Quatro anos atrás, eu torci para que Hillary Clinton ganhasse a presidência dos EUA. Eu queria uma primeira presidenta. Sei que ela nunca foi de esquerda e que estava longe de ser a candidata ideal.
Mas não caio nessa de que é tudo a mesma coisa, que tanto faz ter um presidente democrata ou republicano no comando do maior império da história. Não é verdade. Só porque o Partido Democrata não é de esquerda não faz o Partido Republicano menos de direita. E Trump é o cenário dos pesadelos.
Desta vez torço abertamente por Bernie Sanders, um homem de esquerda, que talvez venha a ser escolhido o candidato democrata. Ele se assume "socialista", o que, por um lado, é um palavrão nos EUA (aqui também), mas, por outro, nunca um socialista teve tanta aceitação. Mais e mais americanos estão vendo que o capitalismo não deu certo e que um outro mundo não é apenas possível, como também desejável.
Sem teto na calçada da fama em LA |
Torço por Bernie, mas sei que a mídia fará de tudo para pintá-lo como um radical, assim como fez com Jeremy Corbyn no Reino Unido, numa das piores derrotas do Partido Trabalhista da história. E, se a mídia conseguir transformar Bernie em sinônimo de caos, a reeleição de um patife como Trump será fácil.
Ontem a "Super Terça" (as primárias democratas que decidem em 14 estados quem será o candidato que enfrentará Trump em 3 de novembro) foi bastante decepcionante para Bernie. Joe Biden, vice de Obama, venceu em no mínimo 9 estados. Foi uma surpresa. Bernie pelo menos ganhou na Califórnia, o estado com mais delegados. O resultado consolida Biden e Bernie como os dois postulantes finais à candidatura democrata.
Enquanto Biden afirmou num discurso que "estamos muito vivos", Sanders disse: "digo a vocês com absoluta confiança que venceremos a indicação democrata e derrotaremos o presidente mais perigoso da história deste país". Tomara. Como eu disse, torço por Bernie.
Reproduzo um artigo sobre a histeria da mídia contra Bernie. Foi escrito por Ricardo Mir de Francia, com tradução de Isabela Palhares, e publicado no El Periódico e depois no Carta Maior.
Ontem a "Super Terça" (as primárias democratas que decidem em 14 estados quem será o candidato que enfrentará Trump em 3 de novembro) foi bastante decepcionante para Bernie. Joe Biden, vice de Obama, venceu em no mínimo 9 estados. Foi uma surpresa. Bernie pelo menos ganhou na Califórnia, o estado com mais delegados. O resultado consolida Biden e Bernie como os dois postulantes finais à candidatura democrata.
Enquanto Biden afirmou num discurso que "estamos muito vivos", Sanders disse: "digo a vocês com absoluta confiança que venceremos a indicação democrata e derrotaremos o presidente mais perigoso da história deste país". Tomara. Como eu disse, torço por Bernie.
Reproduzo um artigo sobre a histeria da mídia contra Bernie. Foi escrito por Ricardo Mir de Francia, com tradução de Isabela Palhares, e publicado no El Periódico e depois no Carta Maior.
O apresentador Chuck Todd comparou seus seguidores com os “camisas marrons” que protegiam os paramilitares da SSA na Alemanha de Hitler. O comentarista Chris Matthews sugeriu que seu modelo socialista, se implantado nos EUA, realizará “execuções no Central Park”.
E o estrategista democrata James Carville disse que se ele ganhar a nomeação, seu partido será literalmente aniquilado. “Se seguirmos o exemplo do Partido Trabalhista Britânico e nomearmos nosso Jeremy Corbyn, será o fim dos tempos”. Todas essas afirmações saíram da MSNBC, teoricamente a cadeia de notícias mais progressista do país, mas por sua vez a mais combativa frente a eventual candidatura de Bernie Sanders, o homem que lidera as primárias democratas [isso foi escrito antes da Superterça].
E o estrategista democrata James Carville disse que se ele ganhar a nomeação, seu partido será literalmente aniquilado. “Se seguirmos o exemplo do Partido Trabalhista Britânico e nomearmos nosso Jeremy Corbyn, será o fim dos tempos”. Todas essas afirmações saíram da MSNBC, teoricamente a cadeia de notícias mais progressista do país, mas por sua vez a mais combativa frente a eventual candidatura de Bernie Sanders, o homem que lidera as primárias democratas [isso foi escrito antes da Superterça].
