sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O LADO NEGRO DE QUE FORÇA MESMO?

Não tenho vergonha de confessar que nunca fui fã de “Guerra nas Estrelas”. Embora em 77 eu já fosse uma menina-prodígio de dez anos, eu ainda era isso, uma menina, e sabres de luz não me interessavam. Jedis nunca me disseram nada. Na realidade, celebrar tanto um filme, como vários críticos fazem com “Guerra”, é como adorar uma música de quando a gente era criança ou adolescente: a qualidade do produto em si importa menos que as lembranças que esse produto gera. Ou seja, o filme funciona como pretexto pro pessoal ficar nostálgico da própria infância.

Pra escrever este textículo, fiz minha lição de casa. Entrevistei um amigo de SP, o Maurício Muniz, especialista em quadrinhos e ficção científica. Ele concorda que “Guerra” tenha infantilizado o cinema, mas acha que a responsabilidade não é só do Lucas. “Guerra” seria apenas um dos inúmeros filmes pensados pro público de 12 anos. Pro Maurício, os efeitos especiais foram revolucionários, e, mais ainda, a franquia criou uma venda de bonecos licenciados inédita até então. Porém, meu amigão prefere “Jornadas nas Estrelas” e crê que a primeira trilogia de “Guerra” é muito melhor que a segunda – por não ser totalmente dirigida pelo Lucas. Segundo ele, Lucas é melhor produtor que diretor.

Continuando com a lição de casa, além da entrevista, revi o “Guerra” de três décadas atrás, o que não foi fácil, porque agora o DVD vem como “Episódio IV – Uma Nova Esperança”. O maridão não tinha certeza absoluta que o IV era o antigo I. Colocamos o DVD pra tocar, e o maridão dizia, triunfante: “Olha só, é a mesma música do de 77!”. E eu: “Todos os seis têm a mesma música!”. Ele continuava clamando que eram os mesmos letreiros, e eu insistindo que os letreiros eram sempre iguais. Até que ele se cansou: “Então, meu anjo? Se o filme de 77 é igual aos que vieram depois, qual a diferença em ver qualquer um deles?”.

Enfim, juro que tentei rever “Guerra”. E agora compreendo mais do que antes por que o Han Solo virou símbolo sexual (o Harrison Ford jovem era tudo). E sigo achando estranho que a princesa Lea seja a única mulher da galáxia. Mas toda vez que aparecem os robôs eu caio num sono profundo. Eles funcionam como medicamentos élficos pra mim. Podiam mandar o R2-D2 e o C-3PO pro espaço. Aliás, não é por nada não, mas HAL é que era computador de verdade. Provavelmente, não existiria “Guerra” se não fosse por “2001, Uma Odisséia no Espaço”. E talvez não existiria “Piratas do Caribe” se não fosse por “Guerra”.

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