quarta-feira, 20 de julho de 2022

QUEM AMEAÇA O BRASIL É O PRESIDENTE, NÃO AS URNAS ELETRÔNICAS

Anteontem o pior presidente da história do Brasil disparou mentiras sobre as urnas eletrônicas a uma plateia de dezenas de embaixadores muito envergonhados. Foi uma resposta ao presidente do TSE, Edson Fachin, que em maio se encontrou com 68 representantes internacionais para criticar as "acusações levianas de fraude", sem citar o nome do excrementíssimo.

Segundo Rafael Mafei da Piauí, "O teor da reunião [de Bolso], na qual os diplomatas estrangeiros ouviram muito e falaram pouco, ficou entre aquilo que Bolsonaro apresentou em sua live de um ano atrás, quando requentou teorias conspiratórias de nível colegial sobre fraudes nas eleições que venceu, e a recente apresentação do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, no Senado Federal, quando o militar insistiu não ser possível ao Exército atestar a segurança das urnas contra ataques de agentes maliciosos que tenham acesso direto aos equipamentos". 

Mas vale ressaltar que, apesar do dedo do general, o culpado pelo escandaloso show-golpe de Bolsonaro diante dos embaixadores foi Bolsonaro, não um coronelzinho com cara de sonso que não sabe escrever briefing. Ou isso ou o Capetão pediu ajuda a seu único filho fluente em inglês, aquele que queria ser embaixador nos EUA por sua valiosa experiência de fritador de hambúrguer. 

Como explicou o New York Times, Bolso tinha prometido que apresentaria provas de que as duas últimas eleições presidenciais (sendo que ele ganhou a de 2018) foram fraudadas. Além de não apresentar prova nenhuma -- a menos que alguém considere "prova" as fake news de sites bolsonarentos especialistas em mentiras --, o Capetão ainda disse que, para garantir eleições limpas, seria preciso um envolvimento maior das Forças Armadas, tão especializadas em eleições que as proibiu no Brasil durante 21 longos anos.

Numa reportagem de Carla Araújo para o UOL, ela conta que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica foram chamados para participar da reunião de Bolso com os embaixadores, mas não compareceram. Milicos disseram, sob a condição de anonimato, que as Forças Armadas são instituições de Estado, não de um governo, e evitam serem atreladas a Bolso. E que vão respeitar o resultado das urnas.

O general Paulo Sérgio, que havia feito uma apresentação ao Senado, levou seu powerpoint, mas não falou, o que muitos generais viram como bom sinal. Como afirmou um deles, "ninguém merece ficar atrelado a uma vergonha internacional". Outro general, este da reserva, falou à jornalista: "A gente não quer participar deste vexame". Tarde demais. Já estão atrelados. Fazem parte do governo mais militar de todos os tempos (Aproveitando: Fora milicos! Se não já do país, pelo menos da comissão do processo eleitoral. Vamos assinar a petição).

O resumo do antropólogo Luiz Eduardo Soares viralizou no Twitter:
"O golpe foi anunciado, HOJE, oficialmente, e para o mundo. A situação nunca foi tão grave. Nos EUA, Trump anunciou, antecipadamente, que não aceitaria o resultado das eleições (se perdesse). Bolsonaro acaba de declarar que, se a legislação eleitoral em vigor for mantida, não haverá eleições. Falou na primeira pessoa do plural, se referindo às Forças Armadas. Essa declaração de guerra ao TSE e à Lei, à Constituição, ocorreu dentro do Palácio, com transmissão oficial ao vivo, diante dos embaixadores convocados. Até agora, os presidentes da Câmara, do Senado, do Supremo e do TSE, além do PGR, permanecem calados. Se as instituições estivessem funcionando, Bolsonaro teria de ser deposto e preso. Isso não vai acontecer, o que demonstra que nós já não vivemos sob o Estado democrático de direito. Se a sociedade estivesse mobilizada e plenamente consciente do que está acontecendo, amanhã haveria greve geral e milhões de pessoas tomariam as ruas de todo o país. Não é o caso, desafortunadamente. Então, só nos resta mobilizar o que for possível, reunir a oposição e as organizações da sociedade civil. Todas elas. As universidades têm de parar. Quem puder parar, tem de parar. Agora. Nem mais um passo atrás ou o triunfo do golpe, já iminente, será certo e irreversível.”

O resultado de mais esta vergonha internacional foi que cem entidades se organizam para ir às ruas contra a ameaça do golpe. Também serviu como cortina de fumaça para encobrir escândalos mais recentes, como as denúncias de assédio moral e sexual do ex-presidente da Caixa e o assassinato por um bolsonarista do petista Marcelo Arruda. 

Além do mais, como lembra Leonardo Sakamoto, Bolso prefere ser chamado de golpista ou genocida do que de "Bolsocaro". A matemática é simples: Lula vence Bolso por 56% a 22% entre aqueles que ganham menos de dois salários mínimos, segundo o último DataFolha. Esse grupo é a maior parte da população (52%). Assim, quanto menos se falar de inflação, melhor pro genocida. 

Mas não sei se Bolso e seu grupo miliciano contavam com a movimentação que se seguiu na comunidade jurídica: procuradores, ex-presidentes do STF, promotores, advogados, magistrados, delegados; associações de classe -- todos deixaram bastante claro que não apoiarão o golpe que Bolso vem anunciando a tanto tempo. Faltando apenas 75 dias para as eleições, resta pouco tempo para mais trapaças de seu Jair.

4 comentários:

Anônimo disse...

Os militares de 64 tinham apoio internacional devido ao medo dos EUA do crescimento da URSS na América Latina, era outro mundo. Hoje nenhum país apoiaria um golpe no Brasil, mesmo o apoio das Forças Armadas seria dividido. Ele fala muito porque só pode fazer isso mesmo.

Anônimo disse...

Que esse bosta esteja cada vez mais isolado, desapoiado e sem ninguém querendo ser associado a ele; é o mínimo que esse lixo vergonhoso, medíocre, patético, incompetente, descerebrado, descompensado, frustrado, canalha, fraudulento, corrupto, ladrão, miliciano, hipócrita, desgraçado, cara de pau, verme, delirante, merece.

Fabrício disse...

Não seja tão ingênuo, amigo das 20:04. Acreditando nisso é que deixamos o Bozo estar lá barbarizando.

Anônimo disse...

Bolsocaro, o ministro de cabelos pintados e mais alguns cobram transparência no processo eleitoral. Mas jogam pra baixo do tapete os sigilos de 100 anos, que são muitos. Se só o sigilo do cartão corporativo for revogado, a família Bozo e seus apaniguados perde as eleições, sem precisar de nenhuma fraude nas urnas.