terça-feira, 1 de junho de 2010

TENDÊNCIAS DA DIREITA E ESQUERDA, CONSERVADORES E LIBERAIS

Toda santa vez que falo da direita vem alguém de direita, mas que tem vergonha em se assumir como tal, dizer que esses conceitos de direita e esquerda não existem mais, que acabaram com a queda do muro de Berlim, blá blá blá. Já falei sobre isso. Pensar assim, que essa divisão acabou, é apenas um jeito da direita dizer, em poucas palavras, “Ganhamos”. É aquilo que Fukuyama chamou de o “fim da história”: o capitalismo triunfou, game over. E acho estranho falarem no triunfo do capitalismo quando a gente está começando a sair de uma crise financeira que muitos dizem ter sido pior que a de 1929. E desta vez não dá pra culpar os comunistas, dá? Afinal, eles nem estão mais vivos! (fiquei feliz outro dia ao notar que não sou a única que pensa que quem diz "Direita e esquerda não existem mais" é sempre de direita. O candidato do PSOL à presidência disse exatamente a mesma coisa numa entrevista).
Com a crise, muita gente que foi capitalista desde criancinha está cobrando uma intervenção maior do governo na economia, um Estado mais forte. Quer dizer, “muita gente” menos a direita americana, que culpa o Obama pela crise, embora ela tenha começado, tipo, meio ano antes d'ele tomar posse, e que ela seja responsabilidade, em parte, da falta de fiscalização do governo Bush, que era de direita, apoiado pela direita.
Mas o que sempre me causa estranhamento é por que, se a esquerda está morta e enterrada, se “os bons” ganharam, a direita tem tanta vergonha em dizer que é direita. Nem o Reinaldo Azevedo se diz de direita. Será que se o Che estivesse vivo hoje em dia ele andaria dizendo “Não, não, não sou de esquerda”? As camisetas do Che ainda exercem fascínio pra um monte de gente. Quais são as camisetas da direita?
Nos EUA a direita é mais cristã, mais alinhada com certos valores. Boa parte da direita brasileira é assim também, mas muita gente de direita, principalmente mais jovem, tende a ser liberal nos costumes (a favor de direitos iguais pra gays e da legalização do aborto, entre outras coisas), e conservadora no lado político (defendem que quase nada fique nas mãos do Estado). Pra começar, no Brasil não existe direita que não seja anti-PT, existe? (Não estou falando de partidos, como o PP, partido do Maluf, ter apoiado o governo Lula, e agora embarcar na candidatura Serra. Estou falando de pessoas, de malufistas. Não conheço algum que goste do PT, você conhece?). Nos EUA existem direitistas que votam no Partido Democrata, inclusive porque os dois partidos americanos, republicanos e democratas, são mais diferentes no campo dos costumes que no da política. Dá pra ser anti-PT e ser de esquerda? Logicamente, taí gente que vota no PSTU e no PSOL que não me deixa mentir. Mas são poucos. Quem lê a Veja e acredita no que ela diz, e compartilha com seus valores, não tem como não ser de direita. Desculpe se o rótulo lhe cai mal. Sei que uma camiseta do Che é muito mais charmosa. Ou não. A Veja fez uma enorme reportagem chamando o Che de facínora assassino. Colou? Fez com que pessoas que gostam dos ideais do Che deixassem de gostar? Fez com quem é de direita batesse no peito e dissesse: “É isso aí, quero ser mais do que anti-comunista na vida! Agora quero ser pró-alguma coisa!”?
Tem um teste aqui que você pode fazer, também da Veja. Ele vai indicar se você é direita ou esquerda e conservador ou liberal. Nem sempre a pessoa de direita é conservadora, mas quase sempre a pessoa de esquerda é liberal. Gosto do teste da Veja, e também deste diagrama. Ele fala da situação americana, que é bem diferente da nossa. Vou traduzir algumas partes. Por favor, não leia pensando nas exceções, e sim na regra, ok? Não quer dizer que todo mundo que é de direita pensa de tal forma, ou que todo mundo que é de esquerda pensa do outro jeito. Mas é uma boa indicação, que aponta várias diferenças entre os dois rótulos. Por exemplo, a esquerda acredita que deve haver intervenção na sociedade e nas vidas das pessoas. A direita não quer intervenção. A esquerda apóia trabalhadores, enquanto a direita apóia empregadores. Vê a diferença entre uma palavrinha e outra? Na esquerda, o foco é na sociedade. Na direita, é no indivíduo. A esquerda acredita que a economia deve ser regulada, e que o governo deve cobrar impostos e gastá-los para o bem da sociedade. Já a direita não quer regulamentação nenhuma, nem quer pagar impostos (ou quer pagar o mínimo possível), e acha que o governo deve cortar gastos, sempre.
No que se refere à criação e educação, a esquerda crê em educar os filhos com amor para criar um relacionamento baseado em respeito e confiança, e ensina a criança a fazer perguntas, a se relacionar e cooperar com os outros. Já a direita crê num amor mais disciplinador para criar um relacionamento baseado em respeito e medo, que ensinará a criança técnicas para ser bem-sucedida, para competir e para ser individualista. O mais importante é fortalecer o caráter. Igualdade é oportunidade, e liberdade é a chance de ser bem-sucedido ou fracassar. Para a esquerda, igualdade é um campo com os mesmos direitos, e liberdade é liberdade do poder, do abuso e da falta de igualdade.
A esquerda acredita que criminosos são vítimas sociais e econômicas, enquanto a direita crê que criminosos optam por aderirem ao crime. Vê a sociedade como a sobrevivência do mais forte. A esquerda crê na diplomacia e na paz, enquanto a direita defende a guerra para resolver conflitos, e é militarista.

