Nunca imaginei que um post meu respondendo a uma simples pergunta de uma leitora poderia render tanta polêmica. Ainda mais um post breve, admitindo minhas dúvidas sobre os limites do humor, e jogando a bola pr@s leitor@s. O que cert@s leitor@s devolveram não foi lá muito meigo:
“Sua opinião em relação a esse fato é mais inconsequente do que os redatores da série Amanda, que não tem nada de crítica. [...] Lola, seu texto é irresponsável. Principalmente porque servirá de muleta para idiotas rirem do babaquismo supostamente bem-humorado e com consciência social” (Guilherme)
“Já que esse humor ácido é tão bem recebido e funciona como uma denúncia, sugiro que façam um sobre pedofilia ou exploração infantil. [...] Tenho certeza que a Lola vai virar fã. Capaz dela até divulgar os vídeos aqui! olha que sucesso”. E num outro comentário: “Constrangedor e desrespeitoso o silêncio da autora diante da reação dos leitores. Deve está com vergonha das besteiras que falou. Ao menos deveria” (Maísa). Talvez a autora esteja apenas ocupada?
“Esperava mais da autora do blog. [...] O humor deste vídeo é inexistente e sua divulgação inaceitável por dois motivos: é feito por homens, o que significa que representa nada menos que o pensamento de um grupo favorecido sobre a ordem de costumes vigente e não rompe com o pré-estabelecido; é o clássico humor que mexe com um tema polêmico e sério pagando de crítico, mas sem fazer crítica nenhuma. Pq um vídeo realmente crítico seria algum que mexesse com a estrutura, que violasse as idéias e esteriótipos prontos que temos. Um vídeo que mostra uma mulher imbecil tapando feridas com maquiagem, protegendo marido adúltero, com braço quebrado, voz infantil, jeito de retardada...onde isso é irônico? Isso é realista! Onde isso é inovador ou interessante? Isso é mainstream. Isso é a regra” (Amapola)
“Reveja os limites do humor com menos hipocrisia dessa vez” (Natalia)
Puxa, e eu nem sabia que estava sendo hipócrita. Pensei que estava apenas sendo sincera.
Desculpe, pessoal, mas essa revolta comigo me deixa perplexa. Uma leitora pede a minha opinião a respeito de um vídeo, eu dou, e, se essa minha opinião não confere com o que algumas pessoas esperavam, eu viro um monstro. E meu crime foi ter achado um vídeo engraçado!
Não tenho procuração pra defender os Anões em Chama, autores do vídeo (inclusive, nunca tinha ouvido falar neles ou no vídeo da Amanda). Graças aos comentários aqui, fui encaminhada a outro vídeo deles, um contra o feminismo, que achei francamente horroroso e ignorante. Mas continuo achando o vídeo da Amanda engraçado. Posso? Não, pelo jeito, não posso. E isso que rir ou não de alguma coisa é algo tão pessoal...
Pelos comentários que li aqui, percebi que não há realmente uma discussão sobre se o vídeo é ou não irônico. Não resta muita dúvida que é. A dúvida é se essa ironia é engraçada, se deve-se fazer humor em cima de um tema tão sério como violência doméstica, e se um vídeo irônico como esse incita a violência contra a mulher. Não creio que exista uma única resposta para qualquer uma das questões. Minha intenção ao fazer essas perguntas era abrir um debate. Minha dúvida estava presente já no título do post (“ofensivo ou engraçado?”. E existe uma terceira alternativa: ambos. Ou não? Algo não pode ser ofensivo e engraçado ao mesmo tempo?). Pra mim, o vídeo, ao mostrar dicas de maquiagem para esconder hematomas e dizer que o mais importante para uma mulher é permanecer casada, não está falando sério, e está criticando quem pensa assim. Confesso que tenho dificuldade para imaginar quem é o/a demente que possa levar mensagens tão retrógradas ao pé da letra. Não consigo vislumbrar uma esposa vítima de violência do marido pensando “Uau, que ótimas dicas!” (mas também acho difícil uma vítima de violência achar graça do vídeo). Um cara que bate na mulher e vê o vídeo vai se sentir legitimado? Vai se sentir orgulhoso por estar na categoria dos que “batem bem”, isso é, sem deixar marcas? Honestamente, não sei. E um cara que não bate na mulher — ao ver o vídeo, vai querer bater? Isso eu já acho mais complicado de acreditar. Mas, claro, o problema maior com todos os tipos de violência mostrados na TV, no cinema, no YouTube, não é que eles renderão uma série de imitações na vida real, e sim que eles banalizam a violência. Violência que deveria ser combatida, não banalizada. Só que, no caso do vídeo, eu senti que ele enfatiza mais essa concepção ridícula que o primordial é segurar o marido do que a violência doméstica em si. E, gente, os realizadores do vídeo podem fazer o vídeo que quiserem. Eles não são obrigados a fazerem vídeos-denúncia. E espero que, apesar das críticas, ninguém queira censurá-los. Ainda assim, as reclamações surtiram efeito, já que eles incluíram um aviso contra a violência doméstica no quarto vídeo.
Não adianta fazer suposições acerca de um vídeo sobre abuso sexual infantil ser engraçado. O mais próximo que consigo pensar sobre alguém fazer ironia em cima de um tema desses é Lolita, do Nabokov, que eu e um monte de gente consideramos uma obra-prima. Não pelo tema espinhoso, lógico, mas pela ironia do narrador, a beleza da linguagem, todo o fôlego do livro. Quando Adrian Lyne adaptou o romance pras telas, ele drenou toda a ironia, e o que ficou foi uma história sórdida de um professor de meia idade que transa com uma menina de 12 anos. Ou seja, não sobrou muita coisa. (Minha dissertação de mestrado foi justamente sobre isso, ironia em Lolita. Faz anos que venho prometendo escrever um post sobre isso e dar o link pra tese. Falta tempo).
Fiquei pensando em outros temas escabrosos que me fazem rir, dependendo do tratamento, e me lembrei de Pulp Fiction. A cena mais divertida do filmaço do Tarantino é aquela em que John Travolta e Samuel L. Jackson estão no carro, no banco da frente, e, no banco de trás, está um rapaz negro. E John está conversando amigavelmente com ele, mas gesticulando enquanto segura um revólver. E, sem mais nem menos, o revólver dispara, explodindo o crânio do rapaz, e transformando o carro num mar vermelho (veja o trecho aqui). Contando assim parece não ter a menor graça, mas é o tipo de cena que gera uma enorme gargalhada do público, pelo absurdo inesperado da situação (a segunda cena mais hilária do filme é aquela em que a Uma Thurman quase morre de overdose). E o que segue, com o título ultrajante de “dead nigger storage” (depósito de crioulos mortos), é muito, muito engraçado. Ué, mas como? Uma cena racista (um negro é morto por um branco como se não fosse nada, e o insulto “nigger” corre solto) que faz rir?! Lógico que não são todos que acharão graça. E não creio que essa cena seja irônica ou esteja indiretamente criticando quem mata negros ou quem não vê nada de mais nisso. Mas, perdão, eu rio alto nessa parte.
E não acredito que rir disso significa que sou uma psicopata, ou que sou racista, ou que sou a favor de alguém atirar num negro (aliás, atirar em qualquer pessoa, ponto). Não é assim que as coisas funcionam. Eu me dou o direito de rir de um vídeo irônico como o da Amanda e ainda assim ser feminista e ser absolutamente contra a violência doméstica. Vejo o humor, e a reação ao humor, como algo muito individual. Não condeno quem não ria com o vídeo. Mas também não gosto de ser condenada (e quem gosta?).
Um último exemplo, só porque aconteceu esses dias. Eu estava numa reunião com professores de inglês e espanhol na faculdade, e uma professoa de espanhol contou que, certa vez, quando dava aula numa escola de elite em SP, uma aluna adolescente levantou a mão e perguntou: “Professora, por que temos que estudar espanhol? Língua de pobre!”. Eu gargalhei alto ao ouvir isso. Meus colegas ficaram apenas horrorizados. Sei lá, talvez eu seja uma boba alegre que ri de tudo; talvez absurdos me façam rir.
E talvez por isso que eu não consiga rir de piada de estupro (se eu conhecesse alguma): porque estupro não é algo absurdo fora do comum. Estupro é rotina pra milhões de mulheres. Assim como a violência doméstica — que é terrível, mas não absurda no sentido ionesco de algo exagerado e inesperado. O que é absurdo é uma moça com ar de sonsa dizer que vale tudo pra manter o marido. É esse absurdo que me faz rir, se me permitem.
85 comentários:
"Estupro é rotina pra milhões de mulheres. Assim como a violência doméstica — que é terrível, mas não absurda no sentido ionesco de algo exagerado e inesperado."
