terça-feira, 2 de julho de 2013

SINAIS QUE VOCÊ DEVE TEMER

Faz tempo que digo pro maridão confiar na sua intuição. Ele é jogador profissional de xadrez, e muitas vezes se enrola com o tempo analisando um montão de lances. Em geral, o lance que ele faria intuitivamente é o melhor. 
O recado é o mesmo pra todas as situações: confie na sua intuição. Ela quase sempre está certa. Eu, que sou muito racional e prática e cética, não confio na minha. Anulo minhas intuições. É um erro.
Ouvir e respeitar sua intuição é provavelmente a maior lição do livro O Dom do Medo (ou Virtudes do Medo, dependendo da tradução), do especialista em segurança Gavin de Becker. 
A primeira vez que ouvi falar nele foi no guest post da V, em que ela cita Becker falando de stalkers (a recomendação dele é: corte todo tipo de contato. Não atenda o telefone nem responda um email). Pareceu muito sensato. 
Depois foi a vez do Alex Castro elogiar o livro. Como ele disponibilizou The Gift of Fear em pdf (aqui, é só clicar), comecei a lê-lo. E vou compartilhar algumas informações com vocês.
Porém, antes de começar, um aviso. A responsabilidade de acabar com a violência contra a mulher é de quem comete a violência. Por isso que a gente vive repetindo: “Não ensine as mulheres a não serem estupradas, ensine os homens a não estuprar”. Porque a gente ouve lições (quase sempre moralistas) do que devemos fazer para não sermos estupradas desde que somos garotinhas. 
E essas lições não resolvem o problema, já que mulheres seguem sendo estupradas, independente da roupa que usam, do seu comportamento, da sua aparência, de quanto bebem ou deixam de beber. E não são estupradas apenas pelo estranho numa rua escura à noite. Aliás, esses casos são minoria, representam entre 20% e 30% dos estupros. A maior parte é cometida por conhecidos da vítima. E isso, misteriosamente, ninguém ensina pra gente.
Apesar da responsabilidade em evitar violência ser de quem comete a violência, podemos e devemos nos precaver. Aulas de defesa pessoal, por exemplo, são muito recomendáveis, até pra nos dar mais autoconfiança. Lógico que isso não quer dizer que uma mulher que não saiba autodefesa deve ser culpada se for atacada (“Ahá! Quem mandou você não saber se defender?!”). Mas pode ajudar. Se eu tivesse uma filha, eu certamente a colocaria pra fazer judô ou caratê. 
As dicas que Becker dá, pelo menos na primeira metade do livro, são para evitar a violência-clichê, justamente aquela do cara desconhecido numa rua escura à noite, ou num estacionamento deserto, ou dentro do seu prédio, esperando você entrar. Um dos sinais de que um estranho pode estar mal intencionado é quando uma mulher está numa posição vulnerável e ele começa um “jogo de equipe forçado”. É quando o possível agressor força uma certa intimidade, fala em “nós”. 
Becker dá como exemplo uma cena do excelente filme Jogo de Emoções (House of Games, 1987, de David Mamet). Um soldado está esperando que dinheiro chegue até ele pelo correio. Um trapaceiro começa a falar com ele, diz que está na mesma situação, também esperando dinheiro. E acrescenta que, se o dinheiro dele chegar antes, ele lhe emprestará uma grana, que o soldado deve devolver quando chegar à base. Antes que o soldado, comovido, possa responder, o trapaceiro se adianta: “Você faria o mesmo por mim”. Assim, quando o dinheiro do soldado chega, ele “empresta” dinheiro ao trapaceiro. Dinheiro que ele nunca mais verá de novo, óbvio.
Portanto, se uma mulher está numa posição vulnerável, e um estranho começa um papo de “estamos juntos nessa”, cuidado.
Becker aponta (minha tradução): “Encorajo mulheres a explicitamente refutarem aproximações que elas não desejam, mas sei que é difícil. Uma mulher ser direta nesta cultura tem uma péssima reputação. Uma mulher que é clara e precisa é vista como fria, uma megera. De uma mulher se espera que responda a toda comunicação vinda de um homem. E a resposta deve ser atenciosa e convidativa. É considerado atraente se ela for um pouco indecisa (o contrário de direta). Espera-se que mulheres sejam afetuosas, e no contexto da aproximação de homens desconhecidos, a afeição alonga o encontro, aumenta as expectativas e o investimento dele, e, na melhor das hipóteses, gasta tempo. Na pior, serve ao homem que tinha más intenções conseguir mais informações, que ele precisará para avaliar e depois controlar sua vítima em potencial”.
Um outro sinal de que o desconhecido pode ter más intenções é se ele faz uma promessa que não foi pedida. O cara, do nada, “jura” que só vai te acompanhar até o ônibus, ou “promete” que vai apenas entrar na sua casa pra beber água, e em seguida irá embora. A pergunta que você deve se fazer, segundo Becker, é: por que essa pessoa precisa me convencer? “Sempre, em qualquer contexto, suspeite da promessa não requisitada”, diz ele. Esse cara tenta te convencer porque você não parece convicta. “A promessa é um espelho em que você tem a segunda chance de ver seu sinal intuitivo; a promessa é a imagem e o reflexo da sua dúvida”.  
Cuidado também com quem fornece detalhes demais. Segundo Becker, quando as pessoas dizem a verdade e não se sentem desacreditadas, elas não dão detalhes adicionais. Quando as pessoas mentem, elas falam demais. Não sei se concordo com isso, porque eu nunca minto, mas sou bastante detalhista quando conto alguma coisa. Mas concordo com Becker quando ele diz para sempre se lembrar do contexto: “Com um cara que fica na sua casa além da conta, não importa quão divertido ou charmoso ele possa ser, uma mulher pode focar no contexto pensando: 'Já pedi pra que ele fosse embora duas vezes'”.
Às vezes a estratégia de um agressor pode ser te insultar de leve. Isso eu já ouvi falar em táticas PUA (Pick Up Artist, dicas machistas para pegar meninas). Tipo: “Ah, você provavelmente é esnobe demais pra falar com alguém como eu”, e a mulher pode querer falar pra provar que não é assim. Becker lembra que nem todos os caras que usam essas táticas são estupradores ou assassinos: “Não quero prejudicar o estilo de algum Casanova desajeitado, mas os tempos mudaram, e nós homens certamente podemos desenvolver aproximações que não envolvam manipulação e trapaças”.
Um sujeito que não respeita um não, qualquer não, pode oferecer perigo. Para Becker, um não é inegociável. Imagine uma mulher num estacionamento vazio, colocando compras no porta-malas do carro. Um estranho se aproxima querendo ajudá-la. De acordo com Becker, uma mulher que responde “Não, obrigada, acho que consigo sozinha” tem mais chance de ser atacada que uma que faz uma posição firme de “pare” com a mão e diz diretamente “Não quero sua ajuda”. 
Becker diz: “Um homem decente entenderia sua atitude ou, talvez, nem teria se aproximado da mulher em primeiro lugar, a menos que ela realmente precisasse de ajuda. Se um homem não entende a reação da mulher e vai embora rejeitado, tudo bem. Aliás, qualquer reação -– mesmo a raiva -– de um homem decente que não tinha más intenções é preferível à atenção contínua de um homem violento que poderia usar sua preocupação em não ser rude para vantagem dele”.
Becker dá uma ótima dica: se você precisa de ajuda, escolha alguém. As chances que essa pessoa a quem você pediu ajuda não seja perigosa serão maiores que aceitar a ajuda não solicitada de alguém que te escolheu. E ele diz o óbvio, que eu sempre digo, mas que poucas mulheres fazem: peça ajuda a outras mulheres. E ofereça ajuda às mulheres.
Entendo que somos condicionadas a sermos adversárias, a desconfiarmos até das amigas, quanto mais de desconhecidas. É uma estratégia do patriarcado para que não possamos nos unir. Mas precisamos superar isso. Por exemplo: você está indo em direção a uma rua escura, e uma outra mulher está perto de você, indo naquela mesma direção. Por que não ir juntas? Aproxime-se da desconhecida e diga: “Esta rua é perigosa. Você se incomoda se andarmos juntas?”
Quando uma mulher está só numa rua escura e acha que está sendo seguida, o que ela costuma fazer? Ela olha furtivamente e com medo, baixa os olhos, anda mais rápido. Becker sugere que a mulher fite esse estranho. Olhe na cara. Na cara dura mesmo. Faça com que ele note que você está vendo, que você sabe, que você o viu. 
Mas vamos voltar àquela situação em que uma moça está sozinha num estacionamento guardando as compras, um sujeito se aproxima pra “ajudar”, e ela recusa, sem dar margem pra dúvidas. Becker fantasia o seguinte diálogo entre esse cara que se sente ofendido pelo não e a mulher que recusou a ajuda.
Homem: “Que vadia! Qual o seu problema? Eu só ofereci um pouco de ajuda a uma mulher bonita. Por que você é tão paranoica?”
Mulher: “Tem razão, eu não deveria ser cautelosa. Estou exagerando. Só porque um homem me oferece ajuda não solicitada e insistente num estacionamento vazio numa sociedade em que crimes contra mulheres aumentam quatro vezes mais que os índices gerais de crimes, e três em cada quatro mulheres sofrerão um crime violento; e só porque eu ouço histórias de horror de todas as minhas amigas; e só porque eu tenho que avaliar onde estaciono, onde ando, com quem falo, e com quem vou sair no contexto de que alguém pode me matar ou estuprar ou assustar; e só porque várias vezes por semana alguém me fala uma grosseria, ou me fita, ou me assedia, ou me segue; e só porque esses são assuntos de vida e morte que a maior parte dos homens desconhece, não quer dizer que uma mulher deve ser cuidadosa com um desconhecido que ignora a palavra não”.
Taí um carinha que empatiza com as mulheres, esse Gavin de Becker. 

106 comentários:

Raven Deschain disse...

Posta o link do livro pra nóis Lola *-*.

Unknown disse...

Isso...posta o link!!! Parece ser muito interessante.

lola aronovich disse...

Incluí o link. O pdf está em inglês. Deixei também o link pra quem quiser comprar o livro pela Estante Virtual, em português.

Bizzys disse...

Nossa, adorei o post!

Vou ler esse livro assim que puder.

° Emy ° disse...

*____*

Gostei do moço!

Carol disse...

Concordo em quase tudo no post. Menos na parte de encarar um estranho em uma rua escura. Quem mora em periferia (como eu) e já passou várias vezes por uma situação dessa, sabe que o melhor é procurar ajuda, seja entrando em algum estabelecimento, seja apertando o passo, procurando companhia para andar (como no caso de procurar outra mulher). O fato de encarar o estranho pode ser até pior... o cara pode nem estar pensando em fazer algo com você, estar lá, de boa... ao encarar pode deixá-lo nervoso, e sem motivo... quantas vezes achei que estava sendo seguida, e quando fui ver, era um cara voltando pra casa, com tanto medo quanto eu, de assalto?

Anônimo disse...

Lola, nao li o post todo porque estou sem tempo, mas achei a idéia geral dele excelente.
Gosto de uma frase de Agatha Christie: Intuição e uma impressão baseada na nossa experiência.
Ou seja , ta lá, vc deve escutar,você nao sabe por que, mas esta!!
Se for uma intuição ruim, entao...sinal verde pra sair correndo,experiência própria,
Beijao

Sayoss disse...

Gostei muito do post, e chama a atenção por ter sido escrito por um cara. Meus amigos sempre dizem que sou paranóica, cautelosa demais, mas é mais ou menos esse tipo de atitude que tento tomar quando me deparo com um cara engraçadinho/invasivo. Nós mulheres ainda temos muito medo de sermos antipáticas, firmes.

Maria Maria disse...

ótimo post! Quando disse sobre intuição, lembrei de diversas vezes em que essa me salvou de alguma violência. Aos 12 anos, andando no meu próprio bairro com 2 amigas num domingo de manhã, vi um cara estranho, que nos encarava diretamente e caminhava no mesmo ritmo que nós. Imediatamente senti um frio na espinha e quando chegamos a um cruzamento, segurei o braço das minhas amigas e impedi que continuassem andando, pra ver por onde o tal homem seguiria. Como acharam bobagem, discutimos um pouco e o perdemos de vista. Então, decidimos seguir o nosso caminho, quando ele saiu detrás de um arbusto e correu atrás de nós. Nunca corri tão rápido, mas estávamos longe o suficiente pra chegar em casa ilesas. Éramos pequenas, e sabe-se lá o que aconteceria se eu não tivesse desconfiado daquela cena. Não me sinto nenhum pouco incomodada hoje de ser considerada grossa, porque um não bem dito pode ajudar mais do que a cordialidade com os insistentes.