A direita vota em quem quer manter a ordem, ajudar quem se ajuda (isso explica por que tanta gente de direita é contra o Bolsa Família, e porque Serra vai bater na tecla da segurança pública). A esquerda vota em justiça social, em ajudar a quem não consegue ajudar a si próprio.
O mais interessante é que, pelos números que o diagrama mostra, conservadores e liberais se assemelham em várias pesquisas. Apoio a direitos para os gays? 54% dos liberais, e 44% dos conservadores, são a favor. Direito de abortar (já que, nos EUA, o aborto é legalizado)? Tem o apoio de 66% dos liberais, e de 43% dos conservadores. Também não há diferenças gritantes para crença em Deus (78% dos liberais e 87% dos conservadores acreditam), e sexo antes do casamento (apoiado por 90% dos liberais e 80% dos conservadores).
As grandes diferenças ficam nas questões do casamento gay (só 43% dos liberais é a favor, blergh, mas bem mais que os 12% dos conservadores), apoio à guerra (34% dos liberais apoia, contra 91% dos conservadores), e corte de impostos (84% dos conservadores é a favor, mas só 24% dos liberais).

É um tanto estranha a parte das profissões sugeridas para cada grupo: para a esquerda, trabalhar na mídia, ser arquiteto, professor universitário, professor de séries iniciais, ou cientista. Para a direita, ser policial, militar, corretor da bolsa, vendedor, ou juiz.
E aí, o que você acha? Tem a ver com a nossa realidade (que graças aos céus é sem guerra)? Ou não dá nem pra começar a comparar?

54 comentários:

Luma Perrete disse...

Segundo o teste, sou liberal de esquerda =)

Já viu esse post? http://papodehomem.com.br/eu-nao-vendo-eu-alugo-e-alugo-o-que-e-meu/ Achei ótimo.

Caio Ricardo disse...
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Caio Ricardo disse...

Sempre achei que toda esquerda fosse liberal e toda direita conservadora.

Segundo o testo sou da esquerda moderada liberal, ou seja, acredito em um estado forte na economia, mas não concordo com restrições à liberdade individual. Acho que fiquei satisfeito com o resultado.

aiaiai disse...

Eu acho que as realidades são muito diferentes para a gente comparar. Mas, uma coisa eu tenho certeza: quem é de direita no brasil acha os EUA a coisa mais linda desse mundo kkkkk e adora os americanos, sejam liberais ou conservadores.

Giovanni Gouveia disse...

Bem, eu sou de esquerda, mas não sou liberal, sou socialista...

Plínio de Arruda Sampaio é um dos melhores quadros da esquerda brasileira, sempre foi, pena que está se perdendo no PSOL (e principalmente que o PT perdeu ele...), aliás tenho grande admiração por vário quadros do PSOL, mas o partido tem questões a resolver, a exemplo da recusa de sua principal liderança, por acaso uma mulher, ser contra a legalização do aborto.

Quanto ao tema "direita x esquerda", fica a indicação:
Norberto Bobbio Direita e Esquerda

Well Bernard disse...

Eu fiz o teste e vi que sou de centro-esquerda liberal. Trocando em miúdos, acredito que o Estado deve atuar em alguns setores da economia e sou contra restrições de direitos individuais.

Achei muito fofo esse centro-esquerda. Combina com meu curso, faltou um azimute também, uma latitude, longitude e zaz.

Bem, só um adendo ao comentário do da Aiaiai. Eles, os de direita brasileiros, acham Israel também um país perfeito, lindo, um exemplo a ser seguido.

Carol disse...

Sempre que faço esses testes, caio em centro-direita ou direita liberal.

A única coisa que acho esquisito sobre alguns textos que o pessoal de esquerda coloca é uma espécie de visão maniqueísta, como se a esquerda se preocupasse com a totalidade das pessoas e a direita não se importasse com pobreza, desemprego, etc.

Eu discordo disso. A questão fiscal, por exemplo, é pauta de quem é de direita por um motivo muito simples: longo prazo. Excesso de dívida pública causa inflação e endividamento no longo prazo, que uma hora vai precisar ser pago (olhemos a Grécia agora e, acreditem, os próprios EUA estão tendo e vão ter mais problemas no futuro por causa disso, que aliás, é uma das causas da crise de 2008/2009, e não, eles não são de esquerda, mas tem alguns programas sociais caríssimos e pouco eficientes, como o Medicare e o Medicaid, além de terem gastado horrores fazendo guerrinha inúteis pelo mundo).

É o caso da previdência brasileira. Claro que aposentadoria integral é uma coisa legal para quem recebe. O problema é que quem começa a contribuir hoje paga a aposentadoria integral das pessoas hoje e não tem certeza do quanto vai receber em 30 anos. Claro que aumentar salários públicos e dar benefícios sociais é legal. Mas se isso causar dívida pública e aumentar nossa inflação (por dívida e por demanda), fica pior para todo mundo.

Bom, eu deixei de acreditar em ideologia no Brasil faz tempo. Acho que políticos no Brasil, em linhas gerais, são pessoinhas atrás de privilégios pessoais e enriquecimento ilícito. E não estão nem aí porque quando chegar a hora de todo mundo pagar a conta vão ter seus milhões na Suíça e estarão dando aulas em alguma universidade por aí.

Gisela Lacerda disse...
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Gisela Lacerda disse...
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Ághata disse...

No meu saiu Esquerda Moderada Liberal. [O problema é que yo soy anarco feminista, como que puede?]

Nada, Riffael, já vi muita gente de Direita Liberal - ás vezes, conseguem ser piores que gente de direita e conservadora.

...aliás, acho que aqui, no Brasil, tem mais gente de Direita Liberal que de Direita Conservadora.

Andréia Freire disse...

Centro-esquerda liberal.

Lola, bem que vc podia comentar os assuntos das perguntas do teste, não?

Serge Renine disse...

Aronovich e amigos.

