domingo, 27 de abril de 2008

“ESQUEÇA A LEI”

Começando do começo. Quarta retrasada, em um dos dois supermercados mais próximos de casa (em Detroit) a que vamos sempre, havia um pacotinho de cream cheese (espécie de requeijão) em promoção. Ele tava numa gondola separada, com uma placa grande em cima, escrito “2 por $3”. 1,50 cada, um bom preço, considerando que ele normalmente custa 2 dólares. Peguei dois. Ao chegar ao caixa, como esse foi o primeiro produto a passar e não havia qualquer dúvida quanto ao preço, nem chequei. Chequei as outras mercadorias e, lógico, havia uma discrepância entre o preço marcado no produto e o preço cobrado no caixa. Eu digo “lógico” porque sempre há. Nesse supermercado em particular acontece 100% das vezes. Não tô exagerando. Nos outros supermercados ocorre menos, talvez apenas em metade das ocasiões. Mas é fato que ocorre em todos, médios e pequenos. O Food Pride (Orgulho da Comida, ou algo assim) é médio, e o atendimento, péssimo. Mas fica perto de casa, a apenas oito quarteirões, e não temos carro. Já contei do bafão que teve lá entre eu e uma caixa uma outra vez, porque eu afirmei não ser possível que o consumidor tivesse que conferir o preço de cada produto, já que sempre havia erros, e ela, grossa, disse: “Faz parte da vida”.

Cheguei em casa e verifiquei o cupom fiscal. Sabe o cream cheese que tava na gondola por 1,50? Passou por 2,39. Cada. Uma diferença enorme, de quase 90 centavos por produto. Por esse valor, 1,80 a mais que me foi cobrado, dava pra comprar duas barrinhas de chocolate em promoção na farmácia. Falei pro maridão: não vamos voltar àquela porcaria de supermercado só pra isso. Na semana que vem, quando formos novamente, aí reclamamos.

Voltamos na última quarta. Logo ao entrar, procurei o gerente. Expliquei a situação. Disse que isso acontecia todas as vezes. Precavida, eu havia levado uma cópia impressa de uma lei estadual chamada Scanner Law, que afirma claramente: se um produto passar com um preço mais alto no caixa, e a transação for finalizada, o consumidor tem até 30 dias para reclamar. A loja “pode escolher devolver” (palavras um tanto estúpidas, pra uma lei) a diferença entre o valor marcado e o valor cobrado, mais um bônus de até dez vezes essa diferença, num mínimo de 1 dólar e num máximo de 5. Se a loja se recusar a pagar essa diferença e esse bônus, o consumidor pode entrar com um processo pedindo um máximo de 250 dólares por danos morais, mais 300 pras taxas de advogado. Parece uma lei decente pra proteger o consumidor, né?

O gerente me disse que eu não podia voltar lá uma semana depois e dizer que o preço era outro, porque fica a minha palavra contra a dele, e está mais do que na cara que eu sou uma ladra mentirosa, e que o estabelecimento comercial, que cobra a mais 100% das vezes, é que é honesto. Não foi bem isso que ele falou, mas você entendeu. Ele aceitou “confiar na minha palavra” e me devolveu a diferença, $1,80. Eu repeti que esse problema não acontecia uma só vez, mas todas, e o que eu queria mesmo é que isso parasse. Ele falou que, se ocorresse novamente, era pra passar lá pra falar com ele na hora. Logo, fui às compras sem stress, peguei o de sempre, desisti de conferir o preço de cada produto no caixa, porque as estatísticas não mentem - óbvio que ia acontecer de novo. Paguei, vi a nota. Tava lá. Um pacote com três sabonetes que compramos passou por $1,49, quando o preço marcado no produto era 1,09. Eu tinha levado os dois últimos pacotes, ambos marcados 1,09. Fui ao gerente, mostrei a nota, mostrei o produto, e ele, muito revoltado, foi consultar um outro supervisor. Não havia nem o que consultar. A etiqueta no produto dizia 1,09. Pagamos 1,49. Pela lei, o supermercado deveria nos dar 4 dólares, porque é a diferença, 40 centavos, vezes dez. Mas eu e o maridão ficamos lá, plantados, aguardando. Enquanto esperávamos, mais de quinze minutos, um empregado do supermercado, nervosíssimo, veio falar comigo, engrossando a voz:

- Eu sei o que você está fazendo. Você fica caçando produto com preço diferente pra lucrar. Por isso você trouxe a cópia da lei. Eu conheço o seu tipo. Muita gente faz isso, e não acaba bem pra eles. Eles vão presos. Você devia tomar cuidado!