Jac disse...

Gostei do post.

Por mais que a culpa da violência seja de quem comete a violência, às vezes fico preocupada que esse discurso pareça que nós devemos ficar imóveis, sem nos prevenirmos.

Não podemos nos deixar dependentes da boa vontade ou não dos homens. Enquanto lutamos para mudar a mentalidade das pessoas, podemos criar nossas práticas para nos proteger (como o exemplo do post de sororidade na rua)

Gabriel disse...

Bem bacana o post! Fiquei interessado em ler o livro!

Rose disse...

Algo me diz (e não é intuição) que choverá os famosos "e ozomi?", "agora não pode ser gentil" e, pra finalizar, o mais clássico de todos: "eu nunca agredi ninguém, me sinto ofendido".
Esse é o tipo de post que deve ser compartilhado pelo maior número de pessoas possível, principalmente pela dica de que mulheres PRECISAM SE AJUDAR MAIS.
Como dizia meu saudoso avô; você pode não saber quem presta (ou quem é do bem), mas sabe de cara quem não presta (ou quem é do mal). Na dúvida, siga tua intuição.

Laura disse...

Aff, quanto drama. Depois ficam choramingando dizendo que homens não gostam de mulheres "poderosas".
Negócio é ser que nem minha namorada; fez krav magá por dois anos e boxe por um. Sempre anda com uma seringa vazia na bolsa para matar um possível estuprador.
Eu condenei veementemente esse negócio de seringa vazia: Metanol ou Óleo provocam uma morte muito mais dolorosa.

Thomas disse...

Duas coisinhas.

Primeira: Judô é um esporte olímpico, eu ficaria surpreso se você encontrasse alguma academia de Judô que ensinasse defesa pessoal.

Caratê é ótimo... se você for um homem ou se for uma mulher que só vai enfrentar mulheres do mesmo tamanho ou homens menores. Pra defesa pessoal, principalmente pra mulheres, é uma arte impraticável. Principalmente porque o estuprador provavelmente vai te jogar no chão ou de costas em alguma superfície. E aí, meu amigo, nem o Pat Morita conseguiria evitar a violência.

TODAS as mulheres deveriam treinar JIU-JITSU BRASILEIRO. É uma arte criada para que uma pessoa fraca possa derrotar uma pessoa muito mais forte. É uma arte marcial que reconhece que todas as lutas vão pro chão, e é lá que a luta acaba. É uma defesa pessoal perfeita pra mulheres porque o estuprador provavelmente vai tentar te botar de costas no chão e aí, sabendo um pouco de jiu-jitsu, o violentador não vai durar muito tempo sem sofrer uma lesão grave ou até a morte, não importa o tamanho dele.

Segundo: Então,somos animais e vivemos na natureza, apesar de não parecer. Na natureza,sempre vão ter aqueles que querem te matar. Você não vê as zebras africanas tentando ensinar aos leões a não matarem, porque isso seria perda de tempo. Eu sei, eu sei, os leões só matam pra comer e as zebras são animais irracionais, sem a capacidade de dar palestras. Mas acho que minha analogia é válida em um nível bem básico.

Sempre vai ter gente que vai roubar, agredir e matar pessoas. Sempre. Não importa o número de panfletos ensinando a não estuprar que as feministas venham a produzir. Por isso, você SEMPRE deve se prevenir. Todo mundo tem que saber se defender, pelo menos um pouquinho, todo mundo tem que saber se prevenir. Essa deve ser a prioridade de vocês e todos nós em relação à segurança.

O texto não fala tanto de intuição? Então, intuição nada mais é do que o nosso cérebro reptiliano tentando nos direcionar instintivamente. É instinto, saca. E um dos nossos instintos mais fortes é o de sobrevivência, e eu acho que esse instinto tá pouco se importando em ensinar um estuprador a não estuprar.

Unknown disse...

Loooola, adorei esse post. É um aviso também para coisas mais "simples" como: "não beijar um babaca na balada!". Sério.. se o cara não te respeita na balada, vai te respeitar onde? Eles estão em todos os lugares!

Luiza Original disse...

Eu ia comentar sobre encarar homem na rua, mas a Carol foi mais rápida.

Não sei nos outros estados, mas em São Paulo, onde o crime de latrocínio cresceu no último ano, e com a cidade de São Paulo acostumada com bandidinhos gritando pra passar tudo e "não olha pra mim, não olha pra mim!", eu fico com medo de encarar, dependendo da situação.

Em outras, é válido, sim.

lola aronovich disse...

Thomas Toddy, leia o livro do Gavin de Becker. Uma das coisas que ele diz é que estupradores e assassinos não são monstros. São pessoas. Pessoas com quem convivemos diariamente. Se vc acha que não vale a pena educar pessoas, azar seu. Eu sou professora, então obviamente acredito no valor da educação. E sua comparação-clichê dos leões e zebras é ofensiva -- pros homens. Vc está querendo dizer que homens são seres irracionais e incontroláveis que têm por instinto estuprar. Desculpe, não acredito nisso. Pelo jeito tenho uma opinião bem melhor sobre os homens do que vc. Imagina se eu não fosse uma man-hater feminazi!

Publiquei o comentário da Laura apesar de ter certeza que é da mascu Raziel, que não consegue largar o blog.

Lari Gambaro disse...

Ótimo post Lolinha. E o sr. Gavin está muito certo em insistir na tecla da intuição, quando fui assaltada e apanhei (apanhei muito) do bandido, eu o tinha visto no local e sabia que algo ia errado, mas desconfiei que poderia estar paranóica e julgando um desconhecido. Hoje eu sigo fielmente a minha intuição. Aliás, sofri um assédio hoje mesmo e me defendi na frente de todxs, senti orgulho de mim e muita raiva por perceber que as pessoas sabem quem são os assediadores, mas querem encontrar justificativas pro comportamento deles. A nossa intuição é certeira. Quando algo te parece errado, não arrisque, porque possivelmente estará errado.

Mirella disse...

Thomas toddy acabou de dizer: é natural do homem estuprar.


Daí as misândricas somos ~nozes~, né?
Que coisa, por que será que existe homem que não estupra?
E o fato de leoas caçarem mais que leões deve ser só uma coincidência neste belo exemplo de lógica.

É o mesmo bla bla bla de sempre.

--

O livro parece ser ótimo, e irei definitivamente lê-lo. obrigada pela lembrança do mesmo, vai para a lista de leitura!

Sara disse...

Ótimas dicas, e infelizmente sou como foi retratado nesse post, gosto de tratar todos com educação, mesmo quando estão me incomodando, mas as palavras do autor estão certas, pq a única coisa q conseguimos é mais aporrinhação e até um possível estupro se houver oportunidade, melhor é partir pra grosseria mesmo, e deixar bem claro uma negativa.
O problema é que não sei se por condicionamento ou por não querer causar má impressão, como racismo por exemplo, procuro ser o mais educada possível, mas é justamente nessas brechas que as vezes corremos algum risco.
Por outro lado, tb me coloco na posição de um homem que muitas vezes não deseja meu mal e quer apenas ser gentil e ele ficar com a impressão errada sobre mim, é muito desagradável, mas infelizmente não resta muitas opções, bem triste isso.

Andréa K. disse...

Oi Lola querida.

Você poderia fazer um post sobre essas táticas machistas de PUA?

Drica Leal disse...

Adorei o post, quero ler esse livro!

Essa obrigação social da mulher ser sempre gentil e docil é muito difícil de quebrar. Ficamos sempre à mercê de julgamentos e nos sentindo culpadas quando recusamos "gentilezas" ou atenção de desconhecidos, sempre preocupadas em não sermos grossas, paranóicas. E os homens não entendem que nenhum deles vem com um carimbo na testa dizendo: "olha, sou só um cara prestativo querendo ajudar" ou "estou mal intencionado". Sim, homens, vocês podem ficar surpresos com essa informação, mas infelizmente nós mulheres não temos um detector de caras legais ou violentos quando se trata do contato com estranhos nos abordando em estacionamentos, oferecendo carona, encarando ou puxando conversa fiada para não sei o que. E não entendem porque na nossa cultura, um homem quando é vítima de violência é por ataque direto e, na maioria esmagadora dos casos, homens sofrem violência de outros homens. São perspectivas completamente diferentes no que diz repeito a se defender ou ou se precaver.

Paty disse...

Lola, sou sua fã. Suas respostas são imbatíveis! Leio seus posts regularmente, embora nunca comente. Mas tenha a certeza de que guardo para mim bons ensinamentos retirados daqui, e saiba que já consegui superar muitas coisas com base nos seus textos. Indico seu blog a todo mundo. Obrigada por tudo! Espero um dia ter a chance de te conhecer, pois te acho incrível. E esse post em particular eu adorei. Revirou a minha memória... Um grande beijo.

Ta-chan disse...

Bom texto.
Mas, tem uma coisa que me deixou incomodada...
Tipo aceitar ajuda ou oferecer de uma mulher.Inglaterra, anos 60, Myra Hindley e Ian Brady ficaram conhecidos como "assassinos do pântano". Myra atraia as vitimas pedindo ajuda para procurar uma luva perdida ou oferecendo carona.Ela as levava para Ian, que estuprava, torturava e matava.
Uma exação talvez, mas eu não quero estar perto quando outra acontecer.
Link da Wikipédia:
https://en.wikipedia.org/wiki/Moors_murders

Disseram nos comentários sobre ser perigoso encarar homens...Sempre funcionou comigo.Quando ele pensa que vc não tem medo dele dificulta a abordagem.Se ainda assim ele chegar perto e dizer alguma coisa errada mesmo que seja só uma cantada besta, grite, não tenha medo de te chamarem de doida, ridícula o que for.Isso já me salvou.

Paty disse...

Olha, a única coisa que o Thomas Toddy falou que se aproveite é sobre o jiu-jitsu como defesa pessoal. Realmente, a chamada "arte suave", quando praticada corretamente, pode levar uma pessoa pequena a sair bem da briga com alguém maior porque exige menos força do que se imagina.

E olha que nem pratico a luta no chão. Prefiro o muay thai e o bom e velho boxe. :)

Iceman disse...

Vc disse que colocaria sua filha para fazer judô ou caratê.
Recomendo jiu-jitsu, aikidô ou krav magá, justamente porque são modalidades em que a diferença de força e tamanho entre atacante e atacado tende a ser eliminada e a força, velocidade e peso do atacante podem ser voltadas contra ele mesmo.
Só que eu discordo dessa reprovação que fazem com relação à precaução, a advertência que faço para meu filho não mostrar que tem dinheiro, não publicar informações pessoais na internet a fim de não chamar a atenção de eventuais assaltantes não significa que eu acho que a vítima de assalta é a culpada.
Penso a mesma coisa com relação ao estupro.
Não acho que a vítima seja a culpada, na minha opinião mesmo que a mulher saia pelada na rua, ninguém tem o direito de lhe tocar, mas, para que facilitar, quando podemos nos precaver?
Estupradores, assim como ladrões, são bandidos.
E alguém acha que eles se importam com a marcha das vadias?
Aliás, neste ponto a reclamação é infundada, porque estupro é o único crime em que a palavra da vítima é prova suficiente para condenar o acusado.
Os tribunais brasileiros entendem que, como é o tipo de crime quase sempre cometido às escondidas, um crime em que o agressor procura sempre uma situação em que não haja testemunhas, a palavra da vítima tem especial valor probatório.
Então, é infundado dizer que a justiça faz vistas grossas para o crime de estupro e sempre inocente o bandido.

Anônimo disse...

Sempre que eu volto da faculdade e dou de encontrar uma vizinha - uma garota que conheço desde quando ela era pequenina - busco acompanhá-la em uma distância segura, até que ela entre em sua casa. Depois sigo até a minha, onde meu irmão abre pelo interfone (ela ainda precisa abrir o portão). Ela sempre me cumprimenta e já comentou com a minha mãe de ser grata por isso. Me parece natural que façamos esse trajeto nos protegendo. Nada mais correto.