Putz, Lola. Violência doméstica não é algo tão absurdo? Apanhar de uma pessoa que você ama e deveria te amar não vai contra a nossa cncepção do que é amor? E transformar coisas que tradicionalmente são vistas como nobres, como o casamento e a família, em um inferno e um show de horrores não é absurdo? Acho que não estamos falando do mesmo assunto, não é possível...
Pow, é isso q eu acho hipócrita: no 1º post vc deixou bem claro q piada com estupro n tem graça pq é ameaça constante. Agr violência doméstica é ruim mas tá num nível bem inferior ao estupro. São mts mulheres apanhando por aí e a vida delas é um verdadeiro inferno!
Várias qstões interessantes foram levantadas nos comentários e agr no post vc deu enfoque às críticas mais pessoais. Ok, tem td o direito. Assim como vc pode rir. Mas a grande maioria dos posts indignados n se limitou a criticar seu riso. Nem os meus.
o silêncio teria sido menos constrangedor.
Enfim, acho hipocrisia sim seguir o raciocínio de q a violência doméstica n acontece td hr e n acaba com a vida de milhões de mulheres.
Mas como eu disse em outro comentário, n acho q a qstão seja se há ou n ironia, apesar dessa ser a pergunta do seu post. O problema é se o humor é sempre válido. Além do mais, essa abordagem q zomba da vítima é extremamente limitada. Claro q nenhum machinho vai ver o vídeo e ir imediatamente bater na esposa por causa dele. Nem os filmes violentíssimos de Hollywood conseguem agir dessa forma na mente das pessoas. Aliás, parece q mt gnt acha q incitar violência é isso: vc vê o vídeo e sai com uma vontade louca de espancar algm. ¬¬
O problema é q esse vídeo, por mais q seja irônico (considerando q mts o viram dessa forma), está sim reforçando a idéia de q tem mulher q por ser tonta/fútil como a Amanda gosta de apanhar. Assim só se reforça um estereótipo de q o grande problema é a idiotice da mulher q apanha. E isso incita a violência, essa abordagem desqualifica a vítima, desempodera ainda mais as mulheres q já estão nessa condição lamentável e n ajuda a pensar a qstão, pq afinal de contas o problema é individual dakela bobinha q nasceu burrinha e acha melhor apanhar do q ficar sem homem. Nd diferente do status quo, né?
O humor funciona mt bem qndo se presta a desqualificar qm tá fazendo merda. Então, pq n zombam da ignorância de qm bate? Qndo realmente qrem criticar algm, zombam dessa pessoa.
"Pra mim, o vídeo, ao mostrar dicas de maquiagem para esconder hematomas e dizer que o mais importante para uma mulher é permanecer casada, não está falando sério, e está criticando quem pensa assim."
E o que adianta criticar quem pensa assim? por acaso você concorda que a mulher é responsável pela violência que sofre? pelo jeito sim. Se o vídeo tivesse intuito de denúncia estaria criticando o agressor, não a vítima. Em que um vídeo desse ajuda na luta contra violência doméstica? francamente. Claro que eles não têm obrigação de fazer vídeo-denúncia, por isso considero muita cara-de-pau afirmar que o é e muita estupidez de quem acredita. É a velha história do negro culpado pelo racismo, do gay pela homofobia, da mulher pela violência doméstica. Reacionário e ignorante.
Não acredito que um homem que assista o vídeo vai chegar em casa e encher a mulher de porrada porque é engraçado. Ninguém aqui defendeu isso. Mas de alguma forma a mensagem de que bater é mulher é cômico, um crime menor, passível de piadas, pode sim influenciar muita gente. Só reforça que violência doméstica nem é tão grave, quanto pedofilia ou estupro. Se fosse não se aceitaria esse tipo de vídeo.
Eu não sei em que mundo você vive, Lola, mas no mundo que eu vivo uma mulher a cada 15 segundos sofre essa violência que você considera um "absurdo fora do comum".
Só uma dica, por último: não conhece piada de estupro? dá uma espiada no twitter dos Anões, lá tem um monte. Esses mesmos, que você defende que estão denunciando a violência contra a mulher.
lola, você disse tudo. eu acho, e parece que muitas feministas não, que é possível rir de piadas não tão politicamente corretas.
é o fim quererem nos ditar até do que devemos achar graça ou não. e não, a violência doméstica não é tão grave quanto o estupro, e aqui eu não quero dizer que a primeira seja uma coisa facilmente superável, ou que não seja um absurdo. mas é possível se recuperar de uma surra [até porque tem graus diversos de lesão física], mas de um estupro as sequelas são certamente mais graves.
enfim, o que quero dizer é que apóio você. [mesmo que não concorde com o que acabei de falar]
sabe, eu vejo o mesmo efeito irônico e até educativo naqueles filmes antigos que mostram as mulheres se submetendo ao homem daquela maneira, tendo que se comportar bem, aprendendo desde criança a andar, comer corretamente.. etc.
mas admito que esse é um tipo de humor que necessita certa consciência prévia do espectador.
O problema desse video - e de todas as outras coisas do mundo - é que a pessoa vai interpretar com a carga pessoal e a cabeça que tem... afinal a gente só tem essa!
Mas o engraçado mesmo é que alguem cobrou sua resposta... e lembro em outro post q alguns leitores reclamou que você sempre se justificava depois de um post polemico... é num se pode agradar a gregos e troianos...
Quanto ao achar graça... não consigo entender a indignação de uma pessoa por sabet a OPNIÃO PROPRIA de outra... afinal cada um pode pensar do jeito que quer não?!
Agora que o video, do meu ponto de vista, faz mais um desserviço do que qualquer outra coisa...~
Não acho que eles quiseram criticar a violencia, e sim a mulher que sofre ela...
Acho que ficou um pouco confuso...
Lola, escrevi sobre aquele texto que eu te mandei por email...
http://cammas.blogspot.com/2010/05/sobre-o-machismo-difundido-pela.html
Lola to achando que o povo que comentou não esta te entendendo viu?!
Acho que eles estão tão cegos de ódio( que realmente certas coisas nos deixam assim mesmo como estrupo e todos os tipos de violência.) que não conseguem entender que você apenas tentou explicar que violência doméstica e estrupo apesar de serem cruéis fazem sim(infelizmente) parte do cotidiano de MUITAS mulheres em nosso país.
Será que tem gente que acha realmente que um vídeo desses gera violência? Se por acaso um cara vê esse vídeo e acha legal bater numa mulher, ele já faria isso de qualquer maneira! As pessoas falam como se quem visse um vídeo desses fosse ser convertido e passasse a violentar mulheres mundo afora. Quem bate numa mulher, estupra, etc, vai fazer isso por conta própria, porque é um monstro mesmo e ponto.
Eu adoro o desenho South Park, que todo mundo sabe que é repleto, do início ao fim, de humor negro. Eles fazem piada com TUDO. E eu acho graça. Como disse a Lola, posso?
Não digo que o vídeo não seja prejudicial de nenhuma forma, mas acho que fazemos melhor criando nossos filhos bem, por exemplo, para que não cresçam achando normal abusar/ferir os outros. Enfim, fazendo nossa parte. Não implicando com os outros porque estes acharam graça num vídeo que, para quem é esclarecido, é irônico sim.
Priscila,
é só você ler alguma coisa além da Lola que você vai saber que a grande maioria dos casos de violência doméstica inclui estupros.
Mania desse povo achar que violência doméstica é um tapinha, um puxão de cabelo, um empurrãozinho. Violência doméstica é apanhar até perder um filho com 29 semanas de gestação (http://migre.me/Ewhm); é ter ácido jogado no corpo inteiro pelo marido indignado com a separação, e ficar cega por isso (http://migre.me/EwhY); é ser morta com mais de 20 facadas (http://migre.me/Ewii), 17 facadas (http://migre.me/EwiI), 12 facadas (http://migre.me/EwiQ); é apanhar até ficar paraplégica (http://migre.me/Ewj7); é ter o rosto desfigurado por conta de um tiro do marido (http://migre.me/EwjA)
Como alguém ousa colocar a violência doméstica como inferior a alguma outra agressão?
Lola,
Engraçado...
Hoje em dia parece crime rir de piadas politicamnete incorretas.
Vi os vídeos, fiquei pasma com a ironia. Porque é apenas isso que os vídeos são: um tapa na cara de quem acha que é cero fazer tudo para manter o marido.
Ironia, gente! Só um idiota iria achar que são "dicas" reais, para serem levadas a sério.
Se uma mulher que tenha feito algo que o vídeo sugere, como se calar diante de uma agressão ou maquiar a cara para esconder as marcas vir este vídeo vai perceber na hora que foi estúpida.
A voz da menina, os trejeitos, tudo é ironia. São falas chocantes de propósito, para mostrar com ironia o que jamais deve ser feito.
