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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MICKEY ROURKE, PERSONA E PLÁSTICA

Envelhecer todo mundo envelhece, mas quem envelheceu melhor: o Rutger Hauer, que tá com 65 anos, ou o Mickey, de 52? (foto de 2005)

Fiquei muito curiosa em saber como a cara do Mickey Rourke (que ganhou o Globo de Ouro por O Lutador e agora é favorito ao Oscar) ficou assim, bastante disforme e medonha. Suponho que o filme será indicado também à melhor maquiagem, mas o Mickey tá irreconhecível e acabadão pra um homem de 56 anos. Eu já desconfiava de algo terrível desde Sin City - só soube que era o Mickey nos créditos.
Se você não viveu os anos 80, deve estar se perguntando “Mickey quem?”. Mas ele foi um astro importante. Fez uma pontinha em Corpos Ardentes, como um incendiário, que chamou a atenção. Depois esteve em Quando os Jovens se Tornam Adultos (Diner). Acho que ele está bem em O Selvagem da Motocicleta (pra mim é a melhor performance de sua carreira). Tem quem o prefira em Coração Satânico, e os fãs do Bukowski gostam de Barfly - Condenados pelo Vício. Mas é mais fácil lembrar do Mickey por 9 ½ Semanas de Amor, que permaneceu dois anos em cartaz no Belas Artes, em SP. Consegue imaginar um filme ficar numa sala durante dois anos ininterruptos? Esse foi o tamanho do sucesso que fez (no Brasil, porque nos EUA ninguém fala dele). Lógico que o drama erótico é uma porcaria, machista, nojentão, mas as pessoas o achavam sexy. Mickey virou símbolo sexual pra muitas mulheres. Nunca pra mim, mas até hoje o maridão, quando fica sem fazer a barba e eu o critico por isso, diz: “Quequié? Você não gosta do meu visual Mickey Rourke?”.
E aí no final dos anos 80 Mickey morreu, ou quase. Passou a fazer bombas como Orquídea Selvagem (que se passa no Rio, e que causou polêmica porque há rumores que, numa cena ardente entre ele e a modelo Carré Otis, o sexo foi de verdade) e uma sequência de 9 ½ Semanas (sem a Kim Basinger). Ele se casou com a Carré e decidiu voltar a lutar boxe, o que já tinha feito antes de se tornar ator. Parece que as plásticas malfeitas começaram antes disso, mas com o boxe ele fraturou seu rosto várias vezes, precisou reconstrui-lo, e o resultado taí. Eu só acho duro olhar pruma cara tão cheia de botox. Deve ser difícil até falar direito. As atrizes que fazem mil e uma cirurgias plásticas sempre me deixam nervosa, porque pra atuar é necessário se expressar, e é complicado ver alguma expressão num ser tão esticado e artifical quanto a Gloria Menezes.
Acho que o sucesso do Mickey se devia a sua persona, impossível de se distinguir dos papéis que fazia. “Persona” é um tipo de máscara que um ator usa no seu dia a dia, nas suas aparições públicas, já que não o conhecemos na vida real. Ter uma persona bem definida era mais visível nos anos dourados de Hollywood, quando havia um star system e os estúdios moldavam essas imagens. Assim, tínhamos a Greta Garbo que nunca ria, Marilyn Monroe como gostosona ingênua, Humphrey Bogart como cínico com cigarro no canto da boca... Embora hoje as personas não sejam assim tão evidentes, elas persistem. Woody Allen nunca atuou num filme em que não interpretasse a si mesmo. A persona do Eddie Murphy parece ser igualzinha aos seus papéis (arrogante, tagarela). Perceba como Angelina Jolie mudou a sua ao longo dos anos, de bad girl quando surgiu com Gia e Garota Interrompida à esquisitona carregando vidrinho com sangue do Billy Bob Thornton no pescoço à mãe e conselheira da ONU de agora. Portanto, quando a gente diz “eu gosto de tal artista”, na realidade está falando do conjunto de sua obra e à persona que ele ostenta em público. Eu adoro o George Clooney não apenas porque ele é bonitão e faz filmes dos irmãos Coen, mas porque ele é ecologista, pró-direitos das minorias, e sorridente. Pense no artista que você gosta e reflita sobre por que você gosta dele(a). Aposto como tem a ver com a persona.