Há uma coisa que não é comentada, mas, independente do quão ótimo é o governo Lula em várias áreas, não foi somente mérito desta administração o fato que de o Brasil não ter sido muito prejudicado na crise mundial. A verdade é que e como estávamos em um processo de recuperação econômica, já que vínhamos de uma crise muito longa, nós não estávamos na ciranda financeira internacional. Não por esperteza, mas simplesmente por falta de recurso. Algo como seu vizinho rico perder muito dinheiro porque foi jogar num cassino no Uruguai e você estar no momento numa situação melhor que ele por não perder dinheiro no jogo, porque não tem dinheiro para sequer ir até o cassino.

Tanto que as empresas do Brasil que foram ao “cassino” da especulação, se estreparam como a Sadia, que teve que ser adquirida pela Perdigão por 18% do valor para não falir e o Banco Votorantim que teve que ser vendido para ao Banco do Brasil, pelo mesmo motivo, os dois aplicaram e perderam, muito dinheiro na ciranda financeira internacional.

Lord Anderson disse...

Sai como centro esquerda liberal.

É mais a esquerda do que eu esperava, hehehe

Tb acho que não da p/ comparar com os norte-americanos, a relação deles com seus quadros politicos e sua ideologia é bem diferente da nossa.

O proprio fato do voto lá ser facultativo tb colabora p/ dar evidência p/ quem é realmente engajado.

Bruno S disse...

Esse teste da Veja, se não me engano, foi baseado em um teste de alguma revista estrangeira(não lembro qual).

Dependendo do humor já fui um liberal de esquerda moderado ou extremista...

Só aproveitando a responder uma coisa à Carol. Política fiscal expansionista ou contracionista não é, a priori, de esquerda ou direita. Em ambos os lados há pautas que causam desequilíbrio, tendo como exemplo um corte de impostos sobre a renda ou propriedade(direita) e programas de renda mínima(esquerda).

Basta ver que num governo de direita a dívida interna brasileira foi multiplicada por 10 e um de esquerda pagou a dívida externa.

Anônimo disse...

Olá, meu nome é Edson e é a primeira vez que eu comento aqui apesar de já ler faz tem.. tá, parei

Nas perguntas lá do finzinho, se isso tem a ver com a nossa realidade, acho que tem sim. Não sei como é exatamente a situação lá; mas por aqui pelo menos, acho que uma pesquisa semelhante daria resultados semelhantes, porque as pessoas normalmente se posicionam contra, por exemplo, o aborto, mas na prática...

Pra mim, nesse diagrama, é tudo direita. Talvez o meu resultado no teste da Veja explique porque eu acho isso.

aiaiai disse...

Nossa serge,

pelo jeito, além de não sacar nada de tradução vc também não entende economia, né? Eu também não entendo muito de nenhuma das duas coisas, mas não saio escrevendo "verdades" assim sobre o que não entendo. Essa tua análise sobre a crise financeira e de como o brasil se livrou dessa é de lascar. Dá uma lida por ai, nuns blogs sobre economia que vc vai entender melhor...
basicamente, o brasil não entrou na ciranda financeira porque o governo brasileiro não deixou...os bancos brasileiros não podem lançar títulos do jeito que querem e nem os fundos de previdência privada podem apostar no mercado financeiro como bem entendem. Aqui há regulação. E isso não é fruto do governo lula...é da legislação que foi criada ainda na época do FHC.
Segundo ponto para explicar porque nos livramos da crise é que - pela primeira vez na história dessa país - temos mercado interno. Graças à política bem sucedida de redistribuição de renda - através de programas sociais e aumento do salário mínimo somados com manuntenção da inflação em baixa - o povo brasileiro compra...então, quando americanos e europeus pararam de comprar nossos carros, nós compramos. E o governo ajudou renunciando aos impostos sobre alguns produtos - como carros e material de construção.

Minha explicação é baseada apenas no que li de pessoas que confio. Vc pode procurar mais que encontrará farto material de análise.

Anônimo disse...
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Lily Dragon disse...

Adorei o seu post, Lola, principalmente porque estou tentando definir a minha própria orientação política (segundo o teste, sou centro-esquerda liberal). Eu só hesito em me denominar "esquerda" por certas tendências meio existencialistas, e um descrédito grande em relação ao socialismo, na medida em que um sistema político de tão belas promessas se distorce e corrompe a partir do momento em que é colocado em mãos humanas.

Não sou daqueles que dizem que o ser humano é podre e terrível e lalalá (embora tenha lá minhas experiências com a podridão humana), mas a partir do momento em que têm o poder, os cifrões são mais reais do que os seres humanos, esses transmutados em números.

Tenho muita vontade de acreditar no Estado - ou, no mínimo, nas enormes possibilidades emancipatórias que o Estado têm. Só na nossa Constituição já há tantos princípios de dignidade, de respeito, de igualdade, e bastava fazer cobrar o que já temos para deixar os misóginos, preconceituosos, opressores e violentadores de joelhos... Mas é claro que não é isso o que acontece.

Sou estudante de Direito e, ao contrário de muitos coleguinhas que só querem saber de passar em concurso e ganhar dinheiro (e sem vergonha nenhuma de dizer isso!), sou fascinada pelo tema - sob quais mecanismos a sociedade se organiza? Qual é a lógica por trás disso? Por que nós obedecemos ao Direito, o que fundamenta esse bando de leis que caem na nossa cabeça? O Direito é violência, ou pode ser libertação?

Por isso foi até engraçado quando eu vi que uma das profissões mais características da direita é a de juiz... Claro que não é uma coisa dos EUA - só de olhar para algumas decisões judiciais a respeito da aplicação Lei Maria da Penha, por exemplo, para ver como esses crápulas de toga poderiam muito bem circular na Antiguidade - mas o juiz poderia ter um papel tão inovador, alargando e fazendo-se aplicar os Direitos já garantidos, empurrando o horizonte dos princípios constitucionais com o Judiciário...