Assim, na cara dura, me ameaçando. Por eu estar exercendo um direito meu! (Sem falar que como que alguém pode adivinhar o produto que vai dar erro?). O carinha não tava interessado em me escutar. Só me insultou, me ameaçou, e foi embora. O que mais revolta é que esse pobre coitado deve ganhar salário mínimo e trabalhar feito um escravo no supermercado, mas toma as dores dos patrões, que lucram com a diferença de preço entre o que tá marcado e o que é cobrado. Eu só tive tempo de responder, meio que gritando atrás dele: “Vocês é que deviam tomar cuidado! São vocês que não estão agindo dentro da lei”.

Veio outro empregado ameaçador perguntar o que estava havendo. Repeti. Depois outro. Finalmente voltou o gerente, com uma pasta imensa, e um outro supervisor, mais velho. O gerente me mostrou um numerinho na pasta, entre centenas de produtos, com o preço do sabonete, 1,49. Portanto, o preço era aquele mesmo e eu estava errada, porque tava marcado na pasta, entende? E não importa o que está marcado na cara dele, no produto. Argumentei que não tenho como saber o que está marcado na pasta dele. Que o único preço que conheço é o marcado no produto. Que a lei é clara nesse sentido. O supervisor disse que às vezes as pessoas, sem querer, trocam as etiquetas dos produtos, e que o supermercado, coitadinho, não tem como fiscalizar tudo. Mas que não, imagina, ele não tava me acusando de fazer isso. Peguei o papel e comecei a ler a lei pra ele, e ele me cortou: “Esqueça a lei”. Eles disseram que não iam nos pagar a diferença coisa nenhuma, e era melhor ir embora. O gerente ainda começou a gritar que eu mandasse algum órgão fiscalizador pra lá, que ele iria mostrar a mesma pasta. E que ele fez muito em me devolver a diferença do cream cheese. E que não deveríamos mais fazer compras lá. Pra ficarmos longe daquele supermercado pra sempre.

Agora nem sei direito o que vou fazer, a quem recorrer. Mas alguma coisa eu vou fazer, escrever umas cartinhas, sei lá. E, claro, não voltaremos àquele supermercado. Provavelmente minha reclamação não vai levar a nada. Mas o que me chateia mesmo não é termos sidos humilhados em público e expulsos por exercer um direito nosso, nem a corrupção aberta de um estabelecimento comercial, nem essa diferença entre o preço marcado e cobrado. Não, o pior é a diferença de percepção entre o que brasileiro de classe média acha que é a América e o que é a América de verdade. Passei a vida toda ouvindo “as verdades” de gente que provavelmente nunca pisou no exterior. Frases como:

“País civilizado é outra coisa!”

Isso só acontece no Brasil!”

Se isso acontecesse nos EUA, ohhh, não quero nem pensar!”

Lá as pessoas cumprem as leis”.

Lá tudo funciona direitinho”.

Etc etc etc. Pois é, o Brasil é uma droga mesmo, e paraíso é aqui nos EUA. Aqui, onde te roubam, olham pra tua cara e te dizem, com todas as letras: “Esqueça a lei”.

33 comentários:

Liris Tribuzzi disse...

O comportamento do gerente foi deprimento. Deplorável e inresponsável. O problema é que se ele age assim com certeza está amparado por jurisprudência, o que é pior.
Por aqui, vira e mexe acontece algo do gênero também, mas até que não tem maiores problemas. O preço é reajustado mesmo sem grandes alardes. Fico imaginando se meu tio fizesse compras por aí. Ele SEMPRE confere tudo o que passa, além de andar com os panfletos de outros mercados. Tem lugares que cobrem as ofertas e ele faz questão de que cubram mesmo. Até agora, nunca teve problemas.

Leo disse...

The land of the free and the home of the brave...
God bless America!

Igor Garcia disse...

