terça-feira, 4 de junho de 2019

ESTUPRO NA MÍDIA FAZ MULHERES CONTAREM SUAS HISTÓRIAS DE HORROR

Por causa da denúncia de estupro contra o Neymar, muitas mulheres decidiram contar suas histórias de horror. Publico aqui três.

Relato da M.
Toda vez que tem essa história de famosos envolvidos com estupro, é um gatilho pra mim.
Quando eu tinha 7 anos, assim que entrei na escola, 2 garotos, de 7 e 8 anos, me importunaram sexualmente. Eles ficavam tentando me tocar na sala de aula. Eu cruzava as perninhas, agoniada e eles riam. Um deles era o líder; o outro, repetia o gesto do amigo. Não sei ao certo o tempo que aquilo durou. Pra mim, foi uma eternidade.
Eu ia para a escola tremendo. Sentava tremendo. Não sabia como agir. Eu tremia toda vez que via aquele garoto na rua. Era um horror, eu sabia pelo que eu iria passar. Um dia uma coleguinha viu e falou com a professora. Ela me mudou de lugar e tirou os meninos da sala, nada mais. Nunca chamaram os pais. Isso me trouxe problemas, um despertar pra sexualidade muito cedo. Eu sentia "tesão" fora do tempo e ao mesmo tempo, uma vergonha imensa, uma culpa imensa. Falei sobre isso aos 32 anos, numa sessão de massoterapia, onde chorei horrores, mas me libertou.
Aos 21, eu fui assediada por um professor. A princípio, me senti lisonjeada. Ele descobriu o telefone do meu trabalho, se mostrou preocupado comigo, sentava ao meu lado na sala. Ele era casado e extremamente cobiçado. Eu estava num relacionamento difícil. Estava carente, autoestima no pé. Me senti especial, afinal, o professor mais sério estava interessado em mim.
Um dia, ele apareceu no meu trabalho. Levei o maior susto. Ele pegou o endereço na lista telefônica. Fiquei encantada. Como assim, logo fulano. Me rendi aos galanteios, não acreditava que aquele professor, sério, que não falava com nenhum aluno, estava interessado em mim, uma garota cheia de complexos. Pois bem, começamos a flertar. Um dia, começamos a nos beijar. Foram alguns dias dentro de um fusca.
Eis que um dia ele sugere irmos para um motel. Eu disse que não, não era o que eu queria pra mim. Ele disse que era pra ficarmos mais tranquilos e seguros. Isso foi em 1992. Ele disse que não faria nada qie eu não quisesse. Eu reforcei que não queria transar. Não mesmo. Ele falou para não me preocupar. Concordei, era umas 22hs, eu estudava à noite e ele se ofereceu para me levar em casa. Eu dormia na minha tia. Meu pai era muito bravo.
Fomos para o motel. Eu confiei nele, meu professor, casado, com problemas no casamento. Quando chegamos, ele tirou a camisa, estava c calor. Depois, começou a me beijar e a tirar a roupa. Eu disse que não queria. Ele falou que não aconteceria nada. De repente ele tirou a calça e subiu em mim. Ele tinha 1m80. Eu 1m65, 52 kg. Eu falei que não queria. Ele continuou. Fiquei aterrorizada, imóvel, com medo de apanhar. Ele era muito maior q eu. Ele falava um monte de coisas, perguntava se eu estava gostando. Foi um horror. Quando acabou, eu não sentia nada. Ele me levou pra casa da minha tia.
Contei pra minha prima que me sentia estrupada, que fiz com medo. Fui tomar banho, me esfregava, me sentia suja, com nojo. No outro dia ele ligou no trabalho. Eu pedi que dissessem sempre que não estava. Um dia atendi o telefone. Era ele, querendo saber o porquê de eu não atender. Eu disse que me senti forçada, violentada, que eu não queria. Ele disse que me amava, que eu não podia fazer aquilo com ele. Ele continuou me ligando, nunca mais atendi. Graças a Deus não fui vítima de morte, mas foi uns dos piores momentos da minha vida.
Fora minha prima, eu nunca tinha relatado nada disso a ninguém. Tirei um peso hoje, de poder falar. Vítimas são vítimas. Só pensava que ninguém acreditaria em mim, afinal, eu fui para o motel com ele. É tão sofrido e traumático tudo isso.

