quinta-feira, 27 de outubro de 2011

GUEST POST: O PARTO QUE NÃO PERTENCE À MULHER

Em qual parto a mãe mantém contato com o próprio corpo?

No dia da criança, estive em SP para um evento organizado pelo Instituto Alana sobre Criança e Consumo, onde não só pude aprender muito, como também tive o privilégio de conhecer várias mães blogueiras. Entre elas estavam Kalu e Renata, que são algumas das vozes por trás do incrível Mamíferas. Como o excelente nome do blog já indica, elas são árduas defensoras do parto natural, da amamentação prolongada, da maternidade por apego, e de tudo que, num mundo utilitarista e apressado como o nosso, é visto como radical. Pois é, vivemos num país em que dizer que o parto natural é melhor para a mãe e o bebê é visto como radical. Em que o senso comum insiste que o único parto possível é a cesárea. Isso, além de absurdo, vai contra o que recomenda a Organização Mundial de Saúde, que só considera cesárea aceitável em 15% dos casos, e não em 85%, como ocorre no Brasil.
Em agosto eu, q
ue optei por não ser mãe, virei titia pela primeira vez. Meu irmão e minha cunhada insistiram que queriam um parto natural, humanizado. Foi dificílimo -- não pelo parto em si (feito na água), mas pelo desafio em encontrar um médico que tivesse essa mentalidade. Eles passaram por oito médicos e tiveram de peitar o plano de saúde, que não queria pagar o parto natural. Um desses médicos disse a minha cunhada: "Você só precisa se preocupar com o enxoval; o resto, deixa comigo". Tem jeito maior de excluir uma mulher do seu próprio corpo?
É disso que Nanda, qu
e atualmente vive em Maceió e tem seu próprio blog, mas é parte atuante do Mamíferas, fala neste guest post, que publico com grande orgulho. Discutir gravidez e parto e tantas outras coisas mamíferas são definitivamente assuntos feministas, que só não têm mais espaço por aqui porque me falta a experiência. Mas, pessoalmente, apoio todas as causas dessas mães tão "radicais". Aprenda com o post da Nanda (eu aprendi muitão).

Embora não haja consenso na comunidade científica, há fortes evidências de que as sociedades primitivas eram matriarcais. Isso me parece bem óbvio, afinal, as mulheres sempre foram as geradoras de nova vida, e não pareceria tão óbvio o papel dos homens-neandertais nessa reprodução vital. A mentalidade matriarcal sobreviveu muito bem enquanto a raça humana permaneceu nômade, mas foi só ancorar-se em um lugar para que tudo mudasse.

O surgimento da propriedade privada foi uma dessas mudanças, que veio lado-a-lado com o patriarcado. Isso transferiu o papel da mulher -- de líder -- a uma simples perpetuadora dos genes masculinos, para que a propriedade adquirida com tanto esforço não se perdesse nas gerações futuras.

Mas veio uma era, e foi-se uma era, e o homem ainda não controlava a vagina. Ele poderia tomar a mulher para si, enxertá-la de sementes, mas quem gerava e paria continuava sendo a mulher. E o parto continuou cercado da aura feminina: as parteiras eram sempre mulheres (e esse comportamento repete-se nas sociedades tribais não inseridas na cultura majoritária), e homens eram proibidos no momento do parto até muito recentemente.

Até que veio a rainha Vitória da Inglaterra. Provavelmente não a primeira mulher, mas o primeiro registro de um parto em posição de litotomia -- deitada, com as pernas abertas para o médico e o rei serem testemunhas daquilo que os homens por muito tempo foram proibidos de presenciar. Não é preciso ser médico ou blogueira de maternidade para entender que dar à luz deitada dói muito mais, basta um conhecimento prévio sobre como a gravidade funciona. Não à toa, a rainha Vitória também nobilizou o parto com anestesia.

Antes da anestesia, já existia a cesárea. Abrir uma mulher ao meio quando na verdade ela já estava aberta, só que em outro lugar, era visto como medida de última instância -- só praticado em parturientes já mortas, ou prestes a morrer -- já que a cesárea as mataria de qualquer forma. Existe uma história sobre o nascimento de Júlio César ter sido pela via bárbara cirúrgica, e presume-se ser daí a origem do termo cesariana, mas o termo caedare -- cortar -- parece ser uma justificativa mais plausível.

Junta-se seis à meia dúzia: a medicalização do parto e os avanços da ciência, e tem-se uma sociedade cesarista. O homem finalmente conquistara aquele quinhão reservado à fêmea e agora podia ele mesmo tomar conta do serviço. Bastava, para isso, que a mulher se deitasse, se anestesiasse, e se deixasse cortar.

Existe uma falsa ilusão de que a cesariana é uma libertação da mulher das obrigatórias dores do parto. Dores essas, reza a lenda, que Deus presenteou Eva após o Pecado Original: "Multiplicarei as dores de tua gravidez, será na dor que vais parir os teus filhos", disse o bom velhinho. Que o parto é a dor mais excruciante que uma mulher jamais sentirá na vida, é consenso universal. Os filmes mostram, as novelas mostram, sua avó falou e você leu a respeito. Não parecem haver dúvidas de que parir é ajoelhar no milho, e a cesariana são joelheiras.

Isso se reflete na escolha de grande parte das mulheres pela via cirúrgica, já no início de sua primeira gravidez. Como poderia uma mulher que nunca sentiu sequer as dores do trabalho de parto saber que não aguentaria as dores do próprio? Senso-comum. Louvemos a cesária, e não só aqui no Brasil, mas como um fenômeno mundial que cresce a olhos vistos e torna-se um problema de saúde pública.

Mas vamos elucidar um pouco essa cirurgia tão banalizada. WikiPédia diz: “São sucessivamente abertos o tecido subcutâneo e a aponeurose dos músculos reto abdominais, separados os músculos na linha média e abertos o peritônio parietal, o peritônio visceral e a parede uterina. O próximo tempo é a extração do feto, seguida da retirada da placenta e revisão da cavidade uterina. São então suturados os planos anteriormente incisados.” Contando: seis camadas. E esqueceram de mencionar o tecido cutâneo, a própria pele. Ainda soa agradável, se levarmos em consideração que a mulher estará anestesiada do pescoço para baixo.

Tendo em mente que a cesárea é uma cirurgia de grande porte, percebemos que ela não é a solução para a tão temida dor, mas sim um adiamento da mesma. Gostaria muito de ser apresentada a uma mulher que conseguiu passar pelo pós-operatório de uma cesariana sem doses cavalares de analgésico: eu apertaria sua mão com uma chave-inglesa para verificar o funcionamento de seu sistema nervoso.

Eu não sou contra a cesárea, não sou mesmo. Acho um procedimento médico muito importante -- quando necessário. E ele dificilmente é necessário. Mas ele agrada o sistema ao serializar os nascimentos, agrada aos homens, que participam mais do que a mulher em uma cesárea, e agrada à algumas mulheres, que podem procriar sem sentir dor.

E é esse último ponto que incomoda mais: a cesárea como uma opção de via de nascimento, e não como um procedimento médico de emergência. Estamos em um blog feminista, e se eu estou escrevendo aqui, é porque obviamente defendo o direito da mulher ao próprio corpo. Defendo isso com unhas e dentes, tanto que defendo o aborto.

Enxergo como uma questão bem simples: se não quer parir, aborte. E quando eu falo parir, veja bem, eu estou falando do parto normal, vaginal, natural, o nome que você quiser dar (apesar de serem todos diferentes entre si). Quem pare é a mulher, e quem faz a cirurgia, ou a cesariana, é o médico. Parir, como uma questão linguística e sociocultural, é retomar algo que nos foi roubado pelo homem, ao avançarmos tanto em conquista pela emancipação.

Voltando à questão, existem vários motivos pelos quais uma mulher engravida: acidente, desejo e futilidade sendo um resumo básico da questão. Se foi por acidente, apesar de ser proibido por lei e um enorme tabu, o aborto ainda é uma opção -- arriscada, por não ser legalizada -- mas repetida à exaustão. Não abortou? Então deal with it: tem um bebê crescendo dentro de você e agora é ele quem escolhe a hora em que vai sair.

Se você optou por compartilhar seu corpo com o de outro ser -- e vejam bem: eu começo a falar sobre o direito desse outro ser a partir do momento em que ele passou a ser uma escolha da mulher que o carrega -- você não tem o direito de escolher a hora em que ele vai nascer. Existe uma série de fatores biológicos que determinam isso, que convergem para o trabalho de parto e o parto em si.

Considero uma cesariana eletiva mais criminosa do que um aborto -- até porque nem vejo o aborto como crime. E a cesariana eletiva me intriga de sobremaneira: se você não arrancou esse feto quando ele ainda não estava pronto, por que é que o arrancaria antes do tempo anyway, só porque ele teoricamente já estaria apto a sobreviver?

Além de uma série de outras maneiras de aliviar as dores do parto, existe a anestesia, que evoluiu bastante desde o clorofórmio da Rainha Vitória. Claro que a anestesia traz consigo alguns percalços -- como a obrigatória posição de litotomia e consequente episiotomia (corte no períneo), mas dói menos. Se é a busca pelo direito de não sentir dor, a solução é a anestesia, não a cesariana.

