Publico hoje um ótimo texto de Jean Barroso, escritor, epidemólogo e estudante de medicina da Universidade de Buenos Aires.
Durante a minha graduação em saúde pública percebi que as pessoas não levavam muito a sério a questão saúde até que fossem afetadas diretamente por uma enfermidade e/ou transtorno. Isso serve para todas as projeções da saúde humana, a saúde física, a emocional, a psicológica, a social e a também a espiritual-religiosa. Porém, quando temos agentes infectantes, como o Coronavirus, que demoram cerca de 15 dias para manifestar as suas agressões, é preocupante para qualquer um não saber quantas pessoas foram contaminadas durante esse período de latência. Com isso, o discurso como o do próprio ministro da Saúde Mandetta, que prevê o colapso do sistema de saúde em abril, reafirma que o governo não tem previsões nada boas.
O mundo está um caos. Na Itália as pessoas não acreditaram no grave que é a situação num primeiro momento, porém quando confirmadas as primeiras mortes, enlouqueceram, saíram aos mercados, esconderam-se, e por semanas não perceberam a gravidade da situação. Hoje, semanas depois, temos confirmadas no território italiano cerca de 7,500 mortes, o dobro do número na China. Prova-se na prática que os dias fazem diferença em uma guerra microscópica, valendo a vida de milhares de pessoas, como foi na Itália.
No Brasil, contudo, nós temos um sistema de saúde gratuito e que apresenta as suas devidas qualidades -- O SUS, uma herança constitucional melhorada e ampliada pelos governos anteriores. Penso que o Sistema Único de Saúde dá um pouco de alívio para a população brasileira de baixa renda, que por sua vez sabe aonde recorrer caso apresente os sintomas da doença, que entre eles está o postinho de saúde do bairro, as unidades de pronto atendimento ou mesmo os hospitais públicos. Porém, aqui apresentamos a dificuldade do SUS sem ajuda do Estado: um sistema acessível, mas que está sem as ferramentas necessárias para conter a doença.
Atento às minhas redes sociais, li e recebi diversos casos de pessoas que apresentaram casos sintomáticos ao COVID19, porém aparentemente os dispositivos para teste de contaminação são poucos e seletivos. Com isso, a minha aflição se transformou em como combater algo que você não sabe se tem. Em época de pandemia, a desinformação se torna um grande vilão. Eu deixo claro que nós somos os agentes transmissores do Corona. E é dever nosso nos isolar, nos tratar e depois voltar ao convívio social. É aqui que entra a nossa segunda dificuldade: o brasileiro ainda não sabe se proteger.
Recebi também diversos vídeos nas minhas redes sociais de pessoas carregando litros de álcool em gel e estocando comida para todo o ano. Creio que este é o tipo de coisa que devemos evitar: o pânico generalizado. A regra é ater-se somente ao necessário -- ir à padaria, ao mercado e à farmácia perto da sua casa. Regras de higiene básica, tomar banho com água e sabão e desinfectar as mãos com um pouco de álcool em gel, habitualmente são suficientes. Quanto à dispensa ao trabalho, alguns setores já foram dispensados, outros necessitam do auxílio estatal, principalmente os setores autônomos.
Amigos do meio acadêmico têm corrido no mundo em busca de uma vacina. As vacinas estão sendo testadas, ou seja, ainda estão sendo produzidas. A distribuição em larga escala demorará. O mais efetivo no momento é instruir socialmente.
Na Argentina, onde eu moro atualmente, o presidente Alberto Fernández e a sua vice Cristina Kirchner decretaram fechamento de todas as suas fronteiras, centros de ensino e proibiu eventos massivos. Além disso, decretaram isolamento social obrigatório, ou seja, está terminantemente proibido a circulação humana. Foram fechados todos os setores, permitidos o de medicamentos e/ou alimentos.
O presidente forneceu total apoio e saldo aos autônomos. No Brasil, eu receio que o discurso do presidente Bolsonaro de que “uma gripe não vai me derrubar” se difunda. A nossa sociedade precisa afastar qualquer egocentrismo. Nesse momento, o senso coletivo é uma obrigação social e o isolamento, uma necessidade.