Q suburbio ridiculo vc foi se meter em Lola! ;-) Parece que vc está no plano Cruzado do José Sarney, onde a classe média, donas de casa e outros elementos se autointitulavam "Fiscais do Governo", ou seja, literalmente andar para trás! Pelo menos aqui, pelo menos quer dizer a maioria das vezes, o Direito do Consumidor funciona. Ás vezes ocorre pequenos delitos, inclusive quando trabalhei na Oi, onde eles colocavam "Expressinhos" da Oi nos Juizados Especiais para agilizar os processos (quando os juizes recebiams suas propinas de 5000 por processo). Aturar uma babaquice dessa é sem precedentes. Não esqueca de escrever, como curiosidade e preocupação minha, um post sobre as opções de vc comprar um alimento saudável num lugar menos indigesto!

Pergunta curiosa: há opções de hortifrutis, "sacolões", feiras livres e etc?

Bjs n'alma!

Paulo disse...

Ah...morei muitos anos dos EUA e isto sempre aconteceu. Não se preocupe porque não é pessoal...hehehe. Ainda bem que vc não tem carro, pois já tomei uma multa indevida e tive que pagar e ficar quieto. Compute tudo no sistema...sempre é culpa do sistema....hehehehe

Paulo disse...

Ah...morei muitos anos dos EUA e isto sempre aconteceu. Não se preocupe porque não é pessoal...hehehe. Ainda bem que vc não tem carro, pois já tomei uma multa indevida e tive que pagar e ficar quieto. Compute tudo no sistema...sempre é culpa do sistema....hehehehe

lola aronovich disse...

Deplorável mesmo, Li. Bem faz o seu tio.
É, e God bless us too, Leo.
Igor, eu não moro em subúrbio! Moro em midtown Detroit, que é a décima maior cidade americana. Pertinho de uma universidade. E o que isso tem a ver com o Plano Cruzado? Acho que vc era muito jovem em 86 e tá confundindo um pouco as coisas. As "Fiscais do Sarney" não tavam fazendo nada de tão absurdo, o que aconteceu de errado foi o uso político dado pra coisa.
Não há feiras livres ou sacolões, pelo menos não aqui. Tem uma espécie disso chamada Eastern Market, que realmente parece uma feira livre. A gente foi uma vez. Mas fica meio longe demais pra ir andando. Agora que o tempo tá melhorando, a gente deve voltar a ir lá. Mas é uma bela de uma caminhada!

lola aronovich disse...

Paulo, onde vc morou? Quando, e por quanto tempo? Conta pra gente!
É, a gente sabe que não é nada pessoal. Mas parece que somos as primeiras pessoas a reclamar. Acho americano hiper passivo...
Foi uma decisão muito boa nossa não ter comprado um carro. Só vamos ficar aqui um ano (até final de julho), e a gente só vai pra mais longe nos finais de semana. Seria um desperdício de dinheiro, considerando seguro e garagem. E a gente nem teria muita coragem de dirigir por aqui. Imagina, as ruas ficam bem escorregadias com a neve e o gelo...

Andréia disse...

Bah, Lola, que revolta! Além de ladrões ainda te fazem sentir uma fora da lei! Fiquei indignada, nunca vivi isso! Aqui em Portugal já vi algumas pessoas reclamando da diferença entre o preço da etiqueta e do produto, mas os responsáveis pelo mercado pedem desculpas e devolvem a grana na hora.
E o pior é a energia que vc perde com isso, enquanto o foco deveria ser no teu trabalho. É impossível uma coisa não abalar a outra!
Felizmente está quase acabando!
Beijos e boa sorte!
Andréia Rauber

Lolla disse...

Tô rainbow.
Sério, se isso tivesse acontecido comigo, era capaz de eu virar a lôca e transformar o mercadinho do demo em Columbine. QUÊ ISSO!!!

Isso não aconteceria no Brasil. Não o erro (é humano...), mas sim o tratamento surreal que você recebeu. Já reclamei a mesma coisa no patropi e a diferença grita. Já pagaram, SEM FAZER PERGUNTAS, o preço de uma consulta médica de emergência (200 reais...) porque meu pai levou, contra minha vontade, o pacote de comida estragada que teria causado o problema (e olha que nem nota fiscal tinha, eu poderia ter comprado em outro mercado... Nem provas de que teria sido aquela comida que me fez passar mal).

Sinceramente, se eu tivesse que viver nos EUA, teria desenvolvido uma úlcera. Aqui tenho a chance de ficar isolada no meu mato, e os estabelecimentos comerciais são corretos. Tenho certeza de que existem vantagens em se viver por aí, mas duvido que me fossem bastantes pra justificar tanto preconceito e injustiça.

Mas tenta fazer um barulho, sim. Te dou apoio moral. :)

lola aronovich disse...