E podemos entrar no mérito das histórias escabrosas que foram ouvidas da vizinha da tia-avó, sobre os absurdos oriundos de um parto normal mal-conduzido e/ou na saúde pública. Mas podemos também lembrar que a cesariana seriada é um fenômeno novo na medicina, e não parecem existir muitas pessoas dispostas a estudar os efeitos dela na população (talvez porque quem estude essas coisas sejam médicos, e a maioria dos médicos se beneficia da cultura cesarista).

Se lutamos por direitos da mulher, lutamos também pelo direito de parir. De parir, como um ato de protagonismo da mulher, de recuperação de seu matriarcado e de sua vagina. E essa é uma luta feminista também.

322 comentários:

1 – 200 de 322   Recentes›   Mais recentes»
Nina disse...

Muito bom! Aprendi muito também. Parabéns Nanda e Lola!

Vou compartilhar o texto para que outras pessoas possam aprender também!

=)

Adriana Riess Karnal disse...

Lola,
belo post. Sou super fã de parto humanizado. Minha irmã trabalha com isso, vou fazer propaganda aqui porque vale a pena. Quem sabe das vantagens desse tipo de parto não consegue enxergar uma cesária na frente.
http://www.luzmaterna.net/

Aline Corso disse...

excelente post!!!

sempre quis e consegui ter um parto normal! mas infelizmente somos ETs se optamos por isso.

a única coisa que não gosto é parto em casa, não acho seguro, nada me convence do contrário.

precisamos orientar as novas mães sobre os benefícios do parto normal. ele é tão natural quanto amamentar!

Unknown disse...

Ola,
Posso dizer que meu primeiro filho nasceu de uma cesaria, por falta de maturidade, medo do momento do parto, em que minha médica não estaria no momento certo.Gravidez acidental, em que nunca faria aborto, pois abri as pernas sabendo dos risco, se não utilizasse meio contraceptivo. Corri o risco e assumi o que houve, mas esta não é a questão.
Por falta de maturidade e por médicos que se preocupam com seus horarios marquei a cesaria antes que a médica saisse de férias. Foi a pior experiencia da minha vida, sózinha numa sala cirurgica, pois meu marido não tinha estomago para acompanhar, passei pelo processo e quando a cesaria acabou, as dores começaram, foi desesperador.
Eis que fiquei gravida depois, coloquei em minha cabeça, é parto normal, mudei de médica, e ela vem com a informação que não poderia passar por um parto normal, pois corria o risco de abrir a 1ª cirurgia, então teria que passar pelo processo novamente, fiquei os 8 meses apavorada com o que iria aconteçer depois, um filho recem nascido e um filho com 2 anos e eu com a dor mais terrivel do mundo. Quis esperar até a ultima data, mas a médica não quis correr o risco de eu entrar em trabalho de parto, antecipando a cirurgia. A cesaria foi maravilhosa, não senti dor depois, mas em compenssação meu filho estava imaturo, ficou na UTI entubado com hipertensão pulmonar, tive que ficar indo ao hospital todos os dias, tirar leite para não secar e sem poder amamentar meu filho, digo Graças a Deus ele ficou 7 dias internado e logo pude voltar com ele para a casa.
Hoje experiente, recomendo o parto normal, onde diz tudo, NORMAL, e o que é normal 99% de certeza que nada de grave ocorrera.
A unica coisa que vejo saindo da barriga é naquele filme nojento do Aliem em que ele mesmo rasga a barriga de seu hospedeiro.

Andrea Gasques

Starsmore disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rita Gomes. disse...

Sempre ouvi falar que eram os medicos que obrigavam as mulheres a terem cesarea, pq era mais rapido e lucrativo e dava lucro...
mas eu por exemplo que tenho uma familia gigantesca de mulheres sei que na verdade sao as mulheres que quere a cesarea, que insistem... por um motivo muito simples, que é o medo da dor. minha mae, minhas tias, minhas primas e colegas que tiveram um primeiro parto normal optaram pela cesaria no segundo ou terceiro. quase todas as maes que tiveram parto natural falam sobre ele como um trauma, quase todas que tiveram cesaria falam que foi tranquila a recuperacao. logico que o cultural tem influencia nisso, ja qe no exterior todas tem parto nornal e nem por isso sao traumatizadas... (mas estranhamente elas nao amamentam, que tem uma influencia muito maoir na saude do bebe)
obvio que o parto natural tem muitos beneficios, mas se as ccas fossem ficar sequeladas por nasscer de cesarea estamos fodidos aqui no brasil né nao?
eu nao tenho filhos, mas quase desmaei qd fui tirar um ciso e se pudesse o teria feito com anestesia geral, choro qd vou tomar vacina e de fato tenho baixa resistencia pra dor entao se nao fosse pela abencoada anestesia epidural eu provavelmente nao teria parto normal, com base nos relatos de praticamente todas as pessoas que o tiveram..

sou a favor do aborto, mas falar que fazer cesariana eletiva é pior que matar o feto aí já é demais!!!

nao acho radical parto natural ou em casa, acho lindo e admiravel, mas vamos combinar que exige coragem...

ps: minhas primas que tiveram bebe normal dizem que uma das piores partes foi a cicatrizacao dos pontos, já que muito raramente um bebe sai sem um rasgo na regiao da vagina... minha mae disse que ficou 3 semanas sem conseguir sentar ou ir ao banheiro direito. :(

mas muito gente tem sorte/ preparacao e tem partos normais maravilhosos com recuperacao otima... nenhum é igual entao nao da pra generalizar...

Anônimo disse...

"As preocupações se devem ao fato de que a cesariana é uma cirurgia de grande porte, cujos riscos não devem ser ignorados. Para a mãe, eles incluem a ocorrência de aderências, infecções, hematomas, hérnias, lesões na bexiga ou outros órgãos, hemorragias, acidentes anestésicos e tromboembolismo. Para o bebê incluem cortes acidentais, desconforto respiratório, maior necessidade de UTI neonatal e mais dificuldades posteriores na amamentação."
fonte http://pt.wikipedia.org/wiki/Cesariana

Starsmore disse...

Uau "...se você não arrancou esse feto...", parece que abortar é tipo cortar a unha.

Anônimo disse...

Eita ingratidão essa com o "patriarcado"!!!

A ciência está ai, evoluída para que vc's suas ingratas, tenham um parto sem risco de morrer e ainda vem com esse papo de que o "homem malvado" quer nos dominar.

É muita histeria, que lucro é esse? Cesária é cara, o SUS tem gastos astronomicos, se estão falando de plano de saúde é muito hipocrisia falar em "lucro" já que vc como cliente consentiu em pagar né?

Que dizer então que o marido, namorado, enfim não pode ver mais seu filho nascer, pq ele tá se metendo num assunto que não é dele.

Que coisa mais insensivel! O parto é um momento especial para muitos homens tb, eles podem não sofrerem tudo que a mulher passa, mas com certeza eles vivem uma grande expectativa.

É muita falta de bom senso recorgitada nesse blog.

bike / Oliveira / Dig Din

salve guerreiros! a real está com vc's

Mayara Arend disse...

Oi Lola!

Acho super importante essa discussão. Mas acho que mais feminista do que ter parto normal e amamentar é poder escolher. É não se sentir culpada por escolher outra forma, é não se martirizar escolhendo algo que os outros dizem correto. Eu morreria de medo de dar a luz em casa, na água, sei lá. Não gosto de cesárea, mas a ideia de dar a luz em casa, como muitas pregam como perfeito é assustadora. Além disso, penso que nào conseguiria amamentar. Nem por 1 mês. Perder minha vida, perder meu tempo, perder meu emprego, por amamentar, para mim nào seri auma opção. Sobrevivi muito bem sendo alimentada com leite de vaca, assim como muitos na minha família, então não acho que seja o fim do mundo. Mas tenho certeza que muitas mulheres vão tentar me fazer me sentir o fim do mundo, a pior mulher na face da terra por não querer amamentar. Ou por não querer ser mãe. Aliás, já notou o quanto as mulheres que não querem ser mães são martirizadas? Como se fosse trair "o ser mulher". Acho o contrário. Ser feminista é entender que uma mulher pode ou não ser mãe. Se ela quiser.
Não se sentir forçada para nenhum dos lados.

Liana hc disse...

Rita Gomes, essa informação sobre as mulheres preferirem cesárea não é correta e o corte que acontece na vagina é muitas vezes bem superficial ou pode nem acontecer. Tem vários* estudos sobre isso.


"A maioria absoluta das mulheres (82,9%) informou que não pediu para fazer cesárea, tanto aquelas que tiveram parto vaginal (81%) como as que foram submetidas ao parto operatório (85%).

Isso sugere, em primeiro lugar, que a maioria dos partos cesáreos não foi feita "a pedido". A maioria das mulheres que sofreram cesárea não o solicitaram. Ao mesmo tempo, 19% das que tiveram parto vaginal reportaram que haviam pedido cesárea. Isso revela o poder limitado das mulheres em determinar o tipo de parto que vão fazer, seja ele vaginal ou cesárea, nas maternidades estudadas.

Das mulheres que solicitaram a cesárea, a maioria absoluta (77,8%) o fez durante o trabalho de parto e/ou parto, tendo essa proporção variado de 89% nas mulheres que tiveram parto vaginal a 65% nas que tiveram cesárea (Tabela 4). Ainda mais revelador é o fato de que, entre as mulheres que não queriam cesárea, mas que por algum motivo a solicitaram, a maioria absoluta (93,9%) o fez durante o trabalho de parto e/ou parto. Esse fato parece confirmar a opinião das entrevistadas, que enfatizam que o pedido decorre da dor do parto."

