domingo, 18 de dezembro de 2011

GUEST POST: ATITUDE PRA IR CONTRA O PADRÃO CAUCASIANO

Este é o lindo desenho que a Lívia fez pra Ester.

R. tem 16 anos, é daqui de Fortaleza e, inspirada pelo caso da Ester, me enviou este relato. Aproveito aqui para recomendar este lindo vídeo da campanha "Solte seus cabelos, prenda o racismo".

Não é um caso muito raro de se ver. Apesar de não ser negra e nem de ser filha de pais negros, eu, como a maior parte dos brasileiros, tenho ascendência negra e nasci com o cabelo afro, cacheadinho e bastante volumoso desde pequenininha. E com esse meu cabelo já passei por poucas e boas. É sobre ele o relato que eu vou contar.
Tudo começou quando eu era bem pequenininha, na primeira escola, uns três ou quatro aninhos. Sempre fui muito alegre e gostava muito de dançar. Minha avó cuidava do meu cabelo e sabia fazer vários penteados bonitos, então eu sempre parecia uma bonequinha. A primeira vez que eu aprendi que deveria odiar o meu cabelo foi num passeio da escolinha. Durante uma brincadeira entre os alunos, eu entrei no meio da rodinha de crianças e professoras pra dançar. Acontece que eu tinha ido para a piscina, meu cabelo estava secando sem creme para pentear, ao natural, e obviamente eu queria saber mais era de brincar. O resultado foi uma pequena moita cacheada na minha cabeça. E quando entrei na rodinha e comecei a dançar, de repente estavam todos rindo de alguma coisa. Coleguinhas e tias. Só fui perceber que a piada era eu (e o meu cabelo) depois de um tempo. Aí eu saí da roda.
A partir daí eu comecei a dizer que queria ser loira, ter cabelo liso e olhos verdes. A imagem perfeita do padrão. Chorava dizendo que era feia, que eu não queria ter nascido daquele jeito. Com o tempo, eu fui crescendo, e a minha avó, talvez por não saber o que fazer, começou a me levar na cabeleireira para passar relaxante e alisante no cabelo com 7 anos de idade. Felizmente, eu nunca fui tímida e mesmo com o cabelo "ruim" aprendi a me sentir especial. Mas com tantos procedimentos químicos feitos desde a infância, o cabelo foi ficando ruim de verdade.
Até que, relaxamentos e progressivas depois, eu cortei o meu cabelo no ombro, tratei e conseguir voltar a ver os meus cachinhos saudáveis. O problema é que, na indústria cosmética, poucos são os produtos para cabelo cacheado realmente eficazes. A maioria dos cabeleireiros têm pouquíssimo conhecimento sobre como lidar com esse tipo de cabelo de forma saudável, acham que a única solução é a química. Junte então a falta de informação com o preconceito por parte das pessoas. Um dia uma cabeleireira, negra, com o cabelo alisado, me abordou num restaurante perguntando se eu não queria alisar o meu cabelo pois ficaria muito mais bonito, fácil de manter, etc etc etc. Respondi que não, que tinha orgulho dele do jeito que era. Mas as pessoas são cruéis, Lola. Eu era constantemente motivo de piada por causa do meu cabelo. E quem fazia as piadas eram os meus próprios "amigos". Eu ria e fingia levar na esportiva, enquanto as meninas de cabelo liso colecionavam elogios. Ao mesmo tempo, eu não encontrava um cabeleireiro que não me oferecia uma "escova de não-sei-o-quê" junto com mil argumentos de realizar o procedimento (e desistir do meu cabelo natural). É também uma questão de custos. É muito mais lucrativo vender procedimentos químicos, e o cliente ter que voltar ao salão de 4 em 4 meses em média para retocar a parte da raiz que cresceu natural, ao invés de vender apenas tratamentos como hidratação, em geral mais baratos e que são necessários para manter saudável tanto o cabelo natural como o cabelo modificado por químicas.
Até que eu me rendi. Alisei o cabelo e deixei só alguns poucos cachos na ponta. Na primeira vez ficou lindo, elogios, o fim das piadinhas inconvenientes. Na segunda vez, meu cabelo sofreu um dano imenso, e chegou ao estado de "calamidade" que nunca havia chegado antes. Veio a raiva do profissional irresponsável que aplicou o produto da forma incorreta, o arrependimento de não ter seguido firme e forte com os cachos, de não ter ouvido pessoas que me aconselharam a não mudar, como alguns poucos amigos e o meu namorado. Mas hoje, um ano depois, sabe o que eu percebi? Que aquele cabelo volumoso, cacheado, que chama a atenção é meu, só meu, e faz parte da minha identidade. Cabelo liso pode ser lindo e prático, mas não é meu.
Minha história capilar caminha para um final feliz agora. Decidi pacientemente esperar o cabelo crescer inteiro de novo, e cuidar de uma parte de mim que tem sérias chances de se tornar a preferida, ainda que todo o resto seja amad
o. Pesquiso na internet e vejo que tem muitas meninas na mesma situação que eu e que compartilham pequenas diquinhas umas com as outras. Hoje eu sou feliz tendo cabelo cacheado (ainda que na base da técnica do "dedinho" e do "papelote"), olhos castanhos e sendo morena.
O que eu quero dizer para as leitoras e os leitores do seu blog é que a "ditadura do cabelo liso" é sim uma forma de racismo. Não vivemos em países eslavos para sermos todas loiras dos cabelos lisíssimos. É absurdo que o Brasil, um país com uma diversidade racial tão grande, tenha tanto preconceito disfarçado. Quantos não me diziam que eu estava certa de "assumir meu cabelo" (como se fosse algo que eu precisasse de muita coragem e humildade para admitir tamanha diferença perante à sociedade), mas tinham o mesmo cabelo de etnia negra como eu e viviam tentando aparentar o padrão caucasiano. A verdade é que tem que ter muita atitude para ir contra esse padrão. Portanto, não vou dizer que "se aceitem" como se fosse um ato passivo de conformação, mas mostrem às pessoas que todos têm o direito de serem aceitos! Que todos têm o direito de te aceitar do jeito que é e te respeitar assim. Não tolerem piadinhas. Não deixem que as pessoas te convençam que por causa de qualquer característica sua, seja cabelo, cor de pele, forma corporal, você não pode ser bel@. A beleza começa dentro de nós (sei que é clichê), e não num pote de escova progressiva milagrosa.
PS: Se alguém precisar de alguma referência quanto à cuidados com cabelos crespos e cacheados, foi aqui que eu aprendi muita coisa.

83 comentários:

Isabel SFF disse...

Genial! Quem me dera ser tão inteligente aos 16. Você está de parabéns, R.!

Eu me identifiquei demais com esse post. Passei 4 anos da minha vida alisando o cabelo, até decidir que não queria aquilo para minha vida. Deixei crescer e hoje amo meus cachinhos! Ir contra qualquer padrão exige muita atitude. Eu confesso que, às vezes, queria a facilidade de um cabelo liso. mas aí não seria o MEU cabelo. Não seria eu.

Hoje eu amo tanto meus cachinhos que nem gosto de andar com ele preso. Gosto deles soltos e selvagens!

Sarah disse...

Eu também passei por isso, no meu caso o cabelo "ruim" veio de meus ancestrais espanhóis, por parte paterna, e africanos, por parte materna. As piadas, comentários e conselhos para fazer escova progressiva eram intermináveis durante meu ensino fundamental. Passei muito tempo passando chapinha diariamente e cheguei a fazer a tal de escova progressiva, que deixou meu cabelo extremamente fino, quebradiço e elástico. Após o trauma e cansada de anos de escova e chapinha eu cansei e deixei minhas madeixas presas durante muito tempo, com vergonha do volume e textura. Só ano passado, logo depois de terminar o colegial eu comecei a deixar meu cabelo solto e bonito sem apelar para alisamento, apenas ressaltando suas características naturais. Claro que cuidar dele dá trabalho, mas vale muito a pena. E ótimo se libertar dos padrões vigentes de beleza e realmente se aceitar como se é.
Gostei muito do post, realmente a desinformação e o preconceito são foda mais dá para superar.

Loja Moeggall disse...

Quando que as brasileiras vão descobrir o gele?

rizk disse...

Querida R! Estou sentindo uma invejinha muito positiva agora, queria ter sido como você aos 16!!!

"Quantos não me diziam que eu estava certa de "assumir meu cabelo" (como se fosse algo que eu precisasse de muita coragem e humildade para admitir tamanha diferença perante à sociedade), mas tinham o mesmo cabelo de etnia negra como eu e viviam tentando aparentar o padrão caucasiano."

Isso é tão verdade... é muito MUITO estranho que a gente tenha que se armar toda para defender algo com o qual a gente nasceu e que mais da metade das mulheres têm, também.

Loja Moeggall disse...

Liana Fake, o gele é usado pelas africanas desde sempre. Compõe a vestimenta. É como o chapéu das inglesas e européias.

As três ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz receberam seus prêmios sem mostrar o cabelo. Duas de gele e uma de hijab. Qual é o problema?

Loja Moeggall disse...

Vamos propor uma queima de pentes, chapinhas, secadores etc vamos assumir a naturalidade* by Liane Fake

Pior do que ter cabelo difícil de tratar é NÃO TER CABELO, viu?

Até os homens se desesperam quando vem a calvície. Mulher tb tem alopecia, prá sua informação. Aí, sim, não precisa de pente.

Vladimir Yuri disse...

É incrível como a escola continua ensinando esses valores as nossas crianças, sou professor e já duas vezes tive que discutir essa questão em sala, ao ofender um negro e principalmente uma negra logo surge o cabelo! Pior foi ouvir que um outro professor já tinha brincado desse jeito! COMO ASSIM?!?!?

Loja Moeggall disse...

Você é careca, Liana Fake?

Matheus disse...

Lola, eu estava morrendo de saudades de comentar no seu blog. Estou de férias agora, então vou poder comentar bastante. Eba!! XD

Quanto à postagem, gostei muito do texto e concordo com a autora: a rejeição de características físicas particulares a determinadas raças/etnias também é racismo, ainda que venha amaciado no discurso de "praticidade".

A nível estético, eu prefiro pessoas negras com o cabelo ao natural. Não sou muito fã da reprodução em série de um padrão - até porque, pelo que tenho visto em Salvador (onde há muitas pessoas de cabelo cacheado e crespo, e também muitas pessoas de cabelo alisado), nem sempre o alisamento fica tão bonito assim.

