sexta-feira, 6 de maio de 2016

COM NOVO GOVERNO, BOLSA FAMÍLIA PODE DEIXAR DE CONTEMPLAR 36 MILHÕES DE PESSOAS

A ministra Tereza Campello deu entrevista a blogueirxs na quarta

Quarta estive em Brasília para uma entrevista de blogueirxs com Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 
Ministra (ao centro) com blogueirxs e
parte de sua equipe
(clique para ampliar)
E foi ótimo. Melancólico, mas ótimo. Acho que tirando o Congresso golpista, Brasília mais parece um velório. Todo mundo cabisbaixo e temeroso pelo futuro. E com razão: estamos diante de um gigantesco retrocesso, que pode jogar no lixo qualquer conquista social que o Brasil conseguiu na última década (em 2014, por exemplo, o país deixou pela primeira vez o Mapa Mundial da Fome, da ONU).
O governo Temer já anunciou que vai focar os programas sociais em apenas 5% da população mais pobre. O documento "A Travessia Social", que, segundo Campello, leva o mesmo nome do programa de Aécio, "um projeto derrotado nas urnas", propõe reduzir os beneficiários do Bolsa Família, que hoje são quase 47 milhões de pessoas, para 10 milhões. Entre as pessoas que deixariam de ser atendidas, 17% estão no Nordeste. 16 milhões têm menos de 15 anos.
O Bolsa Família, que custa uma mixaria aos cofres públicos (0,5% do PIB, ou cerca de 27 bilhões de reais ao ano; o cálculo é que cada brasileiro pague 5 reais por mês para manter o programa), representa uma revolução. Cada uma das 14 milhões de famílias contempladas recebe cerca de 165 por mês, o que pra mim, de classe média, é o valor da minha conta de luz, mas que pras pessoas pobres faz toda a diferença. 
Quase metade do Bolsa Família vem pro Nordeste, e quem mora aqui pode ver como a região mudou na última década. Eu vivo aqui desde 2010. Em 1990, passei um mês fazendo pesquisa de mercado em três capitais: Natal, Fortaleza e São Luís. Como minha equipe ia na casa das pessoas, pude presenciar o que é miséria absoluta -- casebres caindo aos pedaços com ratos no meio do entulho. Nas ruas, crianças pedindo esmola em todas as esquinas. Hoje é outro cenário. Lógico que a pobreza ainda existe, mas é em outro nível, incomparavelmente menor. 
Meu medo é que a gente recue um quarto de século. 
"Podemos voltar a perder gerações", disse Campello. "Seria a volta das crianças morrendo na seca". A ministra forneceu vários dados. Por exemplo, quantas crianças pobres chegam no final do ensino fundamental na idade certa? (as que não chegam na idade "certa" tem pouquíssimas chances de fazer o ensino médio e muito menos o superior). Em 2002, só 32%. Hoje, é quase 60%. Houve um salto de permanência da criança na escola, uma queda brusca na mortalidade infantil. 
Além disso, o Bolsa Família é bom pra economia: cada real "gasto" com o Bolsa Família devolve R$ 1,70 à comunidade. Esse dinheiro é consumido no comércio local e alavanca o comércio de muitas comunidades. (Tem um dado que a ministra não citou, mas que pra mim é emblemático: nas últimas eleições, pela primeira vez na história brasileira, o número de eleitores com nível superior completo superou o número de eleitores analfabetos). 
Para Campello, que está no governo desde o início do primeiro governo Lula, e que é ministra (até a semana que vem?) de Dilma desde seu primeiro mandato, é preciso parar de ver o Bolsa Família e outros programas como assistencialismo e pensá-los como uma rede de proteção. "São visões diferentes: proteção como ajuda ou como direito do cidadão?", questionou a a ministra.
Maíra Streit e Maria Frô
A jornalista Maíra Streit, da Fórum, (além dela, estavam presentes representantes do Sul21, Maria Frô, Cafezinho, Mídia Ninja, Jornalistas Livres) fez uma das perguntas que eu tinha planejado fazer, sobre como se deu o empoderamento feminino através do Bolsa Família. A ministra respondeu algo muito interessante que eu não sabia: no começo, quando se discutia se o cartão deveria ser dado à mãe, à mulher, e não ao pai, as feministas criticaram a decisão, dizendo que iria onerar duplamente a mulher. Hoje 93% das titulares do programa são mulheres. Campello diz que o pensamento não era que os homens gastariam com cachaça, e sim que, através da mulher, o dinheiro chegaria mais rapidamente à família. E deu certo. Com esse dinheiro vem um certo poder. 
Eu fiz mais ou menos esta pergunta: "Não é possível falar que o Bolsa Família configura uma revolução feminista, como disse a antropóloga da Unicamp Walquiria Leão Rego Domingues (porque os efeitos do machismo e do patriarcado não se acabam em uma década), mas um dos efeitos colaterais do programa certamente foi o empoderamento das mulheres. Mas, numa época em que a guerra contra a ideologia de gênero se transformou numa das maiores bandeiras dos conservadores, critica-se essa mulher, como você disse, ministra. 
"Nossa elite estacionou na ideia dos anos 1960, quando a mulher brasileira tinha em média seis filhos. Hoje ela tem menos de dois. E entre os beneficiários do BF a taxa de natalidade é menor. É o contrario do que a elite pensa, que os beneficiários são preguiçosos, encostados no Estado, não querem trabalhar, e ainda por cima têm mais filhos pra receber mais dinheiro do BF. Como vencer esse preconceito da elite? Porque sabemos que partidos de direita são a favor do BF apenas em períodos eleitorais. No resto do tempo, é bolsa esmola. É importante combater esse preconceito, ou nossa elite é tao arcaica que sempre terá essa mesma posição? E essa posição pode reduzir ou eliminar o BF?"
Campello respondeu que a maior solução contra o preconceito é a informação, e é justamente a comunicação que mais pecou nos governos petistas. Logo depois, ela acrescentou que "somos incompetentes na área da comunicação. O Brasil conseguiu em dez anos reduzir a miséria para um patamar que o Banco Mundial previu para o mundo em 25 anos, mas não conseguimos comunicar isso. Nós queremos que essa redução da pobreza seja o piso ou o teto?"
Miguel do Rosário, do Cafezinho,
faz pergunta à ministra
A ministra mencionou também um programa "democrático e barato", que foi a construção de 1.2 milhão de cisternas. Para ela, quem se beneficiou mais deste programa foram as mulheres, que antes precisavam se levantar às 4 horas da manhã "para chegar antes dos bichos" aos locais insalubres onde iam pegar água. Uma mulher entrevistada lhe disse que não conhecia o gosto real do café antes de ter sua cisterna. Além de várias mulheres terem ganhado duas horas no seu dia (e duas horas a mais podem ser liberadoras), a ministra também citou o Pronatec, pois 70% das inscritas são mulheres. "Abrimos essa oportunidade, e a mulherada se agarrou a ela". 
Maria Frô (Conceição Oliveira) e eu
Mas, para Campello, tudo isso está em risco: "Sabemos o quanto ainda temos de fazer para sermos chamados de um governo progressista", disse ela. "O que conseguimos provar é que investindo tão pouco, já mudamos o país. Tem que continuar". Ela acha que Temer não cortará o Bolsa Família imediatamente, mas aos poucos. E quando a população pobre perceber, talvez seja tarde demais. 