"Observamos também que, quanto maior o intervalo de tempo entre a admissão da mulher no hospital e o parto, mais freqüente a solicitação de cesárea."

"As circunstâncias que cercam a assistência no momento do pré parto/parto, incluindo a ausência de um acompanhante no momento do parto (fato que ocorreu em quase todos os casos), o tempo entre a admissão e o parto, e a experiência anterior de parto, foram fatores relacionados com o pedido de parto cesáreo. O não uso rotineiro de técnicas de alívio da dor, farmacológicas ou não, durante o pré-parto e o parto pode, de modo especial, ter também grande peso na construção do pedido da mulher por um parto cesáreo."


* http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000600006&lng=pt&nrm=iso

Aline Corso disse...

mas a questão é a conscientização, gente.

a mulher TEM que decidir o que é melhor pra ela ou melhor, o CASAL decide o que é melhor, até pq se são um casal decidiram viver juntos e tomarem decisoes juntas... o pai bm participa do parto.


só que a decisão precisa ser feita com informação e o que tá acontecendo hoje é que o parto normal sequer é uma opção apresentada, por isso precisamos mudar!

sabendo os prós e contras DE FATO, aí sim se toma a decisão, mas não é assim que acontece hoje.

Liana hc disse...

obs. Eu me referi ao corte que pode acontecer naturalmente. A episiotomia é bem mais profunda.

Giovana disse...

Essa é uma de minhas frustrações. Me preparei durante a gravidez para ter um parto natural. Mas, não deu.
Meu líquido amniótico secou, meu filho estava com circular de cordão e meu colo não dilatou nem um milímetro.

Mas não abri mão da amamentação. Contra todas as gritarias em volta, do tipo "seu leite é fraco!", amamentei meu filho até quando ele quis.

E ele era um bebezão tão forte que uma médica chegou a me fazer um discurso sobre obesidade, até que resolveu me perguntar: "Como o Caio é alimentado, mamãe?" E eu orgulhosamente respondi: "Com leite materno; nada mais."

Beijo, Lola!

André disse...

1) Me parece altamente inconsistente defender o aborto como uma escolha da mulher e criticar a cesárea por interferir na escolha do bebê.
2) Parto natural tudo bem, mas não em casa e sim numa maternidade com CTI e uma equipe de médicos e/ou médicas à disposição.
3) Não sei quais foram os motivos da Rainha para querer cesárea, mas hoje a culpa não é só nossa.

VBN disse...

Se eu for (ou fosse) ter filho (não decidi ainda), certamente faria parto humanizado se possível.

Essa história de já marcar a cesárea sem motivo algum é absurda!

Claro, quando há motivo, eu entendo. A minha avó, por exemplo, não conseguiu ter nenhum filho por parto "normal". Todos foram por cesárea (nos anos 50). Isso que ela passou 48h em trabalho de parto...

aiaiai disse...

concordo com tudo, ou quase tudo. acho q vc tá tirando o direito da mulher de escolher o parto por cesária, pq acha q assim será possível promover a ideia de que o parto vaginal é direito da mulher. hummmmm

Qd eu digo q sou contra mulher q opta por ser "dona de casa", muita gente acha q eu estou tirando o direito da mulher de optar por ser dona de casa. Daí eu falo: tudo bem ter o direito, mas tem que ver q ao optar por isso está dando todo o poder econômico ao marido e reproduzindo a dinâmica que nos fez ficar em segundo plano nessa civilização. Já fui muito criticada aqui e alhures por essa postura. Acho o fim q feministas tenham lutado tanto p nos dar direito a ter escola/profissão /independência para, agora, as mulheres voltarem para o lar e o cuidado dos filhos.

Aos poucos fui vendo q eu não precisava ser tão radical. Quer ser dona de casa, beleza, seja, mas pense nas consequência. Continuo achando que enquanto não for normal homem ser dono de casa, mulheres também não deveriam ser, mas já não as chamo de "prostitutas do lar". evolui.

Então, voltando ao parto, tenho a lhe dizer que estou pronta para te conhecer: eu fiz cesária e não tive q me entupir de analgésicos no dia seguinte. Foi por necessidade, a bolsa já tinha estourado, eu estava sem líquido e não tinha dilatação. Meu médico, que é um cara q faz parto normal sempre q a paciente quer ( o q era o meu caso), me perguntou o que eu achava e eu falei para ele que achava melhor que meu filho nascesse logo.
No dia seguinte, eu só tomei antiinflamatórios (claro que depois de uma cirurgia tem que tomar antiinflamatórios). Enquanto eu amamentava meu filho, tomava banho, comia e recebia amigos e torcia pela seleção brasileira contra a dinamarca (ganhamos!), a outra mulher q teve parto normal na mesma noite estava de cama. Ela ficou 14 horas em trabalho de parto, não tinha energia nem para comer.
Eu não senti dor nenhuma e como não sou assalariada, três dias depois já estava trabalhando (no escritório na minha casa).

Então, só queria colocar isso e fazer o adendo de que assim como muitas mulheres se sentem obrigadas ou pressionadas a fazer o parto por cesária, muitas também se sentem pressionadas a fazer o parto natural por causa de pessoas q tem esse discurso de "se não quer sentir a dor do parto, não tenha filho". Acho meio perigosa essa colocação.

A minha vizinha de parto, tadinha, poderia ter optado por uma cesária, mas ela me disse q "de jeito nenhum!". Eu fiquei quieta, né? Ela é q sabe.

Tenho uma amiga que também fez tudo para fazer um parto normal e na hora h, teve que optar por cesária. Passou meses chorando porque tinha "falhado como mãe".

É uma coisa parecida com amamentação. É super legal e importante, mas se a mulher calha de não ter leite, ter pouco, ou ter algum outro problema, ela passa a se achar uma "mãe de merda".

Vamos maneirar nas cobranças?

Eu não cobro mais das donas de casa. Aprendi muito nos últimos anos. A Lola é testemunha e agente ativa desse meu aprendizado.
Vocês, q lutam pela desmistificação do parto normal, contem comigo. Contanto q ñ acabem nessa luta "mistificando" a cesária. Beleza?

Sara disse...

Eu quis muito ter um parto normal com a minha primeira filha, e o médico que me atendeu também era desses que são contra a cesariana, vou só resumir, minha bolsa estourou as 3.00hs da manhã, minha filha nasceu as 11,20hs da noite, fiquei com contrações horrorosas, quase que esse tempo todo e não dilatava nem a pau, quando já estava a beira da morte o tal médico resolveu fazer a Cezaria, eu nem queria ver o bebe de tanto trauma, amaldiçoei tudo e todos, não queria mais nunca ter outro bebe, mas acabei ficando grávida da segunda, mas ai rapidinho fui a outro médico e marquei a Cezaria.
Sem chance nenhuma de passar por aquele pesadelo de novo.

André disse...

Liana,

Já me disseram (um médico) que a episiotomia é feita justamente porque o rompimento natural e não controlado pode ser mais grave e ter recuperação mais demorada.

Bruno S disse...

Isso me lembra uma médica que disse para minha cunhada que "parto nornal é muito romantizado". Aos 5 meses de gravidez ela teve que trocar de médico.

Acho que todo mundo aqui conhece história de mulheres que pretendiam fazer parto normal, mas foi a uma consulta e o médico percebeu que era melhor fazer a cesárea logo por motivo a, b, c ou d.

Além das razões culturais, o formato do nosso sistema de saúde incentiva a casariana.
Para começar, a relação de consumo em que um médico é escolhido e contratado para cuidar daquela gravidez e do parto. A mulher acaba aceitando o cesariana pela garantia de poder estar com o médico de sua confiança. O médico incentiva para evitar o risco de estar com outro compromisso(outra parturiente por exemplo), ou de o hospital escolhido não ter vagas no momento da internação.

A forma como é financiado também incentiva. Pelo lado do médico cada procedimento financeiramente não é muito diferente, só que a cesariana pode ser marcada e tem tempo de duração controlável.

Do lado da paciente, a ideia de que o plano cobre então não tem problema vigora. Esquecemos que essa conta vai ser dividida pela operadora do plano entre todos os seus segurados e também com os profissionais de saúde, que terão seu pagamento reduzido.

Paro por aqui, porque já escrevi muito.

Giovanni Gouveia disse...

Nosso filho quase nasceu em casa, não fosse um único motivo, não houve nenhuma dilatação.
Participamos de reuniões do Cais do Parto, com Suely Carvalho, uma guerreira que sempre esteve a serviço da (re)humanização do parto, e que seria a parteira que pegaria nosso pequeno rebento.
Depois de 16 horas de trabalho de parto e bolsa rota, e sem evolução, tivemos que optar pra ir ao hospital (viu, Aline Corso, em caso de parto domiciliar dá tempo, caso haja alguma emergência), e foi procedimento cesáreo, não eletivo, realmente preciso.
Eu fico imaginando quem diz que opta por cesárea porque "ninguém merece sentir dor". Acompanhei cada momento da gravidez e parto. Depois da cirurgia, quando foi amamentar a produção de ocitocina gerava novas contrações em Cris, as mesmas que quem quer ou não quer "sentir dor" sente em trabalho de parto, com a diferença que não se dava em um músculo intacto, e sim sobre uma ferida suturada (nas diversas camadas citadas no texto), ou seja, dor sobre dor...
A impossibilidade de poder 'lamber a cria", pegar no colo, trocar a fralda e essas "coisinhas bestas", que os bebês "exigem" das mães, também estavam completamente prejudicadas, pois a condição convalescente dificultava sobremaneira...