Então, banhar-se de álcool em gel não vai proibir o vírus de contaminar alguém. Essa é uma luta em grupo. O vírus é como qualquer outro vírus, ele deseja se expandir e ele tem a velocidade de contaminação rápida, o que pode ocasionar um superlotamento de vários setores emergenciais da saúde humana. Esperar que o vírus não seja tão rápido só é a solução se todos cooperarmos e nos isolarmos em nossas casas.
E aqui cabe ao presidente gerir tudo isso, fazendo o possível para que a população esteja em uma situação minimamente confortável durante esse isolamento. Qualquer outro discurso pode ser fatal à saúde de todos. O que está em jogo aqui é a vida dos vulneráveis, é a dizimação dos pobres e é a aniquilação de minorias e grupos, como o grupo indígena, por exemplo. E se calar ou banalizar a situação é um atestado de legitimação desse discurso. É um crime humano. Hitler não foi tão baixo.
O Brasil é uma grande potência, temos aparato suficiente para conter a crise. Os Estados Unidos já oferecem o mínimo: testes gratuitos de contaminação para toda a população e alguns direitos trabalhistas. Não é um momento de agir com imprudência, eles sabem também.
O presidente Bolsonaro precisa tomar ações efetivas contra o Coronavirus. Outros setores não são minimante importantes quando se trata de uma guerra microscópica. No momento, o mundo está tentando conter um vírus que mutou e pode mutar outra vez, o Brasil deve fazer o mesmo. A nossa Constituição de 1988 afirma que é um dever do Estado a saúde dos brasileiros. Que se faça cumprir.
10 comentários:
As intenções do Bolsonero são bem explicadas neste vídeo. Vale conferir. https://youtu.be/okeKLVAQfsg
Número de mortes por covid-19 no Brasil provavelmente estará na faixa de meio milhão, dizem estudos recentes:
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/sem-restricao-de-contagio-mortes-por-coronavirus-podem-chegar-a-115-milhao-no-brasil.shtml
Caralho, Lola, tu é vagabunda, hein? Não quer voltar a "trabalhar" (supondo que doutrinar adolescentes seja trabalho) de jeito nenhum. Quer aumentar a quarentena, ainda por cima. Vai ser vagabunda assim na puta que pariu.
Falou o incel q não faz nada na vida além de se masturbar e atacar mulheres na internet enquanto é sustentado pela mamãe.
Até vc deve ter notado q estamos no meio de uma pandemia. Voltar às aulas neste momento colocaria toda a população em risco.
Toda a população menos vocês mascus, claro, q já vivem confinados no porão sem ver ninguém há décadas.
Mandetta está atirando para todo lado, não está errado.
https://jovempan.com.br/noticias/brasil/general-heleno-quarentena-bolsonaro-coronavirus.html
Diagnosticado com o novo coronavírus, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, admitiu, em nota, que quebrou a quarentena antes da hora por um “engano”. Uma semana após receber o resultado do teste para a Covid-19, Heleno participou de uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão, e metade dos ministros da Esplanada.
Em nota, Heleno disse que, após participar do encontro, na última quarta-feira (25), por um período de três horas, foi alertado de que houve um engano e de que ele deveria permanecer mais sete dias em isolamento na sua residência. Em fotos divulgadas pelo Planalto é possível ver que Heleno estava sem proteção e sentou ombro a ombro com colegas de ministério.
Gal Heleno sabe que toda a equipe do Bozo (inclusive a bailarina) está contaminada.
O crime é que colocam assessores e funcionários em risco.
Enquanto isso, Mandetta diz que vai morrer gente, mas nasce mais... (É sério!)
Mourão, em entrevista à Foice:
“Acho que tem de confiar na palavra do presidente. Seria o pior dos mundos o presidente chegar e declarar que testou e deu negativo e depois aparecer que deu positivo”.
https://revistaforum.com.br/blogs/ocolunista/o-que-podemos-encontrar-na-entrevista-de-mourao-a-folha/
Médicos e enfermeiros denunciam subnotificação do Covid-19 em Minas e escassez de equipamentos
https://bhaz.com.br/2020/03/29/covid-19-subnotificacao-escassez-materiais/
("Gov." Romeu Zema é aquele que não assinou a carta dos governadores. Ele espera se tornar governador biônico.)
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