43 comentários:

natalia disse...

Dilma está sendo injustiçada é fato. Agora, não é porque estamos perdendo o poder que devemos nos conformar em ver retroceder as conquistas sociais. Vamos continuar nos mobilizando para evitar retrocessos.

Rafael disse...

Terrorismo, governo Temer será identico ao governo Dilma.

Anônimo disse...

A política econômica fracassada desse governo prejudica tanto os mais pobres que ele mesmo anula os efeitos dos programas sociais.
Quem vc acha que vem sofrendo mais com a inflação alta? A parcela mais pobre da população, o dinheiro roubado da Petrobrás saiu do bolso da elite ou da comida dos pobres? Agora simpatizantes vem chorar o leite derramado

Unknown disse...

Vamos ver como vai ficar a situação! O que tem que haver é uma mobilização para que os programas sociais sejam mantidos, afinal, os políticos administram para o povo! E se mexerem no bolsa família, os burgueses que se beneficiam da "esmola" que os mais pobres ganham do governo e usam em seus comércios, sentirão diretamente no bolso o quanto é necessário haver investimento nos "bolsa esmola".

Se a economia já está fraca, imaginem como não ficará com o povo sem dinheiro nem para a comida?

Pessoal não pensa que pessoas alimentadas e com moradia se expõem menos à rua e às drogas, outro problema social sério!

Anônimo disse...



