terça-feira, 19 de abril de 2011

ADORO NÚMEROS MAS FICO CONFUSA

Cursos de ensino superior no Brasil oferecem 3.165.000 vagas. Só metade delas foi preenchida em 2010. Nas universidades públicas, das 393 mil vagas, 354 mil foram ocupadas. Nas particulares, das 2.771.000, apenas 1.157.000. Administração é o curso mais popular do país: 18% dos estudantes (mais de um milhão) faz Administração. Em segundo, Direito (11%). Em terceiro, Pedagogia (10%). Depois Engenharia (7%) e Enfermagem (4%). Nos cursos a distância, 62% das matrículas são para Administração e Pedagogia. E outro dia tive que ouvir de uma professora (uma colega!) que professor é um curso em extinção. Imagina se não fosse.
Apenas 47% dos universitários brasileiros se forma em quatro anos. A evasão é de quase 21%, 25% na rede particular, e 11% na pública. Cada aluno custa em média R$ 15 mil por ano à universidade pública, e 9 mil à privada. Com a evasão, e perda chega a R$ 9 bilhões. A meta brasileira era chegar a 2010 com 30% dos jovens nas universidades. Nisso o governo falhou feio e ainda está muito longe de alcançar. Mesmo com o Pró-Uni e as cotas, este número ainda está em 13%. Apenas 10% dos brasileiros tem curso superior completo.
Mas sabe qual estatística achei incrível? Esta: em 1940 só 4,6% dos americanos tinha diploma universitário. Hoje você deve achar que são uns 70%, não? Nananinanão: só 27,5%. Muito mais alto que os nossos 10%, lógico, mas muito longe da maioria. Em outros países ricos a média é de 26%. E olha que em países ricos que não os EUA (onde todos têm que pagar, e caro, pra estudar), o acesso à universidade é bem garantido. Ou seja, tem muita gente que pode estudar, e não quer. E tem americano que, se quiser seguir pro ensino superior e ter chance de ter uma vida superior a de seus pais, só servindo ao exército e indo lutar em alguma guerra (no momento, a do Iraque). Se a pessoa sobrevive, o governo paga a universidade depois.
E, pra terminar, porque este post será bem curtinho mesmo, eu fico pasma com a ambiguidade de muita gente. Mandar o filho pra universidade, ter um diploma universitário, é motivo de orgulho pra boa parte das famílias, certo? Certo. Mas mesmo assim existe um anti-academicismo enor
me. Acompanhei nos comentários do UOL sobre o calendário das jogadoras de futebol um pessoal revoltado com o fato de haver professores universitários de Filosofia, Literatura e Psicologia. Ok, a revolta era mais com que houvesse "especialistas" (e, de fato, ninguém vira especialista em calendário), mas o consenso era que em universidades só se ensinam coisas absolutamente inúteis (útil deve ser apenas Engenharia e Medicina) e que professor universitário é tudo comuna que, quando não fazendo lavagem cerebral em seus pobres aluninhos, fica trancado em suas salas, longe do convívio humano e da realidade.
E então, pessoal? Decidam-se: é bom estudar ou é bom não estudar? Ou só é "aceitável" estudar certas áreas? Ou tudo bem ter um diploma superior, mas isso de continuar estudando e tornar-se mestre e doutor já é demais porque, né, quem precisa de um do
utor? Sei bem que este é um discurso da direita e que, se dependesse dos reaças, não existiria universidade pública (outro dia li um comentário em algum fórum dizendo que o erro dos militares golpistas em 64 foi não ter fechado todas as universidades públicas, aquele antro de terroristas). Mas o anti-academicismo também é grande entre a esquerda. Eu fico confusa. Iluminem-me, por favor.

64 comentários:

Fe Ribeiro disse...

Lola, sou estudante de Administração por acaso, e acho de extrema importância os estudos, e enquanto depender de mim vou estudar. Não tenho a minima vontade de parar, quero fazer minha graduação, em seguida uma pós, um mestrado, um doutorado. Sei lá acho de extrema importância os estudos...

aiaiai disse...

Não posso te iluminar...só lançar mais trevas:

se eles acham tanto desperdício assim investir em ensino universitário, por que reclamavam (e ainda reclamam) tanto do Lula não ter ensino universitário?

Hein? Agora ficou mais confuso ainda, né?


kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Lord Anderson disse...

Lola, eu acredito que há uma valorização das disciplinas mais "praticas", cujo resultado são mais facilmente "visiveis".

Tipo engenharia, mecanica, medicina, etc

Muita gente tem preconceito com relação a filosofia, historia, psicologia, sociologia, etc

pq não entende de fato a função delas na sociedade e dai ficam falando que "Não serve para nada".


é mais ou menos como quando eu era criança e alguem me via lendo e ja gritava:

"larga esse livro e vai brincar, vai se divertir"

sem entender que eu estava me divertindo muito na hora.

rs

Bruno S disse...

Acho que essa confusão toda é um sintoma de que a comunicação entre a academia e a sociedade não é das melhores.

Também está incutida uma visão bastnate conservadora dos cursos superiores. A nossa sociedade valoriza três cursos(direito, engenharia e medicina) e tolera alguns outros.

Sobre a evasão, acredito uma das causas está no excesso de especificação de curso já na entrada na universidade. Acredito que a definição da formação podia ser deixada para o decorrer da graduação. E há algumas especialidades que só deveriam estar disponíveis no nível de graduação.

Bruno S disse...

Corrigindo a última frase. Era para ter escrito pós-graduação.

Admin disse...

Se os reaças não valorizam nem o ensino fundamental !!!

Quem dirá o universitário.

Mas eu acho que posso dar uma dica sobre pq eles toleram esses cursos mais "práticos" (medicina, direito e engenharia).

Pq essas profissões são "tradcionalmente" de pessoas "do bem" de "elite" pq "ganha bem" e dá um bom futuro, partido para formar uma boa "família" tudo isso está enraizado na nossa sociedade.

Tirando o engenheiro, todo médico e advogado gosta de pagar de "doutor" isso dá status...

Admin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camila disse...

É estranho mesmo essa dicotomia, e infelizmente ela não acaba dentro da universidade.

Sou professora universitária, dou aula pro curso de engenharia, mas uma matéria não tão prática, mas que deveria ser divertida e despertar a curiosidade dos alunos, curiosidades sobre produtos, sobre mercado, usuários... Coisas que na minha opinião qualquer profissional de qualquer área deveria saber, para fazer o seu trabalho da melhor forma possível.

Mas o que noto é que a maioria só quer "passar de ano" e tem preguiça de pensar. Estão ali fazendo uma faculdade mas ainda tem a mentalidade completamente fechada. Não estão dispostos a aprender tudo que conseguir naquele lugar maravilhoso.

O que é uma pena.

Não consigo entender se isso é cultural ou educacional, se vem da educação de base ou só das pessoas em volta deles, pais, chefes, etc... Se sempre tem alguém para passar a mão na cabeça e dar tudo o que querem.

Carolina Cruz disse...

Simplificando bem, o brasileiro valoriza diploma, e não o estudo. Fazer faculdade a maioria quer, não só pelo "status", mas também pela exigência ridícula e crescente de diploma universitário para todo tipo de função (coisa que eu acho que não ocorre tanto no exterior). Agora, estudar para aprender é considerado perda de tempo. Pra esse tipo de gente, quem escolhe profissões não tão tradicionais está fadado ao fracasso. Aham, como se todos almejassem o mesmo tipo de sucesso.

Drica Leal disse...

Ótimo tema!

Um probelma que enxergo no modelo do Ensino Superior aqui no Brasil é que as graduações muitas vezes levam um tempo demasiadamente longo! Para quem entra na universidade na adolescência ainda (entre 17-18 anos) tá beleza. Pai e mãe sustentam, vai estudar 4 ou 5 anos e ainda vai sair novinho em folha para adquirir experiência. Mas e quem já entra com mais de 20 aninhos, aí a coisa complica, pois muitas vezes será obrigado a conciliar trabalho e estudo para se manter e não pode esperar se formar para entrar no mercado de trabalho. Tenho certeza que a taxa de evasão entre os universitários mais velhos que precisam trabalhar é imensamente maior que a dos mais jovens que podem só estudar.

Sobre o tempo de duração dos cursos, honestamente, alguns são desnecessariamente longos. Aqui no Brasil um economista precisa de 4-5 anos para se formar, enquanto que na França, por exemplo, em 3 anos se faz uma graduação em Economia e com mais 2 anos uma especialização. E quem já estudou nos dois países diz que daria para o brasil adotar o modelo sem nenhum prejuízo á formação dos estudantes.

Nefelibata disse...

A Carolina disse muito bem: o que se valoriza é diploma, não estudo.

Qual a função da universidade? Formar uma pessoa humana ou fabricar um profissional? Esse é o conflito radical do ensino superior, na minha opinião.