Anônimo disse...

nossa ....mais uma prova da hipocrisia das pessoas desse blog ,eu e outras pessoas fomos atacadas em alguns posts pq falamos que nós devemos evitar certas situações de perigo,tentar se defender .
disseram q estavamos culpando a vitima,agora tentar se defender n tem nada demais...

Raven Deschain disse...

Brigada. ^^

Anônimo disse...

Lola, o que houve com Raziel? (de verdade, nunca me convenci de sua mudança. Acho que era intuição)

lola aronovich disse...

Não sei, anon das 16:09. Raziel sempre foi uma pessoa ultra problemática. Eu sei que a expulsei do blog (quer dizer, não aceito mais seus comentários) desde que ela aproveitou que eu estava viajando e que não havia moderação de comentários para atacar uma comentarista com perguntas do tipo "O que aconteceu com vc, vc foi estuprada?"
Que eu saiba, ela foi expulsa de todas as comunidades que participou. Bem antes d´ela ser expulsa daqui, recebi alguns emails de leitoras queridas que tinham ficado amigas da Raziel, mas que, devido a mudanças de humor e comportamento depressivo dela, haviam sido insultadas. Eu disse pra elas que elas não merecem isso, que não são psicólogas dela, e que não têm que manter contato com uma pessoa perturbada.
Raziel nunca deixou de ser mascu. Ele continua odiando feministas em particular e mulheres em geral. Tomara que um dia ela realmente mude. Mas eu perdi qualquer interesse em saber.

Luiza Original disse...

Anônimo das 15:50, esse post me pareceu um empoderamento mais que necessário do que uma what to do list para não ser estuprada.

Quando ele fala para uma mulher num lugar deserto ser assertiva e firma ao recusar ajuda, por exemplo. A mim isso é empoderar a mulher e deixar de lado o modo suave e bonequinha de ser.

Seria um cagaregrismo dizer que a mulher não deveria estar fazendo compras tão tarde sabendo que o estacionamento está vazio.

Luiza Original disse...

"Só que eu discordo dessa reprovação que fazem com relação à precaução, a advertência que faço para meu filho não mostrar que tem dinheiro, não publicar informações pessoais na internet a fim de não chamar a atenção de eventuais assaltantes não significa que eu acho que a vítima de assalta é a culpada.
Penso a mesma coisa com relação ao estupro.
Não acho que a vítima seja a culpada, na minha opinião mesmo que a mulher saia pelada na rua, ninguém tem o direito de lhe tocar, mas, para que facilitar, quando podemos nos precaver?"

A diferença, meu caro, é óbvia. Enquanto que não ostentar e ser discreto realmente pode evitar assaltos, usar roupa curta não é pré-requisito pra ser estuprada.

Liana hc disse...

Eba, Gavin de Becker por aqui! De novo! Volta e meia faço propagada dele.

Gosto muito quando ele diz que a pessoa quando escolhe não ouvir está tentando controlar você, te forçar a seguir o script dela. Implicitamente está dizendo que você não tem capacidade de decidir por si mesma, por isso deve simplesmente se submeter às decisões do outro. É uma tentativa de minar o poder da pessoa, e isso obviamente só a faz ficar vulnerável, e qual é a intenção nisso? Não importa que isso venha numa fachada de sorriso ou solicitude. O embrulho não importa, a aparente simpatia é só mais um nível de controle. A coisa toda vai acontecendo em camadas, e conforme o agressor consegue ir avançado no terreno, isso vai ficando cada vez mais perigoso e complexo, e mais difícil de sair depois.

Ele também fala que devemos aprender e ensinar crianças que gentileza não é a mesma coisa que bondade. Gentileza é uma estratégia, uma forma de interação social, não um traço de caráter, e pode ser usada com segundas intenções. Uma pessoa gentil não é necessariamente boa, sociopatas por ex também aprendem sobre gentileza e demais regras sociais.

E são lições que podemos aplicar em qualquer situação da nossa vida, não somente em casos de risco de vida. Muitas vezes temos relações mais baseadas na tentativa de obter algum tipo de vantagem escusa e controle, por vaidade, insegurança. Isso também merece a nossa atenção, pois torna nossa vida social medíocre, superficial e problemática. E claro, auto-crítica é fundamental, que não sejamos essas pessoas para os outros.

Priscila Boltão disse...

Vou tentar comentar rapidamente sobre os comentários, que eu sempre evito ler justamente pq sinto necessidade de responder e não tenho tempo: eu acho importante que oq estamos falando aqui é a defesa "agressiva" em vez da passiva. As dicas de segurança pra mulheres sempre vem como atitudes passivas pra que se evite situações que, se vc encontra um estuprador em potencial, não podem ser evitadas. Sempre o uso do "não": não usar roupas reveladoras, não beber demais, não sair em determinados horários. Essas dicas de defesa são relacionadas a tomar uma atitude, ser assertiva e, se necessário, agressiva.
E apesar do Toddynho, reafirmo que ensinar os homens a não estuprar é eficiente SIM, por um simples motivo: o objetivo da cultura de estupro é naturalizar a agressão sexual - muitas vezes, estupradores não sabem que são estupradores, fim. Aquele "cara legal" que faz gentilezas pra garota e tem relações com ela mesmo ela dizendo "não" não sabe que é um estuprador - disseram pra ele que ela tinha obrigação e que "não" às vezes é sim. Hell, o cara que abusou de mim não sabe oq fez - disseram a ele que uma garota que sai a noite de minissaia "está pedindo por isso".

Agora, sobre o post: acabei de ler uma notícia sobre uma garota de 12 anos que acordou a noite com um invasor armado se masturbando ao lado da cama dela. Ela se lembrou de ter visto em CSI eles dizendo que demonstrar medo é pior. Então ela mandou a irmã de oito anos fechar os olhos e peitou o cara - ela disse que não permitia que ele fizesse aquilo e que ele devia se envergonhar de fazer uma coisa daquela.
O cara saiu do quarto sem fazer nada a ela.
Lembro tb de um caso de uma guria que sofreu uma ameaça de estupro de um cara por ser "uma maldita feminista" e em vez de ficar com medo ela olhou pra ele e disse "Se você encostar um dedo em mim, eu mato você". O cara largou ela.
So yeah, enfrentar funciona. Pode ser perigoso e não muito recomendado, mas gente que não enfrenta sofre abuso do mesmo jeito.

André disse...

Priscila Boltão,

Concordo com você, dá para ensinar os homens a não estuprar. Eu tinha umas ideias bem erradas quando era mais novo, embora não creio que chegaria a estuprar alguém. Melhorei um pouco (acho) à base de um pouco de admoestações de amigos e um pouco de leitura e reflexão. Concordo que tem casos que o cara nem sabe que está fazendo algo errado, mas se ele tentou esconder ou ameaçou a vítima então ele sabe sim.

Drica Leal disse...

Não há dúvida de que o agressor sempre vai escolher o que parecer mais fácil. Entre vítimas em potencial, sendo que uma demonstra que pode reagir ou dar mais trabalho (seja com gestos, postura, palavras ou detalhes de comportamento que eles reparam) e outras que dão sinais de medo e passividade, eles vão para as que aparentemente oferecerão menos problemas. E essa dica de ao sentir que está sendo seguida e olhar pro cara funciona mesmo. Melhor ainda se voceê puder parar em algum lugar onde tenham outras pessoas e esperar, pra saber se ele vai sumir de vista.

lica disse...

Queria ler os coments, mas está corrido. Vou tentar ser breve.

Já falei mil vezes aqui que sou desde há 8 anos trabalho literalmente só com homens. Isso me ajuda a entender um pouco a cabeça deles, que também é afetada pela cultura de estupro.

Eu nunca fui uma pessoa de rodeios, mas em relação a paqueras, sou absolutamente direta.

Quando eu tinha 17 anos fui ser modelo na China. Em uma viagem entre Pequim e Xangai conheci um time de jogadores de futebol, que tinha vários brasileiros. Eu puxei conversa e viemos conversando no voo. Troquei telefone com o cara que mais conversei. Para mim o clima era de expandir a amizade com brasileiros.

Nos ligamos durante alguns dias e numa dessas vezes que ele chamou pra sair eu disse: "legal, chama o pessoal do seu time e eu chamo as outras brasileiras do apto".

1)Claro que eu não ia sair sozinha com um desconhecido, do outro lado do mundo. Também queria ver qual era a dele.

Ele tentou contornar, sem deixar evidente que era uma paquera. Então eu disse: "Olha, eu não vou sair sozinha com você, pq não sei se quero alguma coisa com você. E não quero te dar expectativas".

2) Eu até estava interessada no cara. Mas quando ele forçou a barra pra sair sozinho, cai fora. Ser direta e clara evita que o cara fique bravo pq você "deu trela" e fez ele perder tempo.

O cara falou que eu deixei ele sem graça, que não era bem por aí. Eu me expliquei e desligamos. No dia seguinte ele me ligou uma vez e eu não atendi. Durante aquele dia ele me ligou 12 vezes, eu não atendi nenhuma e ele não ligou mais.

Tenho certeza que evitei uma fria.

Acho que a mulher adotar um discurso direto e claro faz com a gente de um passo bem concreto contra a cultura de estupro, e facilita pros homens também.

@dddrocha disse...

Que post memorável, Lola. Ainda vou ler outras vezes para absorver melhor as informações e não deixar passar nada.
Lola, sempre que tem esse tipo de post fico muito tempo pensando em como abordar esse assunto com a minha sobrinha de 12 anos (mas tem corpo de 16 =(). A mãe dela fala bastante sobre isso, mas não gosto do tratamento que ela faz, que é justamente ensiná-la a como não ser estuprada. Eu queria fazer uma abordagem diferente, mas sem ser invasiva, pois ela está numa fase pré-adolescente muito difícil e não quero piorar tudo.
Tenho muito medo que algo aconteça com ela. Claro que não falo pra ninguém, mas ela mora numa capital, é linda, tem corpo de mocinha já, e todas que frequentam esse bloguinho tem uma história de horror pra contar, eu mesma sofri abuso na infância e ninguém da minha família nem sonha, mas gostaria muito de impedir que algo acontecesse com ela.
@dddrocha

Li disse...

Outra coisa importante da arte marcial, nem é só a confiança e habilidade em si.

Mas também a sensibilidade para analisar situações de risco.

Ao andar sozinho a noite, saber onde estão localizadas as pessoas na rua, não andar próximo de muros e cercas onde você pode ser encurralado, virar a esquina de maneira bem aberta (você evita no mínimo trombar com alguém) e etc.

Se precisar bater em alguém, escolha:

Queixo - (pode reparar no UFC, sempre que acerta o golpe no queixo, a pessoa desmaia).

Nariz - porque sangra fácil e lacrimeja muito. Dá tempo de gritar e correr.

E o famoso golpe baixo.

Concordo que Jiu Jitso seja uma boa luta, mas é difícil achar academia onde treina menina, e é f#da dizer isso, mas os caras do Jiu (perdoem a generalização) tem um estilo bad boy, e são meio sacanas, especialmente pq só é treino de chão.

Krav Magá é muito bom! E também academias e lutas que o mestra faça questão de perpetuar os valores das artes marciais como respeito, hierarquia, espírito guerreiro essas coisas.

Anônimo disse...

Carol, isso de encarar é válido porque muita vezes o agressor procura a vítima desatenta. É mais fácil surpreender alguém que não está prestando atenção em você e assim há uma chance menor de você reconhecê-lo. O agressor se aproveita da situação de vulnerabilidade da potencial vítima e mostrar a ele que você está atent@ à sua presença pode intimidá-lo. Já ouvi a mesma dica de policiais em relação a possíveis assaltantes, ou suspeitos que estejam te seguindo pelas ruas.

Uma vez até usaram a seguinte situação: você está sozinha em um elevador e o cara ao seu lado parece estar te encarando. Estranhamente, ele vai descer no mesmo andar que o seu... É claro que pode ser apenas uma coincidência, mas por via das dúvidas, mostre que você está atenta. Eles esperam que você abaixe mesmo os olhos e faça o possível para evitá-los, então, faça exatamente o contrário. No caso do elevador, a dica que deram era perguntar se o cara mora/trabalha ali, ou perguntar as horas, encarando-o de forma séria. Assim, você mostra que gravou o rosto dele. Se estiver mal intencionado, é provável que o rapaz desista disso.

Elaine Cris disse...