Vamos ver como vai ficar a situação! O que tem que haver é uma mobilização para que os programas sociais sejam mantidos, afinal, os políticos administram para o povo! E se mexerem no bolsa família, os burgueses que se beneficiam da "esmola" que os mais pobres ganham do governo e usam em seus comércios, sentirão diretamente no bolso o quanto é necessário haver investimento nos "bolsa esmola".

Se a economia já está fraca, imaginem como não ficará com o povo sem dinheiro nem para a comida?

Pessoal não pensa que pessoas alimentadas e com moradia se expõem menos à rua e às drogas, outro problema social sério!
6 de maio de 2016 17:43

É só estudar e trabalhar, faz um bem danado!

Unknown disse...

Legal que o programa expandiu tanto que riscos, com mansões luxuosas, e até pessoas do além estão entre os beneficiados do bolsa família, kkkkkk.

Quanto ao BF sofrer cortes, já acontecia no próprio governo Dilma, e que só agora resolve subir o valor num momento muito oportuno, rsrsrs. Se ocorrer cortes mesmo com Temer, será por conta da crise, infelizmente.

Anônimo disse...

(Viviane)
Pois é, anon 17h12, faltou você explicar por que esse dinheiro sai do bolso dos pobres: porque a maior parte dos impostos brasileiros incide sobre o consumo, não sobre a renda. Bem que alguns deputados tentaram mudar isso, mas adivinha quem barrou a proposta no Congresso? O PT é que não foi...

Anônimo disse...

Emocionei-me com seu texto. Uma mistura de sentimentos: revolta, alívio, raiva contra segmentos da sociedade que só querem saber de conservar os seus privilégios, coragem para continuar lutando... Às vezes, quero iludir-me e pensar que este momento é apenas um pesadelo, mas sei que não é. Então, prontos para a luta sempre.

Anônimo disse...

"era que os homens gastariam com cachaça"

e com futebol, álcool, prostitutas, etc.

Isto é, f%rrariam com a família inteira; mas o q esperar de um omen se não isso?

Renata disse...

Começou a campanha do medo? Faz-me rir. Coloca logo o comercial da comida desaparecendo da mesa dos trabalhadores.

Anônimo disse...

A verdade é q o temer, o psdb e etc. adorariam mais do q nunca extinguir o programa do bolsa família

creio q a razão principal seja pq essa é uma medida "popular" (por incrível q pareça)

O Temer e PSDB sabem q o bolsa família é um ótimo programa e vale a pena, mas a ganância pelo apoio conservador é mais forte

Anônimo disse...


Pessoal não pensa que pessoas alimentadas e com moradia se expõem menos à rua e às drogas, outro problema social sério!

Ledo engano, hj em dia os criminosos são "boys" de periferia, que nunca passaram qualquer tipo de necessidade, vc acha que assaltantes de moto própria estão passando fome?
Aquele romantismo do bandido roubando para comprar comida para a família é raro

Anônimo disse...

Lola, o fato é que a Dilma é uma das piores presidentes do mundo. Até os gringos estão falando isso. Colocar qualquer um no lugar dela significa uma melhora . Até o Tiririca faria mais

Anônimo disse...

Doi meu coração quando pessoas chamam bolsa família de "bolsa preguiça".
Sei que o Brasil não é um dos tops do mundo, mas pelo menos o pobre está podendo comer arroz e feijão (com o bolsa familia), o que antigamente não tinha, e também está tendo mais chance de estudar (pronatec, fies, prouni, cotas...).
Acho engraçado gente que vive só de noticia de facebook e afins...
Só da pobreza ter chance de estudar e comer o dia todo, sem duvidas já melhorou demais, sem contar que há outros programas, como o minha casa minha vida..
Não acho que a Dilma deveria sair, se o Temer entrar ficará uma bosta e a pobreza nunca sairá da favela =(
Por isso ,fico com Dilma e com qualquer partido de esquerda!!!

Anônimo disse...

Lola:
1- Com todo o respeito, mas a afirmação de que o Governo Temer vai reduzir os programas sociais, nesse momento, trata-se de terrorismo midiático. Qual a fonte? O Instituto As Vozes Me Falaram?

2- Como disse um comentarista acima, a destruição da economia do Governo PT (11 milhões de desempregados, Lola! Você sabe o que é desemprego?)anulou qualquer avanço promovido pelos programas sociais.

O Banco Mundial calcula que, se o Brasil crescer 2% ao ano em 2018, 19, 20 e 21, no final de 2021 teremos a mesma renda per capita de 2011! Uma década perdida!!!