Porque, querendo ou não, Direito é Poder. As leis são feitas pelo Legislativo, que deveria estar indiretamente no controle do povo - mas se o eleitorado às vezes nem sabe direito para quem votou, para que serve o cargo e se os nossos eleitos, uma vez lá "em cima", não tem compromisso nenhum com aqueles que o elegeram? Temos então o Executivo, com seus cargos de extrema visibilidade e suscetíveis a pressões, e o Judiciário, povoado por egressos de faculdades de direito - para bem ou para mal, aqueles que "conhecem o sistema", para aporrinhar os outros dois poderes e a sociedade civil quando alguma coisa sai errado.

E QUANTA coisa sai errado - tantas delas que nem chegam ao Judiciário, ou que, uma vez lá, é ignorado...

Então, antes que eu comece a escrever um tratado sobre o funcionamento do Estado em um comentário de blog, basta dizer que encaro as perspectivas de respeito mútuo, igualdade formal e material, e, por que não, de justiça, com olhos ora esperançosos, ora céticos e cansados, mas sempre dispostos a tentar fazer alguma coisa a respeito.

Unknown disse...

um jeito da DIREITA falar que GANHOU?
não sei se vc percebu, o que temos hoje é somente uma política superficialmente de Direita, mas com pesada intervenção estatal, que é o que prega a esquerda liberal (keynesianismo e outros, como preferir), e de resto, é tudo militancia que usa dos meios nao só de comunicação como tecnologicos, e cientificos às custas da Direita. Direita ganhou o nariz de palhaço. Quem domina são entidades de esquerda e governos de esquerda. Ditas ongs verdes, de minorias gritantes e radicais é que estão mandando na maioria, por mais paradoxal que seja. Pense mais um pouquinho.

The Crow disse...

Eu sou de direita, e com orgulho!

Acho meio complicado generalizar e falar que criminoso é uma vítima social... Há casos e casos, mas em geral o crime é uma opção. Temos o livre arbítrio de escolher os próprios caminhos, de dar rumo às nossas vidas. Não se pode tentar justificar um crime fazendo uso, unicamente, dos problemas sociais que afetaram um indivíduo.

Se criminoso - aqui entendido como elemento que infringe as leis - é vítima social, teríamos então que ter compaixão por pessoas como Sarney, Maluf, entre outros, que são criminosos como todos os demais, ou até piores.

O que me desanima na esquerda é a sua visão essencialmente boa e redentora do ser humano. A direita é mais cética e, por isso mesmo, mais compatível com a realidade.

lola aronovich disse...

Andrea, eu falei sobre esse teste uns dois anos aqui, e lembro de ter escrito dois posts chamados “O que respondi para passar no teste”. Olha só, aqui – 1a parte e aqui – 2a parte.


Nossa, Edson! Eu fiquei na mesma posição que vc no teste! Igualzinha mesmo.

lola aronovich disse...

Gente, tem um outro teste bem interessante que eu quero comentar. Aguardem! E uma coluna excelente do Emir Sader sobre direita/esquerda que eu pretendo mencionar tb.


Serge, concordo com a Aiaiai, e acho que vc está equivocado na sua explicação para o Brasil não ter afundado na crise. Simplificando muito: o mercado entrou em colapso, a crise foi da iniciativa privada (aquela sempre tão competente). Se tivéssemos um Estado mínimo, que é o que exige a direita, teríamos falido tb. É por isso que ninguém no PSDB aceita falar em privatização num momento desses. Porque pega mal pacas.

Anônimo disse...

Na verdade acho que o texto tem como modelo de esquerda aquelas pessoas que possuem uma formação marxista. Aquelas pessoas que acreditam no individualismo (um valor direitista) e na igualdade (um valor esquerdista)são mau caracterizadas.

Não sei The Crow, acho que o ceticismo da direita é mais fruto da conveniência do que de um processo reflexivo. A direita é cética e pragmática em sua relação com a ciência, mas apresenta argumetos míticos e fantasiosos em sua relação de dominação com os árabes, por exemplo.

Afinal, apesar de sabermos que o embate Oriente/Ocidente é fruto do medo de uma dominação política e econômica ainda ouvimos opiniões essencialistas (muitíssimo ingênuas) sobre o "perigo árabe", o "barbarismo árabe", a "ignorância árabe" e sobre a "superioridade européia", a "racionalidade branca" e até a "infalibilidade cristã".

Eu acho que a direita é ingênua quando analisa o mundo desconsiderando o processo histórico e seu impacto na vida cotidiana.

Aliás, Lola e demais pessoas de esquerda, já perceberam que a direita não faz arte? Quer dizer, existe algum grande movimento artístico contemporâneo embuído de valores conservadores ou de direita?

The Crow disse...

Bom, Sailor Moon, acho que o ato de dividir o mundo entre direita e esquerda, conservadores e liberais, é por demais reducionista.

Assim, fica parecendo que estas dus ideologias são uniformes e homogêneas no mundo todo, fato que está muito distante da verdade. Acredito que o "ceticismo direitista" se deve a reflexão, a uma constante comprovação do comportamento humano ao longo da história. Vejo, no pensamento político "de direita", uma maior aceitação da natureza humana, suas falhas, limitações, e por conseqüência há uma tentativa de adaptar-se a estas condições, e não tentar negá-las ou mudá-las através de um passe de mágica.

Do mesmo modo, ao citar as "mistificações" comumente atribuídas à direita, tratam-se de grupos isolados e muitas vezes divergentes, no que diz respeito às suas ideologias. Juntar todas essas mistificações e resumi-las como sendo o pensamento da "direita" é negar a influência de qualquer outro aspecto pertencente a um determinado país, seu processo histório, seu panorama político e vicissitudes nacionais. Dessa forma, tanto a direita pode ser resumida como tendo uma postura fortemente conservadora a tudo (costumes, religião, política) e altamente reacionária (ódio a árabes, por exemplo) como a própria esquerda pode ser encaixada através de posturas semelhantes, como a intolerância política, o ódio aos ditos "capitalistas" e até mesmo aos religiosos em geral...

