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sexta-feira, 25 de setembro de 2020

HÁ QUANTO TEMPO!

1a crônica minha publicada em ANotícia, em março de 1998: detestei Amistad!

Esses dias recebi um email que me fez sorrir. É do Diogo, da época que eu escrevia minhas crônicas de cinema para o jornal catarinense ANotícia (escrevi lá por um longo período, entre o começo de 1998 e final de 2011). Mas ele esteve comigo desde 2000!
Pedi autorização pra publicar seu email, e Diogo aceitou e quis dedicá-lo as suas duas filhas, Isabella e Manuella: "Mais do que a razão da minha existência, é por elas, principalmente, que quero um futuro melhor e sem nenhum tipo de censura ou autoritarismo". Abração pra vocês também, meninas!

Já faz algum tempo que acompanho o seu canal. Conheci o espaço, bem como fiquei sabendo de tudo o que aconteceu contigo, através do canal da Manuela D'Avilla. Demorei um pouco para "digerir" todos os fatos e efetivamente escrever este e-mail. 
Muito provavelmente você não deve se recordar, mas eu acompanhava assiduamente o seu trabalho quando você era colunista de cinema em um jornal aqui de Santa Catarina (acho que era A Notícia). Inclusive a gente chegou a trocar algumas mensagens. Lembro perfeitamente de uma crítica que você fez ao então novo filme do Stallone, ao qual comentei que "apenas veria filmes do Stallone caso fossem dirigidos pelo Woody Allen". E depois você até mencionou isso na outra crítica... Tentei achar os e-mails aqui, mas faz muuuuuito tempo. Idos dos anos 2000.
De lá para cá, muita coisa aconteceu. Casei, tive duas filhas, virei servidor público, professor e escritor e "sumi" das redes sociais na campanha eleitoral de 2014 após todos aqueles ataques de ambos os lados. 
Em 2018, com a eleição do Bozo, senti que era o momento de voltar à ativa. Ainda não reativei nenhuma rede social, mas estou apoiando diversos projetos (Greg News, Manuela, Henry Bugalho) destinados a não deixar proliferar esse neofascismo que estamos vivendo... E pensar que eu achava que a eleição do Aécio em 2014 era o pior que poderia nos acontecer!
Foi mais ou menos nesta época, após a eleição do Bolsonaro, que fiquei sabendo, pelo canal da Manu, de tudo o que tinha acontecido contigo! Simplesmente algo que não dá para acreditar! Só de pensar que em pleno século 21 estamos retrocedendo em conquistas sociais que custaram muito esforço chego a cogitar a hipótese de deixar o país. 
Confesso que fico preocupado com o futuro de minhas duas filhas (de 4 e 9 anos). 
Enfim... Resolvi escrever apenas para dar um "oi" e para me solidarizar contigo por toda a luta que, imagino eu, você deve ter passado/estar passando nestes tempos tão turbulentos. 
Espero que tenhamos uma saída, nem que seja em 2022! Meu sonho é a Manu como Presidenta, já pensou? 
Forte Abraço! 
Ah.... Sobre cinema e séries: Na pandemia, tenho visto muita coisa! Ontem revi Melancolia, do Lars, e achei mais atual do que nunca... 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

EMAILS QUE ME DEIXAM CONTENTE

Recebi muitos emails com parabenizações por conta da condenação do Marcelo, entre eles o do Dax:

Tuíte quando estava em
Buenos Aires
Oi Professora, tudo bem?
Me chamo Dax, tenho 31 anos, sou branco, hétero, nascido e criado em Curitiba.
Aqui no Sul, infelizmente, é muito comum ouvir histórias e movimentos misóginos. Talvez o mais famoso seja o movimento separatista “o Sul é meu país”. Chega a ser ridículo.
Mesmo assim, eu nunca havia me deparado com um depoimento tão forte, real e corajoso como seu relato. Não conhecia a história. Cheguei a derramar algumas lágrimas, uma mistura de tristeza e indignação. Fiquei chocado com a história do suicídio e “leve a escória junto”. Como assim?
Aproveito o abraço da Tereza em
Fortaleza para abraçar tds vcs!
Queria emanar boas energias e dizer que você é uma inspiração. Não a conhecia mas vou acompanhar seus textos e ideias daqui pra frente.
Saiba que aqui no sul, a região mais racista e misógina do Brasil, tem um cara branco que, a partir de hoje, em nome das Eloás, Lucianas e Nayaras, você pode ter como porta-voz e multiplicador das ideias contra esse tipo de crime e ódio.
O que eu posso fazer pra ajudar?
Com a maior reverência, desejo-lhe força e paz! 
E destaco este da Mônica:

Lola, 
Me chamo Mônica, sou atriz, educadora, mãe, ativista feminista. Acabo de ler uma.matéria sobre vc e a condenação do agressor Marcelo, no The Intercept.
Essa.matéria chegou até mim através de um grupo de WhatsApp intitulado "Contra o machismo nas artes" que inclui mulheres na maioria artistas, entre outras trabalhadoras, que se reúnem para ouvir e acolher relatos de violências sofridas, expor nomes de abusadores e realizar boicote a projetos destes (não convidá-los para outros projetos, por exemplo), e compartilhar de referências e espaços diversas ferramentas de estudo. Nosso desejo é realizar ações como performance, assembleias, e outras rodas de mulheres onde possam ser escutadas e defendidas. 
Estou voltando agora de um ensaio-reunião com a Coletiva Elas, em SP. Nosso tema de projeto é a dominação masculina, e as formas já conhecidas e outras recém-inventadas pelo sistema patriarcal para (tentarem) continuar a nos subjugar. 
No nosso ensaio, lendo um texto de Andréa Dworkin, falamos sobre Eloá, a ideologia presente no mito Aquiles (glorificado pelo terror realizado), o assassino de Realengo, a questão do armamento e cultura da violência no documentário Tiros em Columbine, episódios de abuso e inversão de narrativas nas eleições, em João de Deus, etc. 
Estou nesse momento escrevendo na estação Luz. (Já passou tempo entre a leitura da matéria e eu abrir o celular para te responder). 
Outro abraço apertado: este, em
Quixadá
Sinto uma necessidade gigante de te saudar. De te abraçar (mesmo que virtualmente) De dizer: MUITO OBRIGADA, PARCEIRA! Que bom que vc existe. Que bom que vc não perdeu a sanidade! Que bom que seu marido é íntegro! Que maravilhoso que NEM.TODAS as narrativas de agressão terminam com a coroação do macho agressor..
Eu estou sem palavras, emocionada, lúcida, e com mais energia do que nunca para continuarmos os necessários enfrentamentos. 
Eu só escrevi imediatamente para vc saiba que aqui, em São Paulo, vc tem uma mana que te admira, te apóia. Incondicionalmente. Em todos os segundos. 
Gratidão, gratidão, gratidão. Por ser quem és, e por permitir que mais pessoas se fortaleçam ouvindo-te. 
Eu nem evangélica sou, mas lembro aqui uma frase atribuída a Jesus na bíblia. "Quem quiser salvar a própria vida- perde-la-á". 
Vc não teve dedos com sua própria pele. Vc não se protegeu acima de tudo, e pensou no seu bem estar individual apenas, na sua sobrevivência. (Seria legítimo ter se escondido), mas vc foi além. Vc não se limitou a uma ilusão neoliberal de "pensar só em si". 
Vc foi adiante, por Nós Todas. 
Como não amar incondicionalmente alguém que nunca vi por este gesto inteiramente ético? 
Um futuro melhor existe porque vc existe. 
Sim, sei q "nem todas" as denúncias prendem o agressor, e nem todos os resultados judiciais são favoráveis à mulher agredida, violentada, morta. (Nem mesmo as mortas, que pagaram com o preço da vida!, Nem mesmo elas e seu corpo mutilado são uma "garantia para" a acusação do agressor. O.J.Simpson, e etceteras). 
Vc foi por todas, e este gesto, eu com 40 anos agora, JAMAIS vou esquecer. 
Muito obrigada por vc existir.
Vida longa a ti e aos teus! 
Seja Muitíssimo e sempre protegida e fortalecida tua família! 
Axé! 

sábado, 21 de maio de 2016

MOMENTOS DE CARINHO

A gente é tão xingada e ameaçada o tempo todo que às vezes é bom mostrar que também somos amadas. Destaco dois cafunés recentes que recebi.
Esta é a Bebeth, que conheci em Porto Alegre. Ela veio até mim depois do Conexões Globais e me fez chorar.