3- Quem pagou a passagem aérea dos blogueiros para o encontro? O Governo? Alguma ONG? Ou o próprio bolso dos "Blogueiros progressistas"?

Odara disse...

Lola,
Fico feliz, em meio da imensa tristeza com a situação do país, que você esteja abordando esse assunto!
Aqui, no seu blog, me identifiquei como feminista e cresci muito nos últimos anos. Mas ,há uns meses, já não consigo me focar em outro assunto que não seja o desenrolar da política nacional (por isso andei sumida).
Minha preocupação é imensa! Os retrocessos estão anunciados e o que me apavora é que logo virá a perda dos direitos individuais: a repressão será o caminho para o "novo governo".
Infelizmente, um período sombrio nos aguarda :(

Lígia disse...

Eu chamaria de tática terrorista esta de espalhar sem fundamento algum que vão acabar com o Bolsa Família.

titia disse...

18:05 então você consegue se deitar e dormir debaixo da ponte e não ter seus livros e coisas da escola roubados? E seu cérebro consegue funcionar sem o combustível orgânico (A.K.A. comida) sendo que o cérebro é justamente o órgão que mais consome combustível (A.K.A COMIDA) de todo o organismo? Incrível! Você é um fenômeno biológico! Devia correr pra universidade e pedir pra que examinem você e descubram como isso é possível. Por acaso você faz fotossíntese?

Anônimo disse...

"A verdade é q o temer, o psdb e etc. adorariam mais do q nunca extinguir o programa do bolsa família"

Esse pessoal, convenientemente, esquece que o Bolsa Família começou no governo FHC: o Lula só mudou o nome dos programas sociais.

Anônimo disse...

Legal, concordo que o Bolsa familia não deve ser diminuido, mas seguinte, e o desemprego? Sou uma dos 11 milhões de pessoas desempregadas, estou procurado há meses, não só na minha area, mas em QUALQUER COISA, e simplesmente não consigo.

Como alguem pode me exigir apoiar o PT, sendo q o governo arrebentou com a economia, e o único emprego q a Dilma parece preocupada em manter é o dela mesma? Acho que Temer será ruim sim, mas nem de longe tão deplorável quanto a própria Dilma foi pra geração de empego

lola aronovich disse...

Anon das 21:15, está no texto e tem link pro Estadão, de onde confirmei a notícia que a ministra falou: o projeto "A Travessia Social" propõe centrar os programas de assistência social nos 5% mais pobres. É só fazer as contas. Isso significa continuar ajudando apenas 10.2 milhões de pessoas, ao contrário de hoje, em que quase 47 milhões recebem o benefício. Não é verdade que "a destruição da economia anulou qualquer avanço promovido pelos programas sociais". Sem dúvida a crise econômica é péssima e afeta diretamente as camadas mais pobres, mas não há comparação entre os efeitos nefastos causados pela crise e os efeitos que poderão ocorrer caso 36 milhões de pessoas que saíram da faixa da miséria fiquem desamparadas. Sobre quem pagou a passagem aérea, foi o Ministério, o governo, através do SCPD (Sistema de Concessão de Diárias e Passagens), o mesmo sistema que paga as despesas de quem viaja para bancas e palestras em universidades públicas, por exemplo. O sistema paga as passagens aéreas e deposita uma diária de R$ 389,66 na sua conta. Com esse dinheiro você deve pagar toda a viagem, exceto as passagens -- hotel, comida, táxi. É uma diária baixa, mas é o padrão. Eu só consegui não gastar "por conta" porque encontrei um hotel barato, por R$ 125 a diária. Só não sabia que era em Candangolândia, cidade-satélite do DF. E porque fui de ônibus executivo (R$ 10) do aeroporto ao evento, em vez de ir de táxi (cerca de R$ 50). Quem vai e volta no mesmo dia (vários blogueiros fizeram isso) não recebe a diária.
Qualquer pessoa convidada por algum órgão do governo executivo ou do legislativo para algum evento (falar no Senado, por exemplo, algo que fiz em novembro) recebe a mesma coisa. Depois a pessoa ou o evento tem que prestar contas, ou seja, mandar o canhoto das passagens aéreas. Se não prestar contas ou se as contas não forem aprovadas, a pessoa não pode mais ser convidada no ano. Isso aconteceu comigo em 2013, eu acho. Não por minha culpa, mas porque a coordenação da universidade que me convidou para um evento não prestou as contas direito. Aí no convite seguinte fiquei sabendo que o evento não teria verba pra arcar com as minhas despesas.

