PAVÕES E GRANDES FELINOS

Diálogo de manhã na cama, antes de levantar: eu contava pro maridão sobre o zoológico de La Plata, na Argentina (tá, isso foi em Joinville, e já tem um ano e meio. É que esqueci de terminar o texto e publicá-lo. Tava perdido no meio de textos não acabados do computador).

- Os pavões ficavam por todo o canto, pra variar. Tinha um no espaço da girafa. E esse ainda era um exibido. Mostrava toda sua majestosa cauda. Aí a girafa vinha, dava um chega pra lá nele, ele dava dois passinhos pra trás e, assim que a pescoçuda ia pro outro lado, ele abria todas as asas de novo.
- E ninguém filmou isso?
- Infelizmente não. E tinha um pavão no fosso com o elefante. O elefante tava bem contentinho, dançando na água. Um grupo de crianças até começou a bater palmas pra acompanhar a dança. E o pavão lá dentro, do outro lado. Teve uma hora em que o elefante pegou com a tromba um brinquedo seu, de plástico, e eu tinha certeza que ele iria jogar o troço no pavão. Mas não, ele só levou o treco pra sua toca. E aí o pavão saiu de lá e veio pra cima da gente.
- Pavão é um bicho muito folgado.
- É, mas não tão folgado quanto os grandes felinos. A gente não viu leão, mas tinha três leoas. Dormindo, claro.
- Você explicou por que os leões dormem tanto.
- Pois é, é porque a natureza é sábia. Imagina se essas máquinas mortíferas tivessem a energia de um esquilinho. Seria um estrago. Então eles foram feitos pra passar dois terços da vida dormindo.
- A natureza é sábia mesmo.
- Nem tanto, amor. Porque há seres que já não têm muita energia e não teriam motivo pra ficar tanto tempo dormindo, e ainda assim...
[Maridão apalpa nosso gatinho dormindo em cima da cama:] - Calma, Calvin.
- Eu não estava exatamente pensando no Calvin...
- Só tem eu e o Calvin aqui!