Enfim, direita e esquerda são apenas dois lados de uma cena global muito mais complexa e variada; não bastasse isso, direita e esquerda são conceitos gerais repletos de subjetividade e relativismo, e não raro acabam sendo contraditórias entre si; daí, torna-se perigoso generalizar.

Outra coisa que achei intessante em seu comentário: a arte e a direita. De início, considerando que a arte produzida por setores mais progressistas acabam por ganhar mais evidência devido ao seu caráter de ousadia e desafio ao valores da sociedade pré-estabelecida, fica a idéia de que quem só produz arte é a esquerda. Mas vejo que trata-se de uma impressão equivocada. Às vezes até eu me deixo levar por ela. Porém, para se chegar a uma conclusão mais plausível, primeiro seria preciso definir de fato o que é esquerda ou direita. Depois, atestar que tais ideologias não se contradizem ou se interpenetram; assim, teríamos apenas esquerdistas e apenas direitistas, onde suas linhas de pensamento seriam absolutamente fixas e nunca poderiam convergir para um mesmo fim; e ainda restaria, portanto, saber qual artista de fato é de esquerda ou de direita, e a partir de quando isso seria possível, visto que a visão que temos de esquerda e direita tem, no máximo, uns cento e poucos anos. Hollywood, por exemplo, tem tantos artistas de direita (Steven Spielberg) como de esquerda (Michael Moore). Assim, fica muito difícil julgar o que é arte da esquerda ou da direita, e isso nas mais diversas formas de arte.

Mas o tema é instigante, sem dúvida alguma.

Nefelibata disse...

Quero ler os comentários depois para entrar no debate também, mas agora estou na correria.

Só queria perguntar uma coisa, Lola: você diz que sobre o diagrama que "A esquerda apóia trabalhadores, enquanto a direita apóia empregados", mas ali está "empregadores" ("employers"), não? Falo isso não porque quero ficar caçando picuinhas, mas sim porque se for o caso, acho interessante salientar isso. Que a direita tradicionalmente toma partido do patrão, e não do empregado. Falam de gastos com a máquina pública, mas é porque preferem, com tal dinheiro, dar "incentivos fiscais" (i.e. isenção de impostos, bail-outs e etc.) aos patrões a buscar quaisquer medidas efetivas de aumentos salariais, seja na iniciativa privada, seja no serviço público.

Só pra constar: também caí no extremo da esquerda liberal, hahaha.

Daniel disse...

O meu deu que eu estou no extremo do liberalismo de esquerda...
Achei que ia dar mais para o meio...

lola aronovich disse...

Nefelibata, tem toda razão: eu que li errado (preciso de óculos pra leitura com uma certa urgência, agora que passei dos 40...). Li no diagrama (letrinha pequena e tal) que a direita supports “employees”, mas é verdade, lá tá escrito “employers”, empregadores. Já corrigi, muito obrigada! Já? Levou só um dia!


O debate tá muito bom aqui, gente! Continuem, please.
Sobre arte: Michael Moore é definitivamente de esquerda. É um dos poucos “socialistas” americanos. Mas aí é fácil checar: ele faz documentários e se põe como personagem central. Sua persona se confunde com os filmes que faz. E tem os temas que escolhe tb, claro. Ninguém faria um filme chamado “Capitalism: A Love Story” sem ser de esquerda...
Deus, ou melhor, meu Chico, tb é definitivamente de esquerda. Suas letras são políticas, e ele mesmo sempre se definiu como esquerda, e apoia ideias bem conhecidas da esquerda.
Mas pra definir arte de direita é um pouco mais complicado. Wagner? Porque ele virou trilha sonora do nazismo? Ezra Pound? (eu não vejo muita coisa de direita nos seus poemas). Não considero Spielberg um cineasta de direita. Talvez um ou outro filme, como Tubarão, mas nunca sua obra inteira, que é muito diversificada. Mas tem o John Millius. Certamente um cineasta de direita. Foi ele que fez Amanhecer Violento (que tá sendo refilmado!). E Conan, o Bárbaro.
Personagens do Stallone e do Schwarzza são de direita. E esses astros tb. Mas eles são casos mais extremos, que simbolizaram a era Reagan. Casos mais sutis são muito mais difíceis de classificar.

Nefelibata disse...

(não resisti...)

Sobre o maniqueísmo do qual a Carol e o The Crow falam... eu concordo parcialmente. Porque realmente há autoproclamados esquerdistas que acreditam ser novos messias. Mas isso não significa que o debate que divide a política entre esquerda e direita seja inválido. Foi pensando nisso que a Lola avisou: não pensemos nas exceções, e sim nas generalidades. Porque por mais que as particularidades sejam importantes para o indivíduo, em política, elas valem muito pouco. Nessa última esfera, o que tem peso são as generalidades. Elas é que contarão votos nas urnas, no Congresso e nos tribunais. Se ficarmos somente nas abordagens, digamos, mais existencialistas (tiro a palavra do comentário da Lily Dragon), meramente idiossincráticas, apenas veremos a história se desfraldar perante nossos olhos como quem vê, atônito, um trem passando rapidamente pelos trilhos. Política não é bem isso (ou não deveria ser), não é mesmo?

Eu entendo que a ideia da abordagem “esquerda X direita” não tem o objetivo de ser um tratado científico-naturalista, que enuncia leis como faz a física. Mas entendo sim que o objetivo seja justamente o de separar e reunir elementos da realidade de forma a melhor entendê-la, porque sim, ela é múltipla, vária e complexa. Contudo, a pretensão jamais é a de conseguir uma explicação definitiva; e é justamente para testar esses esquemas interpretativos que serve o pensamento crítico.

Eu acho também que tanto a esquerda quanto a direita se preocupam, à sua maneira, com a pobreza e o desemprego, mas o ponto crucial aqui é justamente esse: quais maneiras? Eu entendo que as propostas da esquerda para lidar com esses problemas são mais efetivas e também justas.