Relato da E.
Olá! Sobre seu texto sobre o caso do Neymar, gostaria de dizer que me vi em todas as teses . Fui abusada por primos aos 8- 9 anos, não me lembro muito bem pois acredito que para me defender eu acabei pedindo para trabalhar com meu pai aos 12 anos. Mas não parou por aí, já teve um caso em que para ir embora do trabalho aceitei carona de um  colega de trabalho. Nisso eu já tinha meus 18 anos. Ele me levou pra um motel, eu falei que não queria, mas já sabia que não ia adiantar, então aceitei porque ele ficou muito agressivo. Por medo tive relação com ele, eu pensava que eu tinha nascido era para isso mesmo. Até hoje minha família não sabe e optei para que continuasse assim para não fazê-los sofrer. Até que graças a Deus conheci meu marido. Mas enfim, seu texto tem realmente reações irrefutáveis nos casos de estupro.

Relato da L.
Aconteceu comigo. A primeira vez que eu fui estuprada, eu fui na delegacia denunciar. Eu havia sido assaltada, amarrada junto com o meu (ex) marido grande e forte, vendada, tomado coronhada  de revólver na cabeça e o bandido ainda queria me levar para o comparsa dele estuprar também. Eu não sei o que fez ele mudar de ideia, eu achei que ia morrer aquele dia. Eu era filha de militar, teoricamente cheia de privilégios. Numa situação clara. E quando fomos fazer boletim de ocorrência do roubo e estupro, mesmo com meu marido do lado, a policial que me examinou fez questão de perguntar o que eu tinha feito pra provocar o estupro. Eu estava de camisa de manga longa e saia até os pés. Mas alguma coisa eu tinha feito. A culpa era minha.
Muitos anos depois, um ex-colega de trabalho perguntou se podia passar no meu apartamento pra que eu mexesse em um arquivo pra ele. Eu o conhecia há anos, confiava plenamente nele, conhecia a filha dele. Ele me propôs sexo, eu aceitei. Então, mal a gente começou, ele falou "eu gosto de bater, você sabia?" e começou a me socar. Do nada, sem motivo. Eu fiquei em choque, eu pedi pelamordedeus pra ele parar, ele não parava de me machucar. Ele terminou e ele mesmo abriu a porta e foi embora enquanto eu fiquei encolhida na cama, sangrando, em choque, sem saber como reagir.
Eu tentei pedir ajuda, mas minha própria mãe friamente disse que a culpa era minha por ter recebido um homem em casa.
Eu sabia que na delegacia ninguém ia acreditar em mim, afinal a relação começou consensual.
Eu fui trabalhar normalmente, escondendo os roxos, estancando o sangramento, vivendo meu estresse pós traumático em silêncio absoluto.
Ninguém liga pro que acontece com a gente. Nunca.

20 comentários:

Anônimo disse...

Segundo percentual do INFOPEN/2016, 1,58% da população carcerária brasileira está presa pelo crime de estupro, enquanto acontecem 1 estupro a cada 11 minutos no país. Disponível em: http://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-brasil/relatorio_2016_junho.pdf e https://www.cartacapital.com.br/sociedade/no-brasil-um-estupro-a-cada-11-minutos

Anônimo disse...

Minha solidariedade às mulheres que relataram esses estupros.
Porém, as situações descritas são MUITO diferentes às que ocorreram no caso Neymar.
A moça em questão não é uma criança e sim uma mulher de 26 anos. Ela não só transou consensualmente com ele como pediu pra ele escolher a lingerie que usaria da segunda noite. Quem é estuprada e pede pro agressor escolher a lingerie dela pra ser estuprada novamente?
Os roxos são facilmente explicados pela foto que ela mesmo mandou. A menina é extremamente branca; claro que ia ficar marca.

Anônimo disse...

