sexta-feira, 12 de novembro de 2021

UMA MATÉRIA LONGA E COMPLETA SOBRE A INJUSTIÇA SOFRIDA POR MARI FERRER

Esta semana a revista Piauí publicou uma excelente reportagem sobre o caso Mari Ferrer, que denunciou ter sido dopada e estuprada no Café de la Musique, em Floripa, em dezembro de 2018. O acusado foi absolvido em primeira e segunda instância, mas ainda exigimos justiça. Aliás, se você ainda não assinou a petição -- que já tem quase 4,5 milhões de assinaturas, uma das mais populares da Change.org --, assine já. 

A matéria de João Batista Jr., intitulada "A noite que nunca terminou", já começa bem: desmontando o desprezível advogado de defesa, responsável por insultar e ofender Mari numa audiência online que ficou famosa. O autor descreve como Gastãozinho se preparou para a audiência de segunda instância: "De gravata de seda azul-bebê, da mesma grife francesa, e Rolex de ouro no pulso, parou diante do engraxate, postado na entrada principal. O engraxate lustrou-lhe os sapatos até que reluzissem. Gastão então cruzou a porta de vidro e entrou na corte convicto de que aquele 7 de outubro de 2021 seria o grande dia de sua carreira de quase três décadas".

A matéria conta como, a partir da entrada de Gastãozinho na defesa do acusado, Mari "passaria a ser retratada como uma golpista voraz, que estava numa balada colocando-se à venda, tentando atrair algum milionário". É exatamente isso que vemos até hoje: fake news armadas para difamar Mari e tirar o foco do acusado de estupro. E há inúmeros robôs nas redes sociais prontos pra fazer isso. Se você escrever qualquer coisa pedindo justiça para Mari, já aparecem perfis com 0 seguidores para difamá-la. 

A matéria lembra que o acusado, que gastou 2 milhões de reais pra se defender (não se sabe quanto pra "assessoria" nas redes sociais), mentiu no primeiro depoimento. Mudou totalmente a versão no segundo -- e continuou mentindo. Já Mari nunca mentiu. Um detalhe que nem todo mundo sabe é que os "amigos" de Mari foram jantar com o acusado na mesma noite.

O advogado de Mari elenca uma série de provas e pergunta: "Há imagens mostrando a Mariana descendo e subindo do camarim. Ela não conseguia escrever corretamente no WhatsApp, clamava por socorro às amigas. Há a voz da vítima, dizendo que foi abusada. Há um laudo comprovando o rompimento do hímen. E ainda há um laudo dizendo que foi encontrado material genético do Aranha na roupa íntima dela. O que mais é preciso para provar o estupro, se nem imagens nem laudos bastam?”

É muito importante ler a matéria, mas é terrível também. É tudo muito sórdido, e a certeza da injustiça é tremenda. Segundo um inquérito policial, Mari já tentou suicídio três vezes. Com a absolvição do acusado em outubro, Mari e uma tia tiveram que ser internadas por crise nervosa. Mari ficou três dias sem sair da cama. A esperança é que sua luta gerou uma lei com seu nome (que proíbe que outras vítimas de estupro sejam tratadas em audiências como ela foi) e hoje ela cursa Direito à distância. Todes nós torcemos para que ela se reerga logo. 

5 comentários:

Anônimo disse...

a) Lola a única coisa boa dessa tragédia foi a lei Mari Ferrer que protege vítimas de estupro nas audiências.A lei e da autoria da deputada federal Lidice da Mata ( PSB) . E muito importante eleger mulheres progressistas para o congresso

avasconsil disse...

Infelizmente são poucas as esperanças de justiça no caso Mari Ferrer. Vocês já devem ter lido que Bolsonaro vai nomear 75 desembargadores pra os TRFs nos próximos meses. Desses, 45 serão nomeados diretamente por ele e 30 vão sair de listas do MP e OAB, mas a escolha vai ser dele. O caso da Mari Ferrer deve ir ao STJ. Como muita coisa leva a acreditar que "Gastãozinho" está metido em esquemas de compra de liminares e votos, é bem provável que ele tenha como usar essas futuras nomeações pra beneficiar clientes seus; no STJ certamente há ministros de olho em algumas dessas vagas, pra beneficiar algum parente. Luiz Fux fez o que pôde pra a filha dele ser nomeada desembargadora do TJ-RJ aos 35 anos, isso acho que em 2015. Pra conseguir algo semelhante, certamente também há ministros do STJ dispostos a tudo. Até a assinar em baixo de votos redigidos pelo escritório de "Gastãozinho". Antes de ler sobre o assunto eu achava que essas 75 vagas seriam pra substituir gente que se aposentou ou morreu. Ledo engano. Dezoito vagas são do novo TRF de Minas. E o restante são novas vagas criadas em outros tribunais; alguns terão o número atual de desembargadores aumentados em 50%. Assim, o aumento da quantidade de vagas já aconteceu. Mas, como os cargos ainda vão ser providos, usei o verbo no futuro. Muita troca de favores vai rolar tendo como mote o preenchimento dessas vagas. Vai ter muito desembargador estadual, federal e ministro se vendendo. Disso eu não tenho a menor dúvida. O "comércio" das vagas está troando. Com certeza está.

https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/com-ajuda-de-nunes-marques-e-flavio-bolsonaro-nomeara-75-desembargadores/

avasconsil disse...