Sobre o exemplo da pauta fiscal, o Bruno já disse algo interessante, mas pinço algo que a Carol disse sobre o longo prazo. Keynes tinha uma frase muito curiosa: “no longo prazo, estamos todos mortos”. Sinceramente, não sei qual é o contexto disso, mas não consigo deixar de pensar que, se ele foi um economista inteligente, sabia da insustentabilidade do capitalismo e o custo humano de mantê-la. Talvez tenha sido nesse sentido que ele tenha dito. Ou talvez ele tenha dito o seguinte: a única certeza do futuro é a morte de todos nós, vamos fazer o que podemos para os vivos de hoje, porque é destes que dependem os vivos de amanhã. Então, é preciso consumir para girar a roda econômica? Vamos aumentar a renda, dar empregos, nem que precisemos pagar alguém para cavar um buraco e outrem para tapá-lo. Assim, não é um custo que o Estado assume sem qualquer sentido (como foram as guerrinhas), mas um investimento social. Investimento social mesmo; como exemplo, cada R$ 0,04 investido no Bolsa Família gerou R$ 1,00 de acréscimo no PIB até o ano passado (vide aqui neste link http://blogs.estadao.com.br/jpkupfer/impactos-economicos-do-bolsa-familia/).

O exemplo do buraco é um pouco extremo, e realmente carece de algum sentido, mas essa espécie de sandice é a condição do capitalismo. Quando a Carol fala dos políticos, que “em linhas gerais, são pessoinhas atrás de privilégios pessoais e enriquecimento ilícito”, ela diz o certo, mas o que diz não se limita somente a políticos, mas também a empresários e trabalhadores. Uma leitura atenta à história mostra que a história do capitalismo é a história das fraudes, das trapaças, da exploração e das injustiças. O capitalismo visa lucro, e é impossível lucrar muito sem que outro perca bastante.

Gisela, você diz que é de alguma forma indevida a dicotomia esquerda X direita, dentre outras coisas, porque “senão fica tudo muito fácil: sou esquerda, votei no Lula umas trocentas vezes e para tudo que ele faz direi amém”. Mas isso, antes de ser de esquerda, é ser acrítico. É diferente, entende?

Nefelibata disse...

O The Crow também diz que vê, “no pensamento político ‘de direita’, uma maior aceitação da natureza humana, suas falhas, limitações”, e assim, há na direita “uma tentativa de adaptar-se a estas condições, e não tentar negá-las ou mudá-las através de um passe de mágica”. Eu não sei que passe de mágica é esse que ele diz, mas se assumirmos alguma validade do diagrama que a Lola colocou, eu acho isso contraditório e muito vago. Que limitações e falhas humanas são consideradas num pensamento e sociedade que se entende na Lei da Selva e assume como mote a sobrevivência do mais apto? Tomemos o crime, por exemplo. Política repressiva, tolerância zero e afins são justificadas na ideia de que o indivíduo é livre e são, e opta pelo crime também livremente. Por isso deve ser punido exemplarmente. Eu vejo nisso um forte caráter de negação, e não de aceitação ou adaptação. Pelo contrário: se o criminoso não consegue se adaptar à sociedade, ele é tratado como inimigo.

E outra... o mundo tem, atualmente, mais de 6 bilhões de pessoas. Não faço ideia de quantas já nasceram e morreram neste planeta ao longo das eras, e muitas outras ainda virão durante nossa vida e após nossa morte. Então, eu simplesmente não consigo parar e dizer: “a natureza humana é assim”. Não tenho como. E mesmo assim a direita poderia "aceitá-la" melhor? Você fala sobre a "constante comprovação do comportamento humano durante a história", mas eu, como marxista, entendo que a história não é determinista, mas que oferece possibilidades. Assumindo a divisão esquerda X direita, eu acho que enquanto a direita defende a “natureza humana”, a esquerda (honesta) defende a “possibilidade histórica”. É por isso que no diagrama tem lá: a esquerda busca mudanças, a direita tenta manter o status quo. Porque cada um dos lados acredita que sua proposta é melhor. Só que no meu caso, acho que a possibilidade histórica é melhor do que a manutenção do estado das coisas. E também acho que, nesse sentido, o lugar comum da “natureza humana” é muito mais deletério ao nosso discernimento do que a dicotomia direita X esquerda.

Anônimo disse...

denovo sobre o teste da veja e já misturando com a discussão sobre como definir direita e esquerda;

uma das perguntas é se sou contra ou a favor do uso de tortura pela polícia; votei que sou absolutamente contra. Provavelmente o objetivo dessa pergunta era saber se somos a favor de uma maior ou menos intervenção estatal na parte de costumes, na sociedades, nos valores e bláblá.

Mas uma pessoa pode ser de direita, defender que o estado deva regulamentar e interferir em tudo o que diz respeito à via particular de cada um, visando, claro, a preservação da moral e dos bons costumes. Mas ser absolutamente contra o uso da violência (pelo menos da violência ilegal; pelo menos na minha visão privação de direitos a determinados grupos por causa de características biologias, ideológicas e outrasógicas é uma violência de qualquer maneira)

Claro que como generalização essa hipótese pode ser descartada, mas se é uma característica fácil de ser eliminada e que tem exceções aos montes, é estranho colocá-la na regra. Mas o apoio à moral e os bons costumes continua sendo bandeira da direita.

O difícil de achar uma definição bonitinha, realista, definitiva e simples de direita-esquerda é a relatividade da coisa: pra mim direita é a porta e esquerda é a janela; pra você, na minha frente é o contrário, mas continua existindo uma diferença entre os dois, de qualquer posição que se analise. [/trocadilhobesta]

Carol disse...

Oi Bruno

Nosso presidente que todo mundo fala que é de direita foi orientado do Florestan Fernandes e foi o que patrocinou a lei da relativização da propriedade rural para fins de "bem público" (sabe-se lá o que é isso). Além disso aumentou impostos e criou a base do bolsa-família.