Andréia, obrigada pela solidariedade. Já já coloco o post sobre Fonética de que te falei (mas não fique muito brava!). Quando vc diz "Felizmente está acabando" vc tá falando do sanduíche, né? Não do trabalho! Que por sinal tá atrasado que só ele...
E Lolla, valeu pelo apoio moral. É, uma experiência punk dessas eu nunca tive no Brasil. Quer dizer, normal encontrar preço diferente. E no Big de Joinville isso acontece SEMPRE, e o pessoal, ao invés de confiar na sua palavra, manda alguém voltar à prateleira pra conferir. A época do "cliente sempre tem razão" morreu, se é que já existiu. O que eu gostaria de fazer toda vez que houvesse uma discrepância entre o preço do produto na prateleira ou no próprio produto e no caixa seria desistir da compra inteira. Sabe? Dizer: "Ah é? Pode esquecer, não precisa nem mandar conferir, não quero levar nada. Tchau". Mas não dá, porque a gente precisa comprar os alimentos, e a concorrência não é tanta... E também, o supermercado não ia dar a mínima. Aqui nos EUA o slogan diz "The customer is boss", ao invés de "The customer is always right". Mas não é boss coisa nenhuma, como a gente pode ver.

Renata disse...

Nossa... eu teria ficado puta, mas provavelmente não teria feito nada... a ju que é a barraqueira do relacionamento... mas super admiro o que você fez!
Essa ilusão de que as coisas só funcionam no primeiro mundo eu já perdi também quando fiz intercâmbio...
Abraço,
Renata.

Suzana Elvas disse...

Lolita, minha flor, não rolava materinha numa rede local de TV? Do tipo "cliente, repórter, operador de áudio e câmera levam preju de tantos dólares em compras no supermercado x"/ Já vi tantas matérias na CVNN falando de caixas eletrônicos roubando clientes e outras bizarrices... Acho que valia a pena tentar - nem que fosse pra você entrar de nariz em pé no super, na próxima vez.
Meu pai deixou uma compra de mês (o que valeria hoje a uns mil reais - é, minha família já gastou quase mil reais em supermercado. Numa outra dimensão, mas gastou) num caixa porque era proibido as mocinhas emprestarem canetas pros clientes preencherem os cheques. Eram sete carrinhos cheios de compras que ficaram ali, pra desespero da mocinha. O supermercado perde uma compra de mil reais, mas não uma caneta de R$ 0,80.
Saudades, moça; voltaremos às transmissões normais somente no mês que vem.
Bjs

lola aronovich disse...

Re: Ha, a Ju eh a barraqueira do relacionamento?! Tadinha, ela sabe disso? Nao, comigo e o maridao tb ja da pra saber quem reclama mais... (mas no caso do supermercado ele ficou calado na maior parte porque o ingles dele deixa a desejar). Onde que vc fez intercambio mesmo?

lola aronovich disse...

Su, nao sei sobre as redes de TV, porque no momento estou sem (desistimos da TV a cabo por causa da Netflix, e nao compramos nem antena - a TV nao pega, e nao ta fazendo falta). Mas hoje mandei email pro Attorney General de Michigan (acho que eh algo como defesa do consumidor), pra editora de um jornal local (o que fez a materia com o maridao), e pro Spartan Products, que eh uma grande rede distribuidora de alimentos, da qual a Food Pride eh revendora. Vamos ver no que da. E contei pro meu amado co-orientador, que ficou revoltado e disse que vai passar no super pra dizer que assim ninguem mais da universidade vai comprar la (nao sei se resolve, porque o perfil do consumidor daquele super nao eh universitario e muito menos professor univ., eh mais gente das redondezas mesmo, mas valeu a intencao). E eu nao quero voltar mais la, Su. A gente ja tava considerando isso faz um tempao. Agora vamos fazer as compras so no outro. Eh um pouco chato, porque mesmo assim precisaremos ir duas vezes, porque nao da pra carregar tudo a pe de uma so vez. Nao eh que a gente compre muito, uns US$ 45 a 60 por semana em super, mas o maridao adora fruta, e 4 quilos de, sei la, laranja pra carregar por 12 quarteiroes - o outro super eh um pouquinho mais longe - nao eh facil.
Mas admiro muito a decisao do seu pai. Era bem isso que eu queria fazer: desrespeitaram o cliente? Cobraram a mais? Tchau. E deixo as compras la. (claro que mil reais deixados pra tras impressionariam muito mais que os nossos cinquentinha dolares).
Mes que vem pra volta das nossas transmissoes eh comecinho de maio, ne, Su? Nao eh junho! Diz que nao!