Toda mulher conhece ou foi protagonista de algum caso de horror desses, tem cada cara tão lixo que nem dá mais pra criticar quem só vive falando mal de homens.

Aliás, só os caras bem mais novos parecem ter salvação, o restante agora nem disfarça mais seus maus bofes. Efeito bozo, ele conseguiu piorar o que já estava ruim

Anônimo disse...

Anon 20:49:

"só os caras bem mais novos parecem ter salvação"

Só se for aqueles com menos de 13 anos, né? Que ainda dá tempo de salvar alguma coisa, porque acima disso, o negócio tá feio...

Alan Alriga disse...

Depois do caso Neymar mais 17 amigas do face tiveram coragem de revelar que já foram estupradas durante a infância por parentes próximos.
E isso foram só as que eu vi até agora.

Anônimo disse...

Lola, vc tem alguma prova de que o menino Neymar é culpado?

Alguma escritura assinada pelo Neymar dizendo assim:
"Paris, 15/05/2019

Eu, Neymar Júnior, CPF xxx.xxx.xxx-xx, doravante denominado estuprador, venho através desta ADMITIR que abusei da menina Nadja, em seu quarto de hotel em Paris neste dia. Não resisti aos seus encantos e acabei transando com ela.

O acima descrito é verdade e dou fé.

Assinado: Neymar Júnior
Testemunha 1: xxxxxxx
Testemunha 2: yyyyyyy
"

Porque se não tiver, não prova nada viu Lola?

Tem algum documento comprobatório, com a assinatura do Neymar de alguma reforma na cozinha desse suposto hotel em Paris??

Neymar! Guerreiro! Do povo brasileiro!
Neymar! Guerreiro! Do povo brasileiro!
Neymar! Guerreiro! Do povo brasileiro!

Anônimo disse...

Infelizmente os números comprovam o aumento da violência policial e contra a mulher, o governo bozo deu força para todo limitado mental botar pra fora seus maus bofes e sua ignorância.

Como eles se orgulham de serem ignorantes, nunca se viu coisa assim

Anônimo disse...

Por que a palavra da mulher tem relevância diferenciada em casos de crimes sexuais

Nas redes sociais, acusações de mulheres são frequentemente questionadas

https://gauchazh.clicrbs.com.br/donna/noticia/2019/06/por-que-a-palavra-da-mulher-tem-relevancia-diferenciada-em-casos-de-crimes-sexuais-cjwj74tl0030v01qtku1eosh5.html

Melise disse...

Claro ficou agora que ela quis se vingar, ela foi ESTUPRADA SIM!

Anônimo disse...

Homens da classe alta agridem mais mulheres que os da baixa
Homens classificados como de classe alta praticam mais violência contra a mulher que os das classes média e baixa, diz pesquisa do Instituto Data Popular

https://exame.abril.com.br/brasil/homens-de-classe-alta-agridem-mais-mulheres-que-os-da-baixa/

Anônimo disse...

Atlas da Violência: Brasil tem 13 homicídios de mulheres por dia, e maioria das vítimas é negra

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48521901

Anônimo disse...

NÃO É NÃO!

"PARA" = SIGNIFICA NÃO
"ME DEIXA" = SIGNIFICA NÃO
"ME SOLTA" = SIGNIFICA NÃO
"SAI DAQUI" = SIGNIFICA NÃO
"NÃO QUERO" = SIGNIFICA NÃO
"TIRA A MÃO" = SIGNIFICA NÃO
"NÃO FAÇA ISSO" = SIGNIFICA NÃO
"NÃO TÔ PRONTA" = SIGNIFICA NÃO
"FIQUE LONGE" = SIGNIFICA NÃO
TEMER = SIGNIFICA NÃO
CHORAR = SIGNIFICA NÃO
GRITAR = SIGNIFICA NÃO
AFASTAR-SE = SIGNIFICA NÃO
ESTAR DORMINDO = SIGNIFICA NÃO

FALTA DE CONSENTIMENTO SIGNIFICA NÃO!

Quando você ignora ou finge não ouvir um NÃO de alguém, está agindo sem consentimento e está praticando abuso contra esta pessoa.