Se vale como humor? Não sei.
Mas terá sido apenas essa a intenção dos produtores? Porque não pensar que eles também queiram lançar discussão sobre o tema? Estão fazenso isso, de certa forma, não estão?
Lola, penso que o mundo ficará mais duro se levarmos tudo sempre ao pé da letra...
Beijos
Engraçado como o pessoal gosta de subverter o que Lola diz. Pra mim ficou claro que ela não quis dizer que a violência doméstica, por ser menos grave que o estupro, seja aceitavél. Mas há niveis pra delimitar isso. Concordo com o que Priscila disse que "é possível se recuperar de uma surra [até porque tem graus diversos de lesão física], mas de um estupro as sequelas são certamente mais graves.".. mesmo sendo uma coisa tão delicada e subjetiva que não possa ser simplesmente medida nem valorada tão facilmente.
Mas eu não consegui rir do vídeo. Achei grave e não penso que assuntos como esse devam ser tratados dessa maneira pela simples votade de ser engraçado, fazer rir. Tenho uma amiga que sofre violência doméstica constante e se viu no vídeo. Acreditem, há quem pense como Amanda, há quem ainda pense que agindo de uma tal forma a mulher está pedindo pra apanhar. Aliás, meu pai já me deu essa desculpa por ter batido na minha mãe. Talvez por isso eu não tenha visto nenhuma graça no vídeo, apesar de ter reconhecido a ironia de pronto.
Lola, acho que o pessoal tá confundindo as coisas. Devem estar pensando que, por achar engraçado, vc não sinta inignação a respeito do tema. As pessoas deveriam visitar esse blog mais desarmadas, sem tanta ânsia por criticar e dar uma interpretação menos mesquinha ao seu texto. Sem se apegar a uma única frase/parágrafo/ideia, mas ao conjunto da coisa.
"Mas continuo achando o vídeo da Amanda engraçado. Posso?"
Pode, mas teu blog é um espaço público (se fosse um blog fechado, seria diferente) e nós leitores podemos concordar ou discordar, ou questionar qualquer uma das tuas posturas apresentadas aqui. Podemos? Pelo jeito não.
"E isso que rir ou não de alguma coisa é algo tão pessoal..."
Sim, preconceito também uma coisa tão pessoal!!
Violência doméstica e estupro são crimes contra a mulher e tem forte componente de poder.
Minha empatia com as mulheres que sofrem violência doméstica não me permite rir disso, mesmo que eu quisesse, mesmo que entendesse, mesmo vendo a ironia da coisa.
"Estupro é rotina pra milhões de mulheres. Assim como a violência doméstica — que é terrível, mas não absurda no sentido ionesco de algo exagerado e inesperado."
Como assim? Could you draw me a picture, please?
como algo pode ser "terrível" e não "absurdo". Terrível e absurdo não vivem no mesmo bairro? Pra mim quase tudo que é terrível é absurdo!
Quer dizer que se o estupro se tornar algo "comum e esperado", ele não será mais tão absurdo "no sentido ionesco"? Eu adoro teu blog, mas desculpa, onde você estudou lógica? A violência doméstica além de ser "terrível e absurda" é causa, ou está ligada, a várias condições sobre as quais você vive reclamando:
"Segundo dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento:
· Um em cada 5 dias de falta ao trabalho no mundo é causado pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas casas.
· A cada 5 anos, a mulher perde 1 ano de vida saudável se ela sofre violência doméstica.
· O estupro e a violência doméstica são causas importantes de incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva.
· Na América Latina e Caribe, a violência doméstica atinge entre 25% a 50% das mulheres.
· Uma mulher que sofre violência doméstica geralmente ganha menos do que aquela que não vive em situação de violência.
· No Canadá, um estudo estimou que os custos da violência contra as mulheres superam 1 bilhão de dólares canadenses por ano em serviços, incluindo polícia, sistema de justiça criminal, aconselhamento e capacitação.
· Nos Estados Unidos, um levantamento estimou o custo com a violência contra as mulheres entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões ao ano.
· Segundo o Banco Mundial, nos países em desenvolvimento, estima-se que entre 5% a 16% de anos de vida saudável são perdidos pelas mulheres em idade reprodutiva como resultado da violência doméstica.
· Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento estimou que o custo total da violência doméstica oscila entre 1,6% e 2% do PIB de um país."
Será que é só ironia?
Este seu post deveria ser incluído em um manual sobre "mecanismos de defesa do ego".
Desculpe-e me se fui agressivo.
Maísa, não é querer dizer o que vale mais ou menos. Ou o que é mais ou menos grave. Como eu falei, há níveis e níveis da coisa. Um estupro pode ter se seguido de uma violência física ou não [mesmo o estupro sendo espécie de violência física, mas quero considerar separadamente a agressão física da sexual - se é que eu to conseguindo me fazer entender]. A questão é que como há níveis diferentes, também há casos diferentes. Não se pode generalizar: toda violência física contra a mulher é menos grave que o estupro. Fazê-lo seria, no minimo, irresponsável. Mas penso que o trauma seja maior na questão do estupro, posso estar enganada, claro.
Priscila, vc acha q violência doméstica n deixa trauma emocional!?!? Depressão, síndrome do pânico, stress pós-traumático, tentativas de suicídio são alguns deles. Fora q se tem violência doméstica, pode ter certeza q tem estupro. Ou será q pq é o próprio companheiro q força n é considerado estupro?!
Ah, gnt, n confundam as coisas. Ngm tem problema em ouvir a opinião da Lola, ngm faltou com respeito a ela. N é só pq é opinião q n se pode criticar. Qm discorda está criticando e argumentando o absurdo dela ter menosprezado a violência doméstica em comparação ao estupro.
Qnto à bagagem de cada um, realmente, as pessoas 'um pouco mais esclarecidas' podem até ver ironia ali. Mas daí perde-se o fator contextador, já q a cultura td se apóia na idéia de q a principal responsável pela violência contra a mulher é ela mesma e o vídeo é extremamente passível de ser entendido assim.
Olga Elis,
acredito que as pessoas ainda consideram o estupro a pior das agressões por ofender a vagina. Pobre da mulher que tem sua honra violada,né? É por concepções assim que se criou a tal "camisinha anti-estupro" partindo do pressuposto que se não houver penetração vaginal tá tudo bem.
E outra, me parece que as pessoas só entende por estupro o ato praticado pelo estranho no beco escuro que ataca a mocinha idiota que insiste em sair à noite sozinha. Os casamentos estão repletos de estupros, que além de tudo, são legitimados pelo sagrado matrimônio.
É inviável uma escala do que é mais traumático, até porque, na minha concepção, violência doméstica e estupro são indissociáveis.
Maísa
Realmente, mas o que eu quero dizer é que o estupro seja o nível mais alto da violência doméstica. A mulher estuprada certamente já sofreu agressão física e psicológica. O caso do vice-versa talvez seja mais incomum.
Essa concepção do estupro só ser estupro sendo praticado por estranho num beco como você falou é mais comum do que a gente imagina. Até porque uma das obrigações de esposa é satisfazer sexualmente seu marido de uma forma independente da própria satisfação. Chova o faça sol, é obrigação de mulher é abrir as pernas pro marido de acordo com a vontade dele.
Eu não conhecia os textos da Lola, então não posso dizer que me decepcionei, como boa parte que aqui disse.
Só acho muito irônico alguém que se defende feminista defender coisas tão contraditórias.
Isso posto, o nível das desculpas aqui postadas por apoiadores da Lola fala por si. Se a autora do blog dá um show de incoerência e contradição, seus simpatizantes colocam os pingos nos is.
Tudo aquilo que os argumentos inconsequentes de Lola sugerem, estão aqui, na caixinha de comentários, expostos, por leitores menos cuidadosos, com menos recursos estilísticos, com menos sofismo do que a escriba.
Lola, reitero o que havia dito antes: no silêncio, você mantinha sua ignorância escondida. Ao tentar se defender, perdeu o que havia de dignidade.
Guilherme
Não quero explicar o que Lola disse. Só ela tem esse papel. Mas talvez eu possa achar que entendi o que ela quis dizer sem necessariamente concordar plenamente.
Engraçado, e tenho notado isso há um tempo, é que quem concorda com Lola e expõe, está defendendo a pessoa Lola, não a opinião de seu texto. Fica chato quando o diálogo passa a ter como referência esses pontos, quando tem de se explicar o desnecessário. Penso que intenção de debate aqui seja acerca do tema do texto - que bom que existem tantas opiniões divergentes e educadas - não de coisas tão menores.
Mas, bem, é uma opinião.
As meninas mataram a charada por mim, não sabia ao certo explicar porque não via a menor graça na Amanda. Pensei que seria a empatia, pensei que seria por ver de perto a violência doméstica trabalhando com vítimas dela. Talvez por já ter sido uma vítima.