P.S. Esse patamar de 85% é no geral, se colocar exclusivamente na medicina privada esse percentual sobe a perto de 100%;

P.S. 2. Uma prima minha estava em Paris quando pariu, e pediu por cesariana, e foi ridicularizada: "Mme, a senhora não está no Brasil, aqui só se faz cesariana por necessidade..."

Anônimo disse...

Olha, eu acho esse papo de parto humanizado muito bonito e tals...BUT....toda vez que leio algo sobre isso vem sempre aquela soberba entrelinhas de que "se é muito mais mulher quando passa por parto normal", "que não é coisa de mulher forte negar-se a sentir dores" e todo esse blablabla. Fala-se tanto em ser dona do próprio corpo, mas algumas pessoas paracem querer impor que o parto normal "endeusa" a mulher, faz dela uma mãe de verdade, diminuindo o fato de que quem faz cesária (seja lá por qual motivo for) também é mãe forte. E mesmo que seja por medo de dor...qual o problema? Isso não faz de ngm menos mulher, só nos faz mais gente! E gente tem medo de dor.
Acho que a abordagem poderia ser um pouco diferente. Alguns argumentos simplesmente não surtem efeito.
E Concordo que toda intervenção cirurgica mais séria, como a cesária, deve sim ser bem discutida e ter-se um acordo entre o médico e a mãe. Eles são parceiros nessa poxa! Vão trazer uma vida ao mundo. Não tem essa de um ser dono do corpo alheio. Sei que os medicos brasileiros são dificilimos de convencer sobre parto normal, mas tudo numa boooooa conversa se resolve. O importante é a saude da mãe e do bebê!

Michelle Silva Toti disse...

O meu primeiro filho foi parto normal, eu quis assim desde que soube que estava grávida. Na primeira consulta meu médico disse que não fazia partos normais, só cesáreas. Pq no parto normal ele tem que ficar muitas horas por conta da paciente. Mas como eu optei por ter meu filho junto da família, ele nasceu em uma cidade pequena, então o médico ia até o hospital me examinar e voltava para o consultório. Mas minha família e até mesmo o médico que fez o parto, queriam que eu fizesse cesárea. Aliás, o médico me deu um ultimato: se não nascer até quinta (quando completava 40 semanas), na sexta vc vai fazer cesárea. Meu filhote nasceu na quarta, pq ele que decide a hora que ele vai nascer.........rs.
Agora quero ter outro filho, na primeira consulta que falei com a médica sobre isso disse que pretendo fazer parto normal com anestesia, ela já veio dizendo: - não resolve muito não, viu. Caraca, não é possivel que uma anestesia não tenha o poder de, pelo menos, diminuir as dores do parto (que são realmente muito fortes, na maioria dos casos). Minha mãe teve quatro filhos, o trabalho de parto em que ela sentiu mais dores, foi o último, ela sentiu dores por vinte minutos. Eu senti por 17h, sendo as 7h últimas muito fortes.
Mas foi incrível. Meu filho nasceu no momento em que deveria nascer. Esperei os 10cm de dilatação, a bolsa só foi rompida pelo médico depois da dilatação completa.
Mas defendo o direito das mulheres escolherem cesárea tb. Acho muito válido ter o direito de decidir baseada em informações sérias. Mas pela minha experiência, posso afirmar que os médicos de plano de saúde e particulares fazem uma pressão pela cesárea.

Giovanni Gouveia disse...

Parto é uma situação fisiológica, salvo raras situações, a grande maioria dos médicos entende o parto como patológica...

Aoi Ito disse...

"Qd eu digo q sou contra mulher q opta por ser "dona de casa", muita gente acha q eu estou tirando o direito da mulher de optar por ser dona de casa. Daí eu falo: tudo bem ter o direito, mas tem que ver q ao optar por isso está dando todo o poder econômico ao marido e reproduzindo a dinâmica que nos fez ficar em segundo plano nessa civilização."

Mas não é assim? Escolha por escolha, algumas beneficiam mais a causa das mulheres, outras mantêm o status quo, independente de quão escolhida foi a escolha da mulher, de toda a justificativa... Meu pet peeve principal é a glorificação da escolha, como se fosse superior a tudo e não pudesse ser criticada. :x

Se eu tiver filhos, quero um parto natural porque eu realmente fico horrorizada com a idéia de terem que me drogar toda pra me abrirem e tirarem o bb de lá e depois me costurarem. Tenho pavor de intervenção cirúrgica. Mas agora vendo os comentários tô criando pavor de gravidez também, parem, moças, eu achei que tinha superado isso! ç_ç

Gabs disse...

Eu acho esse assunto e o assunto da amamentação algo que tem que ser tratado com MUITO cuidado. É muito comum quererem fazer a mulher que não tem um parto normal ou não amamenta se sentir menos mulher, menos mãe. Eu acho que o ideal, lógico, é o parto normal. Parto normal sem anestesia eu já acho meio neura, mas cada um faz o que quer. E a cesária tá aí pras mães que não conseguem ter parto normal.

Minha mãe planejava me ter por parto normal e acabou não conseguindo. Teve que se decidir por uma cesária às pressas. Depois, não pode me amamentar. E MUITA gente fez ela se sentir mal por isso. Tanto que, mesmo sabendo que não conseguiria, ela tentou amamentar o meu irmão e acabou desistindo porque nos poucos dias que ela tentou, percebeu como ele ficou mais "fraquinho". Amamentar é legal, mas não é tudo isso que falam não. O importante é alimentar e cuidar do seu filho do melhor jeito que você puder. Fomos bebês super saudáveis, independente da amamentação. Só fico triste por saber que minha mãe sofreu MUITO com pessoas julgando por algo que ela não podia evitar. Então, sinceramente, sempre acho a abordagem desses assuntos algo que deve ser feito com MUITO cuidado e sensibilidade.

Acho que existe muito terrorismo psicológico quanto à gravidez. Do mesmo jeito que as mulheres falam da dor de um jeito meio assustador, existe um certo orgulho nisso. Acho que essa atitude deveria ser mais positiva, porque quanto mais amedrontada a grávida, mais fácil ela ter menos "poder" na decisão. E, infelizmente, as pessoas costumam acatar absolutamente tudo que os médicos dizem - em todas as áreas. Acabamos endeusando médicos e evitando questioná-los (inclusive o questionamento mais bobo de todos, que é procurar entender o que acontece no nosso corpo, o que um remédio vai fazer, etc). Não sei, nunca ouvi ninguém falando que preferia uma cesária, sério. A reação que sempre ouvi foi "parto normal dói, mas uma semana depois você já tá usando todas as suas roupas de novo." Então, não sei... acho que o que falta são bons médicos e infelizmente isso não fica só na questão dos partos, mas em todas as áreas da saúde (inclusive no particular).

Bruno S disse...

May,

"Além disso, penso que nào conseguiria amamentar. Nem por 1 mês. Perder minha vida, perder meu tempo, perder meu emprego, por amamentar, para mim nào seri auma opção."

pela lei brasileira você tem direito a pelo menos 4 meses(podendo chegar a 6) para isso. Não precisa perder emprego.

Alice disse...

Deixo aqui um video de um parto lindo (que passou em um reality show) e apesar de ter sido normal, e com o médico fazendo o parto percebe-se que a mão da criança fez muito mais i parto do que o homem... a cena foi linda! A parte do nascimento começa aos 3:50.
http://www.youtube.com/watch?v=_wzRxVQWAlY

Barbie Furtado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Barbie Furtado disse...

Só pra deixar bem claro, pode sim haver cesárea DEPOIS que a mulher entrar em trabalho de parto, foi isso que aconteceu com a minha mãe. Na verdade, a dela foi de emergência. Mas, muitos médicos, fazem cesárea para mulheres que não querem ter parto normal quando o feto já está pronto para sair, então, sem julgamentos. Adoro o blog, leio sempre, e no geral, concordo bastante porque acho que não é moralista, pelo contrário, mas esse post tá julgando, sem todos os fatos. E daí se a mulher quiser ter cesárea depois do trabalho de parto? O bebê tá pronto, a bolsa estourou, sai por cima, por baixo, vai fazer alguma diferença? Por favor, né?

Eu não quero ter parto normal de jeito nenhum, também não quero tirar meu filho antes do tempo, não vou marcar uma cesárea, mas quando chegar a hora quero sim ser cortada e anestesiada, por favor. E, realmente, comparar cesárea com aborto é demais, né amiga?

Denise disse...

Yey!!
Este era o post que eu estava esperando! Esse é um assunto serissímo para mim, mesmo que não possa mais ter filhos. E na minha opinião, enquanto nós mulheres não tivermos plena consciência de como somos tratadas pelo meio medico, e nos libertarmos disso, vamos continuar sendo desiguais.

Giovanni Gouveia disse...

Ah, a maioria dos médicos não esperam mais que 40 semanas pra retirada do filho, meu filho nasceu com 42 pra 43 semanas, minha mãe contou 10 meses que eu fiquei na barriga dela, mas foi contestada pelos médicos, que contaram/mediram 10 meses e 3 semanas...

Episiotomia e tricotomia "obrigatórias" são formas de manutenção de controle total por parte do obstetra...

Liana hc disse...

