ 140. A menos que eu cancele. Mas o detalhe genial é que eu tenho que cancelar todo ano, pro resto da vida. Esta pérola tá em letras miudinhas: “Não precisaremos pedir o seu número do cartão de crédito ou o seu consentimento para a cobrança”. Ou seja, por 9 dólares e uns trocadinhos eu posso arranjar um problemão pro resto da vida. Sabe o que é mais interessante? É que aqui nos EUA há várias leis, inclusive constitucionais, prometendo sigilo bancário. O curioso é que elas não se aplicam às empresas privadas (lembra do meu contrato com o Chase?). Essas leis foram feitas pra proteger o cidadão das garras do governo. Mas não existe nada pra proteger o consumidor incauto da sanha corporativista.

3 comentários:

Liris Tribuzzi disse...

Eita povinho capitalista!
Isso me fez lembrar da época em que as operadoras de telefone brigavam po r dia pra ver quem tinha o DDD mais barato. O Casseta e Planeta (na época que tinha mais 'notícias' e menos 'novela') tirou a maior onda mandando a sogra dos clientes pra outro estado e pagando um real por minuto pra quem usasse o serviço.

Suzana Elvas disse...

Péra! Tô com crise de asma depois de ler o "Banco é tudo igual?". "Procure-me no jardim" é dez! E as diretrizes pra compartilhar informações é um primor? Uma obra de arte? Uma doideira? Genial?

Na boa: escreve um livro, Lola. Amanhã te mando um modelo que eu descobri lá em casa. A autora ganhou muito dinheiro, moça. Você devia fazer igual.
Bjs

lola aronovich disse...

Serio, Liris? Nao lembro disso! Faz tempo que nao vejo Casseta...
Pois eh, Su, mas nao inventei nadinha sobre isso do banco! Eu li o que eles me entregaram assim que abri a conta, e eu tambem engasguei! Aquelas diretrizes existem mesmo. E eh muito, muito estranho vc passar um cheque que diga "Procure-me no jardim" e outras bobeiras que eles inventam, tipo "Pergunte-me sobre meus netos". Mas obrigada pela sugestao de escrever um livro.