Nada disso, é porque a 'fina ironia', a 'piada', coloca a culpa da violência doméstica na vítima. Ela apanha porque quer, porque prefere apanhar do que ficar solteira, a culpa é toda dela, bastava que ela não pensasse desta forma e tudo ficaria bem. A 'piada' decontextualiza, retira o pensamento do meio cultural no qual ele surge. E culpabiliza a vítima, nunca o agressor, não é ele que pensa errado, é ela, que se submete a ficar com ele.
Me lembra aquela velha história da minisaia, sabe, a culpa é dela por estar de minisaia. A culpa é dela por preferir sair de casa sozinha ao invés de estar com segura cuidado da casa do maridinho. Nada de novo por aqui.
Talvez os defensores da ironia no vídeo achem que uma mulher que sofre violência doméstica vai entender, vendo a Amanda, o quanto ela é patética e dar fim no seu relacionamento abusivo. É, deve ser, afinal, só depende da mulher sair de uma relação de violência doméstica e ridiculariza-la deve ser mesmo a melhor forma de mostrar que ela pode ser dona da própria vida, que ela é um ser humano que merece respeito.
Carina, onde que eu disse que violência doméstica é menos terrível que estupro? Eu disse que estupro é rotina na vida de muitas mulheres – assim como violência doméstica. O “assim como” indica igualdade, pelo que sei. Eu disse que o que me faz rir no vídeo não é a violência doméstica, mas o absurdo ionesco (sabe, do teatro do absurdo? Pensei que meu exemplo sobre Pulp Fiction fosse suficiente pra explicar esse absurdo) de alguém explicar como esconder as marcas dessa violência, e de dizer que o essencial mesmo é segurar marido. Realmente, não estamos falando do mesmo assunto.
Guilherme, posso dizer o mesmo sobre seu primeiro comentário: o silêncio seria menos constrangedor.
Lola,
Eu achei bem idiotas os vídeos. Entendo perfeitamente sua posição e percebi que vc riu mais pelo "absurdo" da coisa.
Mas sabe o que me incomodou? É a idéia que toda mulher que apanha é "burrinha", é uma Amanda. Fica a impressão de que ela apanha porque quer, que o mais importante para ela é "segurar o marido".
Acho que muitas mulheres que sofrem violência doméstica continuam com seus agressores não por serem "burrinhas", mas por medo.
Lógico que o vídeo não foi feito com nenhuma intenção de denúncia ou de ser politicamente correto, mas eles poderiam fazer graça de uma maneira um tiquinho mais inteligente, não acha? Que tal colocar o "valentão" como um burro chucro? Acho que seria mais legal.
De qualquer forma não achei ruim seu post não, achei interessante levantar esse debate sobre o "limite" da ironia.
Natália, indique no meu texto, por favor, em qualquer um dos dois, onde eu disse que 1) a violência doméstica é menos pior que estupro, ou 2) a violência doméstica não acontece toda hora e acaba com a vida de milhões de mulheres.
Quanto ao que vc acha que o vídeo incita, é uma questão de interpretação, lógico. Pra mim, não é que “mulher tonta/fútil gosta de apanhar”. É que mulher que diz que segurar o marido é mais importante que tudo na vida, e pra isso vale até suportar violência e maquiar marcas, é tonta/fútil. Concordo que seja um pouco de “blame the victim” (culpando a vítima), mas, pra mim, eu vejo a Amanda muito menos como vítima do que como alguém dando dicas pras vítimas.
Zombar da ignorância de quem bate também seria totalmente válido. Mas seria um outro vídeo.
Maísa, o que adianta criticar quem pensa assim? Não sei, mas leia o meu comentário acima, pra Natália, em que digo que a Amanda me parece mais alguém que defende o casamento acima de todas as coisas do que necessariamente uma vítima de violência doméstica. Não penso de jeito nenhum que mulher que apanha seja responsável pela violência que sofre. E sei que há muitos fatores para mulheres que apanham não se separarem (inclusive as ameaças de que, se ela deixar o marido, ele vai matá-la – o que, como o número de assassinatos de mulheres mostra, é uma ameaça pra lá de real). Mas as vítimas precisam encontrar força para denunciar e deixar esses parceiros abusivos.
Não sei se o vídeo ajuda na luta contra a violência doméstica. Mas tem que ajudar? Não pode ser apenas um vídeo de humor, apesar de abordar um tema chocante?
Como eu disse, não conheço os Anões em Chamas. Estou falando dessa série de vídeos da Amanda, em especial o primeiro vídeo.
Pois é, Carla, se eu não respondo “meu silêncio é constrangedor e devo estar com vergonha”. Se eu respondo, minha resposta é mais constrangedora ainda, eu deveria ter ficado calada (censura, anyone?), e eu escrevo post pra justificar o que disse.
Ah, aquele texto! Ainda vou escrever sobre ele. Só falta tempo!
Isis, é, eu esqueci de citar South Park, que também adoro. E eles fazem piadas com todo tipo de assunto polêmico.
Olga, concordo contigo. Se eu tivesse vivenciado algum caso de violência doméstica, provavelmente não acharia graça no vídeo. Mas isso eu digo já no primeiro post, não? Que as pessoas interpretam as coisas, e acham humor ou não nelas, baseadas na sua vivência.
E, sim, a ironia no vídeo é evidente, o que não significa que todos a acharão engraçada.
Nakereba, ué, vcs não estão discordando e questionando a minha postura? Estou proibindo alguma coisa? Concordo que, assim como humor, preconceito é algo bem pessoal, ao mesmo tempo que seja uma construção. Porque o molde não funciona do mesmo jeito pra todo mundo.
Eu disse “absurdo” no sentido do teatro do absurdo. Leia os comentários acima.
Já escrevi vários posts sobre violência doméstica. Não precisa colocar dados. Mas só porque uma atrocidade exista não quer dizer que alguém não possa ser irônico acerca do tema.
E sim, vc foi agressivo.
Natália, eu acho que inferir que minha opinião é hipócrita soa um pouco como falta de respeito, sim.
Guilherme, exatamente. Meu blog é machista, cheio de comentaristas igualmente machistas. Como vc chegou a essa conclusão? Porque, apesar de TODO MUNDO aqui condenar a violência doméstica, não condena um vídeo que vc não gostou.
Sinceramente, se vc encontrar um blog feminista no Brasil com mais comentários, ou comentários mais inteligentes que os do meu blog, me avise. Ah é: meu blog não é feminista!
Conheça um pouquinho o blog, leia alguns comentários, antes de falar besteira. Porque dizer que meu blog não é feminista e que “o nível dos apoiadores” é baixo é falar besteira. Das grossas.
Lola, oq vc vai fazer da vida agora q o Guilherme não te considera mais uma pessoa digna?
Lola, vc disse: "Pra mim, não é que “mulher tonta/fútil gosta de apanhar”. É que mulher que diz que segurar o marido é mais importante que tudo na vida, e pra isso vale até suportar violência e maquiar marcas, é tonta/fútil."
Eu acho que aí é onde o está o problema. Pode até ser que exista por aí alguma tonta/fútil que suporte violência para "segurar" marido, mas deve ser a exceção das exeções. Acho que existe mais os contextos social, financeiro, religioso e familiar.
É muito fácil acharmos que uma mulher que suporta agressões de seu companheiro o faça porque é tonta. Para quem está de fora é fácil dizer: Mas que tonta, por que não denuncia? Por que não se separa logo?
Acho que é isso que fica implícito no vídeo, que todas as mulheres que sofrem violência doméstica são tontas, por isso não reagem.
Nem por isso eu acho que os vídeos devem ser censurados. Achei seus criadores apenas "limitados", poderiam fazer humor mais inteligente. Mas é mais fácil seguir o padrão.
Tb gosto do South Park, mas, há vezes que reconheço que eles não foram felizes e me dou o direito de não gostar.
De qq forma, vc tb tem todo o direito de achar graça, porque, não deixa de ser humor.
Acho tb que muita gente está dando importância demais a algo que não tem tanta importância assim. Piada é isso, uns gostam, outros não.
A idéia do vídeo não é "viu? você é culpada", mas sim "se você se calar, vai acontecer de novo". Simples assim.
Essa é uma idéia machista?
se for avisa a essas mulheres:
http://cidadaniafeminina.org.br/
Lola e visitantes,
Na verdade eu acho que esta discussão toda poderia super nos ajudar a definir 'o que dá' e o que não dá. Quer dizer, poderíamos definir um ponto de vista feminista. Uma preliminar, alguns aspectos. Até lá é muita discussão.