Anônimo disse...

O BF é a cara do PT, vejamos o porquê:

http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-11-18/ha-muita-fraude-no-bolsa-familia-afirma-relator-geral-do-orcamento.html

http://g1.globo.com/bahia/noticia/2015/10/fraudes-no-bolsa-familia-cancelam-mais-de-7-mil-beneficios-em-ilheus.html

E sobre o Minha Casa Minha Vida:

http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,minha-casa-minha-vida-sofre-com-fraude-em-cadastros,1120428

http://oglobo.globo.com/brasil/minha-casa-minha-vida-alvo-de-mais-de-300-inqueritos-18172897

NATTRAMN AVE DOS SUICIDAS disse...

a elite manipuladora e seus pupilos, é isso que vejo, como espectador de fora do jogo, como eremita urbano. vejo a completa ignorancia que é o povo desse país, que caíram no papo do bolsa familia, se reproduzindo em milhões, se conformando com migalhas, com mediocrildade, pra agora serem massacrados. o escravo ja nasceu em direção ao abate. com certeza vai ser o caos de uns anos pra frente, e eu que nada tenho a ver com o povo desse país, vou me esconder de todos os problemas, como eremita urbano sou die hard.

Anônimo disse...

Mas a eficacia de um projeto social não e que com o passar do tempo menos pessoas passem a precisar dele?

Anônimo disse...

A conta de luz aqui em casa é R$600 e eu também sou classe média. Putz.

Anônimo disse...

O próprio PT vem cortando o benefício de muitss famílias, só está fazendo aos poucos para não chamar atenção, e como falaram aí encima: o BF é só o nome da união de vários programas que o FHC criou:
http://pensabrasil.com/800-mil-familias-ja-perderam-o-beneficio-bolsa-familia-e-governo-anuncia-mais-cortes/

Graciema disse...

Eu acho triste a logica binaria, em qualquer um dos lados. O Bolsa Família é um avanço inegável para qualquer um que saia da caixinha do ódio ao PT, por um segundo, ou da lógica classe media sofre. A alta do desemprego também é uma tragédia social inegável, que afeta principalmente os mais pobres. Não são mutuamente excludentes, e não se anulam. Os méritos de um não tornam inverdade a tragédia do outro. A meu ver, apenas tornam o bolsa família mais, e não menos necessário.

Em relação aos cortes do Programa do Temer, não é informação falsa, é informação primaria. É terrorismo falar a verdade agora? Já se deu ao trabalho de ler o documento?

Sobre não haver diferenças do Bolsa Família com os programas de FHC, ou é falta de informação ou má fé. Primeiro, pela amplitude. O Bolsa Escola, do FHC em nível federal era piloto, contemplando 4500 famílias. Depois pela busca ativa, de cadastro de gente muitas vezes esquecida, que sequer tinha acesso a documentos básicos, como Certidão de Nascimento, ou seja, inexistente perante o estado. As caravanas da cidadania foram cruciais para isso. Depois porque foi articulado com uma serie de outros ações - o Bolsa Família foi um dos instrumentos do Fome Zero, que abrangeu ampliação do PRONAF, Programa de Aquisição de Alimentos, priorização de alimentos da Agricultura Familiar na merenda escolar, criação do Cadastro Único - que vinculou esses benefícios ao governo federal (o que se presta a chantagem eleitoral, mas diminui, e muito, o coronelismo dentro das prefeituras, infelizmente ainda muito forte), chamadas publicas de assistência técnica em locais onde isso nunca havia acontecido antes, dentre outras.

E esses foram avanços dos governos do PT sim. A redução da inflação para níveis decentes no governo FHC e Itamar teve um papel crucial na possibilidade da realização dessas politicas. Não é necessário negar nenhuma dessas realizações. E tão pouco usa-las para desculpar os erros e crimes praticados.

Sobre cortarem beneficio, decidam gente. Ou ele é inchado demais e atende gente que não deveria atender (conhecendo o jeitinho brasileiro, tenho certeza de que acontece), ou a fiscalização está funcionando e pessoas que saíram do limite de renda máxima para ser atendido no programa estão sendo excluídas, como deveriam ser. E sobre saída voluntária do programa, 4 milhões de beneficiários já pediram o desligamento, porque saíram do patamar de miséria.