Não deve ser fácil ser um astro. Sério. Tudo bem, tem o dinheiro, e imagino que isso deve ser ótimo, mas também há cobranças para que o sujeito não evelheça nem caia no ostracismo. Sou da opinião que deve ser melhor nunca ser famoso na vida que ser famoso e, algum tempo depois, ninguém mais saber quem você é (o caso dos BBBs da vida). Porque suponho que todo mundo te paparicar e pedir seu autógrafo deve inflar o ego. Precisa ser muito bem-resolvido pra lidar com isso. O meu Chico, por exemplo, é. Já o Mickey teve inúmeros conflitos. Obviamente, uma enorme parte de seu sucesso agora, com O Lutador, é justamente que personagem e ator se confundem de novo. Ambas são histórias de um astro decadente tentando se recuperar.
Eu nunca tive o menor carinho pela persona cool do Mickey. Ele foi preso por bater na esposa, a Carré, em 94 (eles se divorciaram em 98). Depois em 2007, por dirigir bêbado. É republicano. Defende o Bush. Compara mulheres com cavalos. Adora boxe. Levava sua gangue de guarda-costas (seus únicos amigos) aos sets. Já chamou atuar de “trabalho de mulher”. É pra eu gostar dele exatamente por que? Ah, ele já resgatou meia dúzia de cachorros que iriam ser sacrificados pela carrocinha. Isso ganha pontos no meu livrinho. Só que, pra compensar, ele possui um templo com fotos e cinzas das cremações de todos os chihuahuas que teve. Isso tira pontos.
Numa das várias entrevistas à imprensa que Mickey deu após seu retorno, ele conta que foi abusado (não sexualmente) pelo padrasto, mas não entra em detalhes. Quer dizer, tem uma hora que entra, e é patético: “Quando meu pai de verdade nos deixou eu tinha 6 anos, e a última coisa que eu disse a ele foi, 'Papai, nunca mais chamarei ninguém de papai além de você'. Mas meu padrasto exigiu que eu o chamasse de 'papai'. Eu me recusei, mas finalmente tive que aceitar”. Aí ele chora pro jornalista e fala da culpa que o consome: “Levou a minha vida inteira para que eu me perdoasse por tê-lo chamado de papai. Descontei isso em todo mundo e me tornei durão”. Ahn, o cara tem problemas, isso é inegável.
Mickey também ficou conhecido por não aceitar participar de filmes bem-sucedidos, como 48 Horas, Um Tira da Pesada e Os Intocáveis. Mas o mais chocante, pra mim: em plena fase de maré baixa, ele recusou o papel do Bruce Willis em Pulp Fiction! Lembra quando o Bruce apareceu com A Gata e o Rato e, por causa de sua semelhança física com o Mickey, a gente o chamava de “irmão menos esperto do Mickey?” Retiro o que disse!
Perdão, mas vou torcer contra o Mickey no Oscar.
UPDATE: E mais uma vez vou ter que retirar o que disse. É chato me contradizer tão rápido, mas vi O Lutador ontem. O filme é lindo, gostei pacas, e o Mickey está sensacional. Posso não gostar dele como pessoa, ele pode ter desprezado papéis mais substanciais, mas é um grande ator. Como ainda não vi os outros candidatos, não dá pra dizer que sua atuação é melhor que a de um Sean Penn em Milk, por exemplo. Mas Mickey realmente está perfeito, com ou sem rosto deformado.

