segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

TEM GENTE QUE COMEMORA A TRAGÉDIA

O inspirado cartum de Nando Motta reflete bem a realidade em que estamos vivendo na pandemia. Ainda mais agora em tempos de festa e férias, onde o pessoal abusou da "Coronafest", ignorando os quase 200 mil mortos pelo vírus só no Brasil.

E mais uma tragédia causada pela pandemia e pelo pior governo de todos os tempos. Eu só me dei conta hoje. A morte de idosos não é apenas uma desgraça emocional para milhões de famílias -- é também uma desgraça financeira. Há inúmeros lares em que quem sustenta a casa é a aposentada/o, pois é a única renda regular que as famílias pobres que vivem na informalidade têm. Há muitas cidades, principalmente no Nordeste, em que a economia é movida pelo consumo dos aposentados. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que houve uma queda mensal de R$ 167 milhões na renda dos domicílios brasileiros. 

Algo assim já era esperado com a reforma da previdência, uma tragédia calculada, com efeitos a longo prazo. Mas, com a pandemia, a catástrofe veio mais rápido. E este foi o cálculo do Ipea no final de agosto, quando chegamos a 100 mil vítimas da covid. Com a morte de idosos aposentados, o Ipea já dizia meses atrás que ela afetaria 4 milhões de adultos e um milhão de crianças e adolescentes até 15 anos de idade. Quase 13 milhões de lares (ou 18% de todos os domicílios brasileiros) têm como única fonte de renda a dos idosos. Agora que nos encaminhamos para o dobro, o que será de milhões de brasileiros cada vez mais miseráveis? 

Enquanto milhões de famílias penam -- pensem em quantas dessas crianças e adolescentes serão escravizadas, como aconteceu com Madalena e sua irmã gêmea Filomena, em Patos de Minas --, há quem comemore. Já em maio, uma assessora de Paulo Guedes, da Susep (Superintendência de Seguros Privados) disse, numa reunião fechada do governo federal, que a morte de idosos melhoraria a economia, já que reduziria o déficit previdenciário.

Pois é. Tem gente que lamenta e sofre diretamente com a tragédia, e tem gente que se beneficia dela e a celebra. Parece mesmo um projeto.

8 comentários:

titia disse...

A sabotagem do isolamento e a demora em aprovar a vacina são propositais. O objetivo do nazipalhaço e sua gangue é exatamente esse: matar o máximo possível. Todo mundo que não rende lucro pro capital ou não pode pagar por serviços de saúde deve morrer, sejam idosos, crianças ou adultos; o único lugar que o pobre tem, no desgoverno fascista do Bozó, é escravizado na casa do patrão ou na cova. E os minions pensam o mesmo.

Paulo Guedes, essa assessora e qualquer um que integre a corja neoliberalista do Brasil merece morrer linchado.

Anônimo disse...

Titia

Exatamente, pior é uma pessoa pobre ou merdiana (merdiana de crasse mérdia) apoiar esse desgoverno, mal sabem que podem ir para o lugar onde pensam não fazer parte, pois estão cinco mil acima de quem desprezam, mas distantes cinco milhões de quem adulam e pensam conseguir algum tipo de privilégios por agir com esnobismo ao repetir o discurso da meritocracia, vão para a cova rasa ou vala caso se contaminem, não adianta negacionismo. Infelizmente o séquito de Bolsoshower além de doentio e cruel, também tem servos perigosos, verdadeiros capitães do mato da atualidade. https://ponte.org/aulas-para-concurso-de-policia-ensinam-tecnicas-de-tortura-e-execucao/

avasconsil disse...