No Brasil não existe partido de direita. Aliás, quando a gente lê a imprensa internacional, isso fica bem claro. Todos os partidos com chances de ganhar aqui são considerados centro-esquerda.

Abs.

Gisela Lacerda disse...
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aiaiai disse...

Eu acho muito simples: direita quer manter o status quo, a tradição, o que "sempre foi assim e sempre será". Esquerda quer mudar tudo porque ou acha que tá tudo errado ou acha que tudo pode evoluir, ser melhor do que era antes. Eu como esquerda otimista que sou, faço parte desse segundo grupo: acho que tudo pode mudar e acho que devemos nos esforçar para mudar para melhor - individualmente e coletivamente!

lola aronovich disse...

Gente, mas qualquer classificação é reducionista! Qualquer uma mesmo. Nosso nome é reducionista. Eu sou apenas uma Lola? Nossa profissão nos reduz (como vimos no último post, em que alguns esperam que eu seja doutora em Letras full time, até na minha vida particular!). Nosso gênero nos reduz: eu sou uma mulher, e tenho orgulho disso, mas sou mais que uma mulher. Nossa raça, nosso estado civil, nossa orientação sexual, nossa faixa etária, nossa crença ou falta de crença em algum deus, nossas lutas. Eu sou feminista, e isso é muito importante na minha vida, mas não sou apenas isso. Eu sempre, desde que me conheço por gente, me identifiquei com valores da esquerda. E pra mim é claríssimo isso: eu sou de esquerda. Com orgulho. Aliás, sou quase um clichê da esquerda. O que não quer dizer que eu seja apenas isso. Assim como alguém de direita não é apenas isso. Mas que existem grandes diferenças, ah, não há dúvida! Se não existissem, como eu saberia de antemão o que tantas pessoas vão pensar sobre uma enorme variedade de assuntos? Por que minhas opiniões não batem com as de um tio Rei, de um Olavo de Carvalho, de um Rush Limbaugh (radialista americano), em 99% das vezes? Sorry, mas quem se baseia neste 1% de “afinidade” pra declarar que direita e esquerda não existem mais é geralmente quem tem vergonha de se assumir de direita. Simples assim.

Serge Renine disse...

Aiaiai:

Como esse pseudônimo eu não tenho como saber se você é homem ou mulher, mas sei que não deve ter mais que quinze anos pelas suas colocações inocentes nos seus vários comentários. Por isso eu perdôo sua falta de respeito para comigo, quando, você sem me conhecer, sem saber quem sou, qual a idade eu tenho, ou qual é a minha especialização, me desrespeita publicamente. O fato de eu ter brincado, no post anterior com a Aronovich, que já conheço a algum tempo, e que é a dona do blog, não te da o direito de tomar liberdades comigo.

Caso você seja homem, e maior de 21 anos, o que eu duvido, estou a disposição para te esclarecer como as coisas funcionam.

Carol disse...

Nefelibata

Quando eu falo que políticos estão em sua maioria lá para enriquecer (ou virar celebridade) eu definitivamente não nego que boa parte das pessoas estão onde estão pelos mesmos motivos. Só que quando o indivíduo tem um orçamento de mais de bilhão à vista e pouco controle sobre o que faz (afinal, eles fazem as leis de controle), é mais complicado. Porque eles vão pegar o nosso dinheiro. E eu acho que meu dinheiro estaria melhor na minha mão do que aplicado em algum imóvel da família Sarney.

Agora essa questão de privatizações, que a Lola colocou, é interessante. Até porque envolve mais que esquerda e direita e é necessário um pouco de conhecimento de teoria de organizações para analisá-la. Basicamente: como é pública, em tese, tem que ser mais controlada (afinal, o prejuízo de uma empresa pública é prejuízo do país). Se for mais controlada, fica mais burocrática, com estrutura organizacional mais rígida (não tem como, tudo é licitação, tudo tem regras fortes e faz sentido). Se fica mais rígida, fica menos inovadora (dá para colocar trocentos artigos científicos que mostram isso). Se fica menos inovadora, perde competitividade e gera menos lucro (ok, troco lucro por superávit em caso de empresa pública).

Aí vão falar: e a Petrobrás? Bom, a Petrobrás poderia ser ainda maior. Conheço gente (e até bastante gente) que trabalha lá dentro. E o que tem de cabide de emprego não está escrito. E a Petrobrás é monopolista. E vende um produto de demanda inelástica (se o preço sobre, a demanda abaixa muito pouco). E só cresceu depois que virou uma empresa de capital aberto na categoria máxima da CVM. Então é muito peculiar.

Por fim, eu não gosto muito de empresa de estatal porque acho que no fim elas contribuem menos com o país do que as empresas privadas (vide Vale que hoje contribui mais com o orçamento brasileiro em impostos do que contribuía com lucro quando era estatal - e ah, o governo, por meio de fundos estatais de pensão e outras formas ainda é grande acionista da Vale: ninguém na época queria comprar).

Claro que produção de bens é uma coisa e serviços essenciais como saúde e educação são outras coisas. Aliás, tirando o Tea Party norte americano (que não vale de base para nada, bando de loucos), não conheço ninguém de direita que não seja a favor de saúde pública.

Por fim, eu acho o bolsa-família um negócio fantástico, exatamente porque o estado não controla como o indivíduo vai gastar esse dinheiro. Acho a falta de transparência do programa complicada (não há dados atuais, pelo menos não havia na época que fui pesquisar isso e os que haviam eram furados e imprecisos), mas gosto da idéia.

Escrevi demais.

Bj

Leticiabon disse...

Adorei o post. Sou de esquerda e alguns relacionamentos estão em ruína por conta disso. Imagina um casal bem diferente (mulher de esquerda e homem de direita) discutindo criação de filhos que ainda poderão não vingar?

lola aronovich disse...