André, isso não é verdade. Tem pesquisas médicas comprovando o contrário, é só procurar. Além do que, se o parto não for bem conduzido, a mãe pode fazer um esforço desproporcional e forçar demais a área provocando uma lesão que poderia ser evitada ou minimizada se o atendimento fosse adequado. A posição deitada, por ex, é uma das piores e sobrecarrega demais a área, mas infelizmente é comum. Então não se pode dizer que as lesões graves são normais porque não são, não. Episiotomia, assim como qualquer outro corte, só deve ser feito sob estrita indicação médica e de qualquer forma, vai ser sempre exceção.

Já escutei cada coisa de médico obstetra de deixar o cabelo em pé. Parece brincadeira, mas são os primeiros a passarem informações erradas ou distorcidas. Sem contar que a rotina de um hospital não é feita para o paciente, mas sim para a comodidade da equipe médica.

Andréa disse...

Dizer que escolher uma cesárea é pior que fazer um aborto é de um exagero sem tamanho.

Acho importante esclarecer sobre os perigos da cesárea, mas demonizar uma mulher que escolhe esse caminho vai de encontro a tudo o que o feminismo prega, ou não?

Afinal, nós, mulheres, temos ou não o direito de escolher se queremos passar o dia na maternidade, se queremos sentir dor e se queremos fazer uma cirurgia?

Uma mulher que tem parto normal é mais mãe que uma que faz cesariana? E quem adota e nem carrega o filho na barriga, não pode ser chamada de mãe?

Vamos maneirar, né pessoal...

Natasha disse...

Cesárea é pior que aborto? Sério mesmo?

Olha, eu acho que, assim como quem defende aborto prega que é um direito da mulher sobre seu próprio corpo, optar pela cesárea tb deve ser! Se a mulher tiver as informações corretas, não vejo por que ela não possa decidir o que é melhor pra ela.

Eu, por exemplo, quando tiver filhos vou optar pela cesárea. E não é nem por questão de dor! É mais por causa dos riscos de incontinência urinária e "bexiga caída" que o parto normal envolve.
E que bom que eu tenho a possibilidade de escolher!

Reki disse...

Quando eu estava grávida eu li tudo o que pude sobre os dois tipos de parto e optei por cesárea, não por medo da dor, foi opção, ponto. Conversei muito com a minha médica e ela embora recomendasse parto normal não me forçou nem uma opção nem outra, me explicou os prós e contras dos dois tipos e deixou totalmente a meu critério. Minha cesariana foi tranquila, rápida e sem contratempos. No dia seguinte eu estava andando e passava com dois comprimidos de dipirona por dia, dois dias depois eu sai do hospital andando e com meu bebê no colo. Meu leite desceu normalmente e meu bebê é saudável e feliz.
Acho válido quem quer passar pela experiência do parto normal, mas para mim é uma questão de escolha. Eu fiz a minha e não me sinto menos mãe por isso.

Anônimo disse...

Ai que ingratidão a nossa com o patriarcado não...

"Arnold": mostra sua carinha, seu nome de verdade pra nós. Todos os mascus aliás. Vocês não são machos?

YC disse...

Troquei de obstetra 4 vezes até achar um que fosse a favor do parto normal. O parto natural e humanizado era o que eu queria, mas aqui só existem dois hospitais que oferecem esse tipo de parto e além de não terem a UTI neo-natal, o plano de saúde não quis cobrir de jeito nenhum. SE eu tivesse muito dinheiro eu teria feito mesmo assim, mas só de não ter sido cesárea fiquei contente.
O primeiro obstetra que me atendeu quis me convencer a qualquer custo que o parto normal era pior. "é bem mais demorado, atrapalha tanto o meu dia quanto o seu" e depois disse "a maioria dos partos normais causam danos no bebê que a cesárea não causaria". Ele e vários outros não mediam esforços ao difamar o parto normal.
Eu queria que a minha filha viesse no tempo dela. Não queria marcar isso como se fosse uma reunião de negócios. Só concordaria em fazer cesariana se ela entrasse em sofrimento. Em ultimo caso, MESMO.

Conheço muitas que optaram pela cesarea para não ter que lidar com a dor ou para não ser pêgas de surpresa. Não consigo achar isso natural... é muita frieza. Estamos falando de alguém vir ao mundo. Essas mães tem pensado demais nelas mesmas.

Leo disse...

Eu acho que o tema da humanização do parto não refere-se apenas ao seu formato, normal x cesariana. É possível ter um parto normal cheio de intervenções nada humanizado, assim como é possível ter uma cesarea humanizada, se esta for necessária. Acho que a questão mesmo versa sobre conscientização e sobre os mitos que colocam a opção pela cesarea como a hegemonica no nosso país, ao ponto de milhares de mulheres sequer cogitarem a via natural. A conscientização vai desde o conhecimento sobre a importância de esperar o tempo certo para que o bebê possa nascer, isto é, o SEU tempo,o conhecimento sobre os procedimentos desnecessários pelos quais passam os bebês na maternidade, a separação que frequentemente ocorre entre mães e bebes que dificulta o aleitamento materno, o respeito durante o parto, para que os médicos, parteiras deem a devida atenção à mulher que está parindo ou sendo operada em vez de ficarem jogando conversa fora, enfim...É um assunto para ser permanentemente discutido!

menina_pati disse...

"Não abortou? Então deal with it: tem um bebê crescendo dentro de você e agora é ele quem escolhe a hora em que vai sair."

Mas que fineza hein minha querida?

Eu acredito cada vez mais que a maternidade é o campo que mais precisa de um furacão feminista pra termos menos moralismo e pitaco alheio sobre como ter e criar nossos filhos. E me perdoa, esse post é um caldeirão de moralismo. Mas tudo bem ser moralista se é feminista né Brasil?

Achei muito divertida a idéia de defender que a mulher tem de ser "dona do seu corpo" na hora do parto e ridicularizar a escolha das mulheres que preferem cesareas. O corpo é delas meu bem, e se elas querem estar devidamente anestesiadas pelo motivo que seja, coloque em prática o que você defende e respeite a escolha dessas mulheres.

Meu parto foi normal, sem anestesia ou remédios para dor, simplesmente porque nâo tive tempo de chegar no hospital e te digo uma coisa: a mulher deita porque é a única posição que dá pra ficar quando seu útero está expelindo uma criança pela sua vagina.
Deal with it.

Eu acho que está mais do que na hora de colocarmos em pratica esse tal de respeito que pregamos e pararmos de umaa vez por todas de darmos pitaco no que entra e sai do útero alheio. Que seja um pênis, um vibrador ou uma criança.

lola aronovich disse...

Arnold, momentos de grande emoção! Vamos ter um mascu que se assume como mascu?! Porque toda vez que eu digo “Vai pra casa, mascu!”, os caras olham pro lado e gritam: “Não sou mascu!”. Pelo menos os guerreiros da real (que nome mais ridículo, santo deus) se reconhecem como mascus, certo? Quer dizer, ok, “assumir” e “reconhecer” não são palavras adequadas pra quem se esconde por trás de pseudônimos e fotos de búfalos e desenhos variados. Mas Arnold, antes de vc, nobre guerreiro viril e honrado, passar a ser deletado neste blog, entenda que está falando muita besteira. Tipo, onde vc acha que o pai participa do parto da mulher? Na cesárea ou no parto normal e humanizado (que infelizmente são duas coisas diferentes)? Se numa cesárea nem a mãe participa do parto, o que dizer do pai! Já no parto humanizado o pai está presente. Ele participa das consultas médicas, dos treinamentos... O meu irmão, por exemplo, ficou dentro da piscininha com água quando minha cunhada deu à luz. Foi ele quem cortou o cordão umbilical. E sei que as blogueiras mães do Mamíferas têm maridos que participaram ativamente do parto, e participam ativamente da criação dos filhos. Eles não "AJUDAM"; eles são pais! São parte integral do relacionamento! Muito mais do que vcs mascus (que inclusive nem querem ser pais, porque acham que mulher é tudo vadia e parasita e que é mais negócio pagar prostitutas), NÓS FEMINISTAS sabemos muito bem como é gostoso e importante ter um pai/marido presente. Seu discurso é altamente ignorante.

Denise disse...

Eu acho o fim a mulher que coloca o seu conforto a frente do bem estar do filho! Então para que ter filho? É uma questão de pressão social?
Defendo TODOS os direito da mulher decidir o que quer com seu corpo e sua vida. Até ela decidir colocar um filho no mundo. Aí a prioridade é a criança. Quem não quer sofrer inconveniências ou desconfortos, não tenha filho.
O parto do jeito que é, com dores, com o trabalho, etc, tem uma razão de ser. Tem uma razão fisiológica de ser. Especialmente para a criança. E a criança é a parte mais importante neste momento. Eu sei que vão me crucificar põe isso, mas sou super feminista e mesmo assim ainda acho que a criança tem prioridade.
Quando ao direito do homem nesta hora... É só um. O de ajudar a mulher. Se não vai ajudar então fique de fora. Não tentem interferir em um processo do qual vocês somente tem um conhecimento intelectual. Isso quando tem.

Ana Clara Telles disse...

Oi, pessoal, só não entendi um argumento da autora: temos o direito sobre o nosso corpo na hora de abortar um feto, mas não temos o mesmo direito na hora de escolher quando o bebê vai nascer? Não é uma contradição?

Elisa Maia disse...