Boas dicas pra gente se livrar de situações chatas ou que nos inspirem medo.
Eu já liguei meu botão do foda-se há algum tempo. Não sou obrigada a ser simpática quando não estou a fim ou até mesmo com receio da situação. Não chego a ser grossa, mas se não estou a fim de conversa ignoro, ponho fones de ouvido, mudo de lugar, não atendo ligações se já deixei claro antes que não quero prosseguir com o contato. A gente não precisa ficar sorrindo e fingindo ter interesse quando não tem. Assim nem eu perco o meu tempo e nem a pessoa em questão perde o dele.
Nessa questão da mentira eu ainda acrescentaria a pessoa ser extrovertida e mesmo assim não te olhar nos olhos enquanto dá detalhes demais (digo pessoa extrovertida, porque as mais tímidas já não são muito de olhar nos olhos mesmo, e isso só indica timidez e não mentira). Passei por isso há alguma semanas, um cara que conheci e que só mentia, querendo me impressionar, dando detalhes demais e nunca me olhando nos olhos durante suas histórias mirabolantes, mesmo sendo uma pessoa bem extrovertida. É patético perceber quando uma pessoa está mentindo, ou porque suas intenções não são boas ou porque não confia no próprio taco e precisa ficar criando histórias pra impressionar.

Paula disse...

Sobre encarar, eu lembro que uma vez eu fui atravessar uma rua. Só tinha eu e mais um homem lá. De repente, o sujeito literalmente encostou atrás de mim, não faço ideia do que ele queria. Então, eu virei e encarei bem na cara dele e o cara simplesmente saiu andando.
Outra vez antes desse episódio, aconteceu uma coisa parecida. Eu ia atravessar a rua e um sujeito encostou atrás de mim. Só que nessa vez eu tentei ficar longe dele, eu andava mais pra perto da rua e ele vinha junto. Até que ele me chamou e mostrou que tinha tirado uma foto da minha calcinha com o celular. Se eu tivesse agido que nem no primeiro episódio que eu comentei, com certeza eu teria sido poupada dessa humilhação.
Agora eu faço o meu melhor pra não abaixar a cabeça mais.

Perguntas disse...

1) Faz sentido fingir que adultos não sabem que não devem cometer crimes violentos por aí e que devem ser ensinados a isso?

2) Faz sentido assumir que todo mundo com quem você cruza na rua é um predador sexual pronto para atacar?

3) Não é um pouco odioso afirmar que metade da humanidade são criminosos sub humanos?

4) Estão me dizendo que se não falarem para eles não fazerem, um homem adulto, que trabalha, tem habilitação, cartão de crédito, formado, que se sustenta e vive sua vida normalmente, ou seja, alguém responsável por seus atos, que tais pessoas não sabem que não devem sair por aí estuprando ou cometendo outros atos violentos dignos de predadores pré civilizados?

5) Então você, um cara crescido; não sabe que estupro é algo que está fora de um comportamento aceitável se não tiver alguém te fazendo te lembrar disto? Você precisa que alguém fique te lembrando disto? Você cha que os homens precisam mesmo que fiquem lembrando isso a eles?

Déborah disse...

Lola, lendo esse post lembrei de um caso que aconteceu comigo. Não tem a ver diretamente com a intuição, mas é uma história interessante.
Num sábado, eu e três amigas estávamos voltando a pé pra casa de uma festinha. Nesse fim de semana, acontecia na cidade ao lado um evento esportivo, que sempre atrai muitos turistas pra região.
Quando saímos da festa, vários cachorros vira-latas de rua começaram a nos seguir. Eram cerca de 6 cachorros, de vários tamanhos. Poderíamos ter enxotado os cachorros, mas resolvemos deixá-los nos acompanhar, acreditando que em alguma parte do caminho eles iam cansar da gente e parar de nos seguir. Quando já estávamos no nosso bairro, com a rua super vazia, um homem passou de moto e ao nos ver, dei meia volta e veio em nossa direção. Quando o motoqueiro chegou perto, os cachorros já começaram a rosnar. O cara veio devagar com a moto, com um papinho, perguntando o que tinha pra fazer na cidade, pra onde estávamos indo, onde morávamos e sempre se aproximando mais. Quando o motoqueiro parou bem perto de nós, os cachorros começaram a latir pra ele e o maior avançou na perna dele. Nesse momento, já estávamos até tremendo de tanta tensão. Mas graças a Deus, ele resolveu ir embora e não nos seguiu. Os cachorros deixaram cada uma de nós na porta de casa e depois dispersaram. Nesse dia eu comecei a acreditar em anjo da guarda. Tenho até medo de imaginar o que seria de nós sem nossos anjinhos.

Sara disse...

Eu realmente lamento q tenhamos q tomar tantas precauções para evitar violências.
Já passei, acho q como todas por muitas situações embaraçosas nas ruas, já vi casos de rapazes mais jovens, perceberem q vc esta com medo deles, e tomarem atitudes mais ameaçadoras ainda, e se estão acompanhados rirem desse tipo de situação, o q me provoca muita raiva, mas tb já passei por casos em q o homem vem na sua direção na rua, e é claro acaba inspirando temor, e quando vc se aproxima mais, vê que ele esta distraído da situação toda, mas qdo ele percebe q vc esta com medo dele, fica visivelmente perturbado, uma vez eu nunca vou esquecer , ao acontecer um fato desses, o rapaz me olhou com muita tristeza, creio q por ter percebido o pavor q apenas a sua figura me inspirou, e em seguida atravessou a rua, para não causar mais esse tipo de constrangimento.
Eu fiquei muito chateada, pois continuo achando um absurdo termos que viver nesse tipo de clima de desconfianças de todos os homens que cruzam nosso caminho.
Mas infelizmente pelo volume de histórias de terror q escutamos todos os dias, nosso temor não é sem fundamento, mas mesmo assim ainda acho profundamente lamentável.

Drica Leal disse...

Outro dia um homem de bem (risos) ficou aborrecido comigo. Eu estava esperando o ônibus num ponto perto de casa, por volta de meio dia, e ao meu lado estava uma senhora com duas crianças. O sujeito, que estava sozinho veio desacelerando o carro e parou pra oferecer carona, mas só pra mim. Eu recusei com cara de poucos amigos e ele respondeu: pra que tanto orgulho? Eu disse: "porque se fosse gentileza, vc teria oferecido carona pra ela (a mulher com as crianças) também." Ele saiu xingando, rs. Eu nunca aceito carona de estranhos, (no way!) e nem acharia seguro a mulher com as crianças aceitar. Mas esse é apenas um caso ilustrativo dessa tal gentileza inocente que muitos homens oferecem. Sempre digo que quem é gentil, é com qualquer um quando tem oportunidade e pronto. É algo espontâneo, sem ver a quem.

E é fundamental, como bem frisado pela Lola, que nós mulheres sejamos solícitas umas com as outras, mas infelizmente é muito raro que mulheres tenham esse tipo de atitude uma com as outras. Precisamos mudar isso.

Unknown disse...

Eu sei que alguns tem receio de encarar e dizem que não é sensato, mas isso já me tirou de uma fria.
Eu estava andando por uma rua deserta de Recife e já começava a escurecer.
Eu andava com a cabeça baixa, numa postura encurvada, até que vi um homem estranho me encarando do outro lado da rua, eu vi que ele moveu algo que trazia sob a roupa, nas costas, para a parte de frente da roupa. Enquanto isso atravessava a rua, na minha direção e olhando para mim.
Não pensei duas vezes, assumi uma postura ereta olhei nos olhos dele pra deixar bem claro que o tinha visto e segui pisando firme.
Quando ele chegou a 2m de distância de mim ele abaixou a cabeça e tomou outra direção. Desde então eu mantenho sempre uma postura ereta.

Ótimo texto, Lola. Vou comprar o livro.

Anna disse...

Talvez hoje os garotos não chiem tanto (''mas todo homem é estuprador agora??'') já q o post fala de um livro escrito por um homem


E sobre encarar, eu admito q não sei se faria isso em todas as situações pq vc de fato fica com medo de acabar irritando a pessoa, mas me lembro de ter lido uma vez (talvez aqui?) de q um estuprador em série escolhia suas vítimas no mercado, focando nas q não olhavam nos olhos dele, não faziam contato ocular direto.. Ele batia com o carrinho no carrinho delas e as q pediam desculpas (quando era ele q devia se desculpar) eram seguidas até em casa pois haviam demostrado passividade, algo assim a história..

Quanto ao Gavin e seu livro, nunca cheguei a ler mas assisti uma entrevista dele na oprah há alguns anos.. No programa várias mulheres falavam como as coisas q ele ensinou, as salvaram em situações de risco com algumas até falando de q haviam conseguido lutar com o agressor e assim evitaram de serem levadas para o segundo local pois nesse segundo local a situação ficaria no controle do agressor..
Ele tbm frisou muito o poder do ''não'' (''não é uma frase completa''), algo q eu sempre me lembro. Ele disse q quando mulheres dizem 'não', muitos ouvem um ''talvez'',''me convença'' e eu costumo pensar nisso em relação aos meus pais.. Enquanto com meu pai não é não, com a minha mãe nunca foi assim..

Anônimo disse...

Tenho várias histórias de abordagens ridículas de homens do bairro onde moro. Uma vez eu e duas amigas estávamos tomando sorvete e andando à noite no nosso bairro e um carro se aproximou e os rapazes, que deviam ter uns 20 anos, que estavam dentro começaram a perguntar se o sorvete estava bom, se a gente não queria dividir, que era para nós pararmos de ignorá-los e dar um "oi" pelo menos. Felizmente, eles foram embora quando viram que não ia rolar atenção. Outra vez, um homem chegou a descer do carro, e ele já vinha buzinando e nos seguindo há alguns minutos, e perguntar se eu e mais uma amiga queríamos ir na casa para "beber, conversar e afins". Lógico que falamos que não e ele incrivelmente foi embora. Eu não entendo o que passa na cabeça desses caras. Sérios problemas mentais, só pode.

Anônimo disse...

"Você acha que os homens precisam mesmo que fiquem lembrando isso a eles?"

Não sou a Lola, mas vou responder.
Infelizmente tem muito homem que faz certas coisas que ele mesmo não considera como abuso e é.
Tentar abraçar ou beijar alguém à força em uma boate ou no carnaval se aproveitando de ter mais força, aproveitar que uma moça está distraída e passar a mão achando que é uma simples brincadeira, mexer com mulheres na rua dizendo grosserias, insistir pra uma conhecida beber a mais pensando que assim ela vai ficar mais "facinha", se aproximar de alguma mulher que bebeu demais pensando em se aproveitar da situação, forçar a barra com a namorada ou a ficante usando o fato de ter mais força ou de pressão psicológica.
Pra tudo isso vários homens arrumam várias desculpas pra tentar justificar a si mesmo e aos outros que não está agindo errado, quando na verdade está. Muitos são até ensinados a verem essas atitudes como de macho e não como de alguém que está se aproveitando de outra.

K. disse...

Isso me lembra duas ocasiões, em uma eu tinha 12 anos e na outra 14. Na primeira, passei em frente à um lava rápido e os rapazes lá dentro mexeram comigo e a minha colega se irritou (eles foram extremamente grosseiros)e os xingou. Um deles, o maior, veio até nós, me segurou pelo pulso, o que fez minha pulseira estourar no fecho e cair no chão. Eu, muito ingênua e assustada, me abaixei para pegá-la, e nisso esse cara me golpeou nas costas. Havia muita gente passando, mas ninguém fez nada, mesmo quando comecei a tossir sem controle, caída no chão. Antes de me largar lá, ainda ouvi ele dizer, sob os gritos indignado da minha colega, que "vadia tem que apanhar". A outra situação, quando eu tinha 14, fora voltando da escola. Havia uma rua deserta, e um batalhão de polícia logo acima (os PM's nunca vigiavam o local). Eu estava andando quando notei um cara com capuz me seguindo, e chegando cada vez mais perto, mãos no bolso. Imediatamente, minha reação fora puxar meu celular, fingir discar algo e continuar andando, fingindo normalidade. Depois de alguns segundos, fingi estar falando com um tio fictício, que eu dizia ser policial, combinando de encontrá-lo. Talvez eu tenha me exposto ainda mais, mas a minha auto-confiança naquele momento, fez o cara se afastar e ir embora. Meses depois, saiu no jornal da cidade a foto do sujeito, que havia sido morto depois de uma tentativa de assalto.