Uma mulher negra com o cabelo ao natural geralmente chama a atenção. Alguns acham feio, outros acham bonito, mas a maioria certamente reconhece a originalidade e a independência.

Mas eu vou discordar do título da postagem, Lola. Não acredito que devamos ir contra o padrão caucasiano, porque incorreremos em exclusão dos caucasianos brasileiros e do mundo, o que não é muito legal. Ao meu ver, devemos nos posicionar contra a padronização da beleza em geral.

Loja Moeggall disse...

Eu não, Liana Fake. Vai à Africa (toda afro descendente devia dar um pulo lá) e veja como as mulheres arrumam o cabelo. E lá não tem a ditadura do cabelo caucasiano prá determinar se elas devem ou não esconder o cabelo com um 'head wrap'.

Minha geração usou lenço no cabelo por cima da touca de grampos até...

Dri Caldeira disse...

Eu sei q vou parecer presunçosa, mas quem tem cabelo liso tb sofre demais!! Quando me casei precisei passar gelatina incolor pra poder segurar a grinalda. Era gelatina sem sabor, claro! Meu cabelo é muito liso, muito fino, muito escorrido, coisa de bb. Eu morro de inveja de ver a irmã do meu namorado aparecendo cada dia com uma moda diferente nos cabelos: trança, dread, gele, cachos e sempre linda... A questão aqui nem é a de se aceitar como se é fisicamente, mas a de exigir respeito de quem se vê no direito de ridicularizar uma pessoa por qq traço q ela apresente q seja considerado fora de moda!!! As professoras q riram da R deveriam perder o emprego.

Loja Moeggall disse...

Dri, minha mãe sofreu a mesma coisa. Nada segurava no cabelo dela. Meu cabelo tb não segura nada. Hoje, estou segurando as pontas com carga de queratina, uma pancada de coisa pro cabelo não cair de todo, e shampoo/condicionador prá dar volume.

Esse povo pensa que cabelo caucasiano é essa maravilha.

Anônimo disse...

Me identifiquei muito!Mas no meu caso foi meio diferente, quando criança o meu cabelo era uma bagunça, e eu não estava nem aí, estética não era uma preocupação, e como o cabelo da minha mãe é liso, ela não tinha a menor ideia do que fazer com meu cabelo, ficava bagunçado mesmo. Só me preocupei com essas coisas lá pelos 13/14 anos, ai eu sofri, aprendi a cuidar dos meus cachinhos, mas não foi suficiente, sei muito bem que só não fiz uma escova progressiva nessa época porque não tinha dinheiro, se não, tinha feito besteira, sem dúvidas. Mas demorei a me aceitar, no ensino médio eu ainda tinha vontade de alisar meu cabelo, ficava a aula inteira com ele preso, para que o volume estivesse baixo nos minutinhos de recreio e no final da aula, nas poucas vezes em que fazia escova achava lindo, e morria de vontade de ter o cabelo daquele jeito, apesar da minha mãe e da minha irmã falarem que preferiam meu cabelo normal. O processo de aceitação foi lento, primeiro conclui que não queria perder meus cachos, só abaixar o volume, desisti do alisamento, mas ainda queria por química para abaixar o volume. Só esse ano, aos 19 anos, desisti de fazer qualquer procedimento, e passei realmente a gostar do meu cabelo, gosto mais inclusive quando ele fica bem volumoso. Mas a agressão ainda contínua, não é nada divertido aquele amigo bonitinho falando que eu ficaria melhor de cabelo liso, ou aquela amiga mais velha que tinha cachos até uns anos atrás falando que a vida dela mudou, que cabelo liso é mais prático e que em algum momento eu também vou me render. Se não alisei quando tinha vontade, não é agora que eu gosto do meu cabelo que o farei, vai ficar cacheado e alto mesmo. Até mesmo porque, nas raríssimas vezes em faço escova agora, eu acho extremamente sem graça, e fico querendo lavar logo para recuperar meus cachinhos

Dri Caldeira disse...

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2011/12/18/morre-aos-28-anos-ex-miss-venezuela-eva-ekvall.jhtm Isso aqui tem de ser compartilhado por todos: com a preocupação excessiva com a aparência, as mulheres se esquecem da saúde. Procuram pelas últimas novidades cosméticas, saem no tapa pra ir na esteticista mais famosa da cidade, mas são incapazes de fazer o auto-exame. E o governo, a mídia, a sociedade não ajudam em nada tb...

Loja Moeggall disse...

Liana Fake, ao contrário do que os homens e algumas feministas pensam, as mulheres têm o seu próprio senso de estética. Quando nós perseguimos um ideal de beleza, é porque NÓS nos identificamos com esse ideal, e não porque alguém mandou. Se não pudéssemos nos reconhecer no espelho, não teríamos esse problema. Infelizmente não só nos reconhecemos no espelho como nos comparamos com as outras. E sabe que quem tá no topo, dita as regras, né? Taís Araújo tá no topo, de cabelo cacheado...coincidência?

ana gabardo disse...

Tô na transição do liso de chapinha diário pra voltar pros meus cachos. Dá muito trabalho fazer chapinha, no verão então nem fala... e tô me sentindo bem melhor com cabelos aos natural :)

Beatriz disse...

A "ditadura do cabelo" é um inferno gente. Eu sou branquela, de olhos verdes, mas tenho cabelos castanhos e cacheados, e perdi a conta de quantas vezes me perguntaram gentilmente pq não aliso. O racismo é tão grande que se estende a meras características, além do tom de pele. Daqui a pouco, vamos estar todos iguais, ou nada

Loja Moeggall disse...

LIana Fake, é lógico que temos uma tendência a não só termos um ideal de beleza como um senso próprio de estética e gosto.

Como vc bem disse, homem algum me mandou depilar as pernas, mas com uns 13 anos, mandei brasa e fiquei felicíssima. Sou neta de português, aí já viu, né? rsrs


Dri, O que a ex-miss quis dizer é que se não se está buscando a beleza, a saúde fica em 3º plano, né? Parece ter sido o que ela pensou. Pena que ela deve ter aderido a essas quimios e radios que mais matam do que curam. Perdi uma colega de trabalho de câncer no ovário que passou pro fígado, descoberto logo após o parto do segundo filho tb.

Caroline disse...

Sempre tive cabelo cacheado e isso nunca foi problema pra mim, bem pelo contrário. Mas talvez isso se dê porque ele é liso na raiz e meio loiro nas pontas. Enfim...

É muito inadequado as mulheres serem pressionadas a alisar o cabelo e a pintar de loiro. A maioria dos brasileiros não é caucasiana e, portanto, não fica bem de cabelo liso e loiro. É simplesmente antinatural. Acho muito mais bonito uma negra de cabelo rastafari ou solto do que de cabelo alisado, assim como não entendo as mulheres que são morenas e insistem em ser loiras.

Cada um pode ser bonito do jeito que é, sem necessidade de interferências.

Loja Moeggall disse...

Beatris, não precisa esse lingo que o Fake Liana sugeriu.

As brasileiras se esquecem que temos ascendência indígena, responsável por muito do nosso cabelo liso e não somente a herança branca caucasiana...

é o meu caso, por sinal.

Carol NLG disse...

Posso dizer que adoro meu cabelo?

Já fiz muitas coisas com ele. Alisei, fiz permanente, colori. A verdade é que durante muito tempo meu cabelo não tinha "identidade". Ele não era liso nem cacheado. O volume era estranho, quase triangular.

Deixei crescer, passei a cuidar daquilo que tinha. E cuidar de verdade. Hidratar (morar em Brasília resseca qualquer cabelo!) sempre, lavar com produtos certos pro meu tipo de cabelo. E voi-lá! Hoje meu cabelo é completamente ao natural. Até secar, eu deixo secar ao vento. Sem secador nem nada.

É liso, é verdade. Tem algum volume. E se eu deixar secar numa trança, fica com umas ondas que eu adoro. Eu adoro meu cabelo.

E sempre que vou a um salão no Brasil, querem que eu mude! Ou que faça permanente "pra dar um volume melhor", ou escova de qualquer-coisa-que-esteja-na-moda, pra alisar mais.

Posso gostar do meu cabelo do jeito que ele é, sem químicas?

Gabriele disse...

Ótimo texto. Isso de cabelo sempre foi uma dor de cabeça pra mim tb. Mesmo sendo branca e meio loira (agora ruiva de farmácia hehe), sofria um pouco com isso do volume tb (como a maioria dos brasileiros, venho de uma família totalmente miscigenada), gente me mandando prender meu cabelo ou passar chapinha mesmo quando eu achava ele lindo. Mas o meu ainda que é misto, ele fica liso, ondulado ou cacheado dependendo muito do clima, então é só de vez em quando que ele vira alvo de críticas, mas só esse "de vez em quando" já serviu pra me irritar várias vezes, imagino pra quem tem de ouvir isso diariamente. Tanto que nem vou em salão de beleza, é um ambiente que me irrita, costumo pedir pra minha mãe cortar as pontinhas e a franja quando preciso ou até eu mesma.

Carol NLG disse...

Liana, foi uma pergunta retórica :P

Enfim, eu vou a salões de vez em quando, simplesmente porque não sei/não quero cortar sozinha. Atualmente, moro na Mauritânia (África), a trabalho. Não corto o cabelo aqui, porque ninguém está acostumado ao meu tipo de cabelo. Corto quando vou ao Brasil, a cada 6 meses.

O que me irrita não são os salões. O que me irrita é que meu cabelo já foi de todas as formas e jeitos, e sempre tem alguém pra sugerir "outra coisa", pra ficar melhor. Não acaba nunca?

Josiane Caetano disse...

Estou conhecendo o blog só agora,mas gostei demais das ideias defendidas aqui. Tbém é muito bom voltar a ler outros assuntos além dos que abordam sobre a vida de bebês, minha atual realidade.
Sou dona de cabelos afro e demorei muito para assumí-los como são. Somente quando isto aconteceu é que realmente pude aceitar a minha beleza, falo da "exterior" mesmo.Mesmo que digam que o padrão "caucasiano" tbém é difícil, que o cabelo não aceita penteados, etc, é nele que se baseia a sociedade e é por causa dele que muitas meninas como eu demoram tanto para encontrar a sua própria auto estima. E a nossa auto estima define realmente o que somos e o que ainda poderemos ser.

Gabriele disse...

Salão de beleza eu meio que peguei trauma na adolescência... Me levaram contra a minha vontade e deixaram de um jeito que eu odiei profundamente.