O Brasil, que é um país de extrema desigualdade, sempre selecionou seus bens sociais escassos. A renda abundante, por exemplo. Diploma virou um instrumento para ter acesso a essa renda mais gorda. O universitário nem se interessa muito em ser um profissional decente, em colaborar para a transformação ou construção do país. Só quer saber é de construir é o próprio patrimônio.

Resultado disso: tá cheio de emprego por aí que pode perfeitamente ser executado por gente formada no ensino médio ou mesmo fundamental, mas é ocupado por bacharéis. Não porque o trabalho exija, mas porque quem ocupa a vaga teve em seu diploma o diferencial com o qual jogou para escanteio quem não tinha formação universitária.

A maioria dos universitários sequer lê. Estudar para valer, então? Nem pensar. Não vai precisar usar no emprego mesmo...

E enquanto vivermos numa sociedade de mercado, vai ser assim mesmo. É apenas uma pequena parcela da população que possui as maiores riquezas. E 25% da população é uma sociedade relativamente muito igualitária! Com certeza, nos EUA (27%, certo?) muita gente com diploma está "subempregada", fazendo serviços que dispensam diploma na prática. Se de repente o Brasil conseguisse fazer com que 70, 80% da população tirasse um bom diploma, o resultado disso seria agências de telemarketing apinhadas de universitários. Proletarização do ensino...

Fabio Burch Salvador disse...
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Fabio Burch Salvador disse...

O anti-academicismo é tanto uma fenômeno da direita como da esquerda, e tem explicação:

No meio acadêmico pesquisa-se de tudo, inclusive coisas que são "procurar cabelo em ovo", com os professores e pesquisadores ganhando bons salários.

E aí o Zé Povinho, que trabalha o dia todo num serviço diretamente produtivo, do tipo "fazendo coisas concretas", e mais, num serviço que muitas vezes não é o sonho de consumo do sujeito, e ganha uma merreca, fica irritado.

O pensamento é assim: "afinal, eu calejo as mãos plantando enquanto o professor ali fica o dia todo só lidando com o abstrato. Se morrerem todos os academicos, minha vida continua igual. Se morrerem todos os da minha classe, os professores também morrem, de fome. Então, por quê ele se acha/ganha/é muito mais do que eu?"

O mesmo se dá na visão do engenheiro em relação ao historiador, por exemplo. Do químico em relação ao formado em Letras.

"mas eu faço COISAS DE VERDADE e ele não..."

Eu conheço o dilema no papel de um bacharel que trabalha em meio a peões. Eu não consegui me dar bem na minha área (hoje em dia já estou cagando para isso) então já fiz várias coisas ao longo da vida. E a minha impressão é de que o anti-academicismo endêmico do brasileiro é fruto, um pouco, da nossa sociedade "bacharelesca", na qual o curso superior é visto como uma coisa incrível capaz de tornar o sujeito "um dotô", alguém a ser respeitado e temido pela frente, e debochado pelas costas.

É aquela coisa: chega o engenheiro diz um monte de coisas (se achando o bam bam bam) para os eletricistas de macacões sujos. Ele vira as costas e a peonada começa: "Ah, esse aí nunca pegou num alicate na vida e vem querer nos dizer como fazer o serviço".

Tradicionalmente, no Brasil, o bacharel é o cara que dá carteiraço (eu trabalho em órgão público e é comum ver gente querendo atropelar as normas com um "como assim NÃO? Eu sou advogado/médico/etc"). E o peão responde com o espírito do "ah, esse almofadinha de merda não bota a mão na massa e vem se achando...".

Eu mesmo tenho muito mais paciência com gente humilde que desconhece as normas, do que com gente formada, bem de vida, que vem tentando dizer que sabe mais do que eu sobre as leis do setor no qual trabalho. Na verdade, bacharelões querendo dar carteiraços são as únicas pessoas que quase conseguem me fazer libertar uma imensa vontade de afundar a cara do interlocutor.

Daí fica essa coisa: o formado se acha uma criatura superior (não todos mas, tradicionalmente boa parte). Ele caga em cima da peonada. E a peonada o acha um almofadinha, inútil, entretido com o abstrato, enquanto a massa faz "serviço de verdade".

"Psicólogos? Todos uns inúteis! Quem pode falar alguma coisa sobre educação é a dona de casa que cria os filhos debaixo de dificuldades."

Acho que é algo por aí.

Paula Evangelista disse...

Sobre a evasão e a demora pra concluir o curso acredito que muitos fatores estejam relacionados, não só a necessidade de conciliar trabalho/estudos.
A falta de estrutura das universidades públicas, por exemplo. Não há quem aguente 6horas diárias de aula em salas e predios sem o minimo de conforto.
Já levando em conta a idade com que a grande maioria ingressa na faculdade (17/19) podemos ver claramente o motivo da evasão. Covenhamos que são poucas as pessoas que ainda na adolescência sabem o que querem "fazer da vida". E essa também é uma falha na estrutura de ensino.
Claro que o ensino basico de baixa qualidade já é motivo suficiente pra essa conhecida história de "passar de ano" sem estudar. Mas acredito que o formato ainda usado no ensino medio da maioria das escolas, em que o aluno ainda é tratado como uma criança, recebe tudo pronto e não tem a menor liberdade, é pessimo para o futuro escolar. O choque que acontece quando o adolescente entra na universidade é tão grande que muitos, literalmente, se perdem. Poder escolher que materias fazer, que horas fazer e sem toda a atenção que antes lhe era dada pela escola mexe demais com um adolescente. Ignorar isso é de uma ingenuidade sem tamanho. Estudantes quem saem dos IF's para as universidades acabam por ter uma transição mais sutil e por isso mesmo bem menos traumatica. Para quem não sabe os institutos federais (ou cefet's) possuem uma estrutura que torna @ alun@ menos dependente de professores, mais aptos a estudar e não apenas passar de ano.
Enfim, os problemas a gente conhece, só faltam as soluções.

Unknown disse...

Eu acho que atribuir o anti-academicismo só a quem não quer estudar ou quem tem preconceito com a esquerda bem reducionista.Eu acho o estudo fundamental,mas acho o modelo de universidade que temos hoje uma piada.E não digo só pelo sucateamento e esses problemas de ordem econômica,falo da idéia que se tem de educação mesmo.Eu acho deprimente essa idéia que existe em praticamente todas as faculdades de humanas da "educação pela educação" como se ela não tivesse nenhuma serventia prática ou fosse anti-ético usá-la para algo.E o sistema de educação baseia-se todo nisso.na fac de História por exemplo a gente aprende como chegamos ao conceito de História hoje,mas ai de você propor algo novo ou querer voltar pra algum modelo antigo.Os historiadores,pasme,tem orgulho em dizer que se todos cruzassem os braços o mundo continuaria girando do mesmo jeito.Quando ouço isso minha vontade é sentar e chorar,mas eu sou exeção.E também não há vontade nenhuma por parte da academia em se comunicar com quem tá de fora.Então essa visão do acadêmico trancado no escritório,no seu mundinho à parte não é de todo falsa não.Acho que é por isso que boa parte dos alunos pula fora.primeiro eles ouvem que tudo que aprenderam fora dali é lixo,e lá dentro eles não tem voz.Assim fica difícil ter motivação.E sinceramente,não acho esses números baicos assim tão desoladores não.Não acho que seja viável que boa parte da população seja doutura.Quem vai fazer os outros trabalhos?E mesmo na academia,será que esse sistema etapista e longuíssimo realmente é o melhor.Por que,pensa só: 4 anos de fac + 2 de mestrado + 4 de doutorado é o mínimo pra ser considerado um profissional digno de crédito,e o salário nem é essas coisas.Eu acho muito.Não acho que botando mais gente nas universidades a educação vai melhorar.O que eu acho que devia ser feito é trazer parte do conteúdo da universidade pra escola e parte do conteúdo das escolas,essa coisa mecânica,devia ir pra cursos técnicos.Eu acho que se a universidade não parar pra se repensar,daqui a alguns anos a evasão vai aumentar.E sinceramente,não sei de onde vem essas idéia que você falou de que todo mundo acho os professores universitários um bando de comunas.Nunca ouvi isso,nem de gente conservadora.
Sobre o caso da fac de História em particular,escrevi um post chamado "Anacrônica".Ainda está na primeira página do blog. garrafaaomar.zip.net

Denise disse...

Olha só, Lola. Você falou isso e agora lembrei de minha ignorância outrora, quando perguntei para o pai do meu ex-namorado, que é filósofo da educação, o que os filósofos faziam: ficam o dia todo filosofando no bar?

Ainda bem que ele é um mestre no termo mais literal da palavra e não se importou com meu comentário preconceituoso e arrogante. Hoje eu já não faço comentários desse tipo. Mas acho que é muito ocasionado pela ignorância (sim, ignorância é simplesmente falta de conhecimento, o que não quer dizer que alguém é burro ou idiota, como muitos se sentem quando são chamados de ignorantes); pela falta de compreensão e pela cultura que insiste em alimentar a máquina com coisas práticas, com conhecimentos aplicados, com tecnologias, enfim... Acho que é tudo parte de um contexto e de uma realidade a qual estamos expostos diariamente. O que eu fico pensando, cá comigo, é que temos que ser ótimos em todos os tipos de auto policiamentos. Porque acabamos, mesmo sem querer, assumindo papéis e discuros que não são coerentes com o que acreditamos.
Às vezes odeio, às vezes amo estudar! Eu só não gosto de ser obrigada a fazê-lo, mas acho que estudar o que mais nos interessa e aquilo com o qual nos identificamos mais, é muito prazeroso.