Drica Leal disse...

Ai, vamos lá, anônimo:


1) Faz sentido fingir que adultos não sabem que não devem cometer crimes violentos por aí e que devem ser ensinados a isso?

R - Bem, gistaria de saber o que você considera como "crime violento". No caso de estupro, imagino que você deve ser mais um a pensar que estupro é só quando um maníaco psicopata ataca uma mulher com uma arma, bate muito nela, quase a mata ou mata. Mas pela milésima vez precisamos dizer que existem várias maneiras de estuprar uma mulher. E a maioria delas é utilizada por caras comuns e sim, muitos deles não sabem que o que fizeram é estipro, afinal, eles não bateram, não ameaçaram a vida da vítima. Eles "apenas" se aproveitaram de situações para fazer sexo sem consentimento, o que muitos homens não sabe que se trata de estupro.

2) Faz sentido assumir que todo mundo com quem você cruza na rua é um predador sexual pronto para atacar?

R - no mundo onde eu vivo, mulheres são todos os dias agredidas por homens, por diversos motivos. O contrário raramente acontece. Quando foi que você sentiu sua integridade física ameaçada por uma mulher? Então não me culpe se o meu gênero foi socialmente condicionado a temer o seu enquanto que pra você mulheres não representam uma ameaça.

3) Não é um pouco odioso afirmar que metade da humanidade são criminosos sub humanos?

R - não somos nós quem dizemos isso. Apesar de socialmente a violência ser um expediente quase exclusivo da masculinidade, nenhuma feminista acha que todos os homens são monstros. Mas muitos agem como se fossem (e outros tantos até gostam que as mulheres sejam mantidas nesse sistema de medo, pois isso sustenta a pretensa superioridade dos homens) e esses homens não vem com um crachá de identificação escrito: "olá, me chamo fulano e faço parte do grupo de homens que intimida e agride mulheres".

4) Estão me dizendo que se não falarem para eles não fazerem, um homem adulto, que trabalha, tem habilitação, cartão de crédito, formado, que se sustenta e vive sua vida normalmente, ou seja, alguém responsável por seus atos, que tais pessoas não sabem que não devem sair por aí estuprando ou cometendo outros atos violentos dignos de predadores pré civilizados?

R- pergunte isso às mulheres e garotas que foram vítimas de estupro de outros crimes cometidos por esses caras que trabalham, tem habilitação, cartão de crédito, etc. Infelizmente, elas são milhões, no mundo inteiro.

5) Então você, um cara crescido; não sabe que estupro é algo que está fora de um comportamento aceitável se não tiver alguém te fazendo te lembrar disto? Você precisa que alguém fique te lembrando disto? Você cha que os homens precisam mesmo que fiquem lembrando isso a eles?

R - pergunte isso aos homens do seu convívio. Porque realmente, nenhum cara chega numa roda de amigos dizendo: "eu estuprei minha colega, prima, amiga, vizinha"... Geralmente isso é contado como um caso de oportunidade para sexo, tipo, aquela "vadia"que estava numa festa "se oferecendo" mas quando ele avançou ela disse não o queria e ele achou um absurdo, ou aquela vez em que uma conhecida ficou bêbada e ele não achou nada demais "tirar uma lasquinha", ou a vez daquela outra "vadia" que foi à casa dele ou ao motel e na hora h disse não, ou desistiu e ele insistiu para que transassem, afinal, se ela foi lá, ou ainda da vez e, que ele fez "gentilezas" pra uma mulher que depois não quis nada com ele e ele se sentiu super ofendido...

Respondido?

Anônimo disse...

Ai Sara liga pra esses homens não! Homem é tudo bicho e por mim tinham que ser todos rastreados pela polícia!

B. disse...

Oi, Lola.

Sobre o trecho que você falou que as mulheres tem que se unir e tal..me lembrou um episódio que uma pessoa que conheço disse que preferia trabalhar em um ambiente 100% masculino pq mulher era tudo falsa, cobra...o que fazer em tal situação? Sinceramente não entendo mulheres achando que as mulheres(!) são ruins, todas venenosas...

Drica Leal disse...

desculpa pelas letras omitidas ou trocadas em algumas palavras, vírgulas fora do lugar, etc. Teclado touch me trollando sempre! 

Anônimo disse...

Oh Gente, adoro esse livro. Recomendo muito, muito mesmo
Juliana

P. disse...

Alguém aí falou algo do tipo "ai, agora pode falar sobre como se precaver, mas quando eu comentei alguma coisa num guest post, todo mundo disse que tava culpando a vítima". Não foi exatamente isso, mas era a ideia.

Olha, é muito diferente ler um post voltado para como as mulheres podem agir para se precaver ou se defender de uma possível agressão - que aconteceria independentemente de roupa usada, quantidade de álcool ingerido etc - e voltado para ir quebrando aquela coisa que somos ensinadas desde sempre, de que devemos ser legais, bondosas e receptivas ou vão pensar mal da gente, de ler um guest post de uma menina que sofreu violência depois de desmaiar pq bebeu e ver trocentas pessoas querendo discutir se ela devia ter bebido tanto ou não, se deveria beber com os amigos ou sozinha, blá blá blá.

Será que não dá pra perceber a diferença?

Lola, adorei o post e fiquei com vontade de ler esse cara. Qualquer pessoa que consegue passar dicas úteis de prevenção e ao mesmo tempo convencer que não responsabiliza a vítima por nada, vale a pena.

Anônimo disse...

Uma vez estava num desses fins de mundo dentro da USP qnd para um carro cheio de rapazes pedindo uma informação. Bom, sempre q saio do meu prédio lá tenho q ir perguntando, então achei q era o caso, qnd vou querer ajudar o cidadão ele solta um "jura q me ama"?
Aff. Fala sério. Na hora fiz uma cara de "vc é o maior babaca" e eles saíram.
Desde então não ajudo mais ninguém.

Anônimo disse...

Ótimo texto, gostei muito da sua abordagem do tema! É como você disse: "A responsabilidade de acabar com a violência contra a mulher é de quem comete a violência." Não adianta ensinar as mulheres a tentar evitar algumas formas de estupro se os homens continuam não sendo ensinados a não estuprar, muito pelo contrário. Mas realmente pode ajudar bastante. Antes prevenida do que arrependida... ou pior. Estou procurando alguma aula de defesa pessoal, até pelo desenvolvimento da autoconfiança e autopercepção de capacidades e potencialidades, que são tão minadas e subestimadas nesse mundo. E vou ler sim o livro, parece ser muito bom!

Lola, agora fugindo totalmente do assunto do post, mas você já reparou que masculinistas e machistas em geral só conseguem falar todos os absurdos que falam sobre as mulheres porque parecem ignorar completamente que mulheres nas sociedades atuais, e desde que se tem notícia, sofrem discriminações e opressões pelo simples fato de ser mulheres? Parece que apenas passam por cima desse fato facilmente observável e só acusam as mulheres, e principalmente as que lutam contra a discriminação e a opressão, de tudo o que consideram ruim no mundo e o que mais forem capazes de inventar. Ao ponto de elaborarem uma noção completamente invertida da realidade e vociferarem que os homens que são discriminados e oprimidos por serem homens. Muito desonesta e injusta a distorção da realidade promovida por machistas!

Anônimo disse...

Encarar não foi muito útil pra mim em uma situação, mas acho que poderia ter sido em razão à linguagem corporal, ou simplesmente, um desses casos em que simplesmente não dá cabo.

Um vez, indo para a casa de um parente perto do centro da cidade, pra sair da pesadíssima chuva de verão que caiu no meio do dia, peguei um atalho por um boulevard que, com esse tempo, estava deserto. Ouvi uma respiração pesada atrás de mim e notei um homem de boné que havia visto há pouco indo para a direção contrária. Primeiro alarme. Racionalizei que ele havia pensando em evitar o grosso da chuva pelas árvores, como eu. Na metado do caminho, percebo que ele se mantém ao meu lado, e, pra dispersar minha "paranóia", resolvo atravessar e ir por baixo de chuva mesmo. Noto que ele começa a atravessar também e encaro-o bem nos olhos, e ele mantém o olhar por um tempão. Segundo alarme. Diminuo o passo antes de ele chegar à calçada pra eu ficar atrás. Penso que ainda há chance de ser coisa da minha cabeça, mas instintivamente penso em rotas de fuga (estávamos no meio do boulevard, pra frente ou pra trás era a mesma distância), se alguém me ouviria gritar sob aquele temporal, que eu não tinha nem uma mísera chave em mãos pra me defender, se seria mais eficaz correr ou contra-atacar, no caso de...
Bom, continuo a passos cuidadosos atrás do cara, que começa a olhar pra trás e ainda me encarar nos olhos. Ele vai cada vez mais devagar também. Chegamos perto da saída do boulevard, onde há um pequeno prédio residencial. Quando viro a curva ele não está na calçada. Vejo pés por baixo de um SUV no estacionamento do prédio, imóveis. Agora meu coração está nos tímpanos e não quero nem saber se estou exagerando, saio correndo em direção à portaria de um clube esportivo do outro lado da rua. Quando passo na frente do prédio, vejo o cara correndo em volta do SUV. Chego na portaria e olho pra trás, ele está no meio da rua, parado, ainda me olhando nos olhos. Em uns segundos, um carro para no clube, e o cara finge estar procurando alguém nas janelas (todas fechadas) do prédio, e depois dá a volta e segue pelo boulevard.

Depois que a chuva parou e as ruas se encheram de gente, retomei o caminho e comecei a questionar minha sanidade de novo. Mil e uma explicações pro comportamento do cara me vinham à mente, e o pior, eu sabia muito bem porque. Mas era como se houvessem duas intuições opostas dando bandeira. Uma me alertando e outra imediatamente negando a anterior.

Essa doutrinação de passividade se torna quase natural. É muito perturbador notar que sua reação padrão a uma situação perigosa dessas é minimizar tudo para abafar sua "histeria".

Lembro de ter pensando muito sobre a psicologia dessa reação contra, por exemplo, um treinamento de defesa pessoal. Se eu fosse bem treinada em alguma arte marcial, mas ainda tivesse esse mesmo requício de doutrinação, teria agido de outra forma? Teria tido a mesma avalanche de dúvidas e medo?

Lembro também de ter pensado muito sobre reações apaziguadoras e agravantes, e como isso é absurdamente arbitrário.
Como disseram pelos comentários, encarar alguém pode acabar incitando um confronto que não existiria; ou poderia evitá-lo de completo. Mas simplesmente não há como prever qual é qual.





Anônimo disse...

Diz um antigo ditado da terra-dos-homens:

Se as mulheres se afastarem dos homens ou afastarem os homens, então eles virão atrás das mulheres para nos estuprar, e é por isso que todas nós devemos amar os homens.

E o nome disso é "aliciamento heterossexual". É um comportamento predatório por meio do qual os homens heterossexuais forçam as mulheres - que não direcionariam originalmente suas energias, seu amor e seu afeto aos homens, nem os procurariam, em vão, como fontes de cuidado, amor e afeto - a ficarem do lado deles, cuidarem deles e se dedicarem a eles.

O pior é que esse aliciamento é realizado em garotas desde o mais cedo possível, desde o berço, a fim de deliberadamente enganá-las e desviá-las em direção aos homens, com a ajuda de mulheres mais velhas, já previamente aliciadas.

Aline disse...

Eu já evito a muito tempo algumas coisas, me viro sozinha e se não consigo me virar sozinha, peço ajuda a umx funcionárix do supermercado(por exemplo).
Fiquei curiosa para ler esse livro.
Eu comecei agora a fazer condicionamento físico, pilates, ioga e musculação, para ter mais agilidade,flexibilidade e força e por que fiquei com medo de entrar em uma luta sem condicionamento nenhum.
Minha ideia é que daqui a uns 3 meses eu comece Jiu Jitso ou Muai Tai.
Temos que nos unir sim.
Eu sei que tudo isso ajuda em algumas situações e em outras não ajuda em nada, infelizmente.

bjs

Anônimo disse...

Ajuda mutua entre mulheres ajuda mesmo.

Lembro-me uma vez, 3horas da tarde eu acabava de sair do onibus e me dirigia pra casa, percebi que tinha um cara me seguindo. Pensei se nao era paranóia minha, talvez so estivesse indo pelo mesmo caminho.