Ainda falta para sabermos quem será o candidato, mas a potencial nomeação de Sanders está desatando uma histeria que vemos em pandemias como a do coronavírus. Ela percorre pelos centros de poder do país, desde os meios generalistas até o escritório do Washington Post e passando pelo aparato democrata.
“Eu não sei quem Bernie tem apoiado esses dias, nem sei a que se refere quando fala de socialismo. Um dia é a Dinamarca, mas o que pensa de Castro? É uma boa pergunta”, disse Matthews há duas semanas, antes de comparar a vitória do senador em Nevada com a ocupação nazista na França, palavras pelas quais teve que se desculpar. De acordo com um estudo do ‘In These Times’ sobre a cobertura da MSNBC nessa campanha, Sanders é o candidato que recebeu maior cobertura negativa e a quem dedicaram menos tempo.
“Eu não sei quem Bernie tem apoiado esses dias, nem sei a que se refere quando fala de socialismo. Um dia é a Dinamarca, mas o que pensa de Castro? É uma boa pergunta”, disse Matthews há duas semanas, antes de comparar a vitória do senador em Nevada com a ocupação nazista na França, palavras pelas quais teve que se desculpar. De acordo com um estudo do ‘In These Times’ sobre a cobertura da MSNBC nessa campanha, Sanders é o candidato que recebeu maior cobertura negativa e a quem dedicaram menos tempo.
Outros grandes meios estão sendo menos histéricos, mas o padrão é generalizado, uma repetição do que aconteceu em 2016, quando o senador de Vermont competiu contra Hillary Clinton. Na época, o Washington Post chegou a publicar 16 artigos negativos contra Sanders. Seu competidor novaiorquino reconheceu que sua cobertura havia deixado bastante a desejar. “O tom de alguns artigos é lamentavelmente depreciativo e sarcástico em algumas ocasiões”, escreveu a ombudsman do NYT. Somente Donald Trump recebeu uma cobertura mais hostil naquela campanha.
O mais chamativo é que Sanders, que se define como um “socialista democrático”, não é um recém chegado. Tem 30 anos de Congresso. E seu estilo político está longe de ser o de um radical alérgico a qualquer compromisso. Não pretende nacionalizar meios de produção e, de maneira consistente, vem condenando o autoritarismo de todos os símbolos, como fez no debate de terça, quando definiu Cuba e China como “ditaduras”.
Mas também é certo que aspira balançar o sistema para reduzir a desigualdade, taxando grandes fortunas e a “especulação” em Wall Street, desprender monopólios tecnológicos, dando voz aos trabalhadores nos conselhos diretivos das empresas e aumentando o poder dos sindicatos.
Mas também é certo que aspira balançar o sistema para reduzir a desigualdade, taxando grandes fortunas e a “especulação” em Wall Street, desprender monopólios tecnológicos, dando voz aos trabalhadores nos conselhos diretivos das empresas e aumentando o poder dos sindicatos.
“Estamos preparados para ser o pior pesadelo dos multimilionários e defender as famílias trabalhadoras desse país”, dizia em suas reuniões. O nervosismo dos referidos é evidente. “As prescrições de Bernie serão desastrosas para os mercados. Irão gerar uma enorme ansiedade”, disse um estrategista da agência AGF Investimentos à CNN. Também foi previsto há quatro anos que as bolsas cairiam se Trump ganhasse e o resultado foi o contrário.
O obstáculo mais iminente de Sanders se encontra no próprio partido que aspira representar, depois de uma vida inteira como independente. De acordo com o “Times”, os superdelegados democratas estão dispostos a sacrificar a paz social no partido para impedir que Sanders seja nomeado se chagar à convenção sem a maioria dos delegados necessários para sua coroação. Um cenário que deixaria o desenlace nas mãos dos líderes do partido, os chamados superdelegados.
A opinião da maioria deles é que a candidatura do socialdemocrata daria a reeleição para Trump de bandeja e poderia fazer com que o partido perca também o controle da Câmara dos Deputados. Uma tese que, obviamente, os simpatizantes de Sanders não aceitam.
14 comentários:
Não sendo a Hillary (pesquise sobre a Operation Gatekeeper) qualquer outro presidente será bom pro EUA.
