quarta-feira, 22 de setembro de 2021

A FÁBRICA DE FRAUDAR CERTIDÃO DE ÓBITO PARA OCULTAR A COVID E O VÉIO QUE MENTE SOBRE A PRÓPRIA MÃE

Uma excelente reportagem de Ana Clara Costa para a revista Piauí mostra que o médico Anthony Wong, 73 anos, morreu de covid em janeiro. 

O pediatra e toxicologista formava o trio negacionista mais popular entre os bolsominions, junto com Nise Yamaguchi e Paolo Zanotto. Além de desdenhar da pandemia, Wong era também contra a vacina, e deve ter infectado um bocado de gente antes de morrer. 

A Piauí descobriu, através de um prontuário médico de mais de duas mil páginas, que Wong tentou de tudo. Ficou internado durante dias no hospital Sancta Maggiore, em SP, que pertence à rede Prevent Senior, acusada de uma série de irregularidades (para usar um termo leve). Com a ajuda de Yamaguchi, aquela que por pouco não virou ministra da Saúde, Wong se submeteu a montes de tratamentos sem eficácia comprovada -- tratamentos provavelmente bem dolorosos, incluindo vinte sessões de ozonioterapia retal (desaconselhado até pelo Ministério da Saúde). 

Não adiantou. Wong morreu, sua família removeu seus vídeos negacionistas no YouTube e deu uma versão mentirosa da causa de sua morte. A Prevent alterou a certidão de óbito para que não houvesse qualquer menção à covid. O presidente da empresa, o médico Pedro Batista Jr, que defende a imunidade de rebanho, lamentou que os vídeos do Dr. Anthony Wong foram deletados pela família ("nosso país infelizmente faz isso com pessoas sérias: faz questão de apagar o que construíram", disse ele à imprensa).

123 profissionais do hospital atenderam Wong de alguma forma durante sua internação, e todos eles se calaram sobre o kit covid que ele tomou, os tratamentos experimentais e a causa de sua morte. Guarde esse dado para a próxima vez que você ouvir que a hipótese da fakeada é uma besteira porque havia inúmeros médicos no meio, e todos eles teriam que mentir.

Mas não foi só isso que descobrimos hoje. A mãe do empresário Luciano Hang morreu em fevereiro, também de covid. Assim como Wong, Regina Hang também foi tratada em hospital da Prevent Senior. Também foi submetida ao "tratamento precoce". E, ao morrer de covid, também teve a certidão de óbito fraudada para ocultar a covid.

Quantos outros bolsonaristas negacionistas não terão morrido de covid? Quantos não bolsonaristas atendidos por médicos negacionistas não tiveram a causa de suas mortes alterada?

O relator da CPI da Pandemia Renan Calheiros alega que foi o próprio Luciano Hang quem pediu a adulteração do prontuário para não desacreditar o "tratamento precoce" com cloroquina. "Como outros tantos casos de óbitos na rede Prevent Senior decorrentes da covid-19 que não foram devidamente informadas às autoridades, a declaração de óbito da sra. Regina Hang foi fraudada ao omitir o real motivo do falecimento", diz o documento à CPI.

O véio da Havan, favorito à vaga no Senado por Santa Catarina, fez um vídeo na época em que mentia descaradamente, escondendo que sua mãe estava usando o kit covid: "Eu me questiono: será que se eu tivesse feito o tratamento preventivo, eu não teria salvado a minha mãe?" Ele utilizou a própria mãe para politizar a pandemia!

Não foi a primeira vez que Hang fraudou uma certidão de óbito. Em 2010, o pai dele se suicidou. O empresário tentou comprar o legista e o delegado para atestarem que foi morte natural, mas eles tiveram mais escrúpulos que a Prevent Senior e não aceitaram. Hang não se fez de rogado: cremou o pai rapidinho e espalhou a causa falsa da morte. A "mentira oficial" até hoje é infarto, não enforcamento. 

Essas notícias são instigantes porque desmontam todas as defesas bolsonaristas. 
Tipo: as quase 600 mil mortes por covid são mentirosas, até pessoa atropelada recebe diagnóstico de covid, tem caixão sendo enterrado vazio. Lembram dessas fake news? Na realidade, a subnotificação é uma constante. Muito mais gente morreu de covid do que foi registrado. E agora sabemos que havia pelo menos uma fábrica de fraudar certidão de óbito, a Prevent Senior. 

Outra: o maior argumento contra a teoria conspiratória de que não houve de fato uma facada a Bolso, e sim uma mera encenação, é que houve muitos médicos envolvidos, começando pelos profissionais de hospitais em Juiz de Fora, e seria impossível que tantos mentissem ou se calassem sobre os fatos. Hmm, seriam mais ou menos médicos que os 123 profissionais do hospital da Prevent Senior que aceitaram manter sigilo sobre a morte do Dr. Wong?

Bolsominions sempre acusam a oposição e os governadores que insistiram no distanciamento social e na promoção de vacinas de "politizar a pandemia". Mas qualquer um sabe que não há ninguém que politizou mais a pandemia que o próprio Bolso. Agora vemos que tem gente capaz de vender a própria mãe para não manchar o nome da santa cloroquina. 

Aliás, até aquele argumento de que bolsonaristas ligam muito pra família -- a deles, óbvio -- vai pras cucuias. O véio da Havan usou a sua como cobaia.

E o Conselho de Medicina, hein? Por onde andará?

Um comentário:

Luise Mior disse...

Obrigada por esta postagem Lola. Essa ampliação de informações a respeito de pessoas e empresas envolvidas no genocídio promovido pelo inquilino no Palácio do Planalto é estarrecedora. Depois de derrubar o Coiso, o País precisa estabelecer mais uma Comissão da Verdade da COVID-19 e refundar o Poder Judiciário para que possamos ter chance real de responsabilizar não só quem colaborou neste genocídio do século XXI quanto o ditadura militar e escravidão. Abraços querida, sigamos na luta.