Hoje é Dia Mundial da Saúde e vou contar duas histórias. Uma está diretamente relacionada ao dia, a outra não.
Neste final de semana morreu Adelita, uma técnica de enfermagem em Goiás. Ela era jovem, 38 anos, e não tinha problemas de saúde. Ela foi uma das profissionais de saúde que fez campanha pedindo para as pessoas ficarem em casa.
Sempre muito unida, a família Vieira, de Itapecerica da Serra, Grande São Paulo, decidiu comemorar um aniversário no dia 13 de março. A quarentena ainda não estava em vigor, o presidente ainda estava convocando seus seguidores acéfalos para um ato de apoio no dia 15. Na época, só havia 98 casos confirmados da Covid-19 no Brasil, e nenhuma morte. Mesmo assim, a família tomou cuidado. Só chamou gente mais próxima pro churrasco. No total, 28 convidados.
Pouco depois, metade já tinha sintomas do corona. Três irmãos, todos na faixa dos 60 anos, morreram um pouco mais de duas semanas depois. Trágico.
Tem gente saindo e fazendo festa agora, quando a pandemia já está em pleno vapor no Brasil (embora ainda esteja longe do pico. Calcula-se que, até a próxima segunda, dia 13 de abril, SP tenha 1,3 mil mortos pelo corona. Sem o isolamento, seriam 5 mil. E isso que há muitas subnotificações. Os cartórios registram 21% mais mortes por Covid-19 que o governo federal, que obviamente fará de tudo para manipular os números, como faz com a economia e com o resultado das queimadas).
Eu e minha mãe não saímos de casa desde o dia 17 de março. Só o Silvio vai (de máscara) ao supermercado duas vezes por semana. Ontem comprei três máscaras de pano por cinco reais cada uma da costureira do bairro. Elas não são ideais, não são profissionais, mas ajudam (a Organização Mundial da Saúde já mudou de ideia várias vezes sobre o uso de máscaras).
O Centro de Humanidades da UFC determinou que todas as atividades presenciais continuarão suspensas até o dia 4 de maio, pelo menos, e pediu a suspensão do calendário universitário. Calcula-se que o Ceará, que já é o terceiro estado em número de casos, passará o RJ em breve e enfrentará sua situação mais crítica perto do dia 25 de abril.
A única boa notícia da semana até agora é que o auxílio emergencial, que a gente gostaria que fosse uma renda mínima permanente, começa a ser pago a partir de quinta . Há muita desinformação e muitos vigaristas, e por isso é importante se informar com quem é de confiança. O auxílio de R$ 600 mensais por três meses é para trabalhadores informais ou desempregados (que não estejam recebendo seguro-desemprego). A mãe chefe de família tem direito a R$ 1,2 mil.
Vale lembrar que este benefício não partiu de uma iniciativa de Bolsonaro ou Guedes (cuja primeira medida foi permitir que as empresas suspendessem o pagamento dos funcionários por 4 meses, e que estavam pensando numa rendinha de R$ 200), mas do Congresso.
E fica a pergunta pra quem defende tanto o Estado mínimo: como a iniciativa privada está ajudando a população neste momento de crise mundial? Se não fosse o Estado, o povo viveria do quê?
Colabore com quem faz ciência! Gaste 5 minutos do seu tempo para responder um questionário da Fiocruz sobre a percepção dos brasileiros sobre a pandemia.
5 comentários:
Situação tá desesperadora na minha cidade( já estão falando de colapso em dias) e o povo eleitor do Bozo segue a vida normal. Não aguento mais
O fracassado do Bernie Sanders desistiu.
Bem-sucedido é vc, né, incel sustentado pela mãe, pobre de direita!
Infelizmente tenho observado um relaxamento das pessoas aqui em minha cidade. Pode ser pelo fato de início de mês e contas a pagar em lotéricas e bancos, mas há uma pressão muito grande de empresários e comerciantes que adotaram o tom do "presidente" da República e que conta com o apoio de alguns líderes religiosos também nessa pressão. Como agora iniciaram os testes na população, teremos um grande salto nos números e, talvez assim, as pessoas finalmente desenvolvam a conscientização.
Avião da FAB flagrado com 39 kg de cloroquina.
Bolsonaro comprou 1000 L de hidroxi no Posto Ipiranga.
Mandetta minimiza pandemia e prefere chamar veterinários a médicos cubanos e brasileiros formados no exterior.
Metade dos brasileiros não respeita isolamento e põe em risco de morrer também a outra metade.
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