Mas pro Brasil o melhor é o Trump mesmo, digo por causa do Maduro que está testando os limites das provocações contra o Brasil, só para se ter uma idéia se fosse qualquer outro país, já teriam mandado pelo menos uma dúzia de mísseis de cruzeiro contra a Venezuela somente como sinal de aviso. Sem falar de que quando o Putin mandou os seus bombardeiros estratégicos para ameaçar a nossa soberania, foi o Trump quem mandou um carrier strike group para evitar um possível ataque russo.
Bem Lola você pode gostar do Sanders mas ele com certeza não gosta do Bolsonaro, e pode muito bem parar de comprar os nossos Super Tucanos, convencer a Boeing a parar com a parceria com a Embraer e sem falar que ele poderia deixar de mandar ajuda caso o Maduro realmente decida nos atacar.
Tanto faz, nenhum dos dois tem nenhuma chance contra Trump.
Isso não é torcida, é fato.
Os EUA não têm amigos, têm interesses. Pra nós aqui abaixo da linha do Equador, tanto faz Democratas ou Republicanos...
Gostaria de entender como o capitalismo não deu certo e ao mesmo tempo os EUA são o maior império da história?
E tb pq os países mais ricos e civilizados do mundo são todos capitalistas, economias de mercado, que promovem o livre comércio.
Como eu sempre disse, se queremos vencer não só as eleições municipais desse ano, como as gerais de 2022, precisamos de nos unir à classe média, querendo ou não também são eleitores e também tem influência política. Vejam ess aanálise:
https://www.cartacapital.com.br/politica/se-nao-houver-acordo-entre-as-forcas-do-campo-democratico-bolsonaro-esta-reeleito/
Eu sei que o post é sobre as eleições americanas, mas vi essa entrevista hoje e achei pertinente comentar aqui no blogue da Lola.
O capitalismo deu certo. Mas só para aquele 1% que detém mais do que o dobro da riqueza dos 99% restantes da população do mundo.
É ameaça de terceira guerra mundial...
É coronavírus, pandemia global...
É o dólar beirando os 5 reais...
É asteroide gigantesco ameaçando vida humana...
E NADA DO PORCO MALDITO MORRER!
FILHA DA PUTA!
Os cientistas políticos preveem que se o candidato democrata for o centro-direitista Zé Biden,o Trump se reelege facilmente, pois para o eleitorado pobre e de classe média baixa não faria diferença nenhuma a eleição do Biden. E para o Brasil seria muito melhor o Sanders, pois o lunático varrido e que nao tem nenhum respeito ao cargo que exerce, o Bozo perderia o apoio às suas aventuras golpistas aqui e nos países vizinhos! Lembrando que nos EUA um candidato pode ganhar em votação nas urnas, mas perder na contagem dos votos eleitorais, que foi o que aconteceu com Trump em 2016 e com Bush em 2000. Lá o partido mais votado conquista todos os votos eleitorais em cada estado. É por isto que pode ocorrer esta distorção, inexistente nos demais países.
Você está errado. Nos países capitalistas desenvolvidos a classe trabalhadora tem um padrão de vida muito acima da classe trabalhadora que vive em economias mais estatizadas e com menos respeitos às regras de mercado.
Quais países seriam esses?
Finlândia, Suíça, Suécia, Noruega, Canadá, Bélgica... Todos são capitalistas e até os pobres vivem melhor que os pobres de países socialistas.
Lembrando que nos EUA não existe serviço público de saúde (quem não tem plano de saúde morre sem atendimento-veja "Sicko sos saúde" de Michael Moore) e nem universidade financiada pelo estado(lá mesmo as universidades estaduais são pagas pelos seus alunos) e 15% de sua população vive na miséria extrema, além de ser o único país desenvolvido com megagigantescos índices de criminalidade(são 34 mil assasinatos por ano). Definitivamente os EUA não podem ser comparados com nenhum outro país desenvolvido, dadas as disparidades em relação a estes outros países que apresentam um estado de bem-estar social, que é inexistente nos Estados Unidos. isso explica porque o Trump estará reeleito com o Zé como candidato democrata.
Capitalistas mais ou menos, né fio? Muitos desses países têm um nível de estatização e de politicas públicas bem maior do que o Brasil, por exemplo. Aliás...ainda existem países socialistas? Rsrsrsrs...pelo que eu me lembro o muro de Berlim caiu há mais de trinta anos...rsrsrs...
Bem decepcionante Lola, apoiando um cara que falou que Warren nunca iria ganhar porque é mulher.
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