Denise disse...

Aliás, não gosto de me sentir obrigada a nada... Desde que me entendo por gente.

Shiryu de Dragão disse...

Sou totalmente contra curso técnico.
Pra que um dono de mepresa vai colocar algum formado em universidade e pagar 4 mil reais, se ele pode pegar alguem la do Senai ou Senac e pagar apenas 800 reais....

Paula Evangelista disse...

Sobre essa ideia de ser contra cursos tecnicos: Sério mesmo?
Claro, deve ser o sonho de tod@ engenheir@ estudar 5 anos pra operar uma maquina ou subir em um poste.

Paula Evangelista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabio Burch Salvador disse...

Sou totalmente A FAVOR do Curso Técnico.

Por quê o cara vai ficar 4 anos ou 5 vendo teorias mil, aprender montes de linguagens de programação, montes de história da informática, montes de tudo...

...para trabalhar numa empresa dando manutenção no servidor, ou consertanco PC estragado.

Admin disse...

Opa, pera ai.

Eu to entendendo errado ou tão me dizendo que aqui que:

"trampo de 'peão' quem faz é o técnico pq ele é menos 'gabaritado' do que o bacharel"

Pq se for isso, vão pra realidade, pq isso tá datado, to cansado de ver moleque do SENAI trampando muito melhor, do que muito diplomado que fica 4,5 anos estudado numa faculdade (estudando mesmo?).

Cursos de formação técnica botam o cara para aprender, trabalhando, o camarada aprende na prática o que muito bacharel por ai fica apenas teorizando em sala de aula.

Quando é hora de ir para as cabeças quem consegue enxergar o trabalho como um todo, de uma maneira muito mais ampla é o técnico que "ganha 800 reais".

Tem técnico do jovem aprendiz do SENAI que manja mais que pós graduado! Parem de desmerecer o profissional da área técnica, não é pq o cara tem diplominha de faculdade que ele é um profissional melhor.

Admin disse...

Na minha área que é a área gráfica/design vejo muito isso:

A meninada do SENAI segurando bucha resolvendo cagada de nego que faz ESPM, vai pra uma agenciazinha de merda e manda o trampo tudo errado.

E depois esses merdas vem com papo de:

"Eu estudei para pensar, para criar, não para operar".

Sendo que o técnico além de operar muito bem é capaz de "pensar e criar" muito melhor.

aiaiai disse...

muito certo o comentário do rubens. E a realidade hoje é que tem muito técnico já empregado fazendo faculdade, principalmente de administração, para ganhar conhecimento de gestão e assim subir na empresa. E esses, em geral, são excelentes gestores porque conhecem o chão de fábrica e o trabalho técnico, enquanto os graduados, em geral - ressalto, só conhecem teoria.

Anônimo disse...

Talvez seja pq o ensino em escolas publicas é tão podre que a gente sai de lá(direto pro cursinho né)com raiva de estudar.
Lola,na minha escola nem mesmo os professores encorajavam a gente a estudar.O prof de fisica ficava dando em cima das alunas,a de historia ficava falando do filho dela e bradando contra a legalização do aborto e a unica coisa que aprendi de quimica depois do segundo ano foi a jogar pocker com o professor.
Legal né :(

Somnia Carvalho disse...

Lolissima, espero nao confundir mais ainda com meu comentario... nao estou num dia bom para argumentar, mas vai.

Um antigo colega de curso dizia que quando alguem lhe perguntava "para que serve filosofia?" insinuando que ele fazia um curso que nao servia para nada ele respondia. "Voce tem razão, não serve a nada, nem a ninguem".

Fiz curso técnico de contabilidade e discordo do FAbio Salvador. Se a formação e totalmente pontual e impossivel que o cara seja alguem realmente bom no que faz depois. Ele pode fazer bem, mas como vai se destacar da concorrencia? conseguir clientes? experimentar outras saidas quando as antigas nao funcionarem?

fiz 1 ano de matematica, desisti. Depois de computacao e desisti. Foi so na graduacao de filosofia que senti o total prazer, a entrega a leitura, aos livros, ao conhecimento e senti que aprendia. Claro que se pode sentir isso em milhares de cursos, principalmente se tem a ver com aquilo que gostamos, mas eu diria que ainda que eu nunca conseguisse um emprego na minha area eu fui totallmente feliz estudando. E depois quando lia e escrevia o mestrado e depois o solitario trabalho do doutorado.

Uma das coisas extremamente frustrantes de estar de volta ao Brasil e a limitação que se tem quanto a formação. Se volto a dar aulas em cursinhos, como dava, 70 por cento (to chutando pela memoria) dos alunos no primeiro dia me diz que quer ser medico... e deprimente porque a maior parte nao tem absolutamente nada a ver com medicina, nem gosta, nem nunca sera um bom medico, mas sonha que sera o unico caminho com o qual ganharao dinheiro.

Ainda nao entrei exatamente para o ensino superior, to voltando, vou começar a ver isso, mas com filosofia eu fui professora de redação em cursinhos, professora de filosofia e sociologia, ministrei workshop para gente de empresa na suecia, escrevo... e quase sempre nesse tempo meu salario foi maior, pelo menos umas 3 vezes mais do dobro do que qualquer colega que trabalhava em escritorio de advocacia, era jornalista, do que minhas amigas enfermeiras de grandes hospitais ou algo assim.

E ainda trabalhando em horarios variados, sem picar cartao todo dia no mesmo horario saida e entrada...

Acho que em pais pobre fica ainda maior a ilusao de que se estudando algo valorizado pelo restante se garante um trabalho, dinheiro e vida tranquila depois...

Leo disse...

Eu acho meio limitada essa sua visão de que muita gente "pode estudar e não quer". Acho que não é bem por aí... Penso que a diferença é que nos países ricos, diferente do Brasil, pode-se ter uma vida legal sem ter faculdade. Existem outros caminhos. Cursos profissionalizantes por exemplo. Daí formam-se bons eletricistas, mecânicos, encanadores.
No Brasil isso é muito raro... As pessoas que executam essas profissões são de uma forma geral humildes e aprenderam fazendo...
Infelizmente no Brasil vende-se a imagem de que diploma é fundamental e com isso vemos a proliferação de universidades particulares de ensino extremamente discutível...
Nem todo mundo nasceu pra ser académico...

Fabio Burch Salvador disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabio Burch Salvador disse...

SOMNIA...
releia o que tu mesma escreveste, e notará que, como filósofa, teus trabalhos consistiram em passar o conhecimento adiante, dar aulas, essas coisas. Ou seja: é uma profissão na qual o profissional se forma para depois formar outros profissionais da área. Ela existe para si mesma. E é claro que paga salário e tudo amis: ela é obrigatória no curriculo escolar. Já o engenheiro, pode até querer dar aula e formar outros engenheiros, mas ele tem a possibilidade de produzir algo para fora do círculo da profissão.

Mas não entremos nesse mérito. Não considero Filosofia algo "inútil".

Acho que se não tivéssemos Filosofia no curriculo escolar e universitário, teríamos uma grande perda. É como sociologia: não tem aplicação prática imediata, mas NÃO TER ESSA AULA torna o ensino mais robotizante do que ele já é hoje.

AGORA...
tem um item no qual preciso fazer um contraponto a ti, Somnia.

Tu fizeste o curso técnico, mas se sentiu realizada mesmo na universidade. Pois bem. Eu também. Me formei em Jornalismo e achei a faculdade o máximo, um lugar para expandir a mente e descobrir as coisas... eu tinha feito um técnico (contábeis também) antes.

Agora analisemos o caso de um amigo meu, de infância: a família o criou entre altos e baixos, e tudo o que ele queria era qualificação para escapar de um trabalho literalmente "de peão", braçal, logo cedo. Fez o técnico na mesma turma que eu, e hoje trabalha num supermercado, na gerência. Ele não foi á escola tecnica em busca de idéias mirabolantes, de sonhos abstratos, de ampliação de horizontes, essas coisas. Não. Ele foi lá porque, se não tivesse ido, hoje talvez trabalhasse no mesmo supermercado, mas empilhando caixas. E isso ele não queria.

O curso técnico não deve ser colocado em contraponto à universidade. Ele é uma coisa diferente.

Eu, inclusive, NÃO PRETENDO PRESSIONAR MINHA FILHA A FAZER VESTIBULAR DEPOIS DO ENSINO MÉDIO. Não... vou aconselhá-la a fazer um Técnico, ir trabalhar, se descobrir, e depois de estar resolvida do que quer fazer, empregada, pagando suas continhas em dia, ÁI SIM, ela faz o vestiba.

