quarta-feira, 30 de novembro de 2005

CRÍTICA: MISS SIMPATIA 2 / Ninguém merece

Embora “Miss Simpatia” pudesse ser tranquilamente o título da minha biografia, não me lembrava nada do filme de 2000, só que o odiei tanto que queria que ele morresse. Logo, não estava exatamente roendo as unhas à espera da seqüência. Mas ela chegou, “Miss Simpatia 2” taí em cartaz, e tudo que posso fazer é lamentar a minha mísera existência e falta de sorte. Não, pô, ninguém merece. Este é o quinto abacaxi seguido que vejo. Quando pensava que nada pudesse ser pior que “Amigo Oculto”, vi “Constantine”, aí vi “O Casamento de Romeu e Julieta”, aí vi “O Chamado 2”, e agora este, que é hors-concours. E os trailers não indicam que minha maré de azar vai terminar.

“Miss Antipatia 2” é mais um veículo do tipo carro-bomba pra Sandra Bullock. Acho que já é tempo de rever nossos conceitos. Lembra como todo mundo falou mal do pessoal de “Velocidade Máxima 2” por fazer algo tão péssimo? Lembra como a Sandrinha saiu mais ou menos ilesa? Pois é, ao aceitar estrelar um troço tão constrangedor como “Miss 2”, não tem mais perdão. Desta vez a comédia não usa o truque fajuto de pintá-la como uma agente do FBI/patinho feio que vai se consertar pra passar por miss. Agora a Sandrinha, hiper famosa, será relações públicas do FBI, além de servir como modelo para milhares de menininhas. Tudo vai bem até que sua melhor amiga, a Miss América, é seqüestrada. Lá vai nossa intrépida agente, junto com outra detetive, impedir que este terrível atentado contra a humanidade seja perpetuado. Acho que o terrível atentado a que me refiro é que a Miss América seja morta, ou talvez seja impedir que – Deus proíba – dêem cabo à vida do William Shatner. Não entendi muito bem, já que a trama é confusa, só uma colcha de retalhos unindo todas as piadinhas sem graça que três roteiristas ganharam uma fortuna pra bolar.

Não sei o que me deixa mais revoltada, se é isso de “Miss 2” querer promover dois elefantes brancos como o FBI e concursos de beleza, ou se é a aparição relâmpago da Dolly Parton. Quando ela surgiu, eu só pude pensar: por que as mulheres não podem envelhecer graciosamente? Por que uma velhinha de 60 anos precisa parecer uma perua de 55 toda esticada? Mas o que mais me enfurece é a tentativa de enganação. Assim: o filme tem quase duas horas (intermináveis, por sinal). Durante uma hora e 57 minutos, a mensagem é que as pessoas deveriam se cuidar, porque senão ninguém vai gostar delas, que as mulheres deveriam ser todas Barbies, e que a violência é a solução pra tudo de ruim (taí a invasão do Iraque pelos americanos que não nos deixa mentir). Aí, bem no fim, nossa querida protagonista diz que é justamente o contrário, tolinhos. Vai plantar batata! De qualquer jeito, cheguei à conclusão de que ninguém merece viver sofrendo. E por isso gostaria de iniciar uma campanha: eutanásia para os críticos de cinema. Por favor, eu imploro.

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