Tenho que passar por umas ruas meio desertas pra chegar em casa e vi que o cara continuava do outro lado da rua fazendo o mesmo caminho, só alguns passos de diferença. Imediatamente entrei numa loja, paranóia ou nao, nao queria ficar pra tirar a duvida, demorei lá uma hora e sai. Um quarteirão adiante percebo que o cara continuava ali do outro lado da rua seguindo o mesmo trajeto que o meu,

Virei a rua dando volta no quarteirão, me ensinaram que isso deposta ladrão. E pensei tinha perdido ele de vista, de repente, ele de novo do outro lado da rua seguindo o mesmo trajeto que o meu e me encarando,

Ele viu que eu o vi. Acho que isso de encarar o cara nao funciona sempre.

4 horas da tarde agora! Ruas meio desérticas, é verdade. Aí vi uma velhinha se aproximando. Lembrei de outra coisa que me ensinaram : "finja conhecer essa pessoa" foi o que fiz cheguei pra velhinha e disse alto "vovó! Que saudades da senhora! Como vai o vovo? Muito trabalho com os recrutas?"
Imediatamente o cara deu meia volta e foi embora num passo rápido.

E olha ele podia ter acabado comigo e com a velhinha..... Nao tínhamos forca suficiente. Mas esses caras sao covardes e entre duas ficou com medo.

A velhinha entendeu, depois ate fomos tomar um chá juntas... Foi bem legal. Mas passei medo.

Anônimo disse...

Anônimo 00:34
É nunca da pra saber, uma vez um carro também parou e dois caras me perguntaram onde era o teatro, eu dei a informação e eles agradeceram e falaram "puxa muito obrigado, hoje em dia as pessoas estao muito desconfiadas, entendemos, mas vc é a primeira pessoa depois de 5 que tentamos perguntar que nos ajuda. Valeu"

Anônimo disse...

Eu sei que roupa curta ou burka nao evitam de ser abusada, mas na minha experiência pessoal, toda vez que uso vestido ou saia sempre recebo cantadas, buzinadas de carros (se estou em uma rua mais vazia) e quando estou de calca comprida nunca ninguém me fala grosseria.

E isso que minhas roupas calca ou saia sempre sao discretos e larguinhos. Alguém pode me explicar se realmente nao vale a do "cuidado com o que vc veste?"

Beatriz G. disse...

Eu já fui seguida e escapei de algo terrível por sorte. Eu olhei para o estranho várias vezes e ele ainda continuou na minha cola... Essa de olhar no olho funciona somente se você conseguir ajuda logo em seguida, creio eu.

Hamanndah disse...

"Eu sei que roupa curta ou burka nao evitam de ser abusada, mas na minha experiência pessoal, toda vez que uso vestido ou saia sempre recebo cantadas, buzinadas de carros (se estou em uma rua mais vazia) e quando estou de calca comprida nunca ninguém me fala grosseria.

E isso que minhas roupas calca ou saia sempre sao discretos e larguinhos. Alguém pode me explicar se realmente nao vale a do "cuidado com o que vc veste?""

Anônima

Muito simples, se você não quer usar vestido ou saia porque acha que vai ser culpada pelas cantadas nojentas, deixe de usar vestido e saia e permita que nós, as outras mulheres que amamos vestidos e saias, usemos. Nós podemos vestir a saia e o vestido que quisermos. Não existe nenhuma lei que nos obrigue ao contrário e todas merecemos respeito.

Se você deixar de usar vestido e saia, o preço pode cair. Fará um favor a nós que amamos esse tipo de roupa

Saudaçoes, mulher machista

Unknown disse...

Lola, olha essa notícia pavorosa: http://noticias.terra.com.br/mundo/africa/egipcios-criam-barreira-para-proteger-mulheres-de-estupros-em-protestos,2f0dda8c874af310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

Pelo menos lá eles tem consciência disso, né... Já aqui...

Iceman disse...

Luiza Original disse...
"A diferença, meu caro, é óbvia. Enquanto que não ostentar e ser discreto realmente pode evitar assaltos, usar roupa curta não é pré-requisito pra ser estuprada."

Vc fala como se só quem ostentasse fosse vítima de assalto.
Ostentar sinais de riqueza também não é pré-requisito para ser vítima de assalto.
Assim como eu não preciso sair mostrando um roléx para ser vítima de assalto, é obvio que a mulher não será estuprada apenas se sair de saia curta na rua.
Mas, da mesma forma que prestar atenção se tem gente estranha rodeando sua casa antes de abrir o portão dificulta o assalto, usar uma calça jean em vez de uma saia curta também dificulta o estupro.
E esse tipo de recomendação não significa dizer que o culpado pelo assalto ou pelo estupro seja a vítima.
Em uma sociedade ideal, uma pessoa poderia deixar sua ferrari com a chave na ignição e ninguém se aproveitaria do fato para furtar o veículo, assim como uma mulher poderia sair usando a roupa que bem entendesse sem medo de ser molestada por isso.
Mas, infelizmente não vivemos numa sociedade ideal e, como pessoa que trabalha em contato com bandidos, afirmo com toda certeza que eles não estão nem um pouco preocupados com a tal marcha das vadias.

Iceman disse...

"So yeah, enfrentar funciona. Pode ser perigoso e não muito recomendado, mas gente que não enfrenta sofre abuso do mesmo jeito."

De fato, enfrentar funciona.
Em pesquisas sobre criminalidade, chegou-se à conclusão que mulheres que reagiam a estupros conseguiam evitar o estupro com muita frequência e mesmo quando não conseguiam evitar o estupro, sofriam menos abusos físicos do que aquelas que adotavam uma postura passiva para que o estuprador terminasse mais rápido e fosse embora.
As passivas sofriam muito mais abusos físicos, eram espancadas muito mais e de forma muito mais brutal.

O raciocínio é o mesmo do bullying, vc pode até apanhar do valentão, mas se reagir ele não irá mais se meter contigo.

Anônimo disse...

Lola, tenho pensando bastante sobre essa questão das mulheres não se ajudarem e tentado trabalhar meu pensamento pra não ficar vendo ngm como inimiga em potencial, sabe? Vc bem que podia fazer um texto sobre isso! : ]

Gabriela

Anônimo disse...

Hammandah

Sou a anonima que perguntou sobre quando visto vestido recebo cantada e quando uso calça nao

Em primeiro lugar não faltei ao respeito com ninguém, e acho grosseria da sua parte me chamar de mulher machista. Eu só comentei um fato que me acontece e acho estranho. Eu realmente recebo mais grosserias ("cantadas") quando uso saia do que quando uso calça comprida (que geralmente passo despercebida). Por que isso acontece? Essa era a minha pergunta. Será que porque homem se sente mais poderoso quando usamos vestido? Eu não sei. Em vez de me insultar vc poderia ter me ajudado a entender esse fato.

Em segundo lugar: Quanto mais pessoas usarem um tipo de roupa então é que o preço dela cairá. Então a sua logica oferta-demanda está obsoleto.

E por ultimo mas nao menos importante: adoro saia e vestido e nao vou deixar de usar por causa de uns babacas na rua, mas quando vou a faculdade a noite e tenho que atravessar uma praça meio deserta jamais uso essa prenda muito menos salto. Por que? Simples, a saia e o salto te limitam os movimentos, nao é tao pratico como calça se vir um doido é mais facil sair correndo, dar um chute nele de calça.

Agora, que eu recebo mais cantadas com saia recebo e nao gosto. Vc nao entendeu nada a minha questao.

Anônimo disse...

Lola,

Este post deveria estar em um poster na mesa de toda mulher que acusa qualquer um que fala em precaução de "culpar a vítima", de ser um idiota que não percebe onde está o problema e de ser machista.

Sempre que vejo reputações serem despedaçadas por comentários recomendando precauções como as do livro para mulheres, penso que os críticos poderiam ter mais boa vontade com quem criticam. Você, como trabalha com a escrita e sendo quem é, pôde fazer a ressalva explicitamente e lhe dão credibilidade ao fazê-la. No entanto, já vi vários homens, na imprensa ou em conversas de bar, serem atacados em sua moral e reputação por falarem exatamente a mesma coisa que você escreveu neste post, tudo devido à necessidade da "consciência social" de atacar alguém, a necessidade de "luta", de um "oponente", de ter alguém para chamar de estúpido e, assim, sentir-se melhor.

Sinto que muitas vezes falta é boa vontade a muita feminista.

Anônimo disse...

" Muito desonesta e injusta a distorção da realidade promovida por machistas!"

Inversão da realidade é basicamente o que machistas fazem desde o início dos tempos, ou pelo menos desde o início do tempo de opressão das mulheres..

Liana hc disse...

Essa de olhar direto para o possível agressor acredito que funcionaria na maioria dos casos porque muitos estupradores não esperam que a mulher confronte nem se defenda de maneira mais objetiva. Mas com certeza tem uma parcela de agressores que não são assim, alguns são bastante auto-confiantes, e para esses ser encarado, receber atenção da mulher poderia quem sabe até ser um estímulo. Mas como não tem como sabermos antecipadamente em qual categoria o fulano se enquadra, eu ainda acho que vale a pena encarar, e também buscar outras formas de aumentar o seu poder nestas situações como aulas de defesa pessoal, ter spray de pimenta na bolsa etc.

Luiza Original disse...

Assusta, E MUITO, a quantidade de histórias de terror que nós temos pra contar...

Anônimo disse...

Iceman, então leia o link que a Bruna mostrou que fala de mulheres egípcias sendo assediadas e até mesmo estupradas nas manifestações de lá.. e elas vestem véus e roupas que cobrem todo o corpo..qual a explicação para as roupas não as protegerem?

Anônimo disse...

Que livro lindo, minha avó dizia as mesmas coisas!

MonaLisa disse...

Lolinha, excelentissimo post.

Eu tbm sofro de ser má-educada com qualquer pessoa, pq não gostaria de ser tratada da mesma maneira. Nunca consegui terminar um relacionamento, preferia sempre sumir pro cara se tocar. Ou então, converso normalmente com caras que eu nunca vou ficar e eles acabam interpretando minha simpatia, com estar afim deles e depois ficam enchendo meu saco. Ultimamente, não estou mais 'enrolando', só digo que NÃO QUERO E PORQUE NÃO.

): “Encorajo mulheres a explicitamente refutarem aproximações que elas não desejam, mas sei que é difícil. Uma mulher ser direta nesta cultura tem uma péssima reputação. Uma mulher que é clara e precisa é vista como fria, uma megera. De uma mulher se espera que responda a toda comunicação vinda de um homem. E a resposta deve ser atenciosa e convidativa. É considerado atraente se ela for um pouco indecisa (o contrário de direta). Espera-se que mulheres sejam afetuosas, e no contexto da aproximação de homens desconhecidos, a afeição alonga o encontro, aumenta as expectativas e o investimento dele, e, na melhor das hipóteses, gasta tempo. Na pior, serve ao homem que tinha más intenções conseguir mais informações, que ele precisará para avaliar e depois controlar sua vítima em potencial”.

Esse trecho aqui matou, não sei que tipo de mulher os pega-ninguém mascus abordam pra dizer que são estúpidas e grossas.

E seria bom ensinar as meninas as cretinices e insinuações tipo: "Não vou fazer nada que você não queria." ou "Vamos entrar no motel só pra conversar." ou "Ah ta se comportando como criança." ou "Tem medo?" - tipicas asneiras machistas pra depois forçar a barra e ainda nos fazer sentir culpadas pelo estupro.

Sobre Defesa Pessoal, abriu um curso só pra mulheres aqui na minha cidade, 400 reais por 16 aulas, ensina a atacar os pontos principais, luta corporal, luta com facas, aula de tiro e ainda ganhamos um certificado pro caso de matarmos ou machucarmos um potencial estuprador dizendo que foi legitima defesa. Vou pegar a próxima turma.

Mas pena que não ensina o que eu queria aprender, é aprender a se defender de bando.

Lica disse...

Anônima da "saia" e "vestido"

A gente sabe que recebe mesmo mais cantadas quando está usando saia, por exemplo.

Um dos pontos, é pq de uma maneira geral, os homens acham bonito mulheres de saia. E a nossa cultura faz com que esses homens se sintam a vontade para "expressar suas opiniões".

Acontece ainda que estamos estruturados para achar que quem se veste de forma menos discreta, está "pedindo" pra ser cantada, pra levar uma passada de mão. Como se você estivesse vestida assim pra provocar os homens do mundo. Ou que você não "se da ao respeito" e com isso da a eles o direito de se aproveitar de você ou fazer grosserias.