Eu fiz o meu na pressa, errei de curso, e me ferrei.

SOBRE FORMAÇÃO SUPERIOR OU TÉCNICA
não podemos confundir Formação com Conhecimento. Eu trabalhei como instrutor no Senac, antes de fazer concurso. Dava aula de Java aos alunos de faculdades de Ciência da Computação. AutoCAD aos alunos de Arquitetura e Engenharia. Sabia mais de banco de dados do que meus alunos, universitários em fim de curso em áreas de tecnologia da informação. Detalhe: eu nunca tive nenhum curso formal na área de Informática. Programo desde a pré-adolescência. Cresci na frente de XT, 286...

Fiz técnico em Contabilidade. Me formei na facudlade, de Jornalismo. Não tenho curso nem sequer de Windows básico.

Ou seja: sou um nerd autodidata.

Só agora, depois de "velho" (6 anos de diploma universitário, 29 anos de idade), eu resolvi fazer um cursto Técnico em Informática. Para poder prestar concurso para funções que exigem este curso. E praticamente só.

Não estou indo à aula em busca de abertura de horizontes, de descobertas fantásticas em termos intelectuais. Não. Vou para aprender as poucas coisas que o curso ainda tem para me ensinar. E para pegar o papelzinho, que me permitirá fazer o almejado concurso para área técnica.

Não fosse isso, eu poderia ter continuado na iniciativa privada, dando aulas e fazendo programas de computador para sempre... e sem nenhum diploma, de Word que seja, para exibir.

Denise disse...

Um caso, ao acaso: minha prima entrou no meu quarto. Viu um livro em cima da cama. Título: O Ecologismo dos pobres. Aí, resultado de uma mistura que me pareceu ser de arrogância e pavor, ela exclamou: "Meudeus! O que é que tem nesse livro?" Eu devo ter resmungando alguma coisa, mas minha vontade era ter dito: "Eu te empresto. Vai ler e vê se aprende alguma coisa, sua infeliz!". Mas do alto da minha tolerância, compaixão e paciência (além dessa diplomacia idiota que insistimos em manter), eu não falei.

Fabio Burch Salvador disse...

Sobre "poder e não querer estudar", é outro papo...

Tem um amigo meu que é mecânico. Ele conserta carro, caminhão, monta Buggy, prepara carro para uma gurizada que corre no autódromo local. O cara é bom. Fez faculdade? Não. Começou como ajudante, consertando empilhadeiras, depois foi auxiliar de mecânico numa revenda, foi aprendendo, tirou um cursinho por correspondência, e o resto veio com a experiência. Não tem a mínima pretensão de tirar uma faculdade, digamos, de Engenharia Mecânica. O negócio dele é mesmo tocar a oficina própria, tem a clientela dele fixa, criou os filhos muito bem assim e na verdade está perto de se aposentar pelo INSS. Ele poderia ter feito uma faculdade? Poderia. Mas se todo mundo que gosta e conhece mecânica virasse engenheiro, quem faria o papel de mecânico dos carros que quebram?

Eu mesmo, que como já disse, estou fazendo um Técnico em Informática, não tenho pretensão de depois cursar Ciências da Computação. Não. Ingressar numa carreira mais "profunda" nesta área me levaria a correr, virar noites, me comprometer demais. E não é a minha intenção: só quero ter um pouco de credencial na área em que eu, contra meus desejos de juventude, acabei por me destacar. Se hoje, na informática, só pego função de peão, quero pegar uma de super-peão pelo menos. E acabou.

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Como eu já disse antes, o Brasil é um país infestado pela cultura bacharelesca, no qual parece que é pecado o cara trabalhar em funções que exigem menos formação. Inclusive as diferenças abissais de salários corroboram esta mentalidade. É ridículo.

Todo mundo que trabalha na construção deveria fazer Arquitetura ou Engenharia Civil? Opa! Mas quem vai empilhar tijolo? Quem vai soldar viga?

E tem aquele detalhe: eu conheço pedreiro que sabe tanto da profissão, que quando ele diz "isso não vai aguentar o peso da parede", não me importa que o maior engenheiro do mundo faça o cálculo mais mirabolante da Terra dizendo que a coisa vai ficar em pé: ela vai cair!

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Eu acredito muito nos Cursos Técnicos. POrque estudei numa escola técnica federal, ao lado de muitos colegas que representaram, com seus diplominhas de nível técnico, a primeira geração de suas famílias a sair do papel de "peão" e entrar para o rol dos supervisores, por exemplo. Gente que não foi lá para descobrir um mundo intelectual complexo, e sim, para adquirir qualificação para largar o trabalho braçal, para passar de ajudante de alguma coisa a ALGUMA COISA TITULAR.

Mirabolâncias intelectuais? Talvez muitos deles se interessem por isso, depois de estarem estabilizados na vida.

Não é todo mundo que pode se aventurar 4 anos num curso para só no final descobrir se vai dar pé ou não aquela profissão.

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Quando falo isso, não falo de ti, Somnia. Falo das dezenas de filósofos que conheci, das dezenas de analistas de sistemas, das dezenas de graduados com quem convivi, e que ficaram 4 anos numa faculdade, sonhram alto, e encontraram um mercado saturado. Quando trabalhei na ANATEL, tínhamos dois garçons, filósofos formados.

Enquanto jornalistas atuam como programadores, filósofos como garçons, sociólogos como pedreiros, vemos o tal Mercado de Trabalho (este ente invisível), clamando com sua bocarra por pedreiros, marceneiros, operadores de CNC...

E aí, num país no qual é "feio" sonhar ser operador de CNC, temos engenheiros em demasia, saindo da universidade para o desemprego. E os operadores de CNC, com meses de cursinho, muitas vezes meia-boca, em falta.

Ághata disse...

Eu estou em dúvida se vou pra outra graduação ou tento mestrado... E ainda tem o doutorado para mais tarde.
Isso sem falar nos cursos de línguas...
Mas é que gosto de aprender e sempre fui incentivada a ler e estudar dentro de casa.

Fabio Burch Salvador disse...

AGATHA

Eu também sempre tive o hábito da leitura, e não quero aqui dizer que universidade não é importante. É, sim. Mas às vezes o cara só quer se formar num Técnico em um ano e meio para dar um pulinho acima na vida de forma rápida.

E tem que haver espaço para isso.

Ághata disse...

Acho que graduação é uma coisa, curso técnico é outra... Não dá pra dizer que é tudo a mesma coisa porque são formações com enfoques bastante diferenciados. Claro, não se deve menosprezar o ensino técnico por causa de suas peculiaridades.

Ághata disse...

Com certeza. Tem que ter espaço, sim.
Por mais que eu ache essencial os estudos, vai ter gente que vai querer trabalhos braçais, físicos ou até mesmo uma formação em dança, artes e desenhos que seja técnica. Não vai querer entrar na universidade para estudar teorias e afins - inclusive, pode até se frustrar muito por não conseguir o que quer estudando 4 ou 5 anos.

A minha preocupação é com a desvalorização do trabalho técnico e também de um processo que transforma o ensino acadêmico em técnico...

Augusto Dias disse...

Nossa, até eu fiquei confuso, mas a quaestão do estudo envolve vários conceitos, como os que querem estudar enão êm condições, e os que têm, mas não o fazem, porém eu julgo importante cursar o ensino superior, mas quando você tem tato para o su curso. Cursar por cursar, achando que terá ótimas oportunidades, não é o mesmo que cursar o que gosta, onde geralmente resultam melhores profissionais, já que têm afinidade como curso, do que aqueles que cursam um curso por obrigação ou porque pintou determinada oportunidade, o que resultada em alguns profissionais insatisfeitos, que talvez não produziram muito, não serão felizes e talz. Escrevi muito, e ainda acho toda essa questão confusa, apenas digo o seguinte, se você tem uma afinidade por determinada área, vá à luta, busque especializar-se, seja em ensino superior, ou técnico.

Morena de Angola disse...

Desculpa, Lola
já tô "precisando", como você, da iluminação universitária! ha ha.
Dia desses na rede encontrei teu blog compartilhado por uma amiga no facebook. Passei a segui-lo. Bacana demais seus textos.
Acho que sou também comuna, já que sou docente de ensino superior... snif... snif.. :)

Elaine Cris disse...

Fiquei boba com a estatística dos EUA. Pelo que é passado pra gente da cultura deles, tinha a impressão que metade da população lá tinha curso superior, que quem não tinha não era bem visto, pelo jeito não é assim.

Quanto ao Brasil 13% realmente é pouco, mas a gente também não pode se esquecer que algumas pessoas que tem condições de fazer optam por não fazer porque preferem tentar um concurso público, fazer um técnico ou um tecnólogo e muitas vezes até ganham mais do que quem fez curso superior... Também conheço pessoas que tem o canudo mas acabam não encontrando emprego na sua área e vão fazer alguma coisa que exige diploma de ensino médio mesmo, então até entendo um certo desânimo de algumas pessoas em relação ao curso superior. Mas falo de quem tem condições de fazer, mas não faz, porque ainda tem muita gente que não faz por falta de grana mesmo e não teve uma boa base no ensino público que possibilite passar em uma federal, que é muito concorrido.