Mariana K disse...

Acho lindíssimo cabelo cacheado, ainda mais aquele bem pequeninho, sempre que tem abertura eu elogio, hehe. Tem que ter atitude mesmo pra manter.
Esses tempos saiu uma reportagem aqui na Zero Hora (RS) dizendo que não sei quantos % (algo perto de 20%) das mulheres gaúchas faz a MESMA química: alisamento + mechas loiras/luzes. Não sei como é no resto do Brasil, mas aqui é mesmo visível esse padrão nas ruas, é muita gente igual. E se pra mim, que tenho cabelo liso, volta e meia oferecem esse combo no salão de beleza, imagino como é pra quem ""precisa consertar"" o cabelo... Haja personalidade. Fico com 'orgulho alheio' de quem tem, hehehehehe....

Arlequina disse...

Meu cabelo era aquele cacheado coisa de novela, sabe? Liso, ondulado que fazia cachos longos nas pontas e que hoje todo mundo quer copiar.

Lembro que chorei quando cresci e ele começou a ficar cada vez mais liso.

Mas pra mim, o mais triste era o caso da minha prima. Também somos descendentes de espanhóis, o cabelo dela era aqueles milhões de cachinhos LINDOS LINDOS LINDOS. Eu morria de inveja. Sempre achei minha prima deslumbrante.

Não lembro exatamente o porque, ela teve que alisar e pintar de loiro. Hoje em dia parou de alisar, se não me engano, e tá só loira. Perdeu um pouco da magia, aquilo que eu via de infância (ela sempre foi mais velha) era uma inspiração. =(

Moça bonita do post, espero que você continue deixando seu cabelo ao natural e que seja muito feliz =D

Adriana disse...

Me identifiquei totalmente com esse post... Eu que passei todos os anos 90 e 2000 sem alisamento sei muito bem o que é explicar um milhão de vezes pq não aliso (e ultimamente tenho perdido a paciência, tô sendo grossa mesmo na hora de responder).

Mas meu deu vontade de compartilhar uns causos tb... Bom, quase nunca faço escova, mas teve uma ocasião que fui viajar a trabalho e achei que seria mais prático naquele momento. Quando chego no serviço, a maioria se encanta, elogia e pergunta pq não faço escova sempre... Masssss um estagiário me disse "Tá bonito, mas prefiro os cachinhos". Fofo, né? Pois na mesma hora uma das secretárias virou pra mim e falou "Esse mocinho é muito passado. Seu cabelo está lindo assim" . Pois é, gostar de cabelo cacheado é algo que só um sem noção pode fazer...

Como se não bastasse, no meu aniversário, super preparo meu cabelo mega cacheado pra data. Quando chego pra trabalhar, lá vem a secretária "Vc arruma o cabelo pra viajar, mas não arruma no aniversário? Como pode?". Ou seja, não importa que vc lave, faça hidratação, conheça todas as técnicas para ter um cabelo saudável e bonito... Só pode ser arrumado se for liso. Cacheado é sinônimo de bagunçado.

O que me mata são essas pessoas que transferem suas inseguranças e frustrações pras outras. Ser feliz com meu cabelo cacheado é algo que causa indignação, do tipo, se todo mundo se esforçou pra ter cabelo liso (fez química, chapinha, escova e o escambau), como eu posso ousar me sentir bonita sem o mesmo trabalho? Como eu posso ir contra o padrão e ainda assim ser feliz? Não. Sempre vai ter aqueles que vão se esforçar pra me mostrar como eu tô errada (pq viver a própria vida só não basta, né? Legal mesmo é se dedicar a convencer os outros que eles são uma droga).

Desculpem, aproveitei o post pra desabafar, mas enfim, precisava fazer isso em algum lugar.

Ps. Mariana K, adorei o "orgulho alheio" kkk

Ursula Burgos disse...

É isso mesmo! Pena que essa consciência só venha com o passar dos anos. Costumo dizer que levei 30 anos tentando ter cabelos lisos e no fim descobri que não dá. Ao menos depois deste aprendizado seremos todas mães diferentes e ter uma atitude mais adequada com nossas filhas.

Anônimo disse...

gente, o que eh 'chapinha'? eu sei o que eh 'permanente' pq meus pais naun gostvam do meu cabelo liso e minha mae me levava pra fazer permanente sei la acho que desde os 5 anos, talvez antes e isso foi ateh meus 8 anos... meu pai naun gostava do meu cabelo escorrigo, solto, nos olhos... tb sei o que eh fazer 'touca' pq tive colegas brancas, de cabelo cacheado, que faziam e dormiam com a tal 'touca' eh ateh passavam ferro de passar roupa no cabelo... tb sei o que eh 'alisar' o cabelo afro com produtos quimicos...

mas naun sei o que eh 'chapinha'... alguem poderia me esclarecer isso?

Eu/Moema, sua proposizao pra mulher de cabelo afro usar o tal gele naun daria certo em nossa sociedade... empresas naun aceitam que trabalhemos com panos e nem chapeu escondendo o cabelo... eu particularmente naun gosto desse tal gele a naun ser como um costume tipico de uma determinada sociedade...

a proposito, hoje tenho o cabelo liso, escorrido como sempre, caido na cara, de qq jeito... e meu marido me ama toda assim...

Mayara Arend disse...

Oi Lola
Sabe, quem me vê não acredita que tenha 1% sequer de sangue negro no corpinho albino. Mas meu tataravô era negro. Pouca influência na genética, tenho certeza, mas sendo que a família toda vem de uma cidade quase exclusivamente alemã, acho que até é bastante.
Dessa ascendência vem o cabelo vermelho e cacheado da minha mãe (que tingia de castanho e não de loiro, nunca) e que acabou ficando alaranjado pelo excesso de química. Minha mãe me ensinou que química faz mal para o cabelo e que ele pode cair (ela quase ficou careca de alergias à química).
Sou loira, de pele branca e olhos azuis. Teoricamente não teria muito a reclamar e não tenho. Mas as partes de mim que mais gosto são as pequenas heranças da pequena parte negra da família. O cabelo levemente cacheado e "grosso" (que demorou uns 17 anos para ficar assim, época em que era liso e fino demais até para um rabo de cavalo e me deixava irritadíssima) e meus lábios grossos, em forma de botão.
Claro, misturou com a parte semi-albina da família e ficou bonito - muita gente concorda e muita gente inveja que meu cabelo seja assim naturalmente - acordo com ele pronto, mas sabe, nunca quis cabelo liso, acho estranho, feio. Não que o meu seja exatamente cacheado - chamam ondulado -, mas morro de amor por ele. Só preferiria que tivesse herdado a cor alaranjada de minha mãe, que acho muito mais linda que qualquer loiro por aí.
Enfim, o que quero dizer é que não são só as crespas que têm de se assumir. COmo outras comentaristas falaram, tem muita mulher com cabelo liso reclamando. ALiás, mulher NENHUMA está satisfeita com cabelo, tem um, quer outro. E isso não é saudável... MUdar é legal, mas mudar sempre e nunca ficar satisfeita não é.

Anônimo disse...

Que honra ter meu desenho postado aqui, Lola, ainda mais por ter ficado sabendo do caso justamente por meio do seu blog. Lendo blogs como o seu, ponho à prova meus próprios preconceitos, minhas idéias condicionadas e meu comodismo.
Você faz de mim uma pessoa melhor. Obrigada =)

Loja Moeggall disse...

Lisana, eu acho o gele lindo. Não precisa ser aquele enorme...

As mulheres afro-americanas usam muito peruca...as brasileiras (algumas) só usam quando ficam mais velhas e perdem muito cabelo.

Anônimo disse...

ahhhh jah sei o que eh 'chapinha' quero dier, eu sabia o que eh isso mas naun sabia o nome em portugues... achei essa mocinha aqui uma gracinha e gostei do sotaque dela... carioca?
http://www.youtube.com/watch?v=zjvxw2fvsqw

a mulher americana cuida muitoooo do cabelo... mas naun vai muito ao cabelereiro... somente eu ocasiaun especial... as meninas comezam a usar secador, chapinha, modelador desde pequenas e ficam craques!!! tanto faz se cabelo liso ou cacheado... elas deixam o cabelo liso todo cacheado e deixam o cabelo cacheado todo liso como quem le tres capitulos de Dom Casmurro... as mulheres de cabelo afro requerem um pouco mais de trabalho... mas todas elas sabem arrumar o cabelo em casa... eu sou um desastre com um simples secador... tudo me parece complicado... a garota do video fez uma demonstrazao muito legal, mas se eu for fazer sei que vai ser complicado pra mim... mas eu acho super legal mulher que sabe cuidar do visual sem depender tanto de cabelereiro...

Anônimo disse...

entaun gente, eu soh vim a saber que cabelo liso eh muito curtido depois de adulta... pq cresci tendo meu cabelo rechazado pelos meus pais... meu pai tem cabelo ondulado (mae india e pai alemao) e minhas duas irmas e meu irmao sempre tiveram cabelo ajeitado... essas coisas de lavar a cabeza e deixar o cabelo secar ao deusdarah e o cabelo estar lindoooooo, na boa... o meu cabelo tb, mas eu naun sabia...

eu vivia de cabelo curto, qdo adulta tb... e agora deixo do jeito que bem entender pq descobri que ha gosto pra tudo... se eu tivesse cabelo afro certamente seria curto pq detesto cuidar de cabelo... teria meu cabelo curto e passaria um gel como alternativa pra dar um ar alisado...

a pele da mulher negra eh de uma maciez invejavel... pedi pruma amiga negra deixar eu passar a mao nos brazos dela, nas costas pq eu havia ouvido de homens brancos que a mulher negra tem a pele muitomuito macia... eh verdade.

nos EUA muita mulher negra prefere homem branco pq acha o homem branco menos machista... realmente o homem negro eh dado a exigir bem mais da mulher como dona-de-casa... muito homem branco americano prefere mulher negra pq diz que elas saun mais doceis, mais carinhosas, menos competitivas... enfim o ser humano eh mesmo um bicho complicado...

Loja Moeggall disse...

Lisana, vc é um arraso.
:))

Patrícia disse...