A assessora do sinistro Guedes na Susep está se referindo a financistas como ele. Gente como ele realmente lucra com o empobrecimento generalizado, na forma de mortes de beneficiários da previdência e redução de renda de todo tipo que atinja as pessoas e as famílias. O dinheiro economizado pelo governo com a redução de despesas públicas não chega ao capitalismo produtivo (indústria, comércio e serviços), ou chega muito pouco. Na verdade essa economia o atrofia, pois o dinheiro é drenado pelo capitalismo financeiro, que não gera consumo. O governo usa o dinheiro economizado pra pagar os juros da dívida pública. Os credores que o recebem não investem na geração de empregos na indústria, no comércio e nos serviços. Na distribuição de renda e no aumento do consumo. Fazem é reaplicá-lo em novos títulos da dívida pública, ações e outros papéis, gerando dinheiro através do próprio dinheiro. Essas aplicações não acontecem necessariamente aqui no brasil. Podem virar dólar, euro ou outra moeda melhor que o real noutras praças mais rentáveis, já que é um dinheiro muito móvel. Ora tá aqui, ora tá acolá. Lembrando que o brasil e a estônia são os únicos países no mundo que não tributam os lucros e os dividendos que pessoas físicas obtêm com ações. Essa ciranda financeira é a base da desindustrialização do brasil e de outros países. Do aumento da pobreza, da piora da concentração de renda, do aumento das desigualdades sociais. Da precarização do trabalho. E além de tirar renda direta, querem tirar cada vez mais renda indireta, piorando os serviços públicos de saúde e educação. No projeto de reforma administrativa tem lá o princípio da subsidiariedade: serviços públicos, incluindo educação e saúde, devem ser providos principalmente pela iniciativa privada. O estado deve destinar dinheiro ao provimento de serviços públicos apenas na falta do setor privado. Ou seja, além de ganharmos cada vez menos, vamos ter que pagar por tudo. É o sonho do Paulo Guedes e dos "mercados" que mandam no brasil. Orçamento público deve ser usado cada vez mais pra garantir o pagamento dos juros dos credores do governo. Essa lógica aplicada sem freios leva ao retorno da escravidão... Muita gente morre de medo do socialismo e do comunismo. Mas foi com a queda deles pelo mundo que o capitalismo financeiro passou a devorar o capitalismo produtivo e o estado do bem estar social. As elites estão sem medo de perder privilégios e patrimônio. O medo que antes as fez ceder anéis pra não perder dedos. Ainda bem que as ideias não morrem. Sem ideais igualitários não haveria esperança. Mas, como os ricos não abrem mão de nada espontaneamente, no futuro próximo teremos muita convulsão social no brasil e mundo afora. Só a esperança não vai fazer milagre. Não sei até que grau de insegurança econômica e de empobrecimento as populações aguentam. Mas é como uma represa. Vai enchendo e um dia estoura.

titia disse...

20:55 todos os eleitores do Bolsonazi da minha família (os que votaram nele pra tirar o PT e agora se arrependeram e os minions) pensam exatamente desse jeito que você escreveu. Perfeito. Eu não poderia dizer melhor. E só vão aprender essa diferença quando estiverem na vala ao lado do pobre que tanto consideraram inferior.

Kasturba disse...

Titia, meus pais votaram no Bozo, e até hoje não se arrependem... Eu vejo que parte disso é por orgulho puro - minha mãe, principalmente, tem uma dificuldade ENORME de admitir que está errada em alguma coisa. Maturidade de criança de 8 anos de idade mesmo - e parte porque eles simplesmente não têm acesso a informações sobre tudo de errado que vem acontecendo. Não sei se foi por acaso, ou se foi algo realmente bem planejado por alguém ligado a esse governo tosco, mas nessa parte eles acertaram, e muito. Como um dos primeiros atos deles foi demonizar todo e qualquer tipo de veículo de informação que não apoiasse irrestritamente o Salnorabo, seus seguidores simplesmente se recusam a obter informações dessas fontes, e se são expostos por acaso, não acreditam. Os bolsominions estão blindados: todas as notícias que afetem a imagem do capetão não chega a eles. Então eles realmente acreditam que o cara é um Deus injustiçado e perseguido pelas massas corruptas. Coisa de doido mesmo...