Serge, a Aiaiai (tb detesto o apelido!) é comentarista assídua aqui faz tempo. E, a cada comentário, mais dá pra saber como ela é: sim, ela é mulher, ateia, acho que da minha idade, tem um filho, não quer mais casar, acha que mulheres ficarem em casa cuidando dos filhos é um retrocesso, e é bem radical nas suas convicções políticas e feministas. E ela é divertida! Não briguem, que vcs dois têm bastante em comum.


Carol, que legal que vc gosta do Bolsa Família! Sério, vc é uma das poucas pessoas de direita que não é contra o programa. Vc sabe que a maior parte é!
E eu sei que sou ingênua, utópica talvez, mas eu realmente acredito que a maior parte dos políticos quer contribuir para fazer da sua cidade, estado e país um lugar melhor. Eu conheço vários políticos (ok, praticamente todos do PT), e todos são idealistas, boa gente, cheios de sonhos e boas intenções.

taís disse...

Lola, eu tenho o seu blog nos meus favoritos faz meses, venho acompanhando as intrigas que suas opiniões causam faz um bom tempo. Mas nunca tive muita coragem de comentar, porque me sinto muito humilde e nova pra esses debates que são os seus comentários, haha!
Bom, eu queria só dizer que não concordo com (literalmente) metade das coisas que você fala sobre política, mas concordo com (literalmente de novo) todas as coisas que você fala sobre feminismo e, muitas vezes, sobre filmes, embora não tenha lido tantas das suas crônicas assim. O caso é que é exatamente pelo fato de não concordar com algumas coisas e ler os seus argumentos que eu venho aqui. Gosto de escrever, de discutir, de falar pra caramba, e já sonhei em ser escritora ou jornalista ou simplesmente ter um blog legal como o seu. Enfim, o que queria dizer mesmo é que eu te admiro e já te idealizei como a pessoa que eu quero ser um dia, muitas vezes, não ideologicamente falando, mas sim no sentido ativo, informativo e inteligente que li no seu blog esse tempo todo.
E ah, se você ficar curiosa pelo que me fez comentar aqui agora, e não antes... Eu fiz o teste, e o resultado deu centro-esquerda liberal. Sou muito da desacreditada em política, e nunca formei uma opinião sobre que lado estou, tanto que tanta coisa que você diz faz sentido pra mim e tanta coisa não faz. E, não sei, me deu uma vontade enorme de dizer as minhas opiniões também, mesmo que inexperientes (muito) e incertas (nem eu tenho muita certeza delas).
Aaah, vou parar de enrolar!
Odeio o Lula, o PT, o Serra e o PSDB. Odeio todos e vou anular meu voto a vida inteira! (...) Isso faz de mim uma completa alienada? Hahaha

Abraço!

Unknown disse...

Meu teste deu "direita liberal" mas me considero de "centro-esquerda"!

Elaine Cris disse...

Meu resultado deu esquerda-liberal...
Não tem muito a ver (apesar que o teste toca na questão do aborto), mas lendo essa reportagem e fazendo o teste, lembrei de uma entrevista que li da Simone de Beauvoir, lá da década de 70, em que ela fala que quem é feminista é de esquerda. Procurei para ler de novo e é mesmo o que ela fala...
"Uma feminista, quer ela se autodenomine esquerdista ou não, é uma esquerdista por definição. Ela está lutando por uma igualdade plena, pelo direito de ser tão importante, tão relevante, quanto qualquer homem. Por isso, incorporada em sua revolta pela igualdade de gêneros está a reivindicação pela igualdade de classes."

Se quiser ler a entrevista toda, Lola, está aqui... é muito boa...
http://www.simonebeauvoir.kit.net/artigos_p02.htm

Abraços

Anônimo disse...

O meu deu extremo do liberalismo da esquerda :D

Anônimo disse...

Lola,seu aniversario é dia 6?

Ághata disse...

Lolinha!
Os comentários tão ótimos, cada dia o nível da sua caixinha de comentários vai subindo!
Maravilha!

lola aronovich disse...

Roberta, é dia 6 sim. Mas não espalha! Depois de uma certa idade, aniversário já não tem mais muita importância...

Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Barbara Tavora disse...

Bem, então eu sou um pouco diferente da maioria. Eu estou no "centro direita liberal"; não creio no estado como gestor da economia e recuso restrições à liberdade individual. De fato eu detesto essa visão de que o Estado tem que ser Pai e Mãe, o fornecedor de tudo a todos. Tenho aversão àquela idéia que alguns tem de que o mundo deve a elas.

=Maíra= disse...

"Você está no extremo do liberalismo de esquerda".

Anônimo disse...

"E acho estranho falarem no triunfo do capitalismo quando a gente está começando a sair de uma crise financeira que muitos dizem ter sido pior que a de 1929."

Acha estranho por que pelo jeito nunca viu oque é um Gulag para achar que uma crisezinha significa fracasso do capitalismo ...

andré disse...

achar de quem é de direita é insensível socialmente é o mesmo que achar que quem é de esquerda jamais irá pisar em um shopping center. ser comunista de cartão de crédito é fácil. em tempo, sou de direta com muito orgulho, mas acima de tudo liberal. Na minha opinião vc tem que fazer por merecer e é obrigação do governo te dar as armas pra vc chegar lá. Educação, saúde e segurnça para todos, o resto meu amigo, se quiser vai ter que fazer por merecer.

Anônimo disse...

Sobre o Reinaldo Azevedo e sua "omissão"


Direitistas assumidos

Outros direitistas assumidos"

Somnia Carvalho disse...

queridissima Lola,

passando para preparar material de aula de sociologia acabei vindo parar aqui.
grande beijo amiga, que saudade de te ler!

lola aronovich disse...

Sua linda! Sabe que ontem mesmo escrevi um post (que vou publicar na quarta) e ele menciona o seu nome? Sério mesmo! A gente não se fala há anos, e pensa uma na outra no mesmo dia! Isso que é transmissão de pensamento! Muitas saudades de vc, querida!