Que garota inteligente, ótimo post!
Eu tenho cabelo cacheado e eu amo cabelos assim. Confesso que eu acho lindo cabelos lisos também, amaria ter um, bem bonito, às vezes acho que seria muito mais fácil conviver com um cabelo liso (faço ballet todos os dias, o coque destruí muito meus cachos!), mas isso não afeta em nada meu amor pelo meu cabelo. Todas as vezes que minha mãe ou outras pessoas tentaram me influenciar a alisar eu me neguei. Cachos são a minha identidade, não quero me livrar deles.
Confesso que amo mais os cabelos cacheados dos outros do que os meus. Eles ainda não são tão bonitos como eu gostaria, como disse no post, ainda existem poucos recursos para tratar de cabelos cacheados, o mundo acha que a solução é alisar. Depois que fiz um relaxamento, que eu pensei que deixaria meus cachos mais bonitos e acabou deixando meu cabelo uma droga. Não fiz mais nada com meu cabelo. Esse post me inspirou a cuidar melhor deles. A beleza também existe nos cabelos cacheados, espero que um dia todos entendam isso.
Mas o que eu não entendo é, por que o Brasil que é um país cheio de diversidades tem tanto preconceito contra esse tipo de cabelo? Ninguém percebe que metade da população tem esse tipo de cabelo, ou o famoso "cabelo ruim"? Tá na hora da população começar a se aceitar.

Carol M disse...

Padrão de beleza é uma coisa cretina. Meninas são ensinadas desde novas pela mídia e as pessoas em volta que existe um só tipo de bonito (q muda de tempos em tempos) e ficam achando q se não forem aquilo elas não serão boas o bastante.
Se libertar do padrão, de qq padrão, é dizer que vc pode se amar e ser linda do jeito que é, sem seguir a formulinha pré-determinada da época.

Bárbara disse...

Me identifiquei bastante com o post. Também tenho cabelo cacheado e desde pequena vivo a luta contra ele. Antes de saber que existia cabelo ruim e cabelo bom, eu era uma criança tranquila. Tudo começou porque pra todo lado que eu ia, escola, casa de amigos, casa de avós, tias e até parentes distantes, o primeiro assunto e o mais comentado era o meu CABELO ! Depois de um tempo passei a odiá-lo! Não queria mais sair de casa e quando saia, sempre ficava com a sensação de que estava horrorosa. Não conseguia mais agir naturalmente, estava sempre preocupada com o estado do meu cabelo. Ganhei inúmeros apelidos na escola, desde leão por causa da juba até cabeça de vassoura e eu fingia não ligar. Quando tinha 12 anos me falaram que existia o tal relaxamento que era a solução para todos os meus problemas. Mas a cabeleireira não quis fazer na época, porque me achava muito nova. Ela me pediu que esperasse até os 15 anos. Eu esperei e logo que fiz aniversário, fui lá realizar meu "sonho". Não ficou muito diferente do que era naturalmente, talvez com um pouco menos de volume. Mas ressecou demais. E então meu cabelo voltou a ser assunto. Todos tinham uma solução para ele. Todo mundo só sabia dizer que queriam me ver bonita - leia-se com cabelo sem volume e liso. Que eu deveria cuidar do meu cabelo, que eu era muito desleixada. Mas é muito fácil ter um cabelo "bonito" quando se tem produtos adequados para esse ele. Outro dia, numa loja de produtos para cabelo, me dei conta de que já experimentei todas, TODAS MESMO, as marcas de shampoos, condicionadores e cremes, tanto populares quanto um pouco mais específicas. Nenhuma deu certo. Nenhuma deixou o meu cabelo hidratado. Daí como fazer pra cuidar deles? Cheguei a conclusão de que só produtos profissionais, usados nos salões, é que tem algum efeito. Mas daí nenhum cabeleireiro quis me indicar algum deles ou mesmo vender. Só vem com essa mesma história de um relaxamento aqui, outra escova ali. E eu não quero mais. Depois do primeiro relaxamento, esperei o cabelo crescer e fui em outro salão, por indicação de uma tia (que também só sabia analisar o meu cabelo) pois achava que a moça tinha errado a mão no primeiro procedimento. A segunda cabeleireira usou outra técnica e da primeira vez ficou lindo. Já da segunda... Vendo o desastre que aconteceu, decidi que ninguém mais daria palpite sobre esse assunto e que meus cabelos seriam naturais. Afinal, não foi decisão minha alisá-los. Foi uma imposição, algo que fiz pra tentar voltar a vida normal e esquecer que os meu cabelos tinham mais importância que eu mesma. Decidi deixar o cabelo crescer, sem cortar nenhuma vez e quando estivesse num tamanho legal, iria ao salão fazer somente hidratação e nunca mais colocar nada que pudesse altera-lo. Claro que pra isso tive que me manter longe de qualquer salão durante esse ano. Senão tudo o que eu iria conseguir era outra química. Agora estou procurando um salão em que o cabeleireir@ seja ao menos mais preocupado em manter meus cabelos saudáveis e naturais do que em me passar alguma escova revolucionária para alisá-lo.

Dária disse...

"Portanto, não vou dizer que "se aceitem" como se fosse um ato passivo de conformação, mas mostrem às pessoas que todos têm o direito de serem aceitos!"

- Adorei esta colocação. Vou adotar. rss

Ahhh que vários cabalereiros já tentaram me convencer que eu fico linda de escova tbm...

Camila Fernandes disse...

Belo post, R.!

Eu tenho uma amiga, no trabalho, que é negra e tem o black mais lindo do mundo. Escuro com as pontas meio alaranjadas, lindo, lindo. Aliás, ela é absolutamente linda, e seu nome quer dizer estrela - muito apropriado! Muito segura, decidida, cheia de estilo. Ela conta que nunca alisou o cabelo, mas já usou diversos tipos de penteados. Eu gosto do atual, está deslumbrante!

Já o meu, sempre foi ondulado, e do loiríssimo de criança passou a um loiro mais escuro. Depois que mudei de cidade ele foi ficando ainda mais, por causa do clima (tomo bem menos Sol aqui), então hoje ele é mais castanho. Só que foi de vários jeitos. Era compridão, com cachos nas pontas, até os dezessete anos. No começo da faculdade, cortei chanel na frente e arrepiado atrás. Depois ele ficou loiro-platinado, e curto. Agora estou deixando crescer, passou do ombro, dá pra fazer trança outra vez.

As pessoas me diziam que eu era maluca por ter cortado curto, por ter pintado, por ter repicado. Eu nunca entendi essa comoção toda. Sempre disse "gente, é cabelo: eu corto, ele cresce". Dá para arriscar vários estilos! O lance é cuidar bem, manter hidratado, saudável. Isso vale para qualquer um, liso, escorrido, cacheado, black...

Denise disse...

Eu acho que isso tem mais a Er com a ditadura da moda do que com racismo. Cabelo lisinho não é só de gente braça assim como cabelo enrolado não é só de pessoa negra. Nos anos 80 a ditadura era o cabelo enrolado e as mulheres se submetiam a mil permanentes. Eu tinha os cabelos cacheadinhos antes da quimio e amava. Depois que cresceram,,passaram por breve período cacheado e ficaram escorridos. Um horror. Minha irmã tinha os cabelos mais lisos na época e fazia papelote. Hoje faz escova progressiva. É tudo submissão à ditadura da moda.
Quando fui ao Brasil da última vez foi o que eu vi: toas com cabelos escorridos, parecia que estavam saindo de um sistema de produção em massa... Lastimável o tanto que a tal moda controla as mulheres.

Elaine Cris disse...

Depois de posts como esses, só consigo pensar em como nossa cultura brasileira é estranha.
A maioria de nós é negro ou pardo e nossas características naturais ainda são inferiorizadas constantemente por nós mesmos.
Eu venho de uma família bastante miscigenada, tenho a pele muito clara e os traços como a dos caucasianos, olhos puxados como os dos orientais e cabelos herdades dos meus descendentes negros.
Preciso dizer que a vida toda fui elogiada pela minha pele e pelos meus olhos e ensinada que meu cabelo era "defeituoso"?
Somos fortemente influenciados pela cultura na qual crescemos, mas gosto do meu cabelo volumoso como é.
Aprendi a ser "malcriada" com essas mulheres "pranchadas" que vem dar palpite no volume do meu cabelo.
Se elas se sentem à vontade pra me dar dicas, então faço o mesmo.
Quando falam que preciso fazer escova e prancha, falo que detesto cabelo estilo "capacete", aquela coisa morta, artificial, agarrada na cabeça de tanto passar prancha, tentando se fazer passar por liso, mas sem conseguir.
Engraçado é que elas se sentem ofendidas, parece que pra elas, ofender quem não segue o padrão é "dica de beleza", ofender quem segue o padrão chapado é ofensa. Vai entender...

nina1981 disse...

Sofri muito com este problema e ainda sofro. Evito falar sobre cabelo e não gosto de receber elogios, pois sempre( na maioria das vezes) são carregados de preconceitos e esteriótipos.

A ditadura da Moda nada mais é do que a do Preconceito e do Racismo!

"Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença,o estigma de um crime.Mas nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam."Luiz Gama

Não só a cor, mas cabelo, nariz e tudo em nosso ser que lembre que descendemos do povo preto.

Nuni disse...

O mais curioso é que em países como Portugal e Argentina esse padrão é mais tranquilo. A mulherada sai nas ruas com o cabelo cacheado mesmo.( o cabelo caucasiano também pode ser muito cacheado).
Temos que repensar nossos padrões de beleza.

Marina Gabriel disse...

Este desenho da Ester é a coisa mais linda... virou fundo de tela!

Deixo como comentário, uma resenha do livro "Sem Perder a Raiz", de uma antropologa da UFMG.

"Muito além do caráter estético que o cabelo e o corpo podem sugerir, o cabelo tem um caráter social, simbólico, político e identitário. Partindo da idéia de que a identidade negra é construída não só a partir do olhar que o negro tem de si, mas também na relação que ele tem com o olhar do outro sobre ele, não só o que é refletido no espelho importa. Há um espelho do lado de fora que joga com as imagens e com os padrões estéticos. Esse espelho é a sociedade."

Anônimo disse...