Sobre os comentários alienados de reaças nessa matéria do calendário acho que eu prefiro nem ler.
Me consolo pensando que talvez seja da boca pra fora, não pensam realmente pra falar e aí só sai merda e preconceito.
Tomara que eu não esteja enganada...

Pentacúspide disse...

A UNIVERSIDADE é , fundamental hoje em dia, superfundamental, porque atribui status.

Mas a universidade, ou melhor, todo o sistema da educação (na verdade, da instrução) é apenas uma treta, como disse Raiza. Estuda-se vinte anos para quê? Para ser um arquivador?

Um dos arquitectos mais conhecidos e influentes do mundo, Le Corbusier, não cursou arquitectura; um dos maiores informáticos, Bill Gates, não acabou o curso; E por aí além.

O curso universitário é um simples elemento de ostentação, para não parecer ignorante. Quando estava no curso pré-universitário admirava muitos aqueles com títulos, e quanto maior o título mais admirava. Depois comecei a trabalhar na minha universidade e entrava em contacto com esses professores licenciado, mestrados e doutorados, e comecei a perder respeito por eles e pelo título. À medida que progredia nos anos universitários menos respeito eu tinha pelos títulos, porque a mentalidade universitária é uma fraude, as pessoas não deixam de ser imbecis ou burras por terem um título. Este não não consigo estudar porque não tenho dinheiro para pagar o curso, mas ganho dinheiro fazendo trabalhos para alunos que não querem mais nada senão passar, como disse CAMILA; alunos que só sabem fazer trabalhos COCÓS (copiar colar), e não conseguem entender um parágrafo muito extenso.

Além de mais

E tirando essa questão de fraude interna, aqueles que realmente se empenharam e estudaram a sério, porque não têm bons padrinhos acabam a servir mesa ou a cortar fiambre em supermercados, como referiu FABIO SALVADOR. Conhecendo futebolista que ganham mais do que universitário, as pessoas perguntam: por que não por o filho numa escola de futebol ou de música, ou de cinema e representação? Eu, arrogantemente digo, desprezo 90% dos estudantes universitários que conheço; estudantes que não sabem processar pensamento, superformatados e todos quadrados. Só continuo a estudar por que é necessário na estrutura actual e porque ninguém me olha com desprezo quando sabem que estou a fazer mestrado. Mas eu mesmo não me impressiono com títulos universitários, trabalhei nas obras e tive ali amigos, que os outros chamam de broncos, que processavam melhor o pensamento do que meus colegas da faculdade. Bah! EU SOU TOTALMENTE ANTI-ACADÉMICO.

Sabrina disse...

As pessoas criticam aquilo que elas não tem capacidade para fazer.

É a fábula das uvas verdes.

Botam a culpa nos filhos, no governo, e em sei lá mais o quê. Quando na verdade é preguiça.

Enquanto isso os outros estão se desenvolvendo, tentando melhorar as coisas como estão, pois acredito que o exemplo é a melhor forma de mudar a mentalidade da sociedade que tanto criticamos.

Paula Evangelista disse...

Não vamos confundir a formação tecnica com o conhecimento adquirido pela experiência de cada um. Aqueles que trabalham uma vida inteira em uma mesma area certamente possuem conhecimento o suficiente para educar gerações. Mas a formação tecnica dá as ferramentas para um trabalho pontual, pratico.
Quem é melhor, o tecnico recem formado, o trabalhador experiente ou o graduando? Sinceramente acho que aqui não cabe comparação. Precisamos de todos, ate porque o trabalho de cada um é diferente.

Hoje em dia essa necessidade de um diploma me parece bem natural, mesmo sendo exagerada as vezes. Me parece a forma mais facil para que futuros empregadores possam comparar seus funcionarios. Isso tambem é uma tendência que so aumentará com o tempo, não temos mais essa tradição de passar profissões de "pai pra filho". Os autodidatas, claro, ficam um pouco prejudicados com isso mas, a meu ver, quem é bom mesmo acaba se destacando.

Somnia Carvalho disse...

Ola Fabio,

tentando responder meio correndo apenas um pouquinho dos seus comentarios e esclarecendo minha posicao...

Eu morei na Suecia por 4 anos e algo admiravel e exatamente que o cara o encanador, o professor, o engenheiro tem condicao de ter as mesmas coisas materiais. Morar no mesmo bairro, predio, ter o mesmo carro, viajar nas ferias etc.

Nem todo mundo la vai pra universidade! Eu nao acho que todo mundo precise ir pra universidade. Nao foi o que eu disse. Se os cursos tecnicos tem seu valor de formar o cara pro mercado? Claro, concordo inteiramente. Meu argumento ia para pensar o que a Lola colocou: se aprender psicologia, filosofia num curso que nao seja de psicologia e filosofia seja algo inutil.

Eu tenho absoluta certeza de que nao! Porque voce nao faz um pais desenvolvido, um povo com etica so de formar gente para saber apertar o parafuso da fabrica ou ver a seguranca do pessoal que trabalha la. Precisa de mais: e o professor de filosofia, no meu caso por exemplo, nao esta la para ensinar outros a serem professores. Nao. A filosofia (vai ser dificil eu conseguir explicar se voce nunca tiver tido uma boa aula de filosofia e nao estou sendo ironica ou acusando ou nem nada, e so verdade...) serve para ampliar seu campo de conhecimento dentro da sua propria area.

Nao ensino filosofia pro cara do curso de contabilidade para ele sair de la falando de Platao ou de Kant. Ele sera um melhor contador sendo uma pessoa melhor, com capacidade de analise melhor, de raciocionio e interpretacao de textos e dados melhor. E isso que faz um filosofo, entre outras mil coisas e um professor de filosofia ajuda fazer.

Meu primeiro comentario estava muito tortuoso (estou com uma dor de cabeca do cao hoje) mas eu dizia e nao conclui que e frustrante a diferenca... como nas escolas suecas as pessoas aprendem filosofia, etica, moral e tanta coisa importante pro seu dia a dia ninguem achava que eu tinha me formado em algo que nao servia pra nada como muitos no Brasil acham.

E ninguem achava e nao existe possibilidade de como professora de filosofia alguem pensar que a pessoa tem menos emprego, menos dinheiro (era esse um dos pontos da Lola) porque as universidades, os cursos tecnicos, o pais todo respira a conhecimento de mundo, etica sobretudo. E etica o professor de matematica pode ter mas nao vai conseguir despertar e ensinar como o professor de filosofia.

Nao sei se me faco entender... hj nao e um bom dia para escrever com essa dor me atinando... mas por ora e isso. Nao sou contra curso tecnico, nao sou a favor de que todo mundo queira se formar na academia. Eu acredito que em qualquer curso que alguem disciplinas como filosofia, psicologia etc sempre, sempre terao papel importantissimo na formacao da pessoa e do profissional.

Koppe disse...

Acho que o anti-academicismo tem muito a ver com a cultura brasileira, o país do "você-sabe-com-quem-está-falando?". Muita gente "se acha" porque tem diploma, então acaba sendo visto como algo elitista, distante da realidade da maioria. Até a cela separada em caso de prisão é vista como um privilégio injusto, já que uma vítima de assassino com curso superior está tão morta quanto uma vítima de assassino analfabeto.

E as situações que o Fábio descreveu são bastante comuns: "chega o engenheiro diz um monte de coisas (se achando o bam bam bam) para os eletricistas de macacões sujos. Ele vira as costas e a peonada começa: "Ah, esse aí nunca pegou num alicate na vida e vem querer nos dizer como fazer o serviço".". Já trabalhei como serralheiro, hoje trabalho com marcenaria, e vejo que é bem assim mesmo. Até mesmo o curso técnico é visto com um certo desprezo em algumas profissões. Entre meus colegas (ninguém com curso técnico, a maioria nem ensino médio tem), já demos muita risada de um sujeito que chegou dizendo ter curso do SENAI, e na hora não sabia fazer quase nada direito, tivemos que ensinar...

E concordo com a Somnia Carvalho, conhecimentos e interesse por ética, filosofia, cidadania, etc. são importantes, e deveriam fazer parte do currículo escolar desde cedo. Só discordo um pouco da parte onde ela diz que um professor de matemática não pode ensinar ética tão bem, no ensino médio quase todos professores e professoras que tive ensinavam um pouco disso pra todo mundo. O professor de física, por exemplo, comentava sobre política; quem dava aula de religião era a professora de biologia (que é atéia); o professor de português/literatura ensinava muito sobre cidadania, ética e combate aos preconceitos; e o professor de matemática de vez em quando ensinava sobre ética. Claro que não é o ideal, não é função dessas pessoas ensinarem essas coisas. Mas numa escola pública onde se fica meses sem determinada matéria por falta de professor, poucas coisas são como devia ser.