sábado, 26 de abril de 2008

RESULTADO DA ENQUETE SOBRE AL PACINO

- 88 já deixou as salas? Posso sair agora? Ética! Ética!


Devo admitir que minha enquetezinha sobre o Al Pacino não atraiu muita gente. Pra escolher a pior encrenca em que o Al já se meteu em sua longa carreira, apenas 21 pessoas votaram. Contato de Risco (Gigli) ganhou 4 votos, ou 19%, mas lembre-se que nessa bomba o Al é apenas coadju
vante (as principais estrelas são Ben Affleck e Jeniffer Lopez). Se você tiver nove minutos, esta cena com a interpretação do Al já diz tudo. Perfume de Mulher, que lhe deu o Oscar, e Parceiros da Noite, um filme cruel e homofóbico, receberam 3 votos cada. Se bem que 3 pessoas também disseram que qualquer coisa com o Al valha a pena ser vista. Esses tolinhos não viram 88 Minutos, o grande vencedor, eleito com 28%. Certamente levou o meu voto.

26 participaram na enquete da atuação mais marcante do Al. Pra você ver como Perfume é amado e odiado ao mesmo tempo, 7% dos votantes deram razão ao Oscar e afirmaram que sim, é o melhor trabalho do Al. 15% acham que é O Advogado do Diabo. 19% preferiram sua atuação na trilogia O Poderoso Chefão (porque eu não ia fazer a sacanagem de pedir pra escolher onde o Al tá mais brilhante, no Chefão 1, 2, ou 3). O maridão não aceita esse resultado, pois considera Chefão 1 e 2 os melhores filmes de todos os tempos (ele ama Lawrence da Arábia também). A grande surpresa pra mim foi que 23% escolheram Scarface, que só ficou atrás do vencedor, o fabuloso Um Dia de Cão, por um votinho. Pessoal, vocês andam vendo muito videogame baseado no filme. Eu gosto muito do Scarface hiperviolento de 83, mas o Al tá um tantinho exagerado, não? E em Advogado do Diabo também, se me permitem. Bom, pelo menos por causa do meu voto, Um Dia de Cão ficou na frente. E tem gente que diz que um voto não faz diferença...

segunda-feira, 17 de março de 2008

OS ANOS 80 VOLTARAM, VAMOS GOZAR OUTRA VEZ

Uma coisa boa de Ponto de Vista é a reunião de astros antigos. Tem o Dennis Quaid, o William Hurt, a Sigourney Weaver (que some sem dar explicação), inclusive o Forest Whitaker (que é um pouco mais novo que os outros). Parece algo como os anos 80 voltaram, vamos gozar outra vez!

Então vamos lá: qual o grande momento de cada um desses astros na sua década dourada? Eu começo.


- O Dennis é quem eu mais me lembro do grande elenco de Os Eleitos. Adorei a energia dele em Viagem Insólita. E ainda que ele esteja histericamente exagerado em A Fera do Rock, ele traduz bem seu personagem. Mas Dennis virou mesmo símbolo sexual pra toda uma geração de mulheres com Acerto de Contas (The Big Easy). Acho que é por causa desse papel que ele tem trabalho até hoje (definitivamente não por causa de Tubarão 3). E por ele ser lindo de morrer e bom ator, claro.


- O William eu nunca achei bonito. Só um excelente ator, dos mais intensos. É uma pena que sua carreira tenha se perdido tanto. Lembra quando, na década de 80, ele recebeu três indicações seguidas ao Oscar? Ele era um grande astro. Adoro o William em O Beijo da Mulher Aranha (por qual ele ganhou o Oscar – na época eu tava indo pra Washington, e encontrei o Hector Babenco no aeroporto em SP), O Turista Acidental, e Corpos Ardentes (se bem que o filme é todinho da Kathleen Turner). Mas pra mim sua atuação mais vulnerável, e por isso mais memorável, foi em Nos Bastidores da Notícia (Broadcast News). Hoje, em que os noticiários televisivos dos EUA só falam na Britney Spears, esse ótimo filme tá mais atual do que nunca. Mas olha esse conjunto da obra. Junte a ele Filhos do Silêncio, e quem mais esteve em tantos bons filmes como o William nos 80?


- A Sigourney Weaver é realmente uma das grandes heroínas de ação da história, por seu personagem em Aliens. Gosto dela em Aliens, o Resgate, do James Cameron, que pra mim é o único Alien que presta (eu durmo no primeiro, do Ridley Scott!). Ela esteve bem em Na Montanha dos Gorilas e ganhou os tubos com Os Caça-Fantasmas, se bem que prefiro-a como a vilã em Uma Secretária de Futuro. Embora o filme seja machista e promova a competição entre mulheres, sempre me lembro da Joan Cusack se oferecendo pro Harrison Ford: “Can I get you anything? Coffee? Tea? Me?” (“Posso te trazer alguma coisa? Café? Chá? Eu?”). Qual mulher não se ofereceria de bandeja pro Harrison Ford?

- Mal me recordo do Forest Whitaker nos seus papéis coadjuvantes em Platoon e Bom Dia Vietnã, e nunca fui grande fã de Bird. Pra mim o Forest rouba as cenas mesmo num filme que adoro, A Cor do Dinheiro (que todo mundo se esquece, mas é do Scorsese!). E olha que o Forest consegue roubar as cenas do Paul Newman!