Padrão de beleza é uma coisa cretina. --Carol 19:03
-- Eh isso mesmo... tem homem que acha a Sonia Braga o supra da beleza; tem homem que acha que o supra da beleza eh a Vera Fisher... e no final das contas as duas sao igualmente lindas, cada uma no seu visual.
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Quando fui ao Brasil da última vez foi o que eu vi: todas com cabelos escorridos, parecia que estavam saindo de um sistema de produção em massa... Lastimável o tanto que a tal moda controla as mulheres. --Denise 21:14
-- Tb noto que no Brasil a mulher eh muito mais dominada pela moda! Elas compram/copiam qq modelo de alguma sociedade que as impressionem... uma epoca foi a moda francesa e acho que agora eh a moda americana que aqui eh taun variada, mas no Brasil consideram o que veem na TV, inclusive novelitchas da grobo...
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Aprendi a ser "malcriada" com essas mulheres "pranchadas" que vem dar palpite no volume do meu cabelo. Se elas se sentem à vontade pra me dar dicas, então faço o mesmo. Quando falam que preciso fazer escova e prancha, falo que detesto cabelo estilo "capacete", aquela coisa morta, artificial, agarrada na cabeça de tanto passar prancha, tentando se fazer passar por liso, mas sem conseguir. --Laurinha 21:29
--Mas que petulancia se intrometer no estilo do cabelo alheio!!! Bem, se o estilo for algo ridiculo tipo uma mulher negra usando cabelo estilo Brigitte Bardot a gente ateh pode perguntar o motivo dela ter adotado esse cabelo.
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"Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença,o estigma de um crime.Mas nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam." Luiz Gama --nina1982 21:42
--Na minha menince li poemas de Luiz Gama... obrigada por traze-lo ao assunto, muito pertinente... e se alguem quiser saber sobre Luiz Gama, lah vai... A sua morte, vítima de diabetes, comoveu a cidade de São Paulo, e o féretro foi o mais concorrido até então naquela terra. Foi sepultado no dia 25 de agosto no Cemitério da Consolação.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_Gama
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O mais curioso é que em países como Portugal e Argentina esse padrão é mais tranquilo. A mulherada sai nas ruas com o cabelo cacheado mesmo (o cabelo caucasiano também pode ser muito cacheado). Temos que repensar nossos padrões de beleza. --Nuni 22:00
-- Jah comentei que em termos de moda a brasileira eh mais dada a maria-vaicom-as-outras...
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bem, pra quem tem interesse em ler alem dos comentarios em si e procurar o que os comentarios abordam, a gente pode descobrir muita novidade ou coisas que desconhecemos da sociedade brasileira... descobri que existe desde ha muito o Dia do Mulato (filh@ de branc@ com negr@) eu nunca tinha ouvido falar nisso... nem na escola e nem fora da escola, Vejam aqui sobre o Dia do Mulato http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Mulato

e se vcs chegarem ao final da pagina leraun sobre o Dia do Mestizo e outros dias mais... obrigada aos posts e obrigada a quem comenta trazendo assunto tb enriquecedor.

saturnreturn disse...

Ótimo post! Eu cresci ouvindo que meu cabelo era uma "guaxa" da minha própria mãe, que "penava" alguns dias por semana para pentear e fazer os cachos. Ela vivia dizendo que eu devería ter nascido com o cabelo dela. Então eu simplesmente nunca soube que meu cabelo poderia ser bonito, eu achava que eu era uma sub-espécie e o cabelo "ruim" era só um dos sinais externos disso. Um dia, deveria ter uns 10 anos, fui à escola com os cabelos soltos, morrendo de vergonha porque chamava muita atenção, e duas moças secundaristas me pararam para dizer que achavam meu cabelo lindo, que eu parecia uma pantera, o que eu fazia pro meu cabelo ser lindo daquele jeito, que elas queriam aquele cabelo que eu tinha, com volume, brilho e forma. Eu fiquei totalmente confusa e achei que aquilo deveria ser coisa de adulto quando vê uma criança e acha legal brincar com ela. Quando eu saia com os meus pais, os amigos deles faziam piada do meu cabelo, me chamando de Elba Ramalho, Maria Bethania e Gal Costa. O meu cabelo solto chamava tanta atenção que minha timidez não tinha como suportar. Então eu sempre usei-o preso e, depois, na adolescência minha mãe descobriu o que deveria ser a solução para os nossos problemas: relaxamento.
Nossa...fui escrava dessa agressão por mais de 20 anos. Quando saí do Brasil, uma das principais preocupações era como cuidar do cabelo. Mas agora resolvi assumir. E me sinto muito mais livre!!! Dá um alívio imenso saber que eu não preciso me submeter a nada, que não tenho que me adequar a nada, que eu mesma decido como é que minha aparência vai ser. E eu decidi que eu estou muito cansada e já muito velha para aceitar que o olhar do outro defina minha aparência. Para mim essa questão não se chama "assumir-se", mas "libertar-se". A questão do cabelo é um certo "coming of age".

saturnreturn disse...

Ah...teve uma coisa que eu achei deprimente da última vez em que estive no Brasil. Fui ao seminário "Mulher e Mídia 6", onde, naturalmente se debatiam questões relacionadas à representação da mulher negra na mídia e tals, e a organização terceirizada do evento era composta por cerca de umas dez moças, todas, TODAS mesmo de cabelo com escova progressiva e pintados de loiro. Era tão patético, coitadas. Lá dentro as mulheres discutindo tudo aquilo que as oprimia e do lado de fora a certeza que essas moças teriam tido dificuldade de trabalhar na organização de eventos se não se adequassem ao padrão.

aiaiai disse...

Alguém falou em "defeito de cor" e, claro, lembrei do livro lindo e que deveria ser lido por todos os brasileiros:
Um defeito de cor
da Ana Maria Gonçalves

http://compare.buscape.com.br/um-defeito-de-cor-ana-maria-goncalves-8501071757.html

Diana disse...

Adoro ler essas coisas. Me faz me sentir mais feliz e menos maluca (não que eu ache, hoje, que isso é nada de anormal, mas me achava muito maluca com essas mesmas noções quando tinha sua idade. Ou o mundo inteiro estava maluco em volta de mim).

Eu era uma criança de cabelo liso. Liso pra caramba, escorrido. No meu aniversário de 8 anos, eu queria usar cachos. Foram precisas 24 horas de bobs e laquê para eles ficarem lá - e no final da noite, eles já não existiam. Ainda não existia a ditadura do liso e eu achava bonito mesmo era cacho largo em cabelo ondulado (cabelo de princesa!), mas achava que nunca ia dar essa sorte.

Ai eu menstruei, os hormonios fizeram a festa, e meu cabelo encheu e ressecou que nem árvore no outono. Coisa de maluco mesmo. Eu fiquei meio chateada porque, na época, usava cabelo curto e o volume do cabelo me deixava com uma cabeça gigante. Mas isso era fácil de resolver: deixei crescer. Nem me ocorreu escovar ou coisa parecida, eu só deixei ele crescer e, mesmo com volume, já não me deixava cabeçuda, então eu não me importava com o resto.

Nessa altura, eu era adolescente, e queria mesmo era fazer luzes. Minha cabeleleira foi firme e disse que nada de luzes antes dos 15. Eu achava a cor do meu cabelo horrorosa, e queria que parecesse mais com o resto da família - ele tem um tom esquisito de castanho-acinzentado bem claro que eu continuo não gostando. Obviamente, quando fiz as luzes, concluí que elas não eram realmente o suficiente para a mudança que eu queria, mas as regras foram claramente impostas: tinta só aos 18.

O que, na real, foi muito sensato. Inicialmente eu queria clarear, deixar cor de mel, como os cabelos da minha avó/prima/irmã. Quando os 18 finalmente chegaram, isso já nem me passava pela cabeça. Eu entrei na tinta, sim, mas tendo descoberto que podia ficar natural, que combinava com meu espírito e minha aparência, eu optei pelo ruivo.

Aliás, continuo pintando de ruivo até hoje. Nem penso muito nisso, para mim, não é como se eu estivesse tentando melhorar nada na minha aparência - eu sou ruiva, a genética é que é teimosa. Eu me identifico, me sinto como ruiva desde criança. Não tem nada a ver com ficar mais bonito (certamente não foi nenhuma unanimidade na minha família, a maioria diz que a cor natural é mais bonita), mas com me sentir mais a vontade, mais parte de mim mesma.

Tentei todos os tons, todos os vermelhos, até achar o tom acobreado natural que fazia eu me sentir realmente bem. Eu não queria que parecesse pintado para os outros, porque para mim, era como se não fosse. É como se não pintasse. Eu detesto ir ao salão, detesto pintar o cabelo, mas é uma coisa que, para mim, é parte de quem eu sou. Ruiva.

Olho as fotos do meio pro fim da minha gravidez, do nascimento do meu filho, e acho super esquisito ver meu cabelo (pintado, aliás, de) castanho. Aquela pessoa ali não parece comigo! Hahaha.

Tenho um amigo que trabalha com pesquisas para a Loreal, e diz-se que o ruivo é a cor de pintura de cabelo que menos dura nas pessoas (a maioria não passa de 2 anos com a cor, 5 para o loiro, 8 ou mais para castanho, não contando ai tonalização de cabelo branco). Eu já tenho uns bons 8 anos de tintura vermelha, e não me vejo com outra cor - e acho que isso é a parte importante, você estar confortável com as escolhas que faz. Eu não pintei de ruivo porque ser ruivo era legal, eu pintei porque era mais representativo de mim. Tem gente que se sente mais loira que morena, mais morena que loira, mais roqueiro, mais indie, mais clássico. É parte do estilo, num geral - ou deveria ser.

Diana disse...

Da mesma forma, eu fiz minha boa meia-duzia de escovas para 15 anos e casamentos, mas sempre achei um procedimento insuportável. Nunca entendi a paciencia de quem levantava cedo pra fazer uma coisa dessas. Eu tinha cabelos demais, cada escova demorava uma hora, uma hora e meia, e eu querendo morrer (a cabeleleira idem). Lá pelas tantas, eu não conseguia mais me importar o sufiicente para sequer fazer. Ás vezes até faço, quando dá na telha, quando quero mudar o visual rapidamente, quando vou fazer outro penteado, mas no geral eu deixo é ele secar normalmente. Quando muito, passo um modelador de cachos para ele ficar mais cacheado ainda.

Sabe o que é mais fácil de manter saudável, arrumado e simples? Cabelo curto. Céus, nada foi mais simples na minha vida do que o cabelo cortado em estilo asa-delta, para o qual eu dei até uma progressiva (na real, era outra quimica, mas é irrelevante) só para não ter que fazer mais que desembaraçar - e isso só ao lavar. Mesmo quando ela saiu, continuou sendo muito fácil de cuidar, nunca parecia particularmente ruim, tudo muito rápido, e dava pra lavar mais vezes. Mas, entre o tédio com a aparência sempre igual, o fato que eu estava ainda mais igual à minha mãe, e meu então namorado (agora marido) dizendo que sentia falta dos meus cabelos compridos, deixei crescer de novo.

