Intervenção em cartaz de Curitiba
Como já falei algumas vezes, não entendo quase nada de quadrinhos. Mas sei que muitxs de vocês entendem. Há cada vez mais mulheres que leem e fazem gibis, e elas sempre protestam de como esse universo é machista. Lembram da discussão que tivemos sobre uniformes e poses de superheróis?


O mundo dos quadrinhos há muito tempo foi sinônimo de 'clube do bolinha'. As histórias eram voltadas exclusivamente para meninos, os protagonistas eram quase sempre homens, e as mulheres apareciam ora como figura de cenário (a secretária, a mãe, a dama em perigo), ora como interesse romântico do herói. Mesmo no caso das raras heroínas, o apelo sexual na representação de seus corpos parecia importar mais que a própria construção da personagem.

Apesar de hoje termos um número muito maior de garotas leitoras de quadrinhos -- e um não tão grande de produtoras -- os estereótipos da representação da mulher parecem continuar firmes. Não estamos dizendo que tudo que se faz é de cunho machista, pelo contrário, existe muita coisa interessante e instigante pipocando por aí, mas o que se valoriza e, principalmente, o que é publicizado, não parece ter mudado nem um pouquinho.

Por outro lado, não existe qualquer cartaz em que um homem esteja representado em uma posição objetificante ou sendo desqualificado por pertencer ao sexo masculino e muito menos um cartaz que fizesse desse fato algo risível.
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Único bom cartaz da GibiCon? |
De maneira nenhuma defendemos, e isso seria um absurdo, que é preciso discriminar o homem para acabar com o machismo. O que é preciso é sim acabar com a misoginia e o sexismo, representando as mulheres de maneiras mais humanas e diversificadas. O que a comparação acima traz à tona é que a GibiCon, e tantas outras 'entidades' do mundo dos quadrinhos, não fez nenhum esforço para não perpetuar o machismo e muito menos para tentar construir a igualdade de gênero.
Talvez não haja mais tempo para a GibiCon repensar um pouco os seus conceitos. Mas esperamos que as próximas edições desta e de outras convenções de quadrinhos sejam de combate aos estereótipos.
Pryscila Vieira, criadora da Amely, personagem no cartaz da TPM, não gostou de ver sua obra ser chamada de machista. E respondeu aqui.
Ana Luiza Koehler que, assim como Priscila, participou como convidada da GibiCon, escreveu um guest post incrível aqui. Acho que o post aborda várias inquietações.
Talvez não haja mais tempo para a GibiCon repensar um pouco os seus conceitos. Mas esperamos que as próximas edições desta e de outras convenções de quadrinhos sejam de combate aos estereótipos.
Pryscila Vieira, criadora da Amely, personagem no cartaz da TPM, não gostou de ver sua obra ser chamada de machista. E respondeu aqui.
Ana Luiza Koehler que, assim como Priscila, participou como convidada da GibiCon, escreveu um guest post incrível aqui. Acho que o post aborda várias inquietações.