Entendo que tem gente espumando de ódio neste momento. Acho que estas pessoas estão no seu pleno direito. Ainda mais para quem já sofreu alguma coisa assim (violência), o vídeo pode ser muito brutal. Sabe o seu post sobre o silêncio de Melinda, Lola? Pois é, eu me pergunto seriamente se este video da Amanda não ajuda a silenciar as vítimas de violência ao ridicularizá-las. Alguém disse aí em cima que 'não é pq alguem viu o video que vai bater na mulher'. Não de forma direta. Mas ele pode SIM se sentir legitimado. Sabemos que regimes opressivos (como a escravidão) se legitimam também pelo discurso. Na minha concepção, é o caso de Amanda.
Agora, se porventura os ânimos esfriarem, acho que podemos ganhar muito mais desta discussão. Mesmo. Eu, pelo menos, estou aqui para dialogar mesmo. E, por isso, Lola, eu ainda te respeito, embora minha opinião seja outra.
Idem para as demais gurias.
nem sei como me animei a isso, mas enfim... aí vão algumas considerações rápidas:
1) a impressão que eu tenho é de que, depois que se descobriu que a linguagem é um campo de disputa e de exercício do poder, o discurso se tornou um troço muito, mas MUITO superestimado.
aí o povo perde toda sutileza e não consegue mais sequer considerar a diferença entre rir de um vídeo machista ou apoiar o machismo; entre combater a violência ou ver algum aspecto positivo (a desmoralização pela ironia) em um vídeo sobre a mesma.
2) ah, e já que se trata de discurso, não custa considerar: a intenção dos autores não é o que mais importa. o que importa são os sentidos que as pessoas encontram no vídeo quando o veem. e aí eu concordo com quem disse que aqueles que acham que a mulher tem que "aguentar calada" podem não perceber o absurdo do vídeo quando o virem (mas apenas se forem muito burros pra perceber a tiração de onda, claro).
3) estudo e amo a língua espanhola, considero-a linda, assim como as culturas hispano-americanas em geral, mas achei muita graça no comentário da tal aluna de que o espanhol seria uma "língua de pobre". e não ri por esnobismo nem por complexto de inferioridade, não... é só que a tosqueira de algumas pessoas é risível mesmo, sabe? não vamos superestimar esse tipo de ponto de vista. nem vamos achar que as pessoas são tontas ingênuas que precisam de esclarecidos como os que bombam nessa caixa de comentários denunciando o quão insensatos são esses vídeos. acreditem, muitos são capazes de perceber as coisas sozinhos.
em suma: da militância ferrenha ao moralismo é um pulo. e pelo visto, para muitos aqui, não basta agir corretamente: é também preciso não pecar em pensamentos contra a cartilha do politicamente correto.
bjs.
Desde que encontrei o blog da Lola e comecei a acompanhar os seus textos tenho notado a sutileza de suas análises, porque são pontuais, particulares e inteligentes. Agora não sei como há tantos comentários nestes textos que conseguem devirtuar completamente a proposta de análise e tornar tudo um motivo para atacar a autora. Esses videos demonstram claramente uma certo tipo de ironia, algumas pessoas a perceberam e como reposta riem ou ficam chocadas, outras abominaram a possibilidade dela existir quando se trata desse tipo de assunto. Rir ou ficar chocada não vai fazer de uma pessoa mais ou menos feministas, porque não existem padrões de resposta a serem seguidos por pessoas que acreditas nisto ou naquilo. Concordo plenamento com que o colega ftraveler acabou de falar e reitero a existência desse tipo de video tem suma importancia e ele não deve ser censurado.
acrescentando, porque tomei gosto pela coisa:
4) alguns falaram por aqui que o vídeo não era "de denúncia", como se estivessem desmascarando uma farsa. ora, mas isso é óbvio. não é preciso muita familiaridade com o youtube pra saber que a forma da denúncia não combina nem um pouco com o tipo de imagem que circula por lá.
5) a ironia, o cinismo, o duplo sentido, são recursos que trazem sim sérias implicações para a política (e mesmo, arriscaria dizer, podem ser usados para esvaziar certos debates), mas cabe então entender como funciona a lógica desses discursos e se posicionar a partir dessa compreensão. e não, como aprefce ser o caso aqui, considera-los a partir de uma lógica que é completamente exterior a eles. como lidar com a ironia, quais seus limites e riscos, taí algumas reflexões que as pessoas que costumam se envolver em debates públicos deveriam levantar.
6) gostaria de desenvolver mais um ponto: quando disse que a intenção dos autores do vídeo não é o que mais importa, quis dizer que é depriemnte ver as pessoas lamentando porque os anões-de-não-sei-quê-lá não estão denunciando a violência. e talvez esse seja o ponto mais frágil de algumas parcelas de movimentos como o feminismo: essa mania de depositar no outro a responsabilidade pela prevalência de suas demandas. sinceramente, acredito que as mulheres esclarecidas e de luta não precisam de anões-de-jardim pra dizerem que a violência doméstica deve ser rechaçada. elas precisam de instituições e mecanismos que façam valer seus direitos e combatam os abusos. e com isso voto ao ponto inicial: não supervalorizemos os discursos culturais, não é aí apenas que a questão se resolve. pelo contrário, pode soar meio patético lamentar a falta de reverência de um produto tão deliberadamente irreverente quanto um vídeo de youtube.
Lola, fiz essa interpretação me baseando nakela parte do 1º texto em q vc diz q algumas tragédias nunca saem de moda, o q é o caso da violência contra mulheres. Daí vc diz q só qm n acha estupro uma tragédia consegue rir e fazer piada dele. Realmente deu a entender q violência doméstica é menos pior, já q é possível fazer piada e rir da situação.
Agr fikei até na dúvida e a pergunta é séria: na sua opinião, seria possível fazer algo no estilo Amanda (ironizando a situação da vítima) com estupro?
E se vc se sentiu ofendida, retiro sinceramente a parte do hipócrita. A intenção n é partir pra ofensa.
E outra coisa, n sei se vc viu os outros vídeos da série, mas Amanda é sim vítima da violência. A cada novo vídeo ela está mais machucada.
ftraveler, se fosse assim nem estaríamos discutindo o problema da violência doméstica, pq a Lei Maria da Penha já teria resolvido td, ou estaria resolvendo. No entanto, apesar de termos esse mecanismo pra nos defendermos, nem tds as vítimas sequer denunciam e nem sempre pq dependem financeiramente ou são ameaçadas de morte. E sim pq é bonito a mulher perdoar, pq homem é assim msm, pq fulana deve ter feito algo pra merecer levar uns tapas e mais q isso, pq nossa cultura ensina as mulheres a amarem os homens msm com as merdas tds q fazem. Então, os discursos culturais importam sim pra movimentos como o feminismo.
natália, concordo com você: os discursos culturais importam muitíssimo. e não neguei isso. só quero dizer que há uma diferença enorme entre rir vendo um vídeo que ironiza o tema da violência contra a mulher e apoiar ou banalizar essa violência.
perder de vista tal sutileza pode ser um desserviço àqueles interessados em tomar parte nesse tipo de debate. primeiro porque toma como "inimigo da causa" alguém que não é (não conheço a lola, nunca havia comentado aqui antes, mas não me parece que ela desqualifique a luta feminista nem nada parecido); segundo porque isso pode gerar desvios problemáticos: como no caso das famigeradas pulseirinhas do sexo, em que o problema deixa de ser o machismo, o eventual abuso que acontece em algumas práticas sexuais entre os adolescentes, e passa a ser A pulserinha.
nesse caso, me parece que a pulseira se torna um elemento cultural que simboliza práticas sociais mais complexas. bani-la, tirar esse símbolo de circulação, não resolve o problema.
de modo semelhante, e com o perdão da analogia um pouco grosseira, querer simplesmente rechaçar qualquer tipo de reação frente a um vídeo, atacar um riso que nem ao menos ratifica essa violência, mas que apenas afirma que certas ideias contidas nesse ponto de vista são risíveis, tampouco resolve o problema, apenas joga qualquer forma de discurso que não seja o da denúncia a uma zona "imprópria", que não pode ser explicitada, sob pena de um ataque feroz.
enfim, acho que o espaço em que circulam essa imagens deveria ser usado pra interrogarmos sobre essas diferentes modulações de discurso. ex.: levantar a dúvida em um blog (até que ponto é engraçado?, obsceno?). mas se alguém fala que riu vendo um vídeo assim e é apressadamente desqualificado por isso, vamos aprender muito pouco.
e, o que é pior, as vítimas não vão sofrer menos por causa disso. apenas vamos perder a chance de levantar essas dúvidas...
No meu outro comentário eu falei que não sabia onde estava a ironia do vídeo. Me desculpe, mas devo ter esquecido do significado da palavra irônia.