Podem acreditar, esse tipo de imundície não é uma exceção. É a regra. É tolice estudar direito acreditando que se vai fazer justiça nos casos de grande repercussão. Quem quiser estudar direito, estude porque gosta do assunto. É mais fácil a justiça acontecer em casos comuns do que nos que envolvam gente rica. Nesses, o dinheiro compra sentenças, compra liminares, compra votos em acórdãos... Com essas 75 nomeações, Bolsonaro vai comprar com dinheiro público muita coisa em favor de si e dos filhos. E dos traficantes e milicianos e outros amigos da familícia também. Um feirão gigante, como nunca visto antes na história deste país. E ainda tem gado regorgitando que são 03 anos sem corrupção...

https://piaui.folha.uol.com.br/materia/excelentissima-fux/

Nas conversas que teve para abrir o caminho da filha rumo ao TJ, Luiz Fux dizia: "É o sonho dela."

Anônimo disse...

Avasconsil

Outro post sobre o caso Mari Ferrer eu mencionei, caso o suspeito fosse alguém da faxina, cozinha ou garçom já estaria preso, mesmo com poucas provas, caso fosse negro ou nordestino só ficaria pior a situação, pois além de pobre tem mais isso contra para a "justiça" prender, mas o estuprador é rico, influente, conhece pessoas tão poderosas e ricas como ele, então fica fácil sair ileso e a vítima humilhada, execrada por toda uma sociedade hipócrita. A tendência é uma piora conforme as matérias postadas por você. A Mari Ferrer se encantou com o glamour, luxo, mas não merecia passar por algo tão perverso, infelizmente os poderosos, ricos e influentes são malévolos, passam por cima de tudo e todos que estiverem no caminho como um rolo compressor, pior é crasse merdia a apoiar e bater palmas para isso. A Mari é um ser humano e está a sofrer muito, mas é apenas um ser insignificante para quem vai nas redes sociais fazer linchamento, tanto homens como mulheres. Quando não é isso acontece algo semelhante a Elisa Matsunaga, embora branca, traços europeus, era pobre e prostituta, o homem rico e poderoso se sentia seu dono, ela era uma diversão, um ser para ser pisado, humilhado e descartado em seguida, eu não concordo com o crime bárbaro e hediondo cometido por ela, pois muito do que disse pode ser mentira, afinal criminosos são persuasivos e ela é uma criminosa, mas a vida cheia de humilhação não deve ser ignorada, muitas mulheres passam isso ou algo semelhante e ficam em silêncio por vários motivos, entre eles o medo de não ter condições de sustento, conseguir um trabalho digno e se manter financeiramente, enfim são vários os motivos a fazerem a pessoa ficar em teto de zinco quente, como a personagem de Elizabeth Taylor ou o livro que inspirou o filme, o livro é bem mais angustiante, tanto para a mulher apaixonada e desprezada como para o homem, rico, poderoso, família tradicional estado unidense, mas precisava esconder a homossexualidade, por isso o casamento de fachada.

avasconsil disse...

O meio jurídico é bem decepcionante. Aqui no Ceará houve aquele incêndio esquisitíssimo no tribunal de justiça, que vai precisar ser todo refeito. O ministério público vai ganhar um prédio novo pra as promotorias lá no bairro Luciano Cavalcante. Duas obras grandes pra 02 órgãos importantes do sistema de justiça, nas vésperas das eleições de 2022. Cheira a Caixa 02 de campanha eleitoral do Grupo FG... Mas vai ficar por isso mesmo. O assunto, apesar de plausível, nem investigado vai ser. E isso aí é fichinha perto das coisas piores que devem acontecer fora do alcance dos olhos dos funcionários do 2o escalão, como eu... Eu me sinto muito mais realizado quando faço um bolo do que fazendo o meu trabalho. Pode crer: tem muito mais beleza em preparar um bolo, ou outra comida, do que no nosso sistema de justiça. Na próxima reencarnação tomara que eu consiga me lembrar de passar bem longe da área jurídica. Como diz o Ricardo Kotscho, vida que segue.