O legal é que eu já deixei, tantas vezes, tão claro que gosto do meu cabelo como ele é - afinal, era meu sonho infantil ter cachos largos e cabelos ondulados volumosos (já não tanto, porque a gestação me tirou bastante cabelo, mas ainda muito volumoso para o comum da família) - que ninguém se dá ao trabalho de me perturbar com novas químicas ou novas invenções. Elas nem se oferecem mais para secar meu cabelo depois de pintar, porque sabem que vou olhar para elas com a cara de "não! O horror!"

Na realidade, eu sempre tive pouca paciência para gente se metendo na minha aparência - e finalmente isso está sendo bem aceito, por assim dizer. Minha tia ainda reclama regularmente que meu cabelo está "muito ressecado", mas já não fala nada sobre os cachos e volumes. Ninguém mais reclama de eu pintar o cabelo. Só ainda se fala um tanto do meu peso (que está absolutamente normal), mas considerando a saude familiar e a tendência sanfona que acaba com qualquer um, eu tento não ser -muito- grossa quanto a isso. Lente de contato? Mas pra que, céus? Gosto muito dos óculos, obrigada. Gostaria de lentes para coisas específicas, momentos específicos - certamente fará ir a praia e praticar atividades físicas mais fácil e agradável, e o cinema 3D poderá deixar de ser a coisa mais incomoda do mundo (óculos sobre óculos não funciona tão bem assim) - mas ainda assim, é mais para, literalmente, evitar dor de cabeça do que para "ficar mais bonita".

Sabe o que é bonito de verdade? Se achar bonita. A confiança atrai muito mais que o rosto. A confiança é uma atitude, engloba mais do que seus cabelos, ou suas roupas, ela é um conjunto de tudo - você saber quem você é. E é isso, de verdade, que faz qualquer pessoa bonita ou feia, em um sentido muito mais amplo do que um rostinho de boneca. Ser linda é ótimo, para arranjar companhia para alguns minutos, horas ou uma noite. Mas, não é o suficiente para mais que isso - é preciso bem mais: é preciso atitude.

darkgabi disse...

o mais engraçado é q a gente não percebe q o "padrão europeu" tb não existe. aki tem mais gente de cabelo liso? ou não tanta gente de cabelo cacheado? sim, com certeza. mas eu começo a perceber q liso liso msm talvez só na escandinávia. e msm assim, dos finlandeses q eu conheço, uma tem cabelo crespo msm, outro cacheado, um terceiro, ondulado.

os cabelos aki são mais pro ondulado... uns mais, outros menos. e isso me lembra as figurações de anjos e afins sempre de cabelos cacheadinhos, apesar de loirinhos. aliás, eu tb achei q veria um monte de gente loira aki e não é tanto qt imaginei. e mts, olha só, são tingidos.

eu sempre comento aki no seu blog como as coisas na europa não são, ou como elas são às vezes mt parecidas com a nossa realidade pq eu acho q brasileiro, ou talvez sul-americano, ou talvez não-centro-europeu tem muito complexo de inferioridade.

eu nunca achei q aki seria um mundo perfeito, mas vim sim com um monte de coisa pré-construída na minha cabeça, culpa desse complexo de vira-lata. dae vc olha ao redor e fala "putz, não é nada disso!"

darkgabi disse...

ps: acho q um jeito legal de pesquisar sobre tipos de cabelo europeu é olhar pras bandas de metal. pq os homens têm o cabelo comprido e acho q não costumam cuidar dos cabelos, alisar, passar creme, etc.

Anônimo disse...

Eu tenho cabelo liso. Sou opressor.

Mas acho o mais interessante o ideal de cabelo ser aquele que os grupos dominantes, que as pessoas da alta sociedade têm. Ou seja, eu transformo meu cabelo em liso pra aumentar o status - e por pura coerção.

Sara disse...

Eu acho cabelos cacheados lindos, mas acho q o q incomoda algumas pessoas talvez seja o volume o que na verdade eu até invejo pq tenho bem pouco cabelo. Como a autora deu algumas dicas de como tratar os cabelos, me lembrei de uma bem antiga que ja não vejo ser usada hj em dia.
Acho que uma prática q se perdeu no tempo é o uso de "touca" que consistia em pentear o cabelo um pouco umidos não molhados, em volta do couro cabeludo, prendendo com grampos de cabelo, esperando por um tempo que pode variar até que os cabelos sequem naturalmente, isso deixa os cabelos lisos e com menos volume mas não requer nenhuma quimica, meus cabelos são levemente ondulados mas como qdo eu era moçinha a moda ja era usa-los bem lisos, eu fazia essa "touca" com meus próprios cabelos assim que os lavava, e tenho esse costume até hj.

Lorena disse...

A mocinha que escreveu esse texto tem 16 anos??? Menina, meus parabéns! Seu texto foi lindo, sensível, com argumentos perfeitos e lúcidos, muitas vezes difíceis em meninas dessa idade, não por não serem inteligentes, mas por estarem ainda aprendendo a colocar os pensamentos em ordem. Aliás, muita gente bem mais velha não argumenta tão bem quanto você! Parabéns, de verdade.

Ainda não li os comentários, mas queria dizer que adorei muito o texto. É sempre bom conhecer a história de quem passa por essas situações na pele. Eu não tenho o cabelo crespo, é liso mesmo, e tantas vezes eu o quis cacheado e não consegui. Não tenho a bagagem da R. pra debater o assunto, mas posso dizer que amo cabelos cacheados, apesar de não ser insatisfeita com os meus lisos-escorridos. Sempre senti uma pena mto grande dos cabelos alisados, rs. Minha namorada tem cabelos crespos que ela alisava quando nos conhecemos, e hoje ela os deixa ao natural, crespos e volumosos. E eu AMO. Ela também aprendeu a amar o cabelo "original" (apesar de toda a pressão pra alisar novamente, inclusive dentro da família), acha muito mais bonito e, OBVIAMENTE, ainda que muita gente possa pensar o contrário, muito mais fácil de lidar!

Hoje em dia eu tenho percebido que existem mais cada vez mais mulheres deixando os cabelos crespos ao natural e cuidando deles, em vez de tentarem "dar um jeito", que pra mim, só deixa o cabelo cada vez mais sem jeito; sem forma, sem brilho, sem viço...

Paola disse...

Nossa, q cabeça boa a dessa menina de 16 anos!!!

O meu cabelo é liso e loiro e eu sou bem branquela de olhos claros.

Na minha opinião, o q importa é o cabelo ser bonito e bem cuidado, seja ele liso ou cacheado.

Acho muito mais bonito pessoas de cabelo crespo com seus cachinhos do q de cabelo alisado.

Fica mais leve, bonito e natural.
Gosto muito q atrizes como a Ildi Silva e a Thaís Araújo assumam e usem seus cachinhos.
Como elas ditam moda, espero q as pessoas passem a ver q cabelo crespo é bonito tb e deixem de se sacrificar tanto para alisar o cabelo.

Tatah disse...

Minha mãe é branca, tem cabelos lisos e meu pai é moreno. Foi dele que herdei o cabelo "ruim". Nas minhas mais antigas lembranças, minha mãe me pegava no colo, me fazia carinho e dizia com voz carinhosa: "Mamãe pediu ao Papai do Céu que mandasse pra mim a menina mais linda que ele tivesse lá no paraíso. E Ele me mandou, mas eu só me esqueci de pedir que ela tivesse cabelo bom".
Eu aliso meu cabelo desde a adolescência. Sou escrava do salão, da chapa, da escova e, sinceramente, não penso em mudar. Não consigo me identificar com o meu cabelo natural. Se você me perguntar como ele é, só sei dizer que é ruim. Não é cacheado, é só grosso, crespo e feio. Um erro de Deus.

Anônimo disse...

Ir ao salão para cortar a cada 3 meses é um exercício de paciência e determinação para não aceitar química alguma. Eu já tive que falar para cabeleireiro: eu só quero cortar, se você não consegue fazer isso, tudo bem, eu procuro alguém que saiba.
E além de liso o cabelo dever ser comprido. Quando cortei o meu foi um chororô enorme de gente reclamando, como se eu deixasse de ser mulher só por ter cabelo curto. E daí vejo um festival de cabelos secos, maltratados e sem vida, mas quem se importa com a saúde dos fios? Eles são compridos e só por isso a mulher é mais "feminina".
Quer coisa mais desagradável que no metrô ter que ficar perto de alguém com o cabelo ensebado, sujo e com mal cheiro? Qualquer suposta "beleza" que teria por ser liso vai embora rapidinho.
Sou muito mais o meu cabelo crespo, saudável, curto, limpo, cheiroso e prático.

Anônimo disse...

Tatah 09:25
-- "um erro de Deus" pq sua mae botou isso na sua cabeza... meu pai tb nao gostava do meu cabelo liso que pra ele certamente foi um erro da natureza...

tudo bem que a mulher tenha la sua vaidade com o cabelo, mas dai a praticamente destrui-lo a poder de produtos quimicos e da quentura de secador jah eh ir longe demais...

MCarolina disse...

Fiquei impressionada é com as mães falarem tanto para as filhas que elas têm cabelos ruim. Outro dia fiz uma piada com uma amiga, ela não tinha conseguido um emprego e eu perguntei se era porque ela tinha cabelo cacheado. Ela acabou contanto que a mãe dela falava que o cabelo dela era feio, e eu nem imaginava, pois sempre achei o cabelo dela muito arrumado e por ela não ser negra. Mas pelo jeito rola muito bullying materno quanto ao cabelo. Como crescer gostando do próprio cabelo assim?

FM disse...

Lindo texto! Depois de mais de 10 anos alisando meus cabelos, há uns três meses decidi ser feliz com o cabelo que a natureza me deu. Cortei boa parte do cabelo alisado/relaxado e estou seguindo técnicas que encontro na internet para cuidar das minhas madeixas. Mês passado encontrei um cabeleireiro especializado em cachos que me ensinou que os cuidados diários, o corte, a lavagem, etc para os cabelos crespos são completamente diferentes dos lisos.

Muita gente estranha, mas recebo muito apoio, principalmente do meu marido que ao contrário da maioria sempre sugeriu que eu ficaria linda se deixasse meu cabelo ser como ele é e que seria mais feliz se me libertasse do padrão racista do cabelo liso e loiro.

Hoje eu vejo que assumir meu cabelo crespo é uma atitude política. Estou muito contente por isso e vejo que aos poucos várias mulheres estão conseguindo se libertar dessa imposição do padrão caucasiano. Liberdade para as mulheres cacheadas!