O feminismo procurar quebrar esses padrões, mostrando que roupa curta não é um convite, que a mulher não é um objeto ornamental do mundo e etc.

Penso que se você gosta de saia ou de roupa curta não deixe de usar pelo que as pessoas vão falar ou pensar de você. Ou evite expressar e pensar essas coisas de mulheres que andam assim.

Tira do seu vocabulário palavras como vadia, fácil, periguete, se dar ao respeito e etc.

Eu acho sim, que se vestir de forma discreta quando você precisa viver situações mais arriscadas do que o normal, vale a pena.

Mas a gente continua lutando pra que possamos sair de casa com a roupa que quiser, sem ter que pensar que hora você vai voltar pra casa, e se será seguro estar vestindo aquela roupa.

A Lola tem inúmeros post falando de como pra mulher é arriscado fazer coisas que não deveriam ser. Como viajar de ônibus a noite, ou estar sozinha em um estacionamento. E o que as comentaristas querem dizer, é que 'se for mesmo, estatisticamente mais arriscado andar de saia', o risco é pouca coisa menor de andar de calça. Pq abusos e estupro ocorrem em abundancia de qualquer jeito.

Tem ainda uma questão, que eu suspeito que o fato de cantarem mais a gente quando estamos de saia, é justamente uma tentativa de nos intimidar, nos colocar no 'nosso lugar'. Acho que a lola concordaria com essa análise.

Ficou bem longa minha resposta e espero ter ajudado.

abraços

Anônimo disse...

Essa Hamanndah é mascu se passando por feminista? Que tipo de feminista se preocupa mais em ficar se diferenciando "daquelas outras", acusando mulheres disso e daquilo, em vez de se solidarizar com elas e enfrentar os misóginos e a misoginia incrustada na sociedade que não é pouca?

Anônimo disse...

Lica, sou a anonima da saia

Obrigada, a sua explicacao foi otimo. é que realmente eu fico meio perdida porque sei que nao importa o tipo de roupa, o cara quer mexer com vc, ele vai. Mas eu percebo uma substancial diferença quando uso saia e quando uso calça. E como falei, nem é mini-saia, eu sempre quando uso saia é ate o joelho no minimo. Nao uso roupa apertada porque acho desconfortavel. por isso eu penso que minhas roupas nao sao "femininas" o suficiente para que os homens tentem me por no "no meu lugar". Mas o que vc falou de com saia é como se eles tivesse "permissao" para emitir a sua opiniao. bem acertada mesmo.
Obrigada

Anônimo disse...

Eu ouvia na universitária FM da minha cidade, dicas de segurança que falava que as mulheres eram mais atacadas quando usavam saia, rabo de cavalo e outra coisa que não lembro.
Claro que só falava de casos 'clássicos' daqueles estupro violentos. Pela questão do cabelo preso como rabo de cavalo, penso que são coisas que facilitam o ataque. Porque se você for ver, se fosse por 'atração sexual' o cabelo solto deveria ser mais chamativo, sei lá.

Hamanndah disse...

Desculpe anonima da saia. Aqui e hamanndah. eu entendi errado pois achei que vc quis dizer que se usamos saias e vestidos estariamos sendo coninventes com os abusos. desculpe minha interpretacao equivocada


Mirella disse...

"usar uma calça jean em vez de uma saia curta também dificulta o estupro."

Claro, porque quando está calor não faz diferença alguma usar uma saia de tecido leve ou uma calça jeans. Quando vou me arrumar para sair e dançar, não vou pensar em qual roupa é melhor para isso, vou pensar em qual roupa dificulta estupro! Que idéia genial e original!
Ninguém nunca pensou nisso antes.
Mas né, mulheres só usam saia curta para chamar a atenção dos outros, não é por gosto, conforto ou vontade.
O que você sugere não é equivalente a olhar para a vizinhança do portão antes de entrar ou sair sozinha. É ficar presa em casa, dando para o ladrão a liberdade inteira da rua.
Mas pedir que você tenha um mínimo de empatia com as mulheres e evitar essas baboseiras de "use calça em vez de saia" parece ser um pouco demais. Muitas mulheres fazem isso desde sempre, e nunca evitou que nada de ruim acontecesse.
Mas com certeza repetir o senso comum ad infinitum é a melhor maneira de reduzir a violência contra mulher.

O pior é o desgosto de ver o apelido do meu Kimi usado por uma mente tão estreita e senso comum.

Anônimo disse...

Thomas, eu sou judoca e na minha academia ensinam SIM defesa pessoal.

O Judô não foi criado como um esporte olímpico, ele é uma arte marcial e que, como qualquer outra arte marcial, te prepara para agir rápido contra algum ataque. O Jiu Jitsu brasileiro surgiu a partir do judô, com a diferença que se desenvolveu mais no solo, enquanto o judô é mais desenvolvido na luta em pé. Mas o judô também tem técnicas de solo, inclusive, muitas que também são encontradas no JJ.

O judô como esporte olímpico é mais recente. Jigoro Kano, quando criou o judô, nunca quis que se tornasse um esporte. Arte marcial é arte da guerra, e é isso que o judô tradicional ensina, além de disciplina, equilíbrio e foco. :)

Carol Brandão

Anônimo disse...

Eu era (ainda estou em processo de melhora na verdade) exatamente o tipo de mulher que morria de vergonha ou peninha de ser incisiva, de fazer apenas o que quer, de falar abertamente as coisas, e percebo que este é exatamente o comportamento que se espera das mulheres, e é exatamente o tipo de comportamento que nos coloca em perigo todos os dias.



Felizmente para minha segurança, mas infelizmente pela nossa sociedade, hoje sou extremamente desconfiada.

E sempre penso EU TENHO O DIREITO, O DEVER MORAL COMIGO MESMA, de priorizar minha vontade, minha segurança.

Por que temos que sentir pena de um estranho, porque temos que sentir culpa em dizer um não incisivo bem direto, porque temos que nos sentir más, merejas???

É um exercício diário, você vai se desprendendo da cultura que nos cerca e nos educa desde pequenas.

Somos ensinadas a ter o seguinte pensamento

Nossa eu devo ser uma pessoa horrível por pensar uma coisa dessas de fulano, eu sou uma paranoica uma doida por desconfiar de uma situação destas

E nessa as mulheres vão ficando vulneráveis nem sabem bem o porque.



Dia desses eu me lembrei de um relato que você contou aqui

Uma colega me contou que a empresa onde ela trabalha solicitou que alguns funcionários fossem dar uma força para uma das filiais, pois bem no fim das contas por contenção de gastos ela teria que dividir o quarto com um colega, ela falou que não se sentia a vontade com esta situação, Lola as pessoas fizeram chacota dela, falaram que ela estava pensando que ia acontecer o que afinal?



Lola várias vezes ela questionou a postura dela, me falou que estava quase convencida de que ela é que estava errada mesmo.

Izabel
















Anônimo disse...

Sou a anónima da saia

Hamandah: sem problemas, mal entendidos acontecem.

Mirella: lógico que é errado pensar que tipo de roupa usar pra evitar ataque. Quando saio a noite pra uma festa uso saia porque acho mais bonito. Mas quando vou a universidade que estudo a noite e tenho que voltar sozinha atravessando uma praça que tem uma parte que dependendo do dia fica mais deserta, eu vou de roupa esportiva, nao porque chama menos a atenção, mas porque é mais pratica pra sair correndo, entende.
Se faz calor eu uso bermudao. Pronto
Quando saio pra uma festa que vou de saia eu nunca vou sozinha.

Infelizmente nao deveria ser assim e mesmo tomando precauções isso nao significa que to isenta de perigo, mas eu mesma me sinto mais segura,

Abraços

Anônimo disse...

Sou a anônima da saia de novo (é que entro como anônimo porque nao consigo saber como entrar com nome aqui, tampouco quero entrar com o meu email da Google)

Uma coisa que queria dizer, essa história de usar saia chamar mais a atenção acontece em países machistas como o Brasil. Morei uns anos na Europa e eu usava vestido direto, inclusive quando saia a noite e voltava pra casa sozinha, nao tinha medo, ninguém mexia comigo nao porque eu era fodona ou encarava diretamente na cara dos caras, nao, mas sim porque lá no pais onde eu morava os homens sao educados desde criança a respeitar as mulheres.nunca ouvi cantada nem quando passava perto de uma construção nem a noite tinha medo nada.

Comecei a usar calca comprida e so usar saia se estou em companhia ou se é dia em ruas movimentadas porque aqui recebia cantada direto sempre que usava saia e nao quando uso calca,

Nao tem lógica, mas infelizmente é assim aqui,
E acho uma bosta porque vestido qd vc se acostuma acha bem mais confortável que calca, nao aperta, é solto, vc se sente livre.
Mas no Brasil me sinto vulnerável.(comparado com o pais onde vivia, claro que nao sao todos os países da Europa que sao assim mas esse em especial era)

Abraços

MonaLisa disse...

Olha essa nojeira aqui:

http://euescolhifornicar.com/post/54515273381#disqus_thread

Pra quem ta dizendo que calça previne estupro.

Lendo os comentários aqui me lembrei de 3 situações:

- Estava voltando a pé com um amigo homo que se veste de mulher, por uma avenida que tem mais ou menos uns 700 metros, era umas 6 da tarde. E logo que entramos na avenida, passou um carro bem devagarzinho dando sinal pra ir falar com ele. Fez a volta até la na frente da avenida e passou por nós bem devagarinho novamente. Nós duas, as vezes pegávamos carona com estranhos, mas nesse dia, não queríamos. E ele foi até o final da avenida nos seguindo, passava pela gente e depois fazia a volta toda la na frente. Acho que isso me fez ficar mais ligada nos movimentos dos carros.

- Estava indo no mercado, eu tinha uns 16 anos e resolvi cortar caminho por um pedaço de terra, onde tinha uma ponte caindo aos pedaços. Tinha uma casa ali, a única casa da avenida, antes de entrar na terra. E quando eu tava na avenida, passou um cara de bicicleta e qdo me viu ficou me olhando e meio que desesperado entrou pelo caminho que eu ia. Eu fui bem devagarzinho, e dei uma distancia consideravel da casa pra atravessar a ponte e quando eu ia chegando perto, vi a bicicleta dele jogada e ele atras da casa se masturbando e olhando pra mim, imediatamente, disparei correndo pela ponte e na volta fiz o caminho mais longo.

- Outra vez, eu já tinha 18 anos era umas 2 da tarde, ia no serviço da minha mãe e pra encurtar o caminho, resolvi ir por um caminho de terra, onde não passava carro lá, só tinha os funcionários de uma fábrica que tem lá, mas o local era deserto. Essa estrada de terra tinha uns 500 m, quando eu tava quase chegando no final, três caras entraram lá, eu pensei e pensei de novo e resolvi voltar todo o caminho e ir pro mais longo. Mas fiquei olhando pra trás pra ver se eles não corriam, pq eu ia correr também.

Mas eu digo, que é apavorante viver assim.

Luiza Original disse...

Existe qualquer estatística, de institutos de suporte à mulher públicos ou privados, que mostre que a maioria das mulheres estupradas estava usando saia? Aliás, tem alguém aqui que trabalhe, ou conheça alguém, com vítimas de abuso sexual? Costumam perguntar para a vítima qual roupa ela usava, ou reparam na roupa e anotam? Estou curiosa.

Anônimo disse...

Aí meu deus, vamos explicar tudo de novo como se vcs estivessem no primário:
Acaso eu to falando que usando calca previne estupro? NAO
acaso eu to falando que vestir saia chama mais a atenção? Infelizmente no Brasil, SIM.
eu nao to me baseando em estatísticas, eu to me baseando NA MINHA EXPERIÊNCIA. EU QUANDO SAIO DE SAIA OS HOMENS mexem comigo, quando uso calca jeans NAO.
eu gosto de usar calca? NAO
mas uso porque na minha experiência de 2 anos aqui no Brasil percebi que com calca ninguém mExe COMIGO
sei que tem mulher que mesmo usando calca homem mexe, NAO Ê O O MEU CASO.
será que deu pra entender agora?

Que vou evitar de ser estuprada porque uso calca? ISSO NAO É GARANTIA. JA SEI DISSO.
que é mais fácil sair correndo, dar um chute no cara de calca? SIM
beijos
Anônima da saia

Liana hc disse...