"Mando a nossa foto. Meu TCC (que fiz em 2014) foi sobre sexismo nas redes, teve bastante a ver com o papo do evento. Enfim, obrigada de novo!
Essa mulher mudou a minha vida. Foi em 2011 quando entrei pela primeira vez no blog dela, com um texto indicado pela melhor sogra que já tive, Nina. Lembro de ler um texto inteiro e pensar, apavorada, que concordava com tudo, que, em resumo, o machismo existia, estava completamente presente na minha existência e que o feminismo era  uma necessidade fundamental. Lembro que foi uma noite inteira lendo os textos no blog Escreva Lola Escreva, com a cabeça e o coração mergulhados em lágrimas, reflexões e pura indignação. Vi como o feminismo já existia dentro de mim e me deparei com o início de uma luta e um processo eternos e imprescindíveis na minha existência como ser pensante e como pessoa viva no mundo. Foi em 2013 que comecei a perceber as principais mudanças. 
Nada a ver com este relato:
abraçando a Eva, em SP
Hoje, anos depois, a minha conclusão -- apesar do emaranhado de reflexões que permeiam meus dias, da noção dolorosa diária da presença do sexismo na minha e na vida de todas as mulheres -- é quase simples: eu sou uma mulher muito mais feliz depois do feminismo. Não vou falar aqui da dura realidade das mulheres, nem dos meus privilégios. Hoje escrevo para falar da minha mísera existência e de como ela é incrivelmente mais linda, contente, real e apaixonada por causa do feminismo. Eu me amo e me aceito como nunca imaginei ser possível. Eu compartilho de uma sororidade e empatia deliciosas com as outras mulheres. Eu luto comigo mesma e com o mundo diariamente. Quero ser melhor e viver uma vida buscando desconstruir os preconceitos, todos eles.
O feminismo mudou minha vida, me fez ter consciência política e social da minha condição de mulher. Me faz lutar sempre pelos nossos direitos. Pela mudança. Pela consciência, pelo respeito e pela igualdade. Hoje eu abracei forte e pude agradecer de todo coração essa mulher que mudou a minha vida. Lola, tuas palavras lúcidas, simples e reflexivas MUDAM a vida de milhares de mulheres. Obrigada pela lucidez, obrigada, obrigada. Sigamos na luta! #conexõesglobais"

Daniel e eu em fevereiro
Que linda! E o Adson, amigo de um aluno muito querido meu, o Daniel. Antes de visitar o Adson em SP, Daniel me pediu um autógrafo pra levar pro amigo. E agora o Adson mandou uma foto com o meu "autógrafo":