Apesar da crise politica, social e institucional que vivemos, tenho mais medo da redução do pensamento, da necessidade de transformar o outro - seja petralha seja golpista - termos cuja difusão por si só é lamentável, em monstro, não lhe concedendo nenhum tipo de realização, ou dizendo que os erros alheios justificam os próprios. Ainda somos todos brasileiros, e apesar das profundas diferenças de classe, região, raça, ideologia, religião e outras, temos nosso futuro num cenário comum.

Anônimo disse...

Colocações oportunas que retratam bem os vieses que esse texto pode ter. Parabéns.

Bruxinha disse...

Graciema, aplausos!

donadio disse...

"1- Com todo o respeito, mas a afirmação de que o Governo Temer vai reduzir os programas sociais, nesse momento, trata-se de terrorismo midiático. Qual a fonte? O Instituto As Vozes Me Falaram?"

Ou, mais provavelmente, os programas do PSDB e do DEM, assim como as declarações públicas dos líderes desses partidos e do PMDB. Todo mundo que não é analfabeto político sabe o que significa "austeridade", "dever de casa", "reformas", "reformas estruturais", etc, etc, etc. São codinomes para "ofensiva econômica brutal contra os salários e os direitos da população mais pobre".

"2- Como disse um comentarista acima, a destruição da economia do Governo PT (11 milhões de desempregados, Lola! Você sabe o que é desemprego?)anulou qualquer avanço promovido pelos programas sociais."

Destruição essa que será aprofundada num eventual governo Temer. Com a agravante de que o que resulta de erro e incompetência no atual governo, passará a ser o objetivo em si mesmo.

Anônimo disse...

Eu não entendo como esse pessoal da esquerda, a sua maioria sem formação na área Econômica como a blogueira, tem a pretensão de entender mais de Economia que Economistas, Banqueiros, Empresários e outros especialistas da área. São esses especialistas que afirmam que essas medidas austeras são necessárias para recuperar o crescimento.

Se tiver a cabeça aberta, vou deixar alguns links de comentaristas sérios sobre o assunto:

http://www.empreendedoresweb.com.br/mudancas-na-economia-apos-a-saida-da-dilma/

http://www.parana-online.com.br/editoria/politica/news/948158/?noticia=ECONOMIA+TENDE+A+MELHORAR+SE+DILMA+SAIR+DIZEM+ESPECIALISTAS

Anônimo disse...

As fontes estão públicas, gente, algumas desde novembro de 2015, data onde começou efetivamente a articulação para golpe. Leiam, gente, leiam! informação faz toda diferença.
Ponte para o futuro 1: http://pmdb.org.br/wp-content/uploads/2015/10/RELEASE-TEMER_A4-28.10.15-Online.pdf
Ponte para o futuro 2 (Travessia Social): http://veja.abril.com.br/complemento/pdf/TRAVESSIA%20SOCIAL%20-%20PMDB_LIVRETO_PNTE_PARA_O_FUTURO.pdf

Anônimo disse...

Ou, mais provavelmente, os programas do PSDB e do DEM, assim como as declarações públicas dos líderes desses partidos e do PMDB. Todo mundo que não é analfabeto político sabe o que significa "austeridade", "dever de casa", "reformas", "reformas estruturais", etc, etc, etc. São codinomes para: ofensiva econômica brutal contra os salários e os direitos da população mais pobre".


Corroboro

Anônimo disse...

A ideia fo BF foi de uma mulher?

Anônimo disse...

Governo Temer será 1000x melhor que o governo Dilma.
Só não gosta de admitir isso quem não gosta de trabalhar, como vagabundos do MST, MTST, índios, imprensa esquerdista financiada, povo que passa o mês com bolsas de tudo o que é tipo, vale gás e etc...
Se acabasse seria ótimo. Já iria tarde um programa imbecil que eu chamo de fábrica de vagabundos(as). Mas o próprio Temer disse que vai continuar. Que pena.
Se vc ganha alguma coisa de graça (leia-se: bolsas), alguém está pagando mais caro por isso. E isso é injusto. Vai trabalhar, vagabundo(a)!

Anônimo disse...

A tua super fonte de especialistas é o paranaonline.com.br? Tá de sacanagem.

Anônimo disse...

Eu não sou contra bolsa-nada mas acho que passou da hora de falarmos da situação do Piauí p.ex.