Anônimo disse...

Eu nem me lembro de como era a relação da minha família com meu cabelo quando eu era criança, porque eu realmente não me importava com aparência, lembro que demorei muito tempo para me acostumar coma ideia de que eu era uma garota bonita, porque na infância nunca tive essa imagem de mim, eu era uma coisinha tagarela, de cabelo bagunçado e com uns óculos meio feios. Lembro de um dia, quando eu já tinha 10 anos,em que fui a uma festinha na escola onde minha mãe dava aula e onde eu estudava até o ano anterior, meu cabelo estava arrumado, lembro de estranhar minha imagem no retrovisor do carro, e de estranhar os elogios das professoras. Mas acho que não sofri muitas críticas em casa por causa do meu cabelo, tenho uma tia que tem cabelos cacheados também, que tem o maior orgulho dos cachos dela, e que baba nos meus desde sempre, lembro que foi ela que me iniciou nas artes de cuidar desses cachos, até me deu meu primeiro creme de pentear (nessa época eu já tinha pelo menos uns 12 anos, mas acho que já devia ter 13),e minha mãe, que tem um cabelo ondulado, praticamente liso, vive reclamando que quase não tem cabelo, então nunca reclamou do meu cabelão cacheado, só achava ruim mesmo na hora de tentar pentear essa juba rs

Mariposa de Guadalupe disse...

Nossa, só quem tem cabelo cacheado sabe o que é passar por esse tipo de pressão para ser igual a todo mundo. Eu também tenho cachos e passei muito por essa zoação, tinha até musiquinha: "cabelo de mola, quando puxa estica quando solta enrola..." hahahahah.
Eu tive a sorte de ter uma mãe que sempre me impediu de alisar o cabelo, por diversos motivos, mas o principal por que fazendo isso quando criança acabamos negando a própria identidade muito antes do processo de auto-aceitação. Eu vejo minha irmã de 8 anos, que também tem cachos, passar por isso agora. Ela tem primas de cabelo lisissimo e, como eu, o seu cabelo é super cacheado e vive embaraçado. Ela já fez uns alisamentos, cortou franja, tudo para ficar igual às primas e eu fico tentando balancear, falar que não precisa, que ela é linda assim, mas a pressão de ser igual a todo mundo é muito grande. É muito triste.

d.p. disse...

Ainda quando eu tinha 9 anos e fiz um viagem aos EUA, e o que mais me impressionou foram todas aquelas mulheres negras com penteados afros lindissimos que eu raramente via no Brasil.
Não sou negra e meu cabelo é claro e liso, mas desde adolescente os corto curtíssimos e já passei por incontáveis questionamentos por conta de cabelos. Até hoje não sei explicar se há de fato alguma relação entre meu desejo de ter cabelos curtos e minha homossexualidade, mas no fim acabaram virando um simbolo de orgulho pra mim.
Soltem os cabelos, prendam os racistas.
Belo texto.

Sapho disse...

Minha relação com o cabelo é a seguinte.
Meu cabelo era liso indígena, não tinha barrete que segurasse. Por muitos anos foi assim.
Até eu ter de cuidá-lo, e não fazê-lo. Acho um saco pentear, passar creme, etc. Só gosto de lavar. Não uso condicionador nem creme para pentear.
Depois de muitas idas e vindas (4 anos de cabelo joãozinho, máquina zero e muita impaciência para penteá-lo), ele segue liso na raiz. Acabou ficando ondulado, em cima tem fios quebrados, enfim. Hoje eu uso basicamente um coque, que é como eu adoro.
Eu sei que destoo de boa parte das pessoas. Sempre caguei pra o que pensavam do meu cabelo. O que me irritava mesmo era acharem o máximo eu ter cabelo liso e falarem mal dos cabelos cacheados das minhas irmãs. Eu achava todos lindos, o meu e os delas.
Depois que o meu deixou de ser liso, passei a ouvir: _ Seu cabelo era lindo, parecia uma indiazinha. O que você fez pra ficar assim?!
- ou seja, destruído!! (rsrsrsrs)
O tempo e a maturidade me fizeram encontrar uma resposta prática e tranquila.
_ Adequei à minha personalidade.
Mas eu sei que não é um assunto tão simples assim.
Eu também penso que há racismo aí. Continuam embranquecendo o mundo e uniformizando a sociedade. É mais fácil controlar.
Infelizmente, tem uma música que eu amo, e que diz:
"A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil...ela espalhou por nossas vastas solidões, uma grande suavidade..."
Mais do que o nosso cabelo, precisamos mudar a nossa mentalidade, em alguns aspectos, tão tacanha.

Roberto Lima disse...

Eu fiquei abismado com esse negócio de que o "padrão" atual para as mulheres seria cabelo liso... nunca havia pensado nisso. Cada mulher tem seu tipo, e ficar mudando as características naturais para se adequar a um "padrão" não me parece sensato.
Já namorei mulheres de cabelos extremamente lisos ( japonesas), cabelos cacheados, ondulados, afro...e todas elas lindas .Ontem, ao passear em um shopping, passou por mim uma amiga antiga, que tem os cabelos bem cacheados, lindos...se ela alisasse, acho que não ṕareceria tão bela.
Agora...como é que pode , em um país que é tão diversificado em termos de colonização, existir uma escola onde se exige um "padrão de cabelo liso"??? Ridículo, para dizer o mínimo.

L disse...

Também me identifiquei com o post, já tive fases e mais fases com meu cabelo, inclusive já tentei aceitá-lo, não costumo pranchá-lo, mas mesmo assim nunca consegui abrir mão dos relaxamentos.
É necessário muito jogo de cintura, e coragem pra lidar com todas as pessoas que engolem o conceito de 'cabelo ruim'. Fico orgulhosa que existam pessoas como você.

Mauricio disse...

Toda vez que esse tipo de assunto aparece, eu fico me lembrando de uma garota que vi no metrô aqui de São Paulo, com lindos cabelos crespos e que usava uma camiseta com o nome/marca (não sei) CRESPOSIM, com um desenho estilizado de uma garota com cabelo "black power".
Aquilo pra mim fez todo sentido e me pareceu mais ativismo do que meia dúzia de conferências, encontros e principalmente, discussões que acompanhei no Orkut.
CRESPOSIM, gente!

Floco de Neve disse...

Oi,
Que legal esse post. A minha historia é bem parecida e so resolvi assumir meus cabelos como eles são vindo morar na europa. Aqui rola muito menos essa pressão de seguir o padrão. Tem um ano e meio que to com meu cabelo natural e to adorando ele!! Mas fiquei triste quando fui de ferias pro Brasil e minha familia inteira me encheu o saco preu alisa-lo... mas eu to firme na minha decisão e fico feliz em saber que têm mais gente tomando a mesma atitude!

Ana Clara Telles disse...

Bom, como muitas mulheres, comigo aconteceu algo muito parecido.

Até eu ter uns 10 anos, meu cabelo era ondulado e bem cheio, mas eu não estava nem aí. Usava cabelo chanel e ele era volumoso. Com 10 anos, uns familiares meus me convenceram a cortar em camadas, e a cabeleireira mutilou o meu cabelo, deixou ele quase joãozinho.

Bom, quem já teve 10 anos sabe o que é uma menina de 10 anos de cabelo curto. No meu caso, além de estar com 'cara de menino', o meu cabelo triplicou de volume e ficou todo bagunçado e cacheado. Vejam, não estava FEIO, apenas DIFERENTE do padrão das meninas de 10 anos na época. E foi nessa época que fui apelidada carinhosamente de 'medusa'.

O apelido foi embora, afinal, o cabeço cresceu e em um ano já não era mais curtinho. Mas o "complexo de medusa", não. A partir daí, comecei a achar meu cabelo horrível e desejar com todas as minhas forças ter cabelo liso. Mais ou menos nessa época, pululou no Brasil a famigerada escova progressiva, e eu fui atrás dela, já que garantia pelo menos uns meses sem ter de retocar o alisamento.

Fiz umas 2 vezes (nessa época, já com una 14 anos), mas a escova simplesmente NÃO PEGAVA no meu cabelo. Não pegava. Durava um dia e, na primeira lavagem, era como se eu nunca tivesse feito. Como eu nunca fui rica e tinha consciência de que gastar rios de dinheiro da minha mãe com cabelo era uma coisa muito da idiota, eu deixei pra lá e aceitei, durante muito tempo, que eu era simplesmente 'feia', fora do padrão, não tinha tido a tal sorte genética.

E eu agradeço por isso. Foram esses anos me achando a menina mais feia da face da Terra que me fizeram pensar criticamente sobre tudo: beleza, moda, amigos, amores, sexo, juventude e, principalmente, bullying. Eu nunca ME ACHEI feia. Eu nunca tinha reparado nas minhas pequenas 'feiúras', no meu nariz com formato tal, na minha testa que era isso, até... até alguém apontar. Durante boa parte da minha adolescência, eu fiquei refém dos outros, do que os outros diziam que achavam de mim.

Hoje, eu me sinto bonita, porque sou. Porque todo mundo é. Meu cabelo é cacheado e volumoso e eu me recuso a alisá-lo sob quaisquer circunstâncias - seja com progressivas, marroquinas e italianas, seja uma escovinha básica para um casamento. Meu cabelo é esse, conta a minha história, é o cabelo que eu herdei da minha mãe. E, quer saber? Hoje as pessoas param na rua para dizer como o meu cabelo é bonito.

Priscila Torres disse...

A primeira vez que fiz relachamento em meus cabelos, foi aos 7 anos de idade. E sinceramente, foi um sakoo!! Fiquei horas sentada em uma cadeira gigante aguentando um sujeito puxando meus cabelos com muita força e dizendo que para ficar bonita, tem que sofrer mesmo! Não conseguia entender o porquê de ficar horas confinada alí para 'ficar bonita'.

Depois dessa experiência malfadada, nunca fiz mais nada em meus cabelos, que eram volumosos e crespos. Até que um dia a adolescência bateu na porta, dizendo que para ser aceita deveria 'dar um jeito' nas madeixas. Conservei meus cabelos crespos até os 16 anos (estava firme e forte até aqui), até que um dia conheci uma amiga que insistia em alisar meu cabelo, dizendo que 'queria me ajudar' sem eu solicitar sua 'ajuda'. Então ta né? fiz todo o processo da escova padronizante e voilà!