Eu sou super a favor da mulher poder escolher a forma como prefere parir. MAS, pra isso, ela tem que ter o direito a receber a maior quantidade possível de informação confiável sobre as alternativas existentes, pra que possa tomar uma decisão consciente.
O problema da cesárea, pra mim, é que, de uma opção, se tornou imposição. As mulheres brasileiras são induzidas a fazer cesárea, e é isso que eu acho errado. O parto normal é tratado como antiquado, incômodo e nada prático, enquanto a cesárea é vendida como a forma mais conveniente e "civilizada" de ter um filho.
Não nego que cesariana seja um avanço. É sim. É ótima pra situações em que um parto normal ponha em risco a mãe ou o bebê, por exemplo. Mas ela não é A Nova Forma de Parir. Odeio esse terrorismo que as pessoas fazem do parto normal.

Liana,
eu li esse estudo que você postou, e não contesto os dados (até porque, né, eu não conduzi minha própria pesquisa sobre o assunto). Só acho interessante registrar que, na minha experiência, a grande maioria das mulheres que eu conheço já queriam cesariana antes mesmo de ficar grávidas e ter qualquer contato com médicos. Claro que isso não desqualifica o estudo citado, porque meu universo é muito menor e menos diversificado que o das mulheres entrevistadas. Só achei relevante fazer esse comentário porque, entre as pessoas do meu convívio, percebo que, antes mesmo de os médicos entrarem com a propaganda direta para a gestante, a própria cultura em que ela vive já a induz a temer o parto normal e a buscar a cesárea.

Reiterando: sou a favor da escolha, desde que seja uma escolha bem informada.

Roxy Carmichael disse...

André não encontrei a inconsistência que você apontou no item 1 do seu comentário. Está bem claro no texto que o aborto é realizado quando a criança ainda não se formou, diferentemente do parto, que acontece muito tempo depois, em que existe um bebê completo, depois de a mulher ter OPTADO por ser mãe (é uma OPÇÃO da MULHER)

Mordechai disse...

Saudades das parteiras nessa altura do campeonato? As mulheres passaram milênios monopolizando o espaço do nascimento e não conseguiram desenvolver NENHUMA técnica que reduzisse a mortalidade, tanto da criança quanto das mães, no máximo faziam uns "feitiços" e oravam pra uma deusa da fertilidade qualquer. Dai em 50 anos de obstetrícia o parto se torna muito mais seguro para todos e vocês respondem reclamando que os homens invadiram um espaço sagrado do feminino (a ironia é que vocês lutam pra ocupar os espaços masculinos)

André disse...

Liana,

Claro que existem as indicações para a realização da episiotomia e que estas devem ser seguidas. Mas já pensou ficar, aos vinte e poucos, com incontinência porque o médico optou erroneamente por não fazer a episiotomia?

ju moraes disse...

Bom a maioria dos comentários se referia á partos particulares, (n sei se em tdas as cidades s assim) mas na q eu moro é extremamente dificil conseguir uma cesaria pelos SUS. qnd uma colega estava grávida ela tentou fazer cesária devido á complicações e traumas q teve do parto normal da 1ª gravidez e n conseguiu, já q aqui só é feita em casos de risco.

Marcos Godoi disse...

Muito bom o post, sou totalmente contra intervenções cirúrgicas desnecessárias (como a maioria das cesareas e cirurgias plasticas). Mas pra mim ficou faltando abordar um ponto: tenho uma amiga que teve duas filhas por cesarea por (palavras dela) "não querer estragar a caixinha". Isto é mito ou tem algum fundo de verdade?

Giovanni Gouveia disse...

Mordechai, Cesariana mata muito mais que parto normal

http://www.ccr.org.br/uploads/noticias/semin%C3%A1rio%20mortalidade%20materna.pdf

http://www.ans.gov.br/portal/site/home2/destaque_22585_2.asp

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1519-38292002000100005&script=sci_arttext

André disse...

Roxy Carmichael,

A Natascha e a Andréa elaboraram melhor essa questão que eu.

Anônimo disse...

Olha Lola, mais um post que eu não concrodo totalmente. Minha mãe quase morreu ao me ter, perdeu muitp sqngue e saiu com uma anemia profunda, coisa que não aconteceria se fosse cesária. tenho uma amiguinha (ela tem 15 anos) que teve bebê agora. Ela sentia dores a dois dias e cm estava sem dilatação, não a deixaram parir. Ela foi ao médico sofrendo imensamente, de mais! Todos viam que ela não tinha condições de ter normal, mas a forçaram por quase 10 horas! Ela sofreu muito e no FIM, fizeram uma cesária de "emergência" (cm coisa que a emergência já não era desde o início!). O bebê nasceu sufocado, engoliu líquido da placenta e fezes, já que era pra ter nascido a dois dias!Minha amiga sofreu de mais, fiquei com muita pena, pois todo esse sofrimento foi desnecessário!
Eu quero ter meus filhos em parto normal, mas quero decidir isso, não que o médico decida por mim!Se a mulher quiser ter cesária ou normal é escolha dela!

lola aronovich disse...

Gente querida, o post é polêmico, sem dúvida. Mas falar de parto normal é nadar contra a maré. Sério mesmo. Num país em que 85% dos partos são cesáreas, não dá pra fingir que é um problema individual só da mãe ou só daquele médico. Não é à toa que fazer cesárea aqui seja senso comum. É algo cultural, existe todo um sistema que conspira pra isso. E acho TOTALMENTE LEGÍTIMO lutar contra esse sistema. E, numa luta dessas, não dá pra ser boazinha e passar a mão na cabeça de toda mãe que fez cesárea. Porque, se vc é uma militante cheirosa, limpinha e educada, vc não faz mais nada na vida além de dizer “Olha, querida, não é com vc, não estou te criticando individualmente”. Eu li um outro post da Nanda que dizia: “A sociedade já está contra nós porque somos mulheres. Por que nós mulheres vamos ficar umas contra as outras?”. E é bem por aí. Em nenhum momento está escrito que quem faz cesárea é menos mulher, ou que quem amamenta tem defeitos, ou whatever. Mas não dá pra ter esse discurso “cuidadoso” de, por exemplo, dizer que é importante mulher trabalhar fora pra poder ter sua própria independência financeira, e na frase seguinte se desculpar pras donas de casa. Fica um discurso emperrado demais, claudicante. É como quando escrevo sobre a ditadura da beleza, de fazer plástica e andar maquiada, e um monte de gente se sente ofendida porque fez plástica e usa maquiagem. Pô, o problema é maior que vc! É um sistema. Se vc usa maquiagem, se vc faz cesárea, vc não está lutando contra o sistema! Pode e deve estar lutando contra o sistema em mil e um outros departamentos, mas não nesses. Nesses, vc está fazendo o que a sociedade espera de vc. E tudo bem, ninguém tá aqui pra apontar dedo e julgar indivíduos. O que questionamos é um sistema que prega que mulher tem que andar arrumada, ou que o único parto aceitável é cesárea. E, se esses questionamentos farão uma mulher pensar duas vezes antes de se sentir obrigada a usar salto alto, ou antes de se submeter ao que o médico e a família e a vizinha e todo mundo prega (fazer cesárea), então estamos no caminho certo.

Nanda disse...

Gente, quero esclarecer alguns pontos aqui, principalmente o de "demonização" e o de "menos mulher" ou "menos mãe" por ter feito escolha a ou b.
Esse é um argumento que acompanha absolutamente todas as discussões de parto normal x cesárea, amamentação x fórmula, mas vejam que esse sentimento de estar diminuída é uma frustração não trabalhada da pessoa que identificou isso no texto, não uma acusação da autora.
Quanto ao direito de escolha na hora do aborto x o direito de escolha na hora do parto, achei que tinha ficado claro no texto, mas explico novamente: se você aborta, é porque não está preparada ou simplesmente não quer aquela criança naquele momento. Se você vai levar a gestação até o final, essa criança vai nascer na hora em que estiver biologicamente preparada para isso, não é a mãe que escolhe (ou não deveria ser).
Concordo plenamente com a Elisa Maia: as mulheres tem que estar munidas de informação para poderem fazer uma "escolha". Tem que saber que existem formas de analgesia sem fármacos, tem que saber os verdadeiros riscos de uma cesariana - incluindo o crescente risco de histerectomia a cada nova gravidez/cirurgia.
Não sei se acredito muito na humanidade, mas tenho certeza de que munida de TODAS essas informações, é difícil que uma mulher escolha a via cirúrgica.
Enfim, quem acha que a comparação de cesárea com aborto parece ser contra o aborto... Como se ele fosse ruim, como se fosse uma coisa negativa, então é mais incoerente defender a cesárea como direito da mulher.

Denise disse...

Marcos,

Isso é mito. Mais uma desculpa para empurrar a cesareana.

Liana hc disse...

André, essas casos são exceções e assim devem ser tratadas. Muitas vezes ocorrem por falta de preparo e má condução do parto. A episiotomia gera um corte profundo justamente na parte mais sensível da vagina e sendo uma cicatriz vai ficar insensível no local da mesma. Quantas mulheres vão achar aceitável ter uma ou várias cicatrizes bem ali sob a ameaça menor de ficar com incontinência (que não significa que será para o resto da vida, muitos desses males têm tratamento)?

Se um médico te dissesse que um procedimento desnecessário fosse ser feito no seu pênis, uma ou várias vezes, deixando uma parte insensível, você encararia como uma coisa normal de ser feita corriqueiramente?

Danos perfeitamente evitáveis à mulher tem sua importância quase sempre minimizados tanto pela medicina quanto pela sociedade. Vide os casos de histerectomia (retirada do útero) em sua maioria desnecessários e que são feitos como se fossem uma bobagem qualquer para a mulher, mas que geram um impacto enorme na sua saúde e no seu psicológico.