Lolla disse...

erm, lola, desculpa eu me meter na conversa; mas eu dei subscribe nesses comments e li a sua mensagem, hehe. não seria legal comprar um desses trolleys de tecido (ou material plástico) com rodinhas? é muito mais confortável para carregar compras pesadas pra casa. se o marido for junto, compre um pra ele também. são baratos e cabe bastante coisa dentro. eu comprei um pra ir na lojinha aqui da village porque não dirijo. muito melhor do que carregar sacolas na mão, e ainda estão na moda (haha).

e sorry por transformar seus comments em chat, okie?

Nita disse...

É, não é só no Brasil que acontece esse tipo de problema.

Tive um problema com desrespeito ao consumidor no ano passado, comprando as camisetas do time de futsal da minha sala.
Resumindo o gerente da loja queria me vender uma camiseta dizendo que era babyLook (a camiseta ficava quase igual um vestido em mim) e chegou ao absurdo de falar: "Não, o código tá certo, porque a gente trocou a etiqueta para abaixar o preço". Mas no final ele acabou nos dando as duas camisetas que iam ser vendidas como babyLook de graça e consertou o erro. Claro que depois de muita reclamação e de ameaças de ida ao PROCON.

lola aronovich disse...

Imagina, Lolla, os comentarios sao publicos. Todo mundo pode se intrometer. Nao tem problema nenhum. Eh uma ideia a dos carrinhos, sabe? Outro dia a gente passou por um estacionamento e viu mesmo um carrinho de supermercado abandonado. Mas nao sei, da um trabalhao levar o carrinho pra la e pra ca. A gente nao usa nem quando ta dentro do super! (prefere as cestinhas). A gente sempre vai ao super junto, e cada um carrega uma sacola de pano. O maridao carrega a mais pesada. E quase sempre nao cabe tudo nas duas e sobre uma sacolinha de plastico pra ele carregar tb. Outra coisa eh que a gente nao sai tanto, nao eh consumista, nao compra muita coisa fora comida, entao, no fundo, a gente ate gosta de fazer compras juntos. Pra gente duas idas por semana ta de bom tamanho. Em Joinville a gente faz o mesmo. Vai em dois supers, pra poder comparar precos, e compra as ofertas de cada um.
Aqui em Detroit, indo ao super, a gente se forca a andar tb. Ja andamos o bastante, mas eh mais uma oportunidade. E quase sempre compramos comida chinesa (take out) que tem perto dos dois supers. Mas o chines perto do Food Pride eh melhor. Outra coisa eh que no caminho da nossa casa ao Food Pride tem uma cadelinha sao-bernardo de quem fiquei muito amiga. (bom, cadelona, ne? Sao bernardo!). Eu sempre passava onde ela mora e era um escandalo. Precisamos tirar fotos. Agora vou ter que ir pra la so pra ver "minha" cachorrinha querida. Eh que sinto MUITA falta dos meus gatinhos em Joinville. E aqui eh rarissimo ver bicho. So tem essa cadela, os esquilos, e alguns gatos muito de vez em quando. Isso faz tanta falta pra gente... Bom, vc sabe, vc que adora bicho.

lola aronovich disse...

Que droga, ne, Nita? Mas pelo menos acabou dando certo. Eu acho que, pros estabelecimentos comerciais, esse sentimento de "O cliente tem sempre razao" acabou faz tempo. Eles nao dao a minima, sempre desconfiam da gente (a gente que eh uma besta e nao sabe ler etiqueta num produto!), e so se endireitam um tiquinho quando notam que a gente vai levar isso adiante, com Procon ou algo do genero. Aqui no super de Detroit, nao tenho grandes esperancas. So queria que alguem (jornal, protecao ao consumidor, distribuidora) aparecesse la pra que eles soubessem que nao podem continuar enganando consumidor desse jeito. Se qualquer uma das 3 cartas que mandei fizer com que o super receba um telefonema ou uma visita perguntando "Sabe aquela consumidora que reclamou e vcs falaram pra ela 'Forget the law'? Ela reclamou com a gente", eu ja fico feliz. Mas vcs lembram que antes o comercio ficava receoso de fazer coisa errada porque um consumidor insatisfeito espalha a ma fama do lugar pra muuuuuito mais gente que o consumidor satisfeito, ne? Hoje o comercio nao ta nem ai. Algo mudou.