Minha vida mudou da água para o vinho. Recebi elogios de todos ao meu redor, na escola, em casa e até cantadas na rua que nunca recebi kk. Só podia ser o cabelo, pois meu físico continuava o mesmo.

Por mais que me achasse linda naturalmente, me olhando no espelho, o mundo lá fora me dizia o contrário.

Achei muito interessante o trecho que a Marina Gabriel postou em seu comentário. O espelho da sociedade entra em contraposição com nossa própria visão de nós mesmos.
Admiro muito as mulheres que optaram por se olharem no próprio espelho, ao invés desse que a sociedade dita como padrão.

Parabéns à todas!

Flavia Vianna disse...

Para começar, acho cabelo crespo, estilo afro black power uma coisa linda. Adoro cabelo cacheado também.

Sou negra, tenho o cabelo crespo. Mas...ele não tem o típico "fio grosso" dos cabelos crespos. O meu tem os fios finos e o resultado é que simplesmente não dá para usar o black power ultra estruturado dos meus sonhos. Sabe o que é olhar o cabelo da Sheron Meneses e morrer de inveja? É o meu caso.

E só existem duas maneiras de existirem cachos no meu cabelo: baby liss ou química. O relaxamento dá o formato exato que quero nos meus cabelos, formando cachinhos muito bonitinhos nas pontas.

Na última vez que fui ao salão uma das cabeleireiras me perguntou se eu gostaria de fazer uma progressiva. Eu respondi: nunca! Sou totalmente contra a ditadura dos cabelos lisos.

E parabéns a moça que escreveu o texto. Já aos 16, você escreve muito bem e fez uma belíssima defesa dos cabelos crespos.

L disse...

Eu relaxo meu cabelo desde os 5 anos, e a frase que mais ouvi e que mais detesto é essa clássica 'pra ficar bonita tem que sofrer'. O meu ódio por essa frase ficou maior quando passei a usar guanidina9 uma química forte, que machuca o couro cabeludo e faz arder muito). E eu a uso há uns 5 anos..

Admiro muito as mulheres que optaram por se olharem no próprio espelho, ao invés desse que a sociedade dita como padrão.+++

Comitê Memória, Verdade e Justiça - Tocantins disse...

eu sou branca, tenho olhos verdes... e cabelo cacheado.

sempre, sempre sofri várias formas de preconceito, desde criança, quando me apelidavam na escola por conta do cabelo, ou quando o cabeleireiro insistia em fazer escova.
engraçado...só hoje percebo que as pessoas me elogiavam em demasia quando eu estava de cabelo liso...gente, elas não achavam meus cachos bonitos!!

de qualquer forma, as únicas vezes em que meu cabelo esteve liso foram nos minutos pós-salão, quando eu era criança, pois eu nem sabia direito o que era uma escova, então não negava o procedimento.

mas até hoje, sempre sempre, quando vou ao salão, ouço o clássico: não vai querer a escova?
ao qual respondo em alto e bom som: NÃO, OBRIGADA, AMO MEUS CACHOS.

adoro meus cabelos, realmente não entendo as pessoas que não os acham bonitos. é um traço da minha miscigenação de brasileira que carrego com muito orgulho,e com muito orgulho vejo que tenho estimulado amigas queridas a assumirem seus cachos também. é lindo poder ser livre, sentir o vento, a chuva, sentir o próprio corpo (sim, faz parte do corpo!) como algo belo e natural.

adorei o post!

Anônimo disse...

espero que ela não pegue uma chefa escrota pela frente que tenha como requisito para entrar na empresa alisar seu cabelo.

Annah disse...

Muito bom esse guest post. :)

Lembro de que quando fazia parte de uma turma de teatro no colegial, havia essa garota mulata e o cabelo dela era lindo, maravilhoso. Era crespo e longo, que nem dessas mulheres das fotos que a Lola postou.
Eu e minha mãe - que era diretora do teatro (sem nepotismo, ela me colocou fazendo parte do coro) - sempre elogiávamos o cabelo dela (e eu e minha mãe temos o cabelo fino e escorrido, de uma cor meio clara, desses bem sem graça mesmo).
No fim do ano, essa moça aparece com o cabelo alisado, matou os cachos lindos dela.
Minha mãe é bastante extrovertida, então ela falou para a mãe da garota: "nossa, por que você deixou ela alisar? Era tão bonito!" - E não é que a mãe e a moça ficaram bastante irritadas?

Obviamente hoje em dia tenho conhecimento de como funciona o racismo no Brasil e sei que os elogios que fazíamos podias ser interpretados como condescendência, principalmente quando os cabeleireiros abordam mulheres com cabelos cacheados e crespos oferecendo esses tratamentos químicos e como toda a mídia de massas faz com que as pessoas se sintam mal por não estarem no "padrão" caucasiano, sem falar na patrulha de mal-intencionados que, de fato, julga e maltrata - e demite ou não contrata - as mulheres que não abrem mão da própria saúde por uma estética artificial.
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Outro "causo": Ontem, estava na internet procurando por bonecas negras. Faz muito tempo que deixei de ter bonecas, mas como as pessoas sempre me davam bonecas loiras "porque tem olhos azuis iguais aos seus", resolvi que quero mudar isso.
Bom, primeiro resultado do google ao buscar por "bonecas negras" é de uma loja de brinquedos didáticos. Até aí, tudo bem.
O problema foi o texto do anunciante, sob o título de "Bonecas de todas as etnias": "Uma equipe de artesãos terceirizados fabrica bonecas de vinil ou pano de vários tipos: negras, mulatas, indianas, chinesas, mulçumanas, ruivas e portadoras de necessidades especiais." - Daí eu já fiquei com o pé atrás. Acho que depois de "negras" a lista parou de falar de etnias. "indiana" e "chinesa" são nacionalidades e compreendem vários grupos étnicos. "mulata" e "ruiva" tem a ver com tom de pele/ cor de cabelo, não? E para qualquer conversa, "ruivas" são brancas, não são? Nunca vi uma ruiva ser discriminada por ser ruiva. "Mulçumana" é uma identificação religiosa. E "portadores de necessidades especiais" podem ser qualquer pessoa com alguma necessidade especial, independente de etnia, religião, etc. - Bom, isso tudo para dizer como é freqüente esse tipo de condescendência e preconceito bem intencionados. Não que não devessem haver brinquedos que expressassem identidades diversas, porque as bonecas "padrão" - loiras e com olhos claros - claramente ensinam às crianças que só há um padrão desejável. Por outro lado, acho que é possível ter mais tato na hora de fazer isso, não?

Maíra Araújo disse...

Ótimo texto, R.!
E olha, sei muito bem o que é isso. Meu cabelo sempre foi cacheado, uma das poucas da família a não ter cabelo liso. E minha mãe é cabeleireira! Imaginem agora como é aqui em casa, rs. A partir dos 15 eu comecei a escová-los toda semana, mais de uma vez. Até porque era de graça. Antes disso eu vivia com ele preso, na base de creme, aquela coisa 'lambida', horrível e deixava ele super mal cuidado. Daí ao começar a escovar sempre eu fui criando uma espécie de paranóia, sabe? Eu só me sentia bem com o cabelo liso, entrava em desespero(!) se eu tivesse que sair de casa e eles não estivessem lisos. E todo mundo em casa só fazia apoiar essa 'loucura', que eu tava feia, que meu cabelo é ruim... Aliás, por que um cabelo seria 'ruim'? Mas sempre achei cabelos cacheados lindos, aqueles cachos bem definidinhos (e os meus eram assim quando eu era criança), mas sempre achava que o meu nunca que voltaria a ser desse jeito. Até porque eu nunca tinha dado a chance deles cachearem de verdade e com tanto produto químico nunca que cacheariam rs.
Então que há uns dois anos atrás eu conheci uma moça e viramos amigas e tudo o mais. Ela com os cabelos cacheados (lindos) e eu lá com o cabelo liso forçado. Depois de umas várias lutas internas, resolvi abandonar a escova. No começo foi aquele choque pra todo mundo "Nossa, por que seu cabelo tá assim? e eu firme e forte rebatendo todo mundo. Já se passou mais de um ano e meu cabelo tá do jeito que eu sempre quis (ok, não tanto, mas tá ótimo), os cachinhos definidos, sem aquela pressão que eu mesma fazia... Isso ajudou muito até na minha terapia! Ando bem mais segura em relação à minha aparência, tenho orgulho de dizer que os cachos são meus e que não, não preciso de chapinha pra me sentir 'bem aceita' na sociedade.

K disse...

Esses dias , na escola da minha filha , entrou uma adolescente linda , com os cabelos cacheados.
Eu não aguentei e disse :- Seu cabelo é lindo ! E ela , que deve ter no maximo uns 14 anos , respondeu: - Obrigada . Não me rendi a ditadura da chapinha!
Achei tão bonito , ainda mais porque veio de uma menina tão nova.Gostaria que ela lesse isso.

Gian Carlo disse...

eu não consigo arrumar emprego por ter dreadlocks. Mas não vou cortá-los até que encontre um emprego e me aceitem como sou.

Vocês acham que não aceitarem pessoas com dreads também éuma forma de racismo?

Jussara disse...

Texto excelente, parabéns, R.!
Concordo com tudo o que disse, e acho que todas nós que temos cabelos cacheados ou crespos passamos por cobrança, por não-aceitação do cabelo etc. Eu tive sorte de ter uma mãe esclarecida, que sempre nadou contra a corrente, e desde que eu era pequena me falava que meu cabelo era bonito, elogiava, etc (o cabelo dela é liso). Ainda assim admito que não é fácil assumir os cachos, o "armado", pois as pessoas cobram demais. Eu não ligo muito e às vezes ando meio descabelada, sendo que esse "descabelada" na verdade é o natural do cabelo. Enfim...
Achei o texto muito bem escrito e coerente. Parabéns mais uma vez!

PS: o "sonho" do meu cabeleireiro é alisar meu cabelo. Por que as pessoas são assim, né? Como se cabelo liso fosse bom, e qualquer coisa diferente disso fosse ruim. Mas nem escova eu faço, ele até já sabe disso quando vou lá cortar.

Jussara disse...

Adorei o comentário da Adriana. E destaco aqui um trecho do que ela escreveu e eu disse tb no meu comentário, mas com outras palavras: "Ou seja, não importa que vc lave, faça hidratação, conheça todas as técnicas para ter um cabelo saudável e bonito... Só pode ser arrumado se for liso. Cacheado é sinônimo de bagunçado."