Roxy Carmichael disse...

Eu concordo em parte com que elas disseram, André. Também acho que a mulher pode escolher a forma que ela julgar melhor na hora do parto. Mas no comentário delas, e no seu também, não ficou claro se vocês não entenderam ou ignoraram o que a autora do blog quis dizer. Quero deixar claro que não concordo com a autora do texto também. No aborto não se leva em conta o melhor para a criança porque a criança sequer existe enquanto criança. No caso do parto, a criança já existe e ela (a autora) defende que as mulheres devem fazer o que "se acredita" (digo isso porque particularmente não sou contra a cesarea e muito menos contra a decisão de não-amamentar) ser melhor para a criança. Eu acho super válido buscar formas de humanizar o parto, mas se a mulher fizer isso só porque se prega que isso é o melhor, se não for o real desejo dela, dificilmente o parto será tranquilo, porque ela vai estar muitissimo estressada e creio que isso vai afetar de forma bastante negativa o nascimento e o bebê.

S. disse...

Gabs, a minha mãe teve o mesmo problema da sua. Ela quis ter dado a luz tanto a mim quanto a minha irmã em partos normais, mas das duas vezes não conseguiu. Ela esperou, esperou e nada - eventualmente se tornou necessário recorrer à cesárea. Ela também teve problemas para amamentar das duas vezes, leite só "durou" 3 meses e ela não conseguiu amamentar pelo período que ela queria. Mas que eu saiba ela não foi recriminada por nenhum desses problemas, até porque obviamente não foi culpa dela.

Quanto ao texto, achei um tremendo exagero comparar aborto e o procedimento da cesárea. Eu sou particularmente contra se condenar todo um argumento por causa de uma parte pequena do discurso do autor, mas esse tipo de afirmação me passa a sensação de que a pessoa escrevendo está mais para o lado do extremismo e menos pro lado da razão. Essa é uma coisa pessoal minha, gosto de evitar condenar a opção alheia de forma geral, acho que cada caso é um caso. Vai ter quem faça cesárea por pressão, por comodidade, vai ter quem faça por necessidade e desde que se faça uma escolha informada, pesando-se os prós e os contras tanto pra mãe quanto para o bebê, tá valendo.

Eu provavelmente não farei parto normal se algum dia tiver filhos. Minha avó materna e a minha mãe tiveram dificuldades, eu sei que herdei a mesma estrutura corporal delas e tenho sim medo de ficar em trabalho de parto por 24 horas como a minha avó (claro que ela não teve acesso ao mesmo nível de atendimento médico na época). Achei que a minha mãe procedeu da forma certa e esperou dar o tempo correto pra então realizar a cesárea, não vejo mal nisso.

Tenho que fazer a ressalva de que a minha família é de médicos e eu sei que posso confiar nos conselhos do meu pai, da minha irmã e dos colegas deles quando chegar a hora. Tenho esse privilégio, sei que nem todos tem e entendo bem quem não consegue ter essa segurança de que o seu médico está agindo de acordo com os interesses da mãe e do bebê - não vou criticar ninguém por conta disso. Existem muitos médicos que não respeitam os seus pacientes, infelizmente. Acho que falta diálogo nesse sentido, a mulher tem que ser ouvida pelo seu médico, e o bom profissional médico tem a obrigação de escutar, levar essa opinião em consideração e explicar para a mãe porquê o parto normal é a melhor opção pra ela (ou não, caso haja algum fator adverso).

Lígia Castro disse...

Acho legal e pertinente a discussão do parto normal, humanizado, etc. Só concordo com muitos que comentaram por aí, achei o texto repleto de moralismo e uma confusa valorização/desvalorização da mulher de acordo com suas escolhas.
Foi paradoxo em muitos pontos, e muito desrespeitoso em algumas partes.

Bom, tive parto cesárea, não por escolha, mas por real necessidade. Foi bem frustrante pra mim nos 2 minutos antes de entrar na sala de cirurgia, pq eu havia planejado um parto normal. Mas enfim, quem teve por escolha tem de ser respeitada també. Sofri horrores com gente que me dizia menos mãe apenas por esse detalhe.

Outra coisa, a autora pode apertar a minha mão com uma chave de fenda, pq eu não senti dor NENHUMA depois da cesárea, e só tomei remédio durante os dois dias após a cirurgia.
Deal with it.

Juba disse...

Godoi, é mito. A maior parte dos problemas na região genito-urinária, como caimento da bexiga e incontinência, se dão pela falta de exercício e atingem quem teve cesárea e quem teve parto normal. O colo do útero dilata, não a vagina. Ela é elástica e apenas permite a passagem do bebê, então não existe risco de frouxidão.

Tem muita mulher que pensa estar escolhendo a cesárea mas é uma patinha manipulada por falsos argumentos d@ médic@.

As parteiras desenvolveram, sim, muitas técnicas que diminuem a mortalidade - exceto a via cirúrgica, que salva por uma lado (as cirurgias necessárias) e pelo outro aumenta a morbimortalidade de mãe e bebÊ em gravidezes subsequentes.

Parabéns Nanda pelo post.

Maria Luiza disse...

Vixe, tema complicado. Acho que feminismo mesmo é escolher o que quiser. Quer normal? Faça. Quer cesarea? Faça.

O que eu não concordo é que de fato falta a opção do parto normal. Os médicos e planos de saúde querem por que querem a cesarea. Por causa do dinheiro. E eu acho que as mães não param pra pensar muito sobre isso. Não sabem bem o que querem sobre esse assunto. O que o médico falar será acatado...

Mas sei lá, falam que a dor do parto é horrivel, não vejo mal em querer se entupir de drogas e não sentir a dor...

Dani Brito disse...

Sim, esse também é um assunto feminista. Parabéns pela escolha da convidada, ler o Mamíferas aqui foi bom demais.

Sou mãe de 2 e optei e lutei e consegui dois partos naturais de cócoras. Porque acreditei, sobretudo em mim.

Há ainda muita desinformação que pouco a pouco vamos vencer. Não sei como a palavra "normal" e "natural" são capazes de causar tanto terror.

Tem alguma coisa errada...

Fabs disse...

Acho que esta discussão tem muito mais que uma perspectiva.
Entendo e compartilho muitas das premissas das defensoras do parto humanizado, sobretudo quando se olha para a realidade do sistema de saúde de nosso país. Humanização ao mesmo tempo em que é mais seguro e ideal para a mulher e o bebe, também tem se tornado artigo de luxo em nosso país.
Por outro lado, existe uma discussão que considero muito pertinente por trás desse processo que Elisabeth Badinter tem chamado de um "retorno a natureza", de caráter quase essencialista. Trata-se de um processo que nossas avós feministas como Beauvoir, Nancy Chodorow estiveram engajadas desde a década de 50, uma luta contra uma assimetria que situava o masculino como sujeito transcedental de um mundo público e cultural inacessível as mulheres de então, situadas em uma esfera da "natureza", onde seu principal papel era a reprodução da família patriarcal burguesa. Enquanto ao masculino cabia perpetuar a cultura e a sociedade, ao feminino cabia perpetuar as gerações através de sua capacidade reprodutiva.
Todo este debate sobre emponderamento, alienação feminina através das tecnologias médicas é muito pertinente. Mas me preocupa também em que medida não estaríamos realizando um retorno do reprimido ao evocar um emponderamento realizado através desta mesma "natureza" que outrora repudiamos. Me preocupa demais também que tudo isso tem se tornado uma nova forma de opressão.
Não pude amamentar meu primeiro filho e com meu segundo estou penando também, pois tenho baixa produção de leite, caso comprovado. Tenho tentado de tudo. O fato é que me sinto constrangida e consternada ao sacar uma mamadeira em público para um bb tão novo de tanta pressão que sinto; as pessoas agem como se fossemos criminosas. Mas não é só isso. O problema todo é veicular amamentação, parto normal, cama compartilhada, maternidade 24 hrs com amor; e aí produz-se um novo tipo de culpa em todas aquelas mulheres que não puderam ou simpesmente não quiseram ter um parto normal, amamentar ou ficar em casa cuidando de filhos.
Enfim, acho que seria extremamente produtivo o feminismo discutir esses modos de ser mãe sem tomar partido de um ou outro lado, mas acima de tudo, sendo a favor da mulher e de seu direito de escolher.

André disse...

Nanda,

Ainda não consegui enxergar coerência entre "se você aborta, é porque ... não quer aquela criança" e "... essa criança vai nascer na hora em que estiver biologicamente preparada para isso, não é a mãe que escolhe (ou não deveria ser)."

Ari disse...