Juliana disse...

E o problema também é que nos EUA ninguém reclama, o conformismo é mto grande, por isso acontecem essas coisas. Mas revoltante a atitude dos caras, tem que ver com um advogado alguma coisa, aquem recorrer, chamar fiscalização, sei lá!

Agora, diga o que quiser, mas não sei se isso aconteceria assim no WalMart. Eles trocam coisas até que vc já usou e te devolvem o dinheiro. E no Safeway, que em cada corredor tem um funcionário perguntando se vc está encontrando tudo o que precisa. E no Albertson´s, que (como no Safeway) dá desconto com cartão do cliente preferencial (coisa que o WalMart dá sem cartão mesmo) e vc acaba pagando sempre muito menos do que imaginava.

Conclusão: não compre na University Foods, aquilo é um lixo

Juliana disse...

Falando em Americano ser conformista, o Nick está hoje fazendo uma prova final na casa da professora, acredita nisso? A idiota marcou prova na casa dela e eles que se virem pra ir até lá. Aí o babaca que deu carona pra ele ainda cobrou 10 dolares de gasolina (de cada um dos 4 que ele ia levar) e disse pra ele que era uma aula fácil, que eles não tinham que reclamar de ter que ir até lá. Ele tá só esperando sair nota final pra ir chiar com o departamento, pq teve vários outros problemas com ela durante o semestre...

lola aronovich disse...

Ih, lá vem a Ju defender o Wal-Mart! Não sei, Ju. Lá no Brasil o Big é do Wal-Mart, e é um dos dois supermercados a que vamos semanalmente em Joinville. E sempre dá problema de preço! Mas, mesmo que a gente não boicotasse o Wal-Mart, não daria pra ir nos daqui. São muito longe de onde moramos. E ir a supermercado de ônibus, carregando sacola, não é legal. Ah, e não é o University Foods, tá? É o Food Pride!
Mas concordo plenamente com isso que vc diz de americano ser conformista. Aqui vemos muito louco, muita gente falando sozinha na rua, montes de carinhas que parecem capazes de sacar uma metralhadora e começar a disparar nas pessoas a qualquer hora. Mas nada disso se traduz em incorformismo ou rebeldia! Americano é passivo, não reclama, aceita tudo calado. Não era essa a imagem que eu tinha deles não!
E tadinho do Nick. Quando que ele tá indo pro Brasil? Ele é uma simpatia, gostei muito dele. Pode falar pra ele. E vcs formam um casal gracinha.

Lolla disse...

opa, mas eu não falava de carrinho de supermercado típico, não. falava daqueles de TECIDO, que na verdade parecem uma sacola, só que com uma alça rígida ajustável e com rodinhas. mais ou menos assim:

http://www.chinawholesalegift.com/pic/Bag-Gifts/Trolley-Bag/Shopping-Trolley-Bag-1709454913.jpg

parece pequeno, mas cabem o equivalente a duas sacolonas e meia dentro. geralmente, as minhas compras semanais cabem todinhas (mas enfim, sou eu sozinha aqui, no momento). se você comprar dois, você e o marido podem caminhar com eles tranquilamente pendurados no braço, encher no mercado e depois trazer pra casa com o auxílio das rodinhas. mão na roda, literalmente. ;)

Lolla disse...

não apareceu o trolley. o sistema de comments do blogger é meio tosco. :( vou tentar mandar o link:

veja aqui

Juliana disse...

É, não adianta, eu gosto do WalMart, hahaha. Mas é verdade que vc falou essa do Big, só que tanto o Big quanto o Nacional aqui, apesar de serem do WalMart, não são nada como o original. Esse Food Pride não conheço, então não posso falar, nem sei onde é... mas o University Foods continua sendo ruim, mas quebra galho, haha. Os supermercados grandes aí realmente são muuuuuuuito longe, mas quando eu morei em tahoe, tinha que fazer compra de ônibus, era quase como ter que ir a pé, um saco. Em Detroit eu ia bastante no Walmart pq a Suzy me levava.

E o Nick chega sábado, se Deus quiser. Contagem regressiva, hehe. Valeu pelos elogios =)

Juliana disse...