Ok, o vídeo é sim irônico, mas não concordo com ele. Acho errado fazer piada de vítmas, assim como acho ridículo fazer piada com pessoas depressivas, pois são pessoas que além de sofrem todos os dias são expostas ao ridículo. É que nem quando a Rihana apanhou do Chris Brown, vários meninos diziam ameaçavam as meninas de fazerem com elas o mesmo que o cantor havia feito com sua namorada. Era só de brincadeirinha, claro, mas a questão é o que há por trás disso. Sinceramente, Lola, você é a primeira pessoa que é contra a violência doméstica e que ri de uma piada que fala disso. Ou seja, a maioria ali não bateria na menina que ameaçava, mas havia um belo desprezo pelo que tinha acontecido com a mulher que apanhou. E acho isso um absurdo. Não é necessário a pessoa ficar com a consciência pesada ou querer acabar com a vida do Chris Brown, mas achar isso normalzão é o primeiro passo para acreditar que bater uma vez não faz mal.
É por isso que acho que piadas racistas, homofóbicas e machistas apenas reforçam o preconceito.
Oi, Lola!
Hay que tener paciência, não. Acho que tem alguns analfabetos funcionais aqui, leram e não entenderam nada, parece que meteram uma ideia na cabeça e acho que qualquer coisa que você escreva vão interpretar de um só jeito, do jeito deles, enfim.
Este é um dos blogs mais feministas e mais coerente que conheço.
Abraço
ftraveler disse tudo o que eu queria dizer. Ponto.
Eu tava na dúvida se o vídeo era machista ou não.Cheguei a conclusão que sim depois que li uma reportagem hipertendenciosa onde os autores tentam se explicar.Dizem que o vídeo é uma crítica as mulheres machistas.Quer dizer,a culpa é toda das mulheres né.Afinal elas gostam de apanhar dos maridos!Veja bem a crítica não é ao caa que bate na mulher,é a ela,que,tontar,não faz nada.E esse segundo vídeo sobre o feminismo só fez confirmar meu ponto de vista.E olha que "coincidência" os comentário do vídeo são moderados.Quer dizer,liberdade de expressão,pero no para todos.
Estou impressionada como as pessoas compraram essa idéia de denunciar mulheres que apanham caladas. Foi esse o argumento dos tais anões, para explicar a crítica ááácida, a ironia inteligentíssima, a retórica dos seus vídeos. E seus espectadores caíram direitinho. Já disseram aqui nestes comentários as razões pelas quais mulheres não denunciam, mas gostaria de lembrar-lhes algo: Mesmo quando denunciam, mulheres costumam ser desacreditadas por delegados e por policiais. Se o marido chegar a ser preso, pode sair em pouco tempo e se tornar uma ameaça ainda maior (embora a Lei Maria da Penha esteja aí para combater isso).
Percebemos, então, que a violência doméstica é um assunto muito, MUITO complexo, e é por isso que esse vídeo foi tão infeliz.
Sobre quem disse que a violência doméstica é menor do que o estupro (vista a carapuça quem quiser), aposto meus dois rins que essas pessoas NUNCA apanharam de um parceiro afetivo. E se apanharam e mesmo assim não reconhecem nisso violência suficiente, recomendo que procurem um psicólogo.
Ninguém aqui está vestindo carapuças de ódio, apenas gostaríamos que violência fosse visto como é: VI-O-LÊN-CIA.
Lola, só tem um detalhe: eu também pensei que o vídeo quatro fosse uma espécie de "explicação" pelo ocorrido.
E não é, é apenas a "ironia das ironias", pois no video cinco Amanda volta com o namorado e continua a ser capacho do mesmo.
Carina, a Lola quiz dizer que a violência doméstica não é incomum, por isso não surpreende.
Pouco antes ela disse que ria do inesperado... Não complica, vai...
Eu não to entendendo.
Tem um vídeo que ridiculariza o hábito te tratar a volência doméstica como normal, que ridiculariza o hábito das pessoas esconderem as marcas em vez de pedir ajuda.
E alguém consegue ver nisso um incentivo à violêcia doméstica?
Acho que um retorno às aulas de interpretação de texto ia ajudar bastante.
Gente, pra que esse feminismo exacerbado??? Já dizia Buda que o melhor é o caminho do meio.
Eu também acho o vídeo muito engraçado, irônico, até! Violência dosméstica não é engraçada, mas só uma pessoa de mente muito fechada não consegue ver ironia nesse video!
Concordo com o Bruno Stern.
Na minha opinião, os vídeos da Amanda são nulos mesmo que os autores estivessem bem intencionados. Quem assistir vai achar graça na ironia ou não. Quem bate em mulher, não vai deixar de bater por causa disso. Quem apanha e não buscou ajuda, não vai buscar depois de ver esse vídeo porque simplesmente a mensagem não parece ter força o suficiente pra mudar a cabeça de ninguém. Então pra mim não fede não cheira... Aliás, agora fede, porque os autores pelo jeito receberam críticas de feministas, ficaram nervosinhos, não souberam conversar com elas com inteligência e preferiram fazer um vídeo preconceituoso e ignorante sobre o feminismo... Ficou contraditório: por um lado criticam a violência doméstica e por outro lado criticam um movimento que uma das coisas que mais faz é lutar contra a violência doméstica... Espalhando preconceito contra um grupo que luta contra a violência doméstica, eles mais atrapalham que ajudam, porque colaboram para que mulheres que realmente fazem alguma coisa, como feministas militantes, sejam ridicularizadas.
"Carina, a Lola quiz dizer que a violência doméstica não é incomum, por isso não surpreende.
Pouco antes ela disse que ria do inesperado... Não complica, vai..."
Mariana, seguindo esse seu raciocínio, piadas com estupro também seriam engraçadas, porque, não sei se você sabe, queridinha, mas estupro também não é algo incomum na sociedade. Muito pelo contrário. Então não me venha com esse seu comentário com tonzinho entediado para defender a Lola. Ela já explicou o que ela quis dizer.
Meire, o que seria um feminismo exacerbado? Eu tb vi ironia no vídeo, mas nem por isso o achei engraçado.
Ai gente, a Lola não é a Deusa Feminista que precisa ser politicamente correta o tempo todo, sempre raivosa e reclamando de tudo. Ela pode rir, mesmo que seja de algo que a maioria das pessoas não ache engraçado. E se ela está sendo "hipócrita" como muitos estão dizendo, oras, todo mundo tem direito às suas contradições e à sua personalidade. Blogueiro é gente também... =p
Lola:
"mas não absurda no sentido ionesco de algo exagerado e inesperado."
Era a essa parte do seu texto que eu me referia. As perguntas que fiz não eram colocando palavras na sua boca nem nada do tipo (apesar de vc não ter me acusado disso), mas sim questionando essa visão do que é ou não absurdo. Desculpe a minha ignorância, mas eu acreditava que perguntas retóricas eram formas de reflexão, por isso coloquei, através dessas perguntas, os meus questionamentos do pq de a violência doméstica não ser considerada tão absurda. Pra mim, violência doméstica é uma reação exagerada (usando outra palavra utilizada por vc), às vezes inesperada sim, pq não? Acredito que você também veja dessa forma, mas não no "sentido ionesco" de absurdo. Acompanho o seu blog, eu não seria louca de pensar que você veja a violência doméstica como algo banal. Só achei a frase por mim destacada infeliz, posso também?
Nossa, o pessoal aqui precisa MESMO se esforçar pra interpretar textos um pouco melhor.
Gosto do seu blog, Lola. Não te acho hipócrita, só, como todos os outros seres humanos, um pouco incoerente. Ninguém é robô pra programar: "disso não posso rir porque é feio. riso desligado." Seria ótimo se as feministas, de forma geral, tentassem entender um pouco melhor as outras feministas.. em vez de partir, ao primeiro sinal de discordância, pra acusações imbecis. É algo que me deprime demais.
Foi bem o que o Bruno Stein disse.
Pessoas que procuram chifre em cabeça de cavalo é tenso.
Além dos trollzinhos.
Oi lola.... acho qeu vc acabou sentindo o que algumas pessoas sentem quando tem seu trabalho analisado por vc's....
ME lembro quie ha mto tempo atras, discutiamos a intenção do artista em um filme (não lembro qual) e vc respondeu, que vale mais a interpretação do público... Coloque-se agora, no lugar do artista... vc fez, emitiu sua opnião sincera sobre o assunto (e realmente entendi o seu ponto de vista)... coube aos leitores, caçar pelo em ovo (expressão familiar?)... ironicamente você acabou sendo uma vítima de sua própria lógica: avaliaram sua obra sem levar em consideração a sua real intenção com o txto...
Bruno disse:
"Tem um vídeo..que ridiculariza o HÁBITO (destaque meu) das pessoas esconderem as marcas em vez de pedir ajuda."