=Maíra= disse...

Ai, Lola, tinha escrito um comentário enorme, mas foi apagado... :( Depois eu volto com tempo pra responder, pois a discussão me interessa muito

Berro d'Água disse...

Olá!!!

Para mim, o fato de reclarem sobre Filosofia, Pedagogia e outras coisas mais, acontece por nem mesmo saberem nada sobre essas áreas e afinal não estudaram ou não buscaram saber. Além disso, muito alunos vão para a universidade visando apenas um diploma e uma carreira que gere lucros, esquecendo-se que não haverá nada que seja capaz de render bons frutos se for feito apenas por fazer ou mal feito mesmo. E há visivelmente duas linhas bem distintas de estudantes no Brasil. Uma que é bem esforçada, que deseja conseguir alcançar metas, mas não dispõe de recursos e precisa de muito esforço para vencer semestre a semestre e a outra que vai para as universidades como costumam ir para as festas e esses são a maioria. São na grandiosa maioria jovens de classe média mais elevada e estudam nas universidades públicas. As universidades privadas hoje, são para quem de fato quer estudar e não teve oportunidade de fazer uma boa escola básica que permita um vestibular complexo e concorrido feito o que temos hoje nas universidades federais e mesmo as estaduais de qualidade. Em resumo, as escolas públicas estão reservadas para alunos que dispõe de recursos e os de baixa renda estão se esforçando muito para conseguir completar cursos nas universidades privadas. Desse modo e sob esse ponto de vista, onde o que permite o ingresso de um aluno na universidade gratuíta é o quanto foi injetado de dinheiro e conhecimento nos estudantes no ensino primário e secundário, o melhor mesmo é que todas as universidades públicas passem a ser privadas para quem dispõe de recursos e que seja num valor muito alto, pois se chegarmos em qualquer universidade pública nesse país, os pátios estarão lotados de carros estacionados e o mesmo não ocorre nas universidades privadas, onde os alunos para para a escola de ônibus, de carona e o carro é usado para casos bem esporáditos ou por alunos de poder aquisitivo melhor. Na prática mesmo, o ensino gratuito é para quem tem dinheiro e o pago, para quem não tem!!! O que não é de surpreender, num país onde tudo roda às avessas!!! E estudar é sim uma necessidade para além de ser também uma obrigatoriedade e eu até hoje não consigo me conformar com o péssimo exemplo de termos tido um presidente semi analfabeto e mais irritante ainda é saber que esse mesmo homem, desleixado e que não consegue usar nem mesmo uma palavras no plural quando isso se faz necessário, tenha recebido honrarias da universidade de Coimbra... Se tem alguém que não merecia isso é esse homem, pois teve tempo suficiente para fazer no mínimo um cursinho supletivo, para que pudesse servir ao menos de exemplo, mas ao invés disso não sente-se nem mesmo envergonhado de mostrar-se um homem limitado... Aí fica difícil de convercer jovens a estudarem, num país onde o futuro não passa de sonho e os mais bem colocados na vida ou são políticos - e esses na grandiosa maioria são tacanhos e outras coisas mais - e jogadores de futebol, que tantas outras coisas mais e tacanhos também!!!

Também concordo com o Bruno quando diz aqui que a comunicação entre a academia e a sociedade não acontece como deveria acontecer e sabemos que as universidades são herméticas, quando na verdade deveriam servir à sociedade em primeiríssimo lugar. Para além disso o ensino em todas as escalas, é tradicionalista e anda sempre atrás do tempo e quando há alguma inovação, ela surge pela pressão dos alunos e muito raramente através da própria instituição, salvo se ela for privada, mas cá para nós, as universidades públicas pararam no tempo e basta acompanharmos os noticiários e a necessidade do país por profissionais mais bem capacitados. Salvo raros casos, os cursos não acompanham a realidade de modo geral e escapam aí, felizmente, justo os cursos da área humana, mas mesmo assim os métodos de ensino ainda são bem arcaicos e ultrapassados. Tenho pena de alunos brasileiros, que ainda são obrigados a enfrentar um ensino que está lá atrás no tempo, sob todos os aspectos!!!

Bom dia e tudo de bom!!!
Cristina

Priscilla disse...

É um pragmatismo sem tamanho, de um aburrice desmedida.
Quando eu fala que quero fazer mestrado, doutorado, pós-doc e conmtinuar a estudar independente dos títulos as pessoas me chamam de louca. Ou ainda vociferam aquela frase tosca "de que a teoria é blá, blá e que a prática é outra coisa". QUE ABSURDO! Ambas se constróem na vivência profissional, a prática revela o referencial teórico de muita gente, embora nem elas próprias saibam disso. Isso revela o quão rasteria é a formação de muitos profissionais.
Ah, esqueci de dizer sou recém-formada na UFPE, sou assistente social, militante dos direitos humanos e árdua da educação pública, gratuita, laica e de qualidade.

marthacomth disse...

Olha, Lola, nao deu pra ler todos os comentàrios entao vou escrever soh baseada no seu post.

1) Sobre o fato de a educaçao superior nos paises ricos ficar em torno de 30% - existe o fato de que nos paises ricos vc tem inumeras outras opçoes se quiser seguir uma carreira mais "profissional" do que de "pesquisa". Vc tem cursos que nao sao universitàrios e capacitam as pessoas a aprender e seguir uma profissao, se ela nao quiser seguir os estudos. E cà entre nos, ninguém é obrigado a querer estudar - nao to falando de educaçao bàsica, até o fim do segundo grau, mas do fato de que acho super legitimo que haja muitas pessoas que decidam que universidade nao é o que eles querem pra vida e façam outras coisas. Eles podem começar a trabalhar e ganhar uma grana muito mais cedo. Eu gosto mto dessa de "cursos profissionais" pq no Brasil existe uma corrida pelo diploma que é muito perniciosa. O cara se vê obrigado a ter um diploma, mesmo que "comprado" e numa universidade de quinta, soh pra ser reconhecido como qualificado. Eu acho essa ideologia completamente equivocada, e infelizmente ela é muito corrente no Brasil.

2) Sobre anti-academicismo: pessoalmente, eu me considero cada vez mais anti-academicista. Nao contra tudo e todos, e nem acho que doutor nao serve pra nada. Mas é fato que a academia PODE se tornar uma bolha dentro da qual pretensos especialistas julgam e avaliam o mundo. E frequentemente é assim, eu acho. Ando cansada de filosofia politica, por exemplo, e o blablabla deles sobre o fato de que a politica moderna é podre (pra eles, pq nao é como a politica de athenas, coitados). Isso pq mtos deles consideram que politicas identitàrias nao sao politicas de verdade, pq eles acham que identidade é contrària à cidadania (to explicando de forma caricatural, mas é isso que eu ando tendo que engolir pra terminar meu mestrado...). Mas vc sabe, aquela historia de PERSONAL IS NOT POLITICAL que as feministas se batem tanto pra rechaçar. Existe muita gente que pensa o contràrio, argumentando segundo uma logica irrefutàvel que x+y nao é politica. Entao assim, existe uma reflexao que é feita sem nenhuma consideraçao pela realidade, apenas baseada em argumentos de logica filosofica (digamos assim) e que se prendem a isso. Eu tô farta desse tipo de academicismo, sim.

Fabio Burch Salvador disse...

Laurinha (Mulher Modernex)...

Podes ficar tranquila, pelo menos, a respeito dos MEUS comentários REAÇAS, pois não são nem da boca pra fora, são gozação mesmo.

"Mas mulheres não deveriam opinar em blogs, deveriam sim ir para a cozinha. - Cordeiro do Senhor".


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SABRINA

"As pessoas criticam o que não podem fazer..." - acho que não é por aí. Eu sou contra academicismo vazio, e em certo ponto, acabo sendo um anti-academicista.

Se eu "posso" ser acadêmico, falar difícil e teorizar? Posso. Tenho curso superior, leio muito... ano passado fiz um vestibular para universidade pública, passei no primeiro lugar, e não me matriculei. Só queria testar se não havia enferrujado 10 anos depois de fazer meu primeiro vestiba (e passar).

Nem tudo aquilo que é possível (que se PODE fazer) é conveniente ou útil.


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SOMNIA

Eu tive Filosofia na faculdade e no ensino médio. Na facul, eram ótimos professores. No médio, foi fraquinho. Mas não faz diferença, porque eu lia muito por conta própria.

Quanto ao ensino desta cadeira (e TAMBÉM Sociologia), acho que é algo essencial.


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UTOPIA?

Eu sei que cursos técnicos e tecnológicos não formam seres profundamente pensantes, formam robôs trabalhadores. Tá. Isso é o ideal? Não. Mas isso é o que muita gente busca, num mercado de trabalho que quer profissionais prontos logo, qualificados, para trabalhos específicos.