"Aqui é o Aldson, amigo do seu aluno Daniel. Ele cumpriu o prometido e trouxe sua carta. A demora em respondê-la foi minha, portanto não diminua pontos dele na disciplina que você o ensina!).
Aldson com meu autógrafo
Já deveria ter escrito e agradecido o carinho há muito tempo, mas a vida anda corrida, e os pensamentos, então, voam na velocidade da luz. Mas são esses pensamento, às vezes (ou quase sempre) devaneios, que trazem as mais variadas observações sobre este mundo. 
Leio seu blog por suas ideias, posicionamentos e objetivos. Sempre me identifico com eles. Hoje, vou pegar o gancho da nossa correspondência inicial, feita por você à bela moda antiga, pra contar uma cena que presenciei. 
Fui ao supermercado fazer uma compra rápida, aquele item que só quando chegamos em casa percebemos que não colocamos no carrinho... Como era um produto mais difícil, fui num supermercado maior (e sofisticado) perto da minha casa. O supermercado fica no bairro dos Jardins, área nobre de São Paulo.
Antes de entrar no mercado, havia uma moça, provavelmente com 25 anos de idade, com um carrinho de bebê pedindo para quem entrasse no supermercado a compra de uma lata de leite para o filho dela. Eu neguei sinalizando, sem dizer uma palavra, com aquela velha expressão de lamento e segui. 
Na saída, um rapaz, provavelmente da mesma idade, sai apressado também levando algumas sacolas, e a moça desta vez faz a ele o pedido... Sem desacelerar o passo, o rapaz vira pra moça e responde: 'Na hora de fazer, você não me chamou, né?'
Sem relação com o relato:
abração apertado em Quixadá
Eu não tenho autoridade moral ou conhecimento suficiente pra discorrer sobre a 'não preocupação' (e por que não, indiferença) já cultural que certos brasileiros têm em face da miséria. Inclusive, isto me inclui, pois eu também estou inerte diante de todos os moradores de ruas, dependentes químicos e demais pessoas que vejo todos os dias nas ruas de São Paulo e, nitidamente, necessitam da intervenção social e do Estado. 
Mas a tão querida Avenida Paulista e a região que a cerca tem sido palco de cenas paradoxais pra mim nos últimos tempos. São passeatas com manifestantes bêbados que compram latinhas de cerveja de pessoas beneficiadas pelos programas sociais do governo que eles querem tirar. São ambulantes que vão pra estas manifestações complementar a pequena renda desses programas e, quando lá estão, não têm a menor noção da ideologia dos seus clientes. São jovens que precisam 'chutar cachorro morto' e insultar uma mulher, na rua com seu filho, com atitudes que transcendem a violência em razão da cor, do gênero... pois esses são temas/conflitos humanos. 
Enfim, este caso, pra você, deve ser pequeno diante de tanta experiência que sua militância dá. Mas agradeço que seu blog exista e traga valores: assim meus olhos, e os de muitas pessoas, podem ainda perceber com estranheza as desumanidades que somos ensinados a ignorar."

Pagamento (clique para ampliar)
Meio relacionado: No último domingo eu disse que, por causa do processo de um neonazista misógino, estou tendo que pagar R$ 982 de reconvenção (e ainda tem mais 28 de taxas). Isso é para custas processuais, não para pagar as minhas incríveis advogadas, porque ainda não conversamos sobre custos. Pedi para vocês colaborarem com doações, e fui muito bem atendida. Em uma semana, vocês me deram R$ 310 no PayPal e R$ 590 na minha conta bancária. Ou seja, 900 reais!
Agradeço de coração a Rodrigo, Márcia, Helenika, Caroline, Cristiane, Bernardo, Alex, Júlia, Ivan, Priscila, Tatiana, Tatiane, Natália, e também quem colabora regularmente (Diana, Mariana, Silvia, Luiza, Camila e Patrick). Super obrigada mesmo!
E quem ainda quiser ou puder colaborar, é só depositar a quantia que quiser no PayPal (no canto superior direito), usando cartão de crédito, ou depositar qualquer valor em uma das minhas duas contas: Banco do Brasil, agência 3653-6, conta 32853-7, ou Santander, agência 3508, conta 010772760 (elas estão no meu nome oficial, Dolores). Se tiver que colocar o CPF, mande um email pra mim (lolaescreva@gmail.com), que eu dou. Sou muito grata a todxs vocês.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