Hele Silveira disse...

Homens que se propõem a comentar e opinar neste caso específico já foram vítimas mesmo que da mais leve forma de abuso sexual por parte de mulheres, em razão do gênero masculino? Sabem do que estão falando? Sabem? Mesmo? Olha, se você nunca foi olhado igual a um frango assado na "televisão de cachorro" (máquina de assar frangos) só fique quieto, ok? Você NÃO sabe! Ei! Shhhhhhh! Você sabe? Não sabe. Só pare e reflita, se não for psicopata. Tente sentir o que mulheres sentem, não consiga (por não ter passado) e admita que não é o seu lugar de fala! Ouça! Ouse aprender. Porque aprender, em se tratando do sexo masculino, é, quase sempre, ousar MUITO. Tantos pensam que "nascem sabendo"! Quem tem, segundo a ciência, maior capacidade de comunicação? Quem é psicoemocionalmente mais inteligente: homem ou mulher? Abram os olhos. Ouçam as mulheres se quiserem evoluir.

Anônimo disse...

Ahã... senta lá Cláudia!

Anônimo disse...

Hele Silveira maravilhosa!!!

👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

Anônimo disse...

Um bebê de cinco meses foi espancado pelo próprio pai na cidade de São Lourenço, em Pernambuco. O motivo do crime: a criança era menina. A garota foi socorrida dois dias após o início das agressões, mas não resistiu. Segundo a mãe, o pai matou a filha porque “sempre quis um menino“. Vizinhos que ficaram revoltados com a situação atearam fogo na casa da família.

A apuração da Polícia Civil de Pernambuco confirmou o fato de que o homem não aceitava a filha por ser uma menina.

A mãe dos gato tudo disse...

A melhor coisa que as mulheres do Brasil podem fazer no momento presente é sair do país. Vão para países escandinavos, países baixos onde a igualdade entre gêneros é 80% pra cima.
Larguem esse buraco de país para os bárbaros, os brutais, deixem que se afundem aqui e estuprem uns aos outros.
A cultura machista é muito enraizada aqui, não há possibilidade de mudança nos próximos 50-100 anos.
Vão atrás de antepassados europeus e consigam nacionalidade europeia, ou visto de trabalho, qualquer coisa. Mas saiam desse Oriente Médio latino.

Anônimo disse...

Neymar tá livre, babaca.

Anônimo disse...

Sobre "Relato da M."

Não existe tesão fora do tempo.
Pelo medo do tesão você se culpa e ainda chega esses meninos desrespeitosos.
É preciso combate esses tabus. Eles são um peso enorme para a mulher carregar.

Lu disse...

A mãe dos gato tudo disse...

Concordo que a tendência deste país machista de m*rda é só piorar com o tempo. Particularmente, já estou trabalhando para ir embora dessa jaula, desse cativeiro cada dia mais incivilizatório.
Mas é uma pena que nem toda mulher brasileira vai poder ir embora desse país. Infelizmente nao é tao fácil assim. Esse conselho também serve para as mulheres negras, pobres e faveladas ou só para as brancas de classe média ou em ascensao econômica e social fulgurantes porque tiveram melhores oportunidades de estudo e trabalho e assim conseguiram conquistar mais facilmente seu lugar ao sol a ponto de decidirem realmente ir embora desse reino incivilizatório(uma escolha ótima e inteligente, rs)?
Nem todas têm antepassado europeu, mas sugiro para as que têm darem um jeito de conseguir o passaporte dos países de seus antepassados.
Meu destino nao é a escandinávia mas os homens por quem sinto maior interesse e afinidade estao justamente nesses países, nao aqui no Brasil.
Os brasileiros parecem que estao cada vez mais machistas, tanto quanto seus avôs e bisavôs, julgo até piores do que eles.
Ou eles abrem os olhos e MUDAM de uma vez ou vao morrer realmente nessa bestialidade que é o comportamento machista, misógino, principalmente AFROmisóginos(contra as mulheres negras, óbvio) e troglodita.
Vao voltar para as cavernas!