O sistema de repasses do governo federal é todo errado. Cada estado tinha que ficar com a riqueza que gera e pronto. Lugar pobre é bom pra político, é fábrica de voto e de mão-de-obra barata. Se você só pudesse contar com o que gera no próprio estado, cada unidade da federação nossa seria uma Coreia do Sul. Então nesse sentido, os bolsa-tudo como solução pra pobreza quando deveria ser NO MÁXIMO uma coisa emergencial, como é em muitos países, não só não ajuda como atrapalha porque não estamos falando de uma renda verdadeira. Tornar a economia local refém de uma renda que a rigor não existe tem consequências e já estamos vendo essas consequências, com a crise.

Então a Dona Maria vai na vendinha do Seu Zé comprar feijão com o dinheiro do bolsa. Só que o Seu Zé paga uma cacetada de imposto e está comprando a mercadoria mais cara, não vai poder absorver esse custo e repassa pro consumidor. Então aquele kg de feijão que a Dona Maria comprava não dá mais, agora é só meio. Pro Seu Zé não tem subsídio do governo. E a Dona Maria come menos, o Seu Zé vende menos, quebra o negócio é a culpa é de quem?

Do Seu Zé, claro, onde já se viu esse capitalista ganancioso que não vende feijão barato.

Tudo errado mas o nome disso é: Brasil

Marcia disse...

Anônimo das 19:38, e a sua solução é cortar a renda da dona Maria? Como é que o problema dos impostos (e não se iludam, pois já há anúncio do aumento deles para 'fechar as contas do governo) pode levar a diminuir o bolsa família?

Qual setor econômico seria movido com pessoas que recebem o bolsa família, que na sua maioria não tem o ensino fundamental completo? Sugestões?

Ano passado o congresso aprovou uma emenda constitucional (não precisa de sanção da presidenta) desvinculando o gasto em educação. Sabe o que isso significa? Que nenhum executivo precisará mais gastar um valor fixo com investimentos em educação. É a primeira grande reforma do 'corte' de gastos públicos que o novo governo considera legítimo.

Nessa esteira é, realmente, uma questão de tempo até programas sociais importantíssimos como bolsa família serem drasticamente reduzidos.

Duas informações importantes sobre o bolsa família: as fraudes são detectadas pelo próprio programa central com o cruzamento do cadastro único com informações do imposto de renda. Cada prefeitura no Brasil é responsável por cadastrar as pessoas, mas a escolha é feita automaticamente pelo software que gerencia o programa. Sim, muitas prefeituras burlam os cadastros na cara dura, mas com informações cruzadas da receita federal é o próprio programa bolsa família que detecta os casos de corrupção, algo extremamente necessário, infelizmente, para uma sociedade como a nossa.

Como isso justificaria não haver mais programa é algo que só a maldade extrema pode justificar...

Anônimo disse...

A reportagem cita os nomes e a formação dos especialistas. Qual é a formação da blogueira e das pessoas que comentam aqui em Economia? Vejo um bando de paliteiros desmentindo doutores.

Anônimo disse...

Quem diz que o desemprego tem aumentado, tem razão, aumentou em relação aos últimos 6 anos (https://en.m.wikipedia.org/wiki/Unemployment_in_Brazil). Desde 2002 o ano de 2014 teve a menor taxa de desemprego anual no Brasil. Eu me formei em 1995 e não havia emprego, só havia a possibilidade de vagas para trainees e na seleção já pediam estudantes fluentes em inglês e em mais uma segunda língua, de preferência que já tívessem morado no exterior. Por isto muitos alunos partiram para a pós graduação (aí haveria a chance de nos tornarmos professores universitários). Depois do doutorado os concursos para professores eram escassos e muitos partiram para o pós doutorado. Os concursos só voltaram a aparecer depois de 2002, principalmente com a abertura de novas universidades, e já havia até algumas empresas contratando doutores, o que era raro antes de 2003.

donadio disse...

"Eu não entendo como esse pessoal da esquerda, a sua maioria sem formação na área Econômica como a blogueira, tem a pretensão de entender mais de Economia que Economistas, Banqueiros, Empresários e outros especialistas da área. São esses especialistas que afirmam que essas medidas austeras são necessárias para recuperar o crescimento."

Ou seja, é preciso reduzir o crescimento para poder recuperar o crescimento.

Durante o período das "medidas austeras", transfere-se renda da base da sociedade para o topo. Na opinião dos seus "especialistas", isso recompõe a capacidade de investimento das empresas, reduz os custos com mão-de-obra (leia: os custos com você, sua família, seus vizinhos, seus colegas, seus amigos) e permite "recuperar o crescimento". O sacrifício é garantido, a benesse futura nem tanto.

