quarta-feira, 6 de julho de 2022

PROMOTORA CONTINUA PERSEGUINDO MENINA DE 11 ANOS QUE ABORTOU

Hoje a Paula Guimarães, do Portal Catarinas, junto com o Intercept Brasil, publicou um novo capítulo da saga "como a direita trata crianças que já nasceram".
A promotora Mirela Dutra Alberton, do Ministério Público de Santa Catarina, foi uma figura crucial (em conjunto com a juíza Joana Ribeiro Zimmer) na prisão da menina de 11 anos num abrigo para impedir que ela pudesse abortar, como era sua vontade -- e seu direito. Finalmente, a menina conseguiu abortar. E a extrema-direita do país decidiu continuar a persegui-la.
No dia 24 de junho, a promotora mandou a polícia recolher os restos fetais no hospital universitário onde o aborto foi realizado para uma necrópsia. Não há o que investigar. A menina não fez nada de ilegal. Desde 1940 (faz 82 anos!) o Código Penal permite o aborto em caso de estupro. A menina tinha 10 anos quando engravidou, o que configura estupro de vulnerável. Se for verdade que quem a estuprou foi um menino de 13 anos (isso sim ainda está sendo investigado, para não haver possibilidade de acobertar o crime de um adulto), ele e inimputável, por ser menor de idade, mas segue sendo estupro de vulnerável. A autoria de um crime não muda o crime.
A ação da promotora é mais uma tentativa desesperada de criminalizar um aborto que é permitido por lei. E mais um passo para continuar atacando uma menina de 11 anos (e sua mãe) que já passou por vários traumas.
A deputada federal Sâmia Bomfim comunicou no twitter que, junto à bancada do Psol, incluiu na "representação no CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] contra a promotora Mirela Dutra, do caso da menina de 11 anos de SC, [que] apure também a ordem de busca policial pelo feto, após o processo de aborto legal. Basta de violência misógina contra essa criança".
Sabemos que a preocupação dos "pró-vida" é apenas com quem ainda não nasceu. Crianças de 9, 10, 11 anos, para eles, devem servir seu papel de incubadoras. Ou morrer se prosseguirem com a gestação ou serem presas se conseguirem abortar.

3 comentários:

Anônimo disse...

a) Lola sou sua fã amo seu blog

b) Este caso está me estressando toda hora eu tenho que explicar para idiotas que uma criança de 10 anos não pode consentir uma relação sexual.

c) Samia Bomfim está sendo maravilhosa ela e a prova que precisamos de mulheres progressistas na politica

Luise Mior disse...

Estas promotora e juíza são o exemplo que representatividade não é garantia de nada, é necessário cuidar da ideologia. Canalhas, precisam perder os cargos(embora eu saiba que não é provável que ocorra)

Flávia Mello disse...

Uma criança de 10 anos sofreu estupro e duas mulheres (juíza e promotora) por questões ideológicas a violentaram outra vez. Está na lei, é direito da criança fazer o aborto, mas não foi tão simples assim, porque para elas a lei não importava tanto quanto suas crenças. Não importava o sofrimento do outro, o que importava era o que elas acreditavam no momento, ideologia, poder, questões partidárias. Não conseguiram nem Imaginar o que essa criança passou e está passando, inclusive fizeram ativamente parte desse sofrimento. Por que uma parcela da sociedade e, nesse caso, as duas representantes do poder público, não buscam defender as crianças de serem estupradas? Os índices de estupro no Brasil são alarmantes, precisamos discutir e combater isso. Por que somos um país que violenta tanto nossas crianças e mulheres? A questão é cultural e está ligada aos valores e a estrutura que temos socialmente. É uma cultura construída na superioridade do homem sobre a mulher, da falta de punição, do medo de denunciar e não ser levada a sério, do medo de morrer por querer terminar um relacionamento. Não é normal um adolescente de 13 anos “fazer sexo” (estuprar) uma criança de 10 anos. Esse não é um caso isolado, existem muitas estatísticas que comprovam que nossas crianças e adolescentes são as maiores vítimas de violência sexual. É cultural, estrutural e para mudar isso o assunto não pode ser visto como algo normal, mas sim como uma um problema extremamente reprovável e que deve ser combatido de forma urgente. Uma sociedade que quer crescer e prosperar não pode violentar suas crianças. Eu pergunto, que país é esse que é representado por hipócritas? Será que essa magistrada e essa promotora tiveram a falta de estrutura e passaram pelos abusos emocionais que essa criança passou? Obviamente não. Talvez nem teriam chegado na posição que chegaram caso tivessem sofrido tanto. É a tal representatividade que não representa tanto assim. É importante permitir que pessoas que antigamente eram discriminadas e até impedidas de participarem de certos lugares na sociedade a assumirem cargos de liderança. A magistrada e a promotora, mulheres, ocupando esse cargo me mostra que é possível uma mulher trabalhar, estudar, prosperar, estar em uma posição de poder, mas também mostra que está falhando na representatividade da parcela de mulheres e crianças estupradas e que precisam abortar. É muito fácil impor uma ideologia ao outro quando estamos em um castelo inatingível. Falta empatia. Acho que o aborto é maravilhoso? Não. Acredito que uma pessoa vai deixar de nascer? Sim. Eu gostei de ter nascido e só estou aqui porque minha mãe não abortou? Sim, mas não vou justificar minhas crenças diante de fatos absurdos como esse. Foi um estupro, a criança pode morrer no parto e eu pergunto, uma criança teria condições de criar outra criança? A criança estuprada é obrigada a carregar em seu ventre o fruto de uma violência tão perturbadora? Não é e não deveria ser.