By the way, ontem fui tirar esmalte da unha com meus algodões (ainda) do Wal-Mart e o preço da etiqueta é 1.68 e sei que paguei algo como .97 ou .98 =)

Suzana Elvas disse...

É maio sim, Lolita.
E não rola um carrinho de feira, não? :o)
Vou ver se amanhã faço o post das oito coisas. Onde você viu que meu blog é fechado? O Breviário não é, não!
Bjs

lola aronovich disse...

É uma boa sugestão essa do carrinho/sacola, Lolla. Se não custar muito caro... Porque agora falta menos de 3 meses pra voltar pro Brasil. E lá temos muita coisa perto de casa. E teremos carro de novo. Falando nisso, por que vc não aprende a dirigir? É trauma mesmo? Eu tentei aprender com 18 ou 20 anos quando vivia em SP. Dei azar e peguei o pior instrutor de auto-escola do universo. Um grosso. Mas mesmo que eu não tivesse desistido, duvido que teria coragem de dirigir num lugar caótico como o trânsito paulista. Só bem depois de me mudar pra Joinville, ao trocarmos o Chevette acabado do maridão por uma Towner fofinha, criei coragem e aprendi. Não que eu seja a melhor motorista do mundo... Nunca aprendi a estacionar direito, por exemplo. Mas dirigir, dirigir mesmo não tem muito segredo. E pra vc que nunca dirigiu "do lado certo" do carro é melhor aprender diretamente aí na Inglaterra. E andar só em Jersey.

lola aronovich disse...

Ju, já aconteceu várias vezes do produto estar com um preço e passar no caixa com um preço mais baixo. Nunca aconteceu no Food Pride, mas no University Foods, acontece bastante. Considero um erro também. Porque pensa bem, tá lá um pacotinho de um pound de macarrão com o preço de 1,50. Eu acho caro e não levo, ou só levo um. E passa no caixa a 1 dolar. Se estivesse marcado corretamente, eu teria levado dois ou três pacotes! O super perde dinheiro nesse esquema.
Que bom que o Nick já tá chegando! Espero que corra tudo bem aí.
Su, não sei porque pensei que seu blog fosse fechado. Acho que cliquei no seu perfil e aí no endereço do blog e veio um aviso do tipo "fechado para não-convidados". Algo assim.

Juliana disse...

Mas nesse caso do algodão, tava marcado 1 e tal, mas tinha um cartaz onde os algodões estavam, indicando a promoção, tanto que comprei 2 pacotes. Nunca reparei se isso acontece com produtos que não estão anunciados como promoção na prateleira, confesso que não presto mta atenção nisso...

E sim! Amanhã ele está embarcando, ansiedade!!!

Lilian disse...

Nossa! Faltou filmar no celular, pra poder processar o cara, que nojento! O mais irritante é esse "eu conheço teu tipo"... Uma vez esqueci meu passe mensal de ônibus, em Jerusalém, e o motorista me veio com essa... Revoltante!

lola aronovich disse...

Ai, Lilian, eu e meu marido mal sabemos usar celular (é a primeira vez que temos um na vida, e só porque aqui nos EUA não temos telefone em casa). O nosso certamente não tem câmera! E se tivesse, a gente não saberia usar...
É, eu queria era ter gravado a conversa. O carinha que disse conhecer o nosso tipo conhecia bastante bem a gente. A gente ia ao supermercado toda semana, uma vez por semana, desde agosto. E sempre falava "Boa tarde" ou "Boa Noite", porque esse é o nosso "tipo". A gente sempre comparava preços na prateleira. Levava o produto mais barato. Conferia o preço no caixa. E quis exigir nossos direitos. Esse é o nosso "tipo". As pessoas falam cada besteira quando ficam nervosinhas, não? Isso sim é universal.

Jiquilin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jiquilin disse...

As pessoas tbm costumam achar que a Europa é uma maravilha. Que o progresso vem da Europa. Moro pela segunda vez na Espanha, ambas por ocasião de estudo. Volto logo para o Brasil, é a segunda vez que saio daqui convicto de que, de longe, no ámbito académico estamos a anos-luz a frente. No quesito empatia, a sociedade brasileira tbm ganha em disparada. Sobre esse último ponto, tbm tenho meu caso anedótico relatado no meu blog.
http://catarsis-catarse.blogspot.com/2010/04/o-garoto-que-trombou-com-velha.html

Entendo plenamente oq vc diz sobre os brasileiros idiotas que adoram lamber o nariz da gringolandia.