Kasturba disse...

Agora algo que me deixa realmente triste é ver que esse homem odioso tem o poder não só de revelar o que há de pior nos seus seguidores, mas também de piorar o que existia de bom.
Digo isso baseado novamente no exemplo da minha própria mãe.
Minha família é de classe média-alta (ambos meus pais são funcionários públicos federais, bem remunerados). Durante vários anos da minha infância, havia empregada doméstica na nossa casa. Mesmo naquela época em que praticamente todas as empregadas viviam em regime de semi-esravidão, minha mãe sempre fez questão de tratar as moças que trabalhavam em nossa casa com o mínimo de dignidade (o que, praquela época era algo grandioso). Ela respeitava o horário de trabalho, sempre fez questão de assinar a carteira de trabalho e conceder todos os benefícios de direito, pagava mais que o dobro do salário comum na época... Tanto que todas as moças que trabalharam conosco sempre mantiveram e ainda mantém contato com minha mãe ao longo dos anos.
Então, nesse aspecto, minha mãe sempre serviu como referência pra mim, de como tratar funcionários/empregados e demais pessoas que prestem serviços para mim.

Pois bem, no início de 2020 minha enteada se mudou pra nossa casa, e como trabalhamos o dia inteiro fora e a escola da menina era meio período, contratamos uma empregada doméstica, basicamente para fazer o almoço e companhia pra menina. Pouco tempo depois começou a pandemia, e por eu ter um bebê e minha enteada, que estavam sem escola/creche, me foi concedido o direito de passar para o regime de homeoffice, sem que isso interferisse em nada no meu salário. Pois bem, essa moça que estava aqui em casa, além de também ter uma filha da mesma idade da minha enteada (que também estava sem escola), estava também gestante. Sem pestanejar, eu disse a ela que não precisava mais continuar vindo aqui em casa enquanto a quarentena durasse, e que eu iria continuar pagando seu salário, já que além de ter que ficar com a filha em casa, ela era do grupo de risco, e eu estava em casa para cuidar da minha enteada.
Eu tenho certeza absoluta que, em outros tempos, essa seria a atitude que minha mãe tomaria, caso tivéssemos passado por um período de pandemia há uns 30 anos, quando eu mesma era criança. Mas, para minha enorme decepção, a minha mãe assim que descobriu que eu liberei a minha empregada e continuei pagando salário, começou a me criticar muito, falando que eu estava sendo boba, que eu deveria dispensar ela, ou então mandar ela vir na minha casa para me ajudar com as crianças, etc e tal... Chegamos ao ponto de brigar por isso.
Minha mãe nunca me ajudou em nada com a minha casa. Nunca trocou uma fralda do meu filho. Então o fato da moça não estar vindo na minha casa, não alterou em nada a rotina da minha mãe, as únicas pessoas sobrecarregadas nessa história toda éramos eu e meu marido (principalmente eu). Mas o que estava incomodando profundamente a minha mãe é que minha atitude estava tirando a autoridade do discurso do Salnorabo. Ele desde o começo veio com esse discurso de que as classes baixas não queriam quarentena, porque iriam morrer de fome... Que só os ricos estavam apoiando o fechamento de tudo... E ver uma pessoa de classe baixa (minha empregada) tendo condições de cumprir a quarentena em segurança e sem medo de fome, tirava a veracidade do discurso do genocida. Minha mãe foi contra os "princípios cristãos"que ela tanto prega, foi contra o que ela sempre fez a vida toda, e criou uma briga comigo por algo que não a afetava diretamente em nada, somente porque não aguentava ver que o discurso desse diabo que ela julga ser deus não estar 100% correto...

Anônimo disse...

Infelizmente nesta altura do campeonato não é só bozominions que estão sabotando o isolamento, antes fosse só eles.

Anônimo disse...

Infelizmente nesta altura do campeonato não é só bozominions que estão sabotando o isolamento, antes fosse só eles.