É possível inverter essa realidade? Possivelmente sim. Mas como essa é a REALIDADE ATUAL do mundo capitalista, pode-se compreender que o sujeito queira ser um robô bem pago ao invés de um arigó mal pago. E o cara vai atrás disso. E muitas vezes, conquista exatamente o que almeja: um salário legal, uma casa decente, um carrinho, coisa e tal, e tal e coisa.

Eu tenho um primo que é operador de CNC. Ganha legal, tem um carrinho legal, torce pelo timão dele... não sei qual a profundidade das reflexões filosóficas dele, mas suspeito que sejam bem rasas. E no entanto ele chegou lá: cursinho rápido, contracheque gordo...

Não dá para simplesmente sonhar com um mundo que valorize mais o livre pensamento do que o "adestramento profissional" e tentar viver neste sonho. Tem uma realidade lá fora e as pessoas se amoldam a ela, tentando dar-se bem.

Eu adoraria poder mudar o mundo. Como não posso, tento me dar bem nesse que está aí mesmo.

No fim é o "apertar parafuso" que enche a geladeira.

Fabio Burch Salvador disse...

E o academicismo tem aquele detalhe básico: EM TEORIA várias coisas são importantes, interessantes e funcionam. Assim foram as teorias econômicas e sociais do comunismo, e também do pensamento liberal (descambando para crises como a de 1929, por exemplo). Na prática, governos que foram "tateando" em busca do caminho, ajeitando dali e ajeitando daqui, como o Lula, funcionaram muito melhor.

Pensar que a realidade é passível de dúvida, que a essência das coisas bla bla bla, é lindo. Mas tem momentos em que as indagações são muito mais rasteiras.

- Tivemos quebra de safra da cana, o combustível subiu, e agora?

- A comida tá subindo de preço, fazer o que?

- A mecanização e automatização do trabalho está acabando com empregos. E agora?

E aí a resposta é prática. É um problema prático, quase como "olha, a peça A não encaixa no furo B... taca furadeira e aumenta o furo, ou usa um adaptador e prende bem uma coisa na outra?"

E aí o negócio é tacar a mão na massa.

Academicismo enche o saco quando o problema precias de soluções práticas. Numa campanha eleitoral da qual participei, tínhamos uns teóricos, com formação em marketing político, em teoria disso e daquilo, e íamos mal na pesquisa, e eles ficavam teorizando sobre perfis de eleitor, sobre ótica disso e daquilo, semiologia e o caralho. Teorizavam até sobre as cores usadas nos detalhes dos cartazes.

Aí eu me irritei, fiz um panfleto tacando pau no outro candidato, mandei rodar uma montanha de cópias Xerox e dar para a molecada espalhar. Fizemos uma barulhada, um monte de panfleto pela rua, e deu mais resultado do que aquele monte de papo furado.

Sabrina disse...

Fábio, você citou o meu nome, mas citou errado o que eu disse.

Tem uma diferença muito grande no que vc defendeu para o que eu disse.

Eu falei que "As pessoas criticam aquilo que não têm capacidade para fazer".

Então vc, que passou em 1o no vestibular, pode criticar a vontade o sistema. Agora aquele cara que não consegue vaga no vestibular, e vai criticar o mesmo... Grande parte das vezes é o quê?

Duvido que alguém negaria um título de doutor. A pessoa não quer é ter o investimento em tempo, estudo, pressão até defender a tese. Até aí tudo bem. Mas aí se ele critica a Academia e os doutores, é para não ficar por baixo...

Cirilo Vargas disse...

Tudo que alcancei na vida foi graças aos meus estudos.
Sou filho de professores e acredito sinceramente que, em regra, a formação intelectual está diretamente ligada à realização pessoal.

marthacomth disse...

Ainda sobre anti-academicismo, um livro excelente é "O Mestre Ignorante" do Jacques Rancière (que ironicamente sabe ser bem academicista em certos sentidos). Na verdade ele conta a historia de um educador do século XIX que defendia que a idéia de que um professor sabe mais coisas que um aluno cria uma cadeia de servitude. O professor, pra ele, nao ensina nada - apenas pode guiar a "força de vontade" (digamos) do aluno em aprender as coisas. Nao concordo com tudo que està no livro, mas é muito bacana.

Pentacúspide disse...

O professor, pra ele, nao ensina nada - apenas pode guiar a "força de vontade" (digamos) do aluno em aprender as coisas. Nao concordo com tudo que està no livro, mas é muito bacana.

E eu concordo com ele, e diria: eis um bom professor; pois a maior parte com que tenho tido contacto, e que têm vontade de ensinar, mas não são bons, querem moldar os alunos à sua imagem.

O academismo é realmente uma treta. Ainda ontem, por uma terrível coincidência (visto que comentei aqui sobre o título ser um ícone do status social), desentendi-me com um técnico de informática (não sei se de curso técnico ou licenciado) por causa de uma cagada que fez com o meu material, e às tantas ele começou a chamar-me de estúpido e ignorante, pelo que para calá-lo nesse sentido tive que puxar pelo título universitário. Senti-me parvo depois, porque se alguém que eu achasse estúpido me listasse os seus títulos, eu simplesmente diria: "e depois?, não o deixas de ser". Mas ele, se calhar, não tem o meu grau académico, razão por que isso baixou a bola. Gente besta.

Leo disse...

Cristina Berro D'Água, muito infeliz o seu comentário...

Quer dizer então que só tem duas classes de estudantes? Os de classe alta que só querem saber de festas e os de classe baixa que, pobre coitados, querem estudar e não têm recurso...

O mundo é muito mais complexo que isso e não dá pra generalizar nenhum dos dois pólos...

Dária disse...

"útil deve ser apenas Engenharia e Medicina"
ehh, acabei de me formar em direito...

há mais ou menos um ano atrás escutei de um engenheiro e professor universitário, enquanto criticava seus alunos que não queriam estudar, algo do tipo: "se não quer fazer faculdade, vá fazer direito ou algum outro curso de humanas"

Logo, na área humanas não tem graduação, a gente passa cinco anos jogando ping pong e depois ganha um diploma. Aprenderam?

Dária disse...

Outro evento que me lembro sobre cursos: meu namorado - engenheiro eletricista - faz mestrado em filosofia. Logo que ele entrou no mestrado uma prima dele ultra conservadora (e advogada, para minha tristeza ante o nível médio da mentalidade dos representantes da minha área) veio conversar comigo, extremamente preocupada porque, sabe como é né, ele já tinha tantos problemas, e num curso como filosofia provavelmente ficaria doido...
kkkkkkkkkkkkkkk
Algo neste nível! É fantástico.

Lidiany CS disse...

Lola eu fiz Engenharia de Computação terminei em dezembro do ano passado.
Fiz e achei que 50% do curso é uma chatice, encheção de linguiça e me dava vtde de bater a porta e sair correndo...

Eu adoro ler, qqr tipo de livros, mas Engenheir@ tem que gostar é de Cálculo: BULLSHIT

Aulas chatas, uns professores ranzinzas, uma grade chata...

Tipo, eu adoro inglês, mas lá era inglês instrumental com uma prof. que sabia falar menos que eu...

Filosofia?
Foi uma disciplina mto boa que ninguém levou a sério...

Eu não gosto de estudar filosofia e sociologia como profissão, mas me interesso bastante pelo assunto. Como uma forma de hobby sabe?
Não quero ser especialista, mas posso curiar?
O povo tem mto preconceito contra as áreas sociais, mas eu acho um conceito mto chato essa divisão das universidades.
Tipo, eu era doida pra aprender LIBRAS, mas não podia pq é SOMENTE PRA LETRAS.
Td é assim, queria estudar direito, mas não podia, só se fosse com os professores refugos das optativas.
Resumindo, não tenho saco mais pra universidade, não penso em fzr mestrado e não aguento mais sala de aula.
Daqui pra frente eu mesma decido o que gosto e o que quero estudar.
Já consegui o diploma!! ;)

Fabio Burch Salvador disse...

SABRINA,
mas foi exatamente sobre isso que eu falei: "quem vai negar um título de doutor?", olha, se eu GANHASE ELE sem esforço algum, não o negaria (sei lá, um dia poderia ser útil), mas na verdade não faria a mínima força para obtê-lo. Eu sou formado em Comunicação Social, e a maioria das pós-graduaç~es nesta área é 100% inútil. Tem uma, em marketing político, que na hora de ir para a rua não adianta nada, e aprende-se mais caminhando e participando da corrdenação em umas duas campanhas, uma geral e uma municipal. Tem vários cursos nessa mesma "vala" das teorias que, no mundo real, provam ser inúteis.

Quando digo "talvez o título pudesse ser útil", digo na hora de uma seleção de emprego, ou para fazer um concurso específico.

Eu já deixei claro aqui: estou concluindo um Técnico que tem pouco a me ensinar, e ingressei nele porque não me foi possível PRESTAR UMA PROVA E DESCOLAR O DIPLOMINHA DE TÉCNICO DIRETAMENTE, e tenho um fim específico para este certificado: fazer concurso para a área. Feito isso, está finda a utilidade deste curso. Assim. Curto e grosso.