UM REVEILLON COM MUITO APOIO E UM ÓTIMO INÍCIO DE ANO

Pessoas queridas, desejo a todas nós um lindo começo de ano, e todo um 2015 feliz e feminista!
Vinho, manicotti, mãe, euzinha
Ontem tivemos uma ceia tranquila e intimista, e foi muito bacana. Como minha mãe fez toda a ceia de natal, foi nossa vez de retribuir com o reveillon. Eu e o maridão preparamos manicotti de ricota e espinafre (pode chamar de panqueca mesmo, ou se quiser ser mais chique, de crepe), receita que tirei deste blog adorável que sigo há anos. Só adaptei a receita um pouquinho e acrescentei bacon, porque estava com medo de que só com ricota ficasse meio insosso. 
Mas foi desnecessário, eu acho. Dava pra ser um prato totalmente vegetariano (minha mãe praticamente virou vegetariana de uns anos pra cá, e o maridão tá no caminho). 
De sobremesa, um gigantesco pavê de chocolate, que ainda está entre nós. Mas esquecemos de tirar foto.  
Bom, como hoje é um dia levinho, vou publicar uma nota de apoio que recebi do Coletivo Feminista Ana Montenegro, de São José do Rio Preto. Agradeço muito o carinho e a força que recebi aqui nos comentários do blog, em emails e em dezenas de tuítes. Super obrigada, gente! Sei que posso contar com vocês.
NOTA DE APOIO A BLOGUEIRA LOLA ARONOVICH
O Coletivo Ana Montenegro vem por meio desta prestar seu total apoio a blogueira Lola Aronovich, do blog Escreva Lola Escreva, perante as ameaças que vem sofrendo nos últimos tempos. 
Lola possuí um blog de conteúdo feminista em que fala sobre igualdade entre os gêneros. Nunca, em suas publicações, foi possível verificar qualquer discurso de ódio contra homens (que chamam misandria) ou a ideia de que as mulheres sejam superiores. Lola parte de um feminismo classista (ou interseccional, como passaram a chamar ultimamente), onde a igualdade e a compreensão da opressão histórica contra as mulheres é elucidada. 
Não preciso do ambientalismo
porque não culpo todos os
humanos pelas ações de poucos
#NemTodosOsHumanos
Sua simples exigência por igualdade culminou, nos últimos anos, em uma perseguição a blogueira que também é professora. Ameaças de atentados contra sua casa, contra sua integridade moral e a sua integridade física têm ocorrido com frequência e, nos últimos dias, com tamanha violência que levaram Lola a fazer um boletim de ocorrências. O ódio dos mascus sanctos (como se denominam os mascus que decidiram iniciar uma cruzada contra as feministas) ultrapassa qualquer compreensão. 
A ideia da igualdade feminina afeta de maneira intensa homens misóginos que, fruto de uma sociedade essencialmente machista (e com muito orgulho, vide algumas páginas virtuais), odeiam a ideia de que mulheres sejam também seres humanos. Esses homens pregam ódio a todo tipo de mulher, tidas como inferiores e, com relação a feministas, desejam criar uma caça as bruxas. Falam em estupro corretivo, tortura e assassinato de feministas e tomam todas como misândricas. 
Há, de fato, correntes de um feminismo definido como radical que creem que para acabar com o machismo basta que se acabem os homens. Essa não é a compreensão do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro e nem o que Lola expressa em seu blog. O machismo faz parte de um artefato cultural que prejudica mulheres e homens. Ambos tornam-se machistas e ostentas discursos ofensivos e depreciadores ao gênero feminino. Romper com o machismo exige o rompimento de tantas desigualdades presentes na sociedade capitalista em que vivemos e que se beneficia de maneira intensa da manutenção das exclusões. 
Não desejamos nada senão uma sociedade em que homens e mulheres sejam tratados da mesma maneira, com respeito e igualdade. Não desejamos nada senão o fim de um sistema de destrói tantas vidas todos os anos, em todo o mundo. 
Feminismo é a ideia radical de que mulheres são gente!
FORÇA LOLA, ESTAMOS COM VOCÊ. 
‪#‎SomosTodasLola‬

Publico também um email do psicólogo Eduardo, recebido na véspera de natal. Só porque achei muito fofo:

"Você provavelmente foi uma das pessoas mais importantes para minha formação, e nós nem conhecemos pessoalmente. Sei que você recebe muita ameaça, xingamento, comentários de desaprovação, como também acredito que deve receber muito elogio, mensagens de apoio e de agradecimento. Eu quero ser desse segundo tipo. Gente como você é mais do que importante, é fundamental e necessária nesse mundo tão louco que a gente vive. 
"Obrigado por escrever, por passar pra frente seu conhecimento e sua sensibilidade. Você escreve sobre casos espinhosos, recebe e-mails de gente que muitas vezes está desesperada e solitária, e eu nunca vi um posicionamento seu que não fosse coerente, delicado e sincero na medida para sempre ajudar e orientar quem te procura. Você é o tipo de pessoa que eu queria ter na minha família pra ficar batendo papo até altas horas depois da ceia de natal. Obrigado por tudo. Boas festas!"