Hábito?? Não conheço nenhuma vítima de maus tratos que esconda marcas de violência doméstica por hábito, mas sim por vergonha, pavor e por se sentir culpada de ter apanhado do marido, por achar que apanha por não ser boa o suficiente. Se há algumas que o façam por HÁBITO, deve ser um número ínfimo. É possível rir disso? Deve ser, mas não acho que os produtores dos vídeos foram inteligentes no uso da ironia.
Pessoalmente, não tenho problema de alguém rir de piadas politicamente incorretas, mas com pessoas que vivem contando essas piadas. Não estou dizendo que seja o caso de ninguém por aqui. Não consideraria alguém preconceituoso por rir de UMA piada preconceituosa.
Perguntou ainda:
"E alguém consegue ver nisso um incentivo à violêcia doméstica?"
Eu não vejo nisso incentivo à violência doméstica, só não vi graça nenhuma no vídeo, apesar de ter entendido a ironia. Só acho que a ironia foi mal utilizada.
PS: "Lola, mais uma vez peço desculpa pela minha agressividade no comentário anterior."
proibir a censura, não sei.
mas qualquer um que coloque sua visão, opiniões ou o que quer que seja na mídia precisa pensar duas vezes. com certeza será alvo de críticas, mas precisa assumir as consequencias que isso ira causar. os meios de comunicação tem um poder imenso, que deveria ser usado como ferramenta educativa e de informação, e precisa cuidado com o que vai ser divulgado por ai. tem muita coisa pobre e onfensiva na televisão, por exemplo. censurar? não sei. mas a consequencia dessa disseminaçao estúpida a gente ve todo dia. sonho meu pedir que todos fossem dotados de bom senso!
Lola, este é o problema das pessoas que se levam (e levam tudo)a sério demais: não conseguem entender o que é o absurdo. Ia exatamente te dizer pra deixar uma dica para as pessoas esudarem um pouco sobre o conceito ou para explicá-lo, mas você o fez no fim do post. Brilhante o post, btw
Eu acho que esse vídeo (da Amanda) critica o machismo de uma forma geral; ou seja, critica também as mulheres machistas. E acho isso bom. Tudo bem, sei que vivemos em uma cultura machista e é muito difícil fugir disso e, por isso, não podemos culpar as mulheres machistas porque são vítimas. Mas não sei se é bem assim. Pois se fosse, poderia-se usar do mesmo argumento para defender os homens machistas. Eles também nasceram nessa mesma cultura machista e foram educados pra ser assim. Então, ao meu ver, temos duas opções: ou criticamos a cultura machista de forma asbtrata e não criticamos diretamente nenhum comportamento machista, porque todos são vítimas; ou criticamos todos os comportamentos machistas, sejam de homens ou mulheres. Eu, particularmente, prefiro a segunda opção. A gente, em princípio, pode não ser responsável pelo jeito como é educado, porém depois carregamos uma certa responsabilidade pelo modo como agimos, sim. A mulher que age dessa forma, como o video da amanda mostra, também é responsável.
Acho que o feminismo não é colocar a mulher como vítima de tudo, a ponto que pareça que não temos a mínima escolha, ou somos oprimidas, ou somos oprimidas. Acho que ser feminista é ter escolha e escolher não ser machista, nem aceitar o machismo, por mais que isso seja difícil as vezes. O machismo não é um complô dos homens contra as mulheres; tem MUITAS mulheres machistas, que pensam como a amanda, e elas também são responsáveis por reproduzir o machismo. Não dá pra fugir disso.
Claro que não me refiro diretamente às mulheres vítimas de violência doméstica, aquelas que não tem opção, porque são ameaçadas. Mas o problema é que tem mulheres que sofrem de violencia doméstica, poderiam se separar sem risco de ameaça de morte (porque não necessariamente o cara que bate é um psicopata), talvez sem denúncia, mas poderiam se separar, e não o fazem porque não querem; aceitam. Fruto de uma cultura machista, lógico. Mas acho que é um pouco irreal tratar todos os casos como as mulheres totalmente vítimas, os homens totalmente culpados. As mulheres também tem que abrir os olhos! E o vídeo que eu mais gosto da amanda é o terceiro, que fala sobre fingir orgasmo. Porque é quando as mulheres, apesar de vítimas do machismo enquanto cultura, o reproduzem. E essa é uma crítica muito importante, válida.
"Mas o problema é que tem mulheres que sofrem de violencia doméstica, poderiam se separar sem risco de ameaça de morte (porque não necessariamente o cara que bate é um psicopata), talvez sem denúncia, mas poderiam se separar, e não o fazem porque não querem; aceitam."
Tem mais coisas envolvidas.
Essas mulheres estao com a auto estima abalada,se sentem culpadas,as vezes dependem desses monstros financeiramente,tem filhos,nao tem ninguem para apoia-las,...
E tem uma diferenca em criticar uma mulher machista e um homem machista:a primeira é a única que sai perdendo.Ela só está reproduzindo uma cultura que lhe foi ensinada e que as vezes ela nao ve.Pq afinal,a mensagem é de que o feminismo ou é o contrario do machismo,ou sao mulheres querendo tomar o poder ou nao tem mais razao de existir,igualdade já foi há muito conquistada.
"Espalhando preconceito contra um grupo que luta contra a violência doméstica, eles mais atrapalham que ajudam, porque colaboram para que mulheres que realmente fazem alguma coisa, como feministas militantes, sejam ridicularizadas."
Isso é verdade.
Olha, estou começando a ler os comentários, e ainda não os li até o final. Mas, uma das coisas que eu penso é que rir de uma violência a legitima.
Demonstra falta de empatia... Se me coloco no lugar do outro, penso como seria a minha reação quando passasse por aquele acontecimento, dificlimente estaria rindo.
Uma das consequências disso pode ser a naturalização da violência, em especial a violência doméstica.
Não vou encompridar, mas cito um caso: uma senhora foi assaltada dentro de uma delegacia. (Sim, vc não leu errado, é só dar um google)
A justificativa dos policiais é de que não a defenderam porque pensaram que fosse "briga de marido e mulher".
Acho que quando ainda estamos rindo de algo que não deveria ter graça, precisamos rever muuuuita coisa dentro de nós mesmos.
Me incluo nesse nós pois muitas vezes já me peguei pensando ou agindo inadequadamente, mas sempre que percebo procuro modificar, apesar de ser um processo difícil e que exige grande esforço pessoal, especialmente em aceitar que estava errada desde o começo.
Aqui está o link pra matéria... repare na manchete:
Vítima diz que policiais acharam que se tratava de uma briga de casal.
http://portalcaiua.com/tag/assalto-em-delegacia/
Duvido que os Anões fizeram o vídeo da amanda para criticar o machismo. Pra mim aquilo foi apenas uma tentativa de fazer humor. É claro que ele não precisam fazer vídeo-denúncia sempre (isso é tão óbvio que só estou escrevendo para que não me interpretem mal), mas discordo com quem tem fé que eles fizeram com a intenção de criticar alguém.
Lola,
Eu ri do vídeo da Amanda, justamente pelo fato de ser irônico... mas a ironia é algo mto sutil, e por sua sutileza pode ser entendido de outras formas...
Para mim, enquanto mulher, mais ofensivo que os vídeos da Amanda, são as propagandas que todo dia passam na tv sobre sabão em pó e afins... Curioso como nesses comerciais o papel da mulher como dona de casa é reforçado. Para quem quer criticar, veja um exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=DZI73B3XWkw
Há algum homem na propaganda??
Logo, lavar roupa é coisa de mulher... vendo essas propagandas ou as de cerveja, me sinto coisificada...
Nossa, e eu aqui sofrendo com brao dolorido e inchado por causa de uma "simples" vacina... e aí perco essa discussão interessante.
Não fiz questão de assistir a esse vídeo mas imagino claramente o "absurdo ionesco/dantesco que faz rir". Não concordo com mais da metade das coisas que vc escreve, Lola, mas penso que muito gente cai aqui de pára-quedas, sem ter lido nada e daí pode parecer que um texto ou outro dê margens a discussões como essa e você parecer uma coisa querendo dizer outra. É meio assim: "foi à roça comprar abacaxi, levou banana, sei lá". ;-0 No mais, vou pular para o FHC lá em cima. Well e na Dilma não voto nem a pau! Bisous
A Águeda está coberta de razão quando diz que a Lola tem direito às suas contradições. Tem mesmo.
Toda a minha indignação foi porque eu superestimei seu blog, Lola. Nós temos poucas referências feministas, e com blog badalado então, se conta nos dedos. Por isso me decepcionei com a sua postura. Mas enfim, você nem me conhece, não tem obrigação nenhuma de se adequar às minhas expectativas.