Anon que falou da saia,

eu também uso mais calça larga do que saia ou vestido, e parte do motivo é para ter um pouco mais de sossego quando saio porque na minha experiência pessoal sou bem menos assediada quando estou assim. De fato, isso não é blindagem contra crimes, tampouco faço isso baseada em estatísticas sociais ou para ditar regra na vida de outras mulheres. Uma coisa é o discurso que questiona e busca mudanças, outra é a subjetividade de cada mulher no seu dia-a-dia. Aí é fazer o que se sente mais confortável.

Mirella disse...

Oi anônima da saia,


Na verdade, não me referi ao seu comentário, e sim ao do "Iceman". Acho que não ficou claro no meu coment, hehe. Tá vendo que no fim falei de Kimi? Então, ele é um piloto de fórmula 1, cujo apelido é justamente Iceman. Meu lado fã ficou possesso vendo uma mente tão estreita usando o apelido de um ídolo, rs.

Basicamente, não ouço nenhum conselho de vestimenta que parta de um homem que nunca vivenciará o que nós passamos.
Sobre homens mexerem quando usamos calça ou não, minha experiência é diferente. Já mexeram comigo em infinitas situações, com calça, short, saia. Assim como também já não mexeram comigo nas mesmas situações. Logo, para mim, nunca fez sentido tolher meu conforto e vontade, porque nunca foi isso que motivou a invasão do meu espaço. Quando mexem comigo, xingo, provoco e pego meu espaço de volta.
Um exemplo: voltando da aula de alemão, que é a duas quadras da minha casa, no inverno: estou toda coberta de frio, carregando livros. Um cara começa a mexer comigo quando cruzamos a calçada. Qual foi a minha atitude, que eu poderia ter "evitado"? Não foi pela minha roupa, não foi por eu estar na fila da balada, por estar bebendo, ou sei lá. Não deveria estar estudando, saindo de casa sozinha? Não faz sentido, né?
Infelizmente, não é só uma saia que causa assédio (mesmo se fosse, já haveria algo de muito errado aí). Onde mulheres se cobrem inteiras, ainda são assediadas. Nós, mulheres, temos de conquistar nosso espaço na marra, em vez de ceder ao machismo. Entendo sua sensação de "segurança" ao usar calça. Mas, na verdade, ela não existe. Talvez você se sinta mais dona do seu corpo e do seu espaço quando usa calça, transmitindo mais segurança, enquanto quando você usa saia você "sabe" que está mais vulnerável.
Mas, obviamente, você deve agir da maneira que mais lhe convier.

Iceman disse...

@Mirella

O simples fato de usar saia já tem conotação sexual.
Ou vc acha que a saia foi inventada para que as mulheres ficassem mais confortáveis?
Em ambiente de trabalho, homens usam calças independentemente do clima.
Pode estar chovendo, fazendo sol, nevando, um calorão dos infernos que a roupa apropriada para homens é calça comprida, são raríssimas as empresas que admitem que seus funcionários homens usem roupas curtas como shorts ou bermudas.
Vc acha que a invenção de saia para mulheres foi por acaso ou pensando no conforto de vocês no calor?
Porra nenhuma, o objetivo da saia, desde sempre, é sexual, é uma peça de roupa idealizada para que vocês mostrem as pernas e, assim, ativem a libido masculina, porque o homem é notoriamente estimulado pelo que vê.
Então, por favor, apesar de eu defender ferrenhamente o direito de as pessoas usarem a roupa que bem quiserem, não me venha com falácias invocando o conforto como motivo para usar esta ou aquela roupa.
Empatizo com vocês, afinal, tenho mãe, esposa, irmãs e filha.
Acho, do fundo do coração, que a igualdade de fato entre homens e mulheres só trará vantagens, inclusive para nós homens.
Mas, como alguém bem disse, uma coisa é vc brigar e reivindicar mudanças.
Outra, bem diferente, é se colocar em situação de risco.
Mas, cada um que faça o que melhor lhe aprouver.

Anônimo disse...

Desculpem se fui meio grossa no comentário anterior.
Acho que vc esta certa, mirella ao dizer que talvez eu me sinta mais dona de mim mesma ao usar calca.

Iceman: nao sei se a saia foi inventada para atiçar a libido masculina ja que desde sempre as mulheres usaram vestidos (compridos)e nao calcas compridas. Fico pensando, lá na idade media, os bárbaros, romanos, as mulheres usavam vestido por causa da propria anatomia mesmo (desculpe se falo uma asneira é so especulação) (menstruação, por ex...) ou simplesmente porque nao precisávamos de calcas compridas ja que no passado nosso trabalho nao era caçar ou lutar (desculpe se saiu asneira sao so especulações, nao sou historiadora).

Claro que os vestidos foram se adaptando a atiçar a libido masculina (espartilhos, minis saias, vestidos tubos etc) mas agora vou te dizer uma coisa, hoje em dia que existe uma quantidade enorme de tipos de vestidos e tecidos, que vc pode usar tanto vestidos ate o chão como minis, eu vou te dizer que o vestido acaba sendo muitas vezes infinitamente mais confortável que calça. Principalmente por ex, vestidos império, que sao os que nao apertam nada a barriga e sao larguinhos.

Abraços

Liana hc disse...

"Mas, como alguém bem disse, uma coisa é vc brigar e reivindicar mudanças.
Outra, bem diferente, é se colocar em situação de risco."

Então né, Iceman. Se você estava se referindo ao meu comentário, bem, esta última parte sobre "se colocar em situação de risco" não está de acordo com o que eu falei.

Eu não disse que eu uso calça para evitar situação de risco, mas simplesmente para que eu não receba cantadas ridículas na rua, o que não é a mesma coisa que ser estuprada por ex. Eu não acredito que vestuário seja determinante na agressão sexual, até porque o que move o agressor é muito mais uma questão de poder do que de tesão por ter visto uma mulher gostosinha na rua. Uma parte considerável das vítimas de agressão sexual são crianças (meninas e meninos), a maior parte das mulheres agredidas não estavam com roupinha sexy, muitas eram conhecidas dos agressores (ex namorado, era um parente, um colega do trabalho etc), homens também sofrem este tipo de violência, pessoas com deficiência mental são vulneráveis também a este tipo de crime, e por aí vai. Dá para perceber que essa história de "se colocar em situação de risco" ou falar de saia/calça/moletom é uma simplificação errônea, pra dizer o mínimo.

E sinto te informar que saias, vestidos, túnicas, pano enrolado no corpo etc são peças de vestuário muito antigas e comuns. Nada a ver falar que isso aí foi criado pra atiçar a sexualidade masculina, e né, homens também usavam/usam isso aí mundo a fora. Se tem roupa que é utilizada para despertar atenção sexual, bem aí isso já é outra coisa.

Anônimo disse...

Bom saber o motivo de porque os homens escoceses usarem saia. Achei que fosse uma construção cultural saia ser considerada uma vestimenta apenas feminina na nossa cultura, mas ja que você explicou agora que a saia foi inventada para o prazer masculino imagino que os escoceses que usam kilt sejam gays entao...

Anônimo disse...

Anônimo 17:27 engracadissimo a sua colocação! Ri muito.

E que a Liana disse é exatamente o que eu sinto,

BJs
Anônima da saia que nao sabe como postar com o seu nome.

Escreve seu nome aqui disse...

Anônima da saia, quando você vai postar o comentário não aparece as opções de Conta do google/NomeURL/ContaID/Anônimo?

Marca Nome URL e escreve um nome. Pronto.

Anônimo disse...

"...masculinistas e machistas em geral só conseguem falar todos os absurdos que falam sobre as mulheres porque parecem ignorar completamente que mulheres nas sociedades atuais, e desde que se tem notícia, sofrem discriminações e opressões pelo simples fato de ser mulheres? Parece que apenas passam por cima desse fato facilmente observável e só acusam as mulheres, e principalmente as que lutam contra a discriminação e a opressão, de tudo o que consideram ruim no mundo e o que mais forem capazes de inventar. Ao ponto de elaborarem uma noção completamente invertida da realidade e vociferarem que os homens que são discriminados e oprimidos por serem homens. Muito desonesta e injusta a distorção da realidade promovida por machistas!"

Não, machistas sabem muito bem que as mulheres são oprimidas e discriminadas. São quem causa essa opressão e discriminação, aliás. Eles dizem e fazem coisas misóginas porque acreditam que as mulheres merecem ser punidas. Por qualquer motivo imaginável, desde mulheres terem uma vida pópria, idependente, e se comportarem como elas preferirem e não de acordo com os caprichos dos machistas até elas simplesmente existirem e respirarem ou até mesmo terem trazido eles à existência. Porque "elas são a origem de todo mal". E, logicamente, eles acreditam que os homens devem ser (para sempre) os senhores supremos governadores do mundo com plenos poderes para dominar tudo e fazer as mulheres existirem em função deles, apenas para serví-los. Se é que eles ainda acreditam que as mulheres devam sequer existir, pois é uma ideia que paira no universo masculinista a possibilidade deles sobreviverem sem as mulheres, apenas com bonecas que os sirvam sexualmente e sendo reproduzidos artificialmente (Eu me pergunto: como eles sobreviveriam sem o apoio emocional e todos os cuidados que precisam e parecem não ser capazes de proverem por si mesmos? Pelo visto machistas realmente gostam de se enganar, não é?). E nunca duvide da capacidade deles de distorcer completamente a realidade, é o que eles fazem melhor.

Anônima da saiia disse...

Muito obrigada!

Anônima da saia disse...

Anônimo 6:00 muito bem dito.
Sabe que muitas pessoas me falam que eu optei por estar sozinha porque fiz duas faculdades, mestrado, sou chefe e casa própria. Me falam "quem é que vai querer mulher "sapatão" como vc?" (Detalhe sou heterossexual e ate onde sei, acredito que sou bem feminina. Mas ser dona do próprio nariz é considerado "masculino")
De todas formas mesmo que eu fosse homossexual ou tivesse um estilo mais masculinizado, acho que isso tampouco seria motivo de me "castigarem" com a solidão ou com frases como essa.

Abraços.

Mirella disse...

"Iceman",


Que bom que você determinou agora o motivo pelo qual eu uso saia, se você não me explicasse talvez eu ainda tivesse essa mania idiota de saber as motivações pelo que eu faço. E obviamente todos os homens do mundo usam calça. Todinhos. E é claro que, se alguém inventou a saia para excitar a libido masculina, uma pessoa que use a saia só pode ter este objetivo. Mesmo que você nunca tenha usado uma saia e esta mesma pessoa diga que não é por isso, é ÓBVIO que você sabe muito mais. Ainda bem que você existe para dizer umas verdades!

E né, não existem homens que querem despertar a libido de outros homens, né? E se quisessem, eles usariam uma saia para isso, naturalmente. E claro que quando uma mulher vai trabalhar de saia (mesmo uma saia longa, que apesar do comprimento é muito mais confortável que calça jeans) ela quer atiçar a libido de todos os homens, esses animais. Inclusive as mulheres religiosas só pensam em atiçar a libido de desconhecidos, conhecidos e etc.
E é óbvio que todas as moças lésbicas da história usam somente calça, porque saia é coisa de atiçar a libido masculina. Sem mencionar o kilt. É obviamente uma arma da ditadura gayzista para homossexualizar o mundo todo, muahaha.
Inclusive as outras saias masculinas, que não são necessariamente kilt, tem como objetivo seduzir homens.

**


Anonima da saia:
relaxa, muitas vezes a gente comenta no calor da conversa. E, quando parece que a gente tá repetindo pela 12864123 vez a mesma coisa, perde a paciência mesmo.
abraços!

Anônimo disse...

Essa foi a definicao mais porca de pua que eu ja vi. A tecnica apresentada eh para diminuir a diferenca de valor social se a mulher for mto top e o cara mais ou menos e nao pra provocar, provocar poe a mulher na defensiva. Ou seja se objetivo foi provocar para mulher responder naum tem nada a ver com pua. Pua sao tecnicas pra conquistar mulheres, isso nao tem nada demais, somente seria moralmente aceitavel conquistar parceiros sem tecnica sistematizada? quem nao conseguiu se adaptar pelo ambiente tem que buscar pelo conhecimento, essa nao eh a caracteristica humana que nos fez chegar ate aqui?