sábado, 16 de agosto de 2014

GUEST POST: UM HOMEM UM POUQUINHO MELHOR

O T. me enviou este relato que me deixa muito feliz:

Faz tempo que ensaio isso, mas sei lá, na correria do dia a dia, e na minha timidez crônica, acabei sempre deixando isso pra depois...
Bem, te escrevo pra dizer um obrigado.
Acompanho seu blog há uns três anos, talvez até mais. Devo ter comentado, quando muito, umas duas ou três vezes. Comprei seu delicioso livro!
Eu não lembro bem como "caí" no seu blog. Acho que foi lendo o Alex Castro. Não tenho certeza, já faz tempo mesmo... Mas enfim, o fato é que você mudou muito a minha forma de pensar, minha forma de agir, enfim, mudou muito a minha forma de ver o mundo.
Nunca fui um mascu. Mas muito menos era feminista. Muito menos mesmo. Lembro de na minha adolescência ter aprontado muito. Lembro de passar a mão em mulheres, mexer com mulheres na rua.
Particularmente me lembro de certa vez, pegando uma carona com os pais de um amigo meu, eu aproveitei a "oportunidade" e passei a mão na perna da irmã do meu amigo que ia comigo no banco de trás. Eu tinha uns 16 anos, ela, uns 15. Ela não falou nada, mas dava pra ver sua cara de susto.
Os anos se passaram e esse "assunto" foi embora da minha memória. Nem tinha por que me lembrar, afinal, na minha cabeça eu não tinha feito nada de errado. Tudo absolutamente normal, dentro do comportamento de "macho".
Enfim, muitos anos se passaram desde esse vergonhoso dia.
Acho que comecei a ter a mente mais aberta nos anos de faculdade, comecei a frequentar alguns debates, a conversar com pessoas de outras formações (sou químico, mas sempre tive amigos nas áreas de humanidades com quem mantenho contato até hoje).
Foi nessa época que conheci seu blog. No começo achava muito "forçado". Mas de tanto ler tantas histórias de horror que você publica no blog, depois de ler tantos depoimentos tristes e corajosos, comecei a ficar incomodado com o machismo e suas consequências.
E num dos seus textos, nem sei qual (ou talvez tenham sido vários), lembro de você escrever de uma forma como se desafiasse os homens a reconhecer o machismo, e a tomar atitudes honestas contra ele.
Bem, aquilo de certa forma me pegou, falo honestamente. Comecei a meditar, e, principalmente, a pensar em atitudes machistas que eu possa ter tido no passado e que deveria mudar.
Foi quando eu me lembrei dessa história de passar a mão na perna da irmã do amigo. E percebi como ela se encaixa perfeitamente nos estereótipos de cultura do estupro que você tanto fala:
- Eu nunca havia me sentido atraído por aquela garota. Foi apenas uma questão de fazer porque sou homem, e tinha o poder de fazer aquilo.
- Aquilo para mim era algo normal, natural, que eu deveria fazer, deveria "aproveitar a oportunidade".
- Eu nunca senti (pelo menos até aquele dia que refleti com seu post) que eu havia feito algo de errado.
Cara, eu me senti muito mal mesmo quando me lembrei disso. Tive vontade de procurar a garota e pedir desculpas pra ela. O problema é que já faz uns 15 anos isso. E a coragem pra falar com ela nunca me veio...
Nunca pedi desculpas para ela. Mas acho que tentei mudar, e estou tentando cada vez mais a cada dia. Já reclamei de amigos que têm comportamento machista, e até me afastei de alguns por causa disso. Deixei de ter o comportamento típico de "macho a caça" quando saio com os amigos. Mudei minha postura e minha opinião com relação a relacionamentos, a baladas, enfim, passei a respeitar mais as mulheres.
Isso não é mais que a minha obrigação. E definitivamente não te escrevo para me vangloriar. Na verdade conto tudo isso na esperança de que você veja como seu blog é importante! Foi muito importante pra mim e tenho certeza que é muito importante pra várias pessoas que o lêem todos os dias!
Não é exagero quando digo: ler seu blog me fez uma pessoa um pouco melhor (infinitamente cheio de defeitos, mas um tiquinho melhor).