A parte mais fascinante da trama tá logo no começo e se refere à formação do júri. O Gene Hackman diz que as gordinhas são ótimas juradas pra votar em favor do status-quo, já que são pão-duras e conservadoras. Perguntei pro maridão: “E se eu tentasse entrar num júri pra manipulá-lo? Gordinha eu já sou”. E ele, pra aumentar minha auto-estima: “Você vota na esquerda. Ninguém ia te querer”. Por falar no Gene, que é sempre um espetáculo, a melhor cena se dá entre ele e o Dustin Hoffman. Eles se encontram – onde mais? – no banheiro, onde todas as revelações de filmes de tribunal acontecem, de “Justiça para Todos” a “Advogado do Diabo”. O problema é que a gente ouve o Gene e se convence que ele é um grande advogado, e ouve o Dustin e pensa: como é que esse cara conseguiu se formar? Nada contra o Dustin, claro, que é um ator ainda mais abrangente que o Gene, mas seu personagem é uma tristeza.
O elenco é tão, mas tão sensacional que a Jennifer Beals (a estrela de “Flashdance”) é a número quinze nos créditos, por aí, e mal tem falas. Coitada, que decadência. Mas, pra quem gosta de filme de tribunal e não é muito exigente, “O Júri” até que vai bem. E me fez sonhar: se eu fosse convocada pra ser jurada, eu me venderia por algumas toneladas de chocolate. E depois processaria a Nestlé por me fazer engordar. Tema mais americano, impossível.
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