Eu fiz faculdade de Jornalismo. Não foi para "descobrir os limites do sei lá o que", foi para ter uma profissão certificada dentro da qual competiria por vagas apenas com os meus "irmão de privilégio", os jornalistas diplomados. Hoje, o diploma não é mais exigido. E ai alguém dirá: "ah, mas a universidade valeu a pena porque te abriu novos mundos..." - NÃO! ELA NÃO VALEU A PENA PORQUE A EXIGÊNCIA DO DIPLOMA CAIU! Eu hoje gostaria de voltar no tempo e ter cursado, sei lá, Direito, Ciências da Computação... qualquer coisa para a qual o DIPLOMA me tornasse um TRABALHADOR mais VALORIZADO.

Ah, então, eu penso que minha faculdade deveria simplesmente me dar uma FORÇA na hora de encarar o MERCADO? Penso! Eu pretendo cursar ainda uma faculdade de História, só para buscar conhecimento, em algo que eu adoro, mais no campo do SONHO do que da PRÁTICA, mais no campo do CONHECIMENTO do que da busca por DINHEIRO - mas farei isso quando estiver pertinho da aposentadoria, os filhos criados, a casa quitada, a vida feita.

Eu busquei uma faculdade como meio de me arranjar no mercado de trabalho. Caiu o diploma? Vou para outra área. Eu acho que dá para estudar sem visar lucro quando o cara é bem-nascido ou já está arrumado na vida. Antes disso, é quenem aqueles cavalinhos do parque: só se mexe se a criança botar uma moedinha.

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Eu critico a academia e os doutores, e não é para "não ficar por baixo". É porque muitas coisas que fazem parte do "mundo da academia e dos doutores" são apenas palavras lindas, vazias, e que falham redondamente no mais suave contato com o mundo real. E aí eu digo "tá, podemos agora fazer do JEITO PRÁTICO?".

O vestibular é, SIM, uma PALHAÇADA em certo sentido. O cara decora tudo, vai lá, e passa. Outro, decorou coisas que não caíram, ou ficou nervoso e deu branco, e se ferra.

É como o concurso público: às vezes o cara não tem perfil nenhum para um certo serviço, o cara é relapso, vagabundo, mal intencionado e tudo mais. Mas aí, lá pelos vinte anos de idade, ele vai fazer uma prova, e dá um "pé quente", as questões são justamente aquilo que ele decorou. Daí ele passa, está "com a vida ganha", e se for um ppulha, vai passar os próximos 30 anos dando incomodação e gastos para os colegas e o erário público. MAS ELE ACERTOU AS QUESTÕEZINHAS DA PROVA, então, nunca mais precisa se incomodar com nada.

Fabio Burch Salvador disse...

Esse método de "decidir a vida do cara em duas horas" é falho. Mas ainda é um dos menos piores que temos.

Eu também quero aqui criticar essa turma que veio com um papo do tipo "a faculdade pública é para os riquinhos largados e a particular para os coitados esforçados", porque eu nunca fui riquinho - só era um pouco esforçado - e fiz segundo grau em escola técnica federal. Nunca tive dificuldades em fazer provas, mesmo tendo os bolsos vazios.

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PENTACUSPIDE
Eu nunca "puxei do título acadêmico" numa discussão porque é besteira fazer isso. Eu tenho faculdade e não consigo fazer meu carro andar quando ele quebra, ao contrário do mecânico, que tem a quarta série. Aliás... tem um cara aqui na minha cidade que tem a quarta série, montou um Xis num terreno baldio, depois outro, outro, e mais um bar, e não sei quê... e com o que lucra em UM ANO poderia comprar meu patrimônio todo... eu, o grande gênio mal-pago... grande bosta diploma!

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DARIA,
o curso de Direito não é perda de tempo, mas sou contrário à exigência de ADVOGADO COM OAB para a maioria dos tipos de defesa em processos. O cara deveria ser livre para dizer "não, eu quero me defender sozinho", e se tiver conhecimento, fazê-lo. Como é na JEC.

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LIDIANY,
essa coisa de ter cadeiras "só de um curso" é mesmo um pé no saco. Eu fiz técnico em Contábeis no segundo grau, que eu pessoalmente acho um saco. O bom é que naquela escola dava para fazer o que se quisesse fora do horário da aula na qual se estava matriculado, e eu passava a tarde no laboratório de informática (metade dos anos 1990, só lá tinha internet) - e um dos monitores sabia HTML, me ensinou, e dai me saiu uma carreira bem mais interessante que a de contador. Eu nunca fechei um balanço certo na vida. Mas era o rei do "ajuste".

Fabio Burch Salvador disse...

Uma das coisas legais que eu via na PUC em Porto Alegre era justamente esta possibilidade de se fazer uma faculdade, e se matricular numa cadeira de outra, podendo assim fazer uma espécie de "curso extra", de acordo com a visão que cada um tem do que quer fazer do próprio futuro.

Não que houvesse uma intercambialidade total, era algo limitado, mas melhor do que nada.

Fabio Burch Salvador disse...

Tem gente que se irrita com aquelas iniciativas "popularescas" das prefeituras, de dar curso de marceneiro, mecânico e cabeleireira nas vilas, dizendo que isso só reproduz o papel daquela população como uma de trabalhadores subalternos, distantes do mundo alcançado pelos que têm ensino universitário.

Mas aí eu penso: esses crítios nunca botaram o pé numa dessas vilas!

Tem neguinho ali (não me chamem de racista, "neguinho" aqui é qualquer pessoa de qualquer raça)... bom, tem neguinho ali que não tem saco para assistir aula teórica, e que se não aprender uma profissão rápida e simples, vai ser trabalhador não-especializado, ganhando salário mínimo para virar massa na construção.

E eu conheço gente nessa classe....

Tem cara que não tem saco. Simplesmente. Gente que não pesa os prós e os contras de ter paciência e aturar aulas teóricas, um ano e meio, ou quatro anos (pior ainda) - quer botar a mão na massa, se instruir em um mês ou dois, montar seu negocinho ou se empregar, e tocar a vida desse jeito.

Generalizar uma "ambição de ser doutor" como universal é um tremendo engano. Tem gente que não quer ser doutor, tem gente que não quer ser mestre, nem graduado. Tem gente que não tem estudo algum e não é "subalterna", é "patrão".

Um dos jornais que eu edito é financiado por um empresário que tem Ensino Fundamental. Não tem e-mail, não sabe ligar o computador, escreve com um português medonho. Paga a si mesmo um salário de dois milhões mensais. O advogado dele (formado), o contador (formado)... esses sim são subalternos.

Berro d'Água disse...

Oi Leo...

Só vi esse teu comentário agora:

"Quer dizer então que só tem duas classes de estudantes? Os de classe alta que só querem saber de festas e os de classe baixa que, pobre coitados, querem estudar e não têm recurso...

O mundo é muito mais complexo que isso e não dá pra generalizar nenhum dos dois pólos"...

Não falei de classes de alunos e sim, de duas ofertas de ensino, privada e a púiblica e que nesse sentido, separa claramente alunos pobres ou de menor recurso financeiro, dos que possuem condições de pagar bem pela formação acadêmica e acabam estudando nas universidades públicas. Lamento, mas sabemos que o ensino pública atende em sua maioria, alunos de classe média e alta e pobres, salvo raros casos, estudam nas universidades privadas, que atendem alunos de posição social - financeira - inversamente contrária às universidades públicas. Disse que nesse nosso país, tudo anda às avessas e o ideal seria que as instituições de ensino públicas passem a atender mais alunos da rede pública, pois é incoerente que alunos que frequentem escolas do governo durante todo no ensino de primeiro e segundo graus, que no final, não possam ingressar nas universidades federais e estaduais, pela baixa qualidade no que aprenderam nas escolas públicas... E sabemos que há muitos e muitos alunos que vão para as universidades, ocuparem espaços... Mas é claro que há sim alunos bons, dedicados, em todos os tipos de instituições de ensino e que bom!!! E tu sabes do que eu estava falando...

Boa páscoa a todos, bom resto de domingo e uma ótima semana!!!

Cristina

Rafaela disse...

tenho 16 anos e estou terminando o segundo ano do ensino medio.
vou fazer vestibulinho pra tecnico, ja escolhi farmacia, mas nao estou muito certa disso mais, minha mae ja pagou minha inscrição e logo ja é a prova, mas nao sei se é isso mesmo que eu quero.
fico muito anciosa, e to confusa com minha escolha.
acho bem legal as areas de comunicação, mas dizem ser concorrido, tenho um pessimo habito de nao me achar boa o bastante.
todos dizem que esta cedo pra escolher, mas ja é ano que vem, e se eu começar o tecnico e nao gostar vai ser bem chato ne.
queria conversar com alguem que me desse uma ajuda na minha escolha, eu gosto de farmacia, acho legal, mas nao sei :S
estou muito confusa.

Monique disse...

O medo da universidade é encontrar preconceitos desde os livros e isso me pertuba muito.