Bom, não detestei o filme. A primeira metade é empolgante. E gostei do foco, de como tudo que é mostrado é o que o personagem do Tom presencia. Não temos que ficar aturando presidente americano salvando o universo. Mas o problema permanece, e é o mesmo de “Sinais”: os ETs não têm mais nada pra fazer não além de desenhar círculos no milharal do Mel ou olhar fotos no porão do Tom? Não tô condenando os alienígenas, pelo contrário – se eu fosse uma ET, eu também iria querer pegar o Tom. Certamente seria minha principal missão na Terra. Eu bolaria alguns planos de abdução e cruzamento entre espécies e tudo. Mas será que todos os seres inteligentes são como eu? Adoro pergunta em que a resposta já vem embutida. Ahn, o final da aventura é tão, tão, mas tão péssimo que afeta muito do que vem antes. Depois da cena da barca, infelizmente, “Guerra dos Mundos” fica mais com cara de “Guerra dos Bundos”. E que guerra é essa, afinal? Não tem guerra nenhuma, tem é extermínio. ETs vs. humanidade é como se fosse a gente contra as formigas. As formigas não têm a mínima chance. No entanto, acabo de voltar da minha cozinha e ver as trilhas de formigas nas paredes e... Ok, péssimo exemplo. Ainda no quesito insetos, quem me garante que as baratas não sejam ETs? Elas existem desde antes dos dinossauros. Pode ser que elas estejam aguardando pacientemente sua hora de tomar o mundo. Quer dizer, as baratas da minha cozinha não parecem tão pacientes. Melhor voltar pro filme.
Pra passar a impressão que esta minha crônica não é uma total nulidade, desejo afirmar que li o livro do H. G. Wells. O que mais me impressiona no clássico (que não é nenhuma obra-prima) é que ele foi escrito em 1898, antes da invenção da TV e da geladeira, 70 anos antes do homem pisar na lua. O Wells conta uma história de ficção científica quando o pessoal ainda andava de carroça! E o incrível é que a descrição que ele faz dos marcianos é basicamente a mesma que o cinema adota até hoje. Os pontos mais interessantes do livro são as lutas pra se manter vivo e uma discussão sobre evolução. As duas coisas ficam de fora do filme do Spielberg. E se alguém não entendeu que diabos são aquelas plantinhas vermelhas, eu também não. Mas o livro explica.
Em todas as 527 vezes que vi o trailer, eu pensava na narração sisuda e concluía: isso é piada. Tem coisas que só devem ser feitas como paródia, sabe? Mas não, aqui em “Guerra” a narração persiste da maneira mais preguiçosa possível, abrindo e fechando a película. Seria uma homenagem à locução do Orson Welles ou incapacidade de esclarecer a trama? Minha cena ridícula favorita é quando o Tom decide tomar providências contra o resistente e louco-varrido Tim Robbins. Vejamos: o duelo Tom vs. Tim se dá entre um bonitão e um sujeito 40 centímetros mais alto, armado com uma pá. Adivinha quem ganha? Mas, pelo que pude perceber do público, a cena mais intragável, tirando o final, que ninguém engoliu, foi quando todo um quarteirão é arrasado por um desastre aéreo, e o carro do Tom (o único carro que anda em toda a terra das oportunidades) continua inteiraço. E ainda por cima tem a Dakota Fanning, que faz a filha do Tom, gritando dentro do carro. Sobre a atuação da menininha, posso declarar que não torci muito pra que ela morresse lentamente. Já o irmão dela... ETs! ETs!
Um comentário:
Passou ontem na globo e eu comecei a assistir acho que com uns 20 mminutos já corridos. Juro, não aguentei até o final... Parei ali na cena da barca. Dormir é bem mais proveitoso do que assistir esse negócio. O que salva o filme é sim o Tom. Já a filhinha dele eu queria esganar com todas as forças. Que gritinhos histéricos chatos sô!
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