Naturalmente não existe "crescimento" da produção sem crescimento do consumo. Alguém tem de comprar os produtos das empresas, senão por que é que elas iriam produzir?

O que os "especialistas" propõem, então, é a recomposição do consumo pela sua concentração. Em vez de produzir carros populares pra todo mundo, vamos produzir carros de luxo para uma minoria. Na opinião deles, isso resultará em crescimento, por que 1.000 carros de luxo num valor de R$ 300.000 cada é mais produção do que 10.000 carros populares no valor de R$ 20.000 cada um.

O pior de tudo, naturalmente, é que eles estão certos. Você, eu, todos nós assalariados, teremos de pagar a conta, com o sacrifício do nosso padrão de vida, para que o capital volte a se interessar por produzir. O capital é um deus cruel, como os deuses astecas, e precisa de sacrifícios humanos.

O que só nos deixa duas alternativas: mentir para nós mesmos, fingindo que não estamos entendendo o que as "medidas austeras" significam quando traduzidas para a prática cotidiana, ou entender que o "crescimento" é parte do problema, não parte da solução.

Anônimo disse...

Meu medo é que a gente recue um quarto de século.
"Podemos voltar a perder gerações", disse Campello. "Seria a volta das crianças morrendo na seca".//


Que tal crianças não nascendo pra morrer na seca, hein, dona?

Não é ciência astronômica que o bolsa família também tem efeitos adversos como desencorajar a qualificação para o trabalho e inserção no mercado de trabalho (ocasiona a perda do BF) e a paternidade irresponsável (pôr filho no mundo para ganhar mais BF). Esses dois efeitos não são trabalhados, exatamente porque carecemos da bendita descriminalização do aborto.

O BF não cai do céu, quer dizer, todos estamos pagando por ele, e vamos ser honestos: 46 milhões de 'contemplados' é quase 1/4 da população total do país. Um quarto da população que não procura o que fazer, vai à escola pra cumprir exigência do BF e não para aprender e se qualificar. Mães solteiras pondo filho no mundo sem condições mínimas (BF NÃO É A MESMA COISA QUE SANEAMENTO BÁSICO, MORADIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE, bem entendido). Tudo na mesma, apenas um pouco de comida de péssima qualidade na mesa para gerar mais pobres.

Anônimo disse...

Muito do que se fala do BF é fruto de preconceito e ignorância. Boa parte dos privilegiados que conseguem boquinha nas empresas e no governo graças ao QI e reclamam que "tem que ensinar a pescar"
75,4% dos beneficiários já trabalham;
Dos 5 milhões de microempreendedores individuais, 350 mil são oriundos do BF;
Quase 2 milhões de pessoas se desligaram voluntariamente;
Ah, e o número de filhos entre as beneficiárias caiu, especialmente entre os 20% mais pobres do Nordeste (redução de 26%). Às mulheres que recebem BF é exigido frequência nas unidades de saúde, onde elas têm acesso a informação e métodos contraceptivos.

Ou seja, na cabeça da classe média, especialmente a paulistana que "sustenta o país" (E olhe só que o estado de SP é um dos maiores beneficiários do BF), o BF estimula preguiça e o povo a fazer filho. Os indicadores mostram que isso não é verdade. Quanto a paternidade irresponsável, falando de PAI que abandona menino no mundo, isso é coisa vindo antes do BF existir.
Além disso, o valor do BF não compensa a exclusão do mercado de trabalho ou que as pessoas abram fábricas de ter meninos, como é comum acreditar. O valor máximo é de 77 reais por família. Gestantes, nutrizes e crianças até 15 anos, 35 reais por pessoa (máximo de 5 por família). Adolescentes de 16 e 17 anos, 42 reais (máximo de 2). Ou seja, valores que muitos de nós gastamos num dia, comendo um BigMac ou pagando a entrada da balada. Ninguém minimamente humano vai colocar um filho no mundo com a função essencial de receber 35 reais do governo.

É um programa reconhecido internacionalmente, mas claro que tem suas falhas. Gente da classe média que recebe dinheiro fraudando o programa tem aos montes. A meu ver, ele também deveria ter um vínculo com qualificação e ter um tempo limitado. Também é preocupante que muitos municípios tenham desenvolvido uma dependência econômica com o dinheiro gerado pelo BF. Significa que a redução desses benefícios acarretaria numa alteração econômica drástica nesses locais.

Anna