Mas foi por isso que achei sua atitude irresponsável, porque no alto da minha inocência, esperei de você um comprometimento com o movimento feminista(na minha concepção de comprometimento, óbvio), que você tem o direito de não ter.
O problema maior, ao meu ver, nem foi você ter rido do vídeo, mas você ter exposto isso e defendido a validade de materiais que tratam o sofrimento feminino de forma caricata; e por tabela, legitimado os grupos que se dedicam a fazê-lo e jogam na privada toda a luta do movimento feminista.
Você deveria ter tido mais tato na hora de lidar com um tema tão espinhoso, percebido como materiais e grupos de "humor" como esse difamam as mulheres e o movimento, e assim, sufocado o seu riso em nome da causa. É isso que é censura? falta de sinceridade? seja o que for, eu sempre vou esperar que feministas façam esse "sacrifício". Do seu blog não espero mais.
É óbvio que o video é uma crítica. A frase final "mulher que apanha do marido fica solteira, mulher que cai da escada ou bate a cara no armário, continua casada, e pra sempre" é obviamente entendida como "se você não denunciar, você vai continuar com esse traste que te bate, e ele vai continuar te batendo". Mas falta a plaquinha de "sarcasmo" ou as risadas da platéia pra algumas pessoas perceberem que é uma piada.
Esse tipo de humor é uma crítica, não porque critica abertamente, ou expõe algum ponto de vista, mas porque faz quem assista pensar. E é no ato de pensar sobre isso que se percebe o absurdo.
Acreditar que isso vai influenciar o comportamento de alguém é inocência de quem acredita que pode-se mudar a forma de pensar de alguém com tanta facilidade. Infelizmente, violência doméstica é algo comum, mas a idéia do video (pelo menos pra mim) é um incentivo a quem vive essa situação, perceber o absurdo em que vive, e cogitar a idéia de fazer algo para mudar (já conheci mulheres que apanhavam horrivelmente dos maridos, mas não denunciavam por medo, vergonha, por acreditar que aquilo é amor, ou porque achavam que o amor delas era suficiente pra conviver com aquilo).
E sinto muito, mas na minha opinião, qualquer um que não consiga entender qualquer forma de humor que não seja completa e estupidamente óbvia, é uma pessoa muito burra. Sim, burra. E se a carapuça servir, a culpa não é minha. :)
Pois é, Lola! Interpretação de texto e ideias não é o forte de muitos dos seus leitores que comentam aqui. Muitos interpretam/entendem somente o que querem ver ou o que gostariam de ler.
Na minha opinião, a coisa mais difícil de ter um blog é isso. É fazer com que as pessoas respeitem o que vc está escrevendo num espaço que é seu, do qual vc tem todo o direito de expor suas opiniões e impressões do mundo. E qdo eu falo de respeito eu falo sobre esta coisa toda de pessoas que nunca sequer conviveram um segundo com vc, que nunca te viram na vida pessoalmente, se acharem no direito de vir aqui e julgar seu caráter, suas ideias, seus posicionamentos, te chamarem de hipócrita e por aí vai.
Fico me perguntando se estas pessoas se colocam em seu lugar, Lola. Se gostariam que vc tivesse a mesma postura que elas, que vc fosse em seus blogs e as crucificasse da mesma forma. Engraçado que mtas que vem aqui te crucificar, possui blogs quase que irrelevantes na blogosfera. E me pergunto tb porque estas mesmas pessoas não usam do mesmo fervor que vem aqui te colocar contra a parede, para escrever todos os imensos comentários que escrevem aqui em seus próprios blogs.
Sou da opinião de que não gostou do que leu, tchau! Terapia se faz no psicólogo. Vc, Lola, não é obrigada a aguentar algumas pessoas que usam a sua caixa de comentários como sessão para se sentirem importantes, levantando polêmica para chamar atenção.
No mais, quem não entende o que vc escreve que vá estudar!
Ah, esqueci de dizer... Por vc ser feminista, Lola, você não pode mais achar graça de nada. Feminista que é feminista não pode ver humor (por mais besta que seja)em momento nenhum, aliás não pode nem mostrar os dentes, afinal isso é falta de compromentimento com o movimento feminista(Momento irônico: mode on - é melhor avisar, né, Lola? Vai que tem gente que não entende!)
Acho engraçados esses comentários de que quem não gostou da piada é pq não entendeu. Um vídeo tão engraçado, né? Tinha que ser unanimidade, poxa!
É cada uma...
Não é que quem não gostou obrigatoriamente não entendeu. Eu não gostei, e entendi muito bem.
Mas se esforçar pra entender o ponto de vista de quem achou graça, especialmente sendo uma pessoa com tantos outros ideais tão próximos, não custa tanto assim, né?
Pior do que não compreender textos nas entrelinhas numa análise bem feita, é desqualificar a autora dizendo 'Interpretação de texto e ideias não é o forte de muitos dos seus leitores que comentam aqui.' Melhor elogio não há...
Confesso que também rio em situações exageradas, absurdas... Um exemplo é quando vejo uma queda muito feia de alguém na rua, uma pessoa num filme que sofre e chora tanto que faz aquelas caretas feias que me matam de rir, como a Neytiri [é esse o nome dela?] em Avatar qnd perde o pai, dentre tantas outras situações. Tem gente que diz que "eu não presto!" ou apenas dizem: "baixaria!". E eu? Dou de ombros...
E pasmem, tem um amigo meu que GARGALHA qnd vê alguém desesperado em um velório/enterro, agarrado ao caixão, fazendo aquele escândalo básico.
Acho que cada qual tem o direito que ver graça ou de ter suas crises de riso com o que quiser. Tá achando ruim o meu riso? Mate-se! hahahahahahahahhaha
Esse vídeo não incentiva nem defende a violência doméstica/estupro nem aqui nem na China! Somente um internauta, desculpe-me dizer, ALIENADO, não identificaria aí a ironia aguçadíssima. Andou faltando as aulas de interpretação de texto, neh meu bem? ALOKA HAHAHHAA!!!
Cara, qualquer coisa que eu fosse dizer a respeito desse assunto o Lucas Vasconcelos disse, então com sua licença Lucas, faço minhas as suas palavras. É incrivel, mas tem gente que não sabe o que é humor negro.
Poxa Lola, nem precisava escrever tanto pra se justificar por ter rido de algo. Me dá nojo essa gente que acha que tudo tem que ser sério, tem que ter responsabilidade, tem que passar uma mensagem, etc. Humor é humor, foi feito pra rir, pra descontrair, por mais trágico que seja o tema na vida real.
Olá, Lola! Este é meu primeiro comentário, achei seu blog semana passada e estou adorando! Parabéns pela lucidez, pessoas como você me fazem querer lutar por um mundo melhor. Sobre este post, pra mim a diferença é óbvia, e digo o porque. Nos vídeos da Amanda, é explicito o humor, e, pra quem é mais inteligente que uma ameba, está implicito a total irônia e criticidade sobre o assunto. Já no comentário do Rafinha Bastos, não está totalmente explicito o humor e nem implicito uma irônia. Simples assim.
Lola, li o post e todos os seus comentários. Mal comento neste blog, comentei nesse mais antigo porque você linkou-o com o post das 10 dicas de sedução do UOL.
Ao meu ver, você está sendo muito contraditória em defender o humor nesse caso, e no caso do Rafinha Bastos condenar o humor.
Acho normal ser contraditório, mas o pior é que você prefere se defender que admitir a ambiguidade.
Acho hipócrita à atitude perante toda aquela polêmica pra criticar o Rafinha Bastos justamente por ter gente que vê graça naquilo, e quando é nesse caso você relativiza o humor e quem ri dele por cometer o pecado de rir.
O efeito que fica é que sua defesa é meio infantil mesmo, de quem não admite que se equivocou. Você chegou ao ponto até de se apoiar no sucesso histórico do seu blog, comentários mais inteligentes do brasil, etc...e isso ficou mais evidente.
Concordo com quem se posicionou contra sua defesa, por que o vídeo reforça que a mulher subjugada é burra e merece de tão burra que é.
No fundo, parece que como feminista você pensa isso da mulher que você acha que se submete, e não quer admitir isso.
É normal pisar na bola Lola, você não está acima moralmente do restante da humanidade. Também tem preconceitos.
Admitir e se retratar não devia ser ofensa.
Assim você parece é que não gosta de ser criticada, apesar de fazer isso muito com os outros.
Espero que você se centre em posts mais bem fundamentados, como o da crítica Às "dicas" do UOL.
Fiquei até mal de ver o vídeos deles sobre feminismo.
Que horrível que nem sabem o que é e pensam desta forma.
Além do pessoal que diz que se a Amanda existisse, ela seria a mulher perfeita. Um bando de sacos de ***** pra achar que mulher boa é aquela que não denuncia agressão!
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