Adorei o texto! Parabéns para a Nanda e para a Lola por abrir o espaço para uma discussão tão importante como essa, porque como já dito, o elevado número de cesarianas já tem se tornado problema de saúde pública. Só discordo de 1 coisa: Acho que a mulher tem sim o direito de escolher (ainda que a cesária eletiva me pareça um absurdo, uma falta de respeito para com o bebê). Tem o direito de escolher se quer ter filhos, se quer fazer um aborto e a forma que esse filho nascerá. Contudo, acho que o assunto é polêmico porque é deveras importante. Então acredito que para fazer essa escolha tão importante, é necessário se informar. Chega do "ouvi dizer que" (...) rasga, dói, insuportável, em casa é perigoso, é preciso CTI. Vamos nos informar em evidências. A OMS defende o quanto o parto normal é melhor para a mulher e bebê. Vc sabia que em países como suécia, frança, holanda e inglaterra, recomenda-se a todas a gestantes de baixo risco o parto domiciliar? Se vc escolheu ser mãe, porque não levar em consideração algo que é recomendado como melhor? Pelo menos considerar, tentar? Me cansa esse papo de quem não sabe do que está falando, principalmente daqueles que não tem útero ou vagina. Não estou dizendo que homens não podem participar do nascimento de seus filhos, mas entendam que a protagonista é a mulher, o corpo é dela, o parto é dela. A medicina baseada em evidências só comprova o quanto o parto normal (e não só vaginal, que pode sim ser um pesadelo) é melhor em diversos aspecto, porque é um processo biológico e natural. Eu tive um parto vaginal não chegou a ser um grande pesadelo, como muitos relatos de violência e abuso verbal que lemos por aí, mas ficou longe de ser natural, longe do que considero o melhor para mim e meu filho, e tive a coragem de reexaminar minha experiência e constatar o que foi ruim e o porque. Não vou pedir uma cesária no próximo filho, a não ser que seja necessária. Ao contrário. Quero ser mais respeitada e me respeitar mais. Passei a conhecer meu corpo e como ele funciona perfeitamente. Isso só foi possível diante de uma reflexão que me propus a fazer, e que infelizmente, poucos fazem. Mas defendo o direito de escolha porque acho que acreditar no parto como melhor do que a cesária, uma cirurgia relativamente segura, requer confiança na parte biológica do corpo da mulher, na aceitação de seu lado animal, mamífera e, concordemos, nem todas querem/podem realizar essa aceitação. Então, se depois de se informar em evidências, ainda assim a mulher escolher não parir, não amamentar ou qualquer outra coisa desse lado mamífero, direito dela, não?

Anônimo disse...

Se formos parar pora pensar em "Não é a mãe que escolhe, a crinaça nascerá quando se sentir preparada", então acho que não é amãe que escolhe se pode ou não intorromper a gravidez, já que criança já está em formação dentro dela #prontofalei.

Dani disse...

Marcos Godoi,

tive parto normal e minha "caixinha" (cara, que nome tosco) vai bem, obrigada.
Não existe esse negócio de que "fica relaxada". Tudo volta ao normal, inclusive o corpo.
Não sou a favor da cesária por motivos banais como "dor" (tem parto normal c/ anestesia p/ isso) ou "comodidade" de ambas partes.
Para mim não é democracia poder "escolher" o tipo de parto, é simples falta de informação e médicos bem preparados.
A cesária é sim uma cirurgia de grande porte e de grande risco, tanto é que aqui onde moro, vc só consegue cesária pelo SUS se realmente tiver indicação para tal.
Não vi no post sobre o que muitas comentaram de ser "mais mãe/menos mãe". Esse não é o mérito da questão.
A questão é: a cesária é um problema de saúde pública. Gera gastos desnecessários além dos riscos implicados.

André disse...

Lola,

Qual a diferença entre "se não quer parir, aborte" e "se não quer ter filho, não faça sexo" que os reaças pregam?

Ana Clara Telles disse...

Se eu faço cesariana, meu corpo pertence ao homem; se eu faço parto natural, meu corpo pertence ao bebê. Onde eu entro nisso?

Vejo muito sentido no argumento de que o parto operatório é uma forma de manipulação do nascimento por parte do homem. Mas acho também que o post e o último comentário da Lola enxergam as coisas muito preto no branco. Existem muitos matizes de cinza no meio, e entre o homem e o bebê, existe uma mulher com medos, crenças, anseios, sentimentos, ideias, vontades, percepções, dúvidas. Essa mulher deve ser respeitada.

Liana hc disse...

O pessoal que está comentando sobre os medicamentos ministrados na hora da cesarea e depois dela parece que não faz a menor idéia de como eles funcionam. Dos seus riscos e benefícios para a saúde da mãe e do bebê, os efeitos a longo prazo, o modo como o organismo de ambos vai reagir a eles, da quantidade de pesquisas provando (ou não) sua total eficácia e segurança etc. É preciso pesquisar um bocado, tenho certeza que se surpreenderão com o tanto de controvérsia que tem nesse quesito.

E essa idéia de que o médico vai perfeitamente acatar a opção da mãe, basta para isso uma boa conversa, também é uma inverdade e típico de quem ou não passou por isso ou teve sorte de topar com um profissional ético, coisa rara nesse ramo. A mãe na quase totalidade das vezes não pode ficar com um acompanhante ali na hora e por n motivos a maioria se sente fragilizada, diante de uma equipe médica inflexível o que acaba acontecendo é ela ceder às vontades do médico. A coisa ali na hora não é tão simples assim, não. No geral, os médicos não estão nem aí pro que a mulher quer, o hospital tampouco, ele tem seus horários e qualquer reclamação ou pedido vira frescura e bobeirinha de mãe sumariamente ignorada.

Também acho graça no verdadeiro pavor que se tem de parto domiciliar. Há muita literatura atestando a segurança disto para grande maioria dos partos naturais e nada impede que um médico esteja presente na casa. É preciso ler para perceber que os riscos que tanto alardeiam por aí na verdade são mínimos e quase sempre contornáveis sem a necessidade de centro cirúrgico. Um correto pré natal vai mostrar quem deve ter mais cuidados. Mas enfim, cultura é uma coisa séria e a nossa nos desfavorece e nos faz enxergar problemas e morbidade onde não há. Qualquer escolha neste contexto já fica prejudicada.

Fabs disse...

Então, entendo que a luta é contra um sistema e não contra indivíduos. Contudo, se você for pensar em sistema, além da medicalização do parto, vamos incluir nisso a conivência feminina na questão da dor e das crenças culturais. Uma grande maioria não acredita que pode ter um parto natural ou simplesmente não quer pois sente medo da dor. Uma outra maioria não acredita que pode amamentar ou não quer amamentar por uma série de motivos.
E aí? Ela essa maioria feminina está fora de seu direito? Acho que as idiossincrasias da questão do parto são muito parecidas com a do aborto na medida em que ao se privilegiar o BB ou o feto, muitas vezes se dissolve os direitos da mulher. Hoje há um discurso politicamente correto sobre a maternidade em que o BB é o lado do binômio a ser privilegiado; vamos deixar o trabalho, ter parto normal, amamentar até dois anos, fazer cama compartilhada. E com isso, aquelas mulheres que não conseguem compartilhar destas crenças sobre a boa maternagem novamente estão perdendo a voz.
E aí acho que a idéia de hegemonia e sistema deve ser relativizada para a idéia de discurso a La Foucault. Pois a medicalização do parto é um discurso poderoso, mas os novos discursos sobre a maternagem também o são. Nada é tão oito ou oitenta; nem a idéia de sistema.

Anônimo disse...

Uma adequada interpretação de texto mostra que a Lola não é contra a cesariana qdo preciso for; ela desaprova a cesariana indiscriminada... seja por conveniência médica, seja por conveniência/vaidade da parturiente.

E, sim, a mulher tem seu direto de escolha ou deveria ter, assim como também deve reconhecer e arcar com a consequência de escolhas que envolvem risco para si mesma ou para terceiros. -- Estou me referindo à escolha a que se refere o post.

Lígia Castro disse...

Lindo esse último comentário da Fabs...

Maria disse...

Lola,
apesar de ter achado o texto bem-escrito e concordar com a valorização do parto natural, devo dizer que fiquei decepcionada. Você ironiza tanto os fãs da psicologia evolutiva e, no entanto, publica um guest post Evolucionista Cultural? Provas do "Matriarcado primitivo"? Essa tese foi desenvolvida para dizer que A Cultura foi aprimorada da liderança feminina para a masculina. Além disso, mesmo que façamos uma leitura feminista dessa teoria, é um feminismo etnocêntrico e que planifica a pluralidade de existências culturais na espécie humana.
Me desapontei com o blog :/

Anônimo disse...

Tbm não concordo, com a parte que fl que a cesária é mais uma manipulação do homem a mulher e blá blá blá.
Acho que não tem NADA a ver!
Até parece que só existem MÉDICOS e não médicas!
Achei esse texto muito a ferro e fogo!
"Não quer ter o bebê, aborte!Agora se vc optou por ter, ele nasce quando quiser" não é simples assim!
Quem sofrerá no final das contas???A MULHER!Que diferença tem a visão de "Transou, agora tenha o bebê" com a de " Optou por ter, agora sofra!"?
Não gostei desse texto não ¬¬.
A sáude do beb~e COM CERTEZA deve ser levado em conta, mas a da mulher tbm!

Liana hc disse...

Fabs

"Uma grande maioria não acredita que pode ter um parto natural ou simplesmente não quer pois sente medo da dor. Uma outra maioria não acredita que pode amamentar ou não quer amamentar por uma série de motivos."

Isso não é verdade. É justamente o contrário. Aquelas que acreditam que precisam de casareana são exceções, assim como aquelas que acreditam que não conseguiriam amamentar ou não querem.

Essa minoria precisa ser acolhida e bem tratada, só não vamos ficar aqui invertendo as coisas.

Roxy Carmichael disse...

Dayane eu já imaginava que ía aparecer alguém pra dizer a partir de quando é, e a partir de quando não é criança. Menos mal que foi você que se mostra interessada no debate e não tá afim só de tumultuar. No caso, você nem entrou nesse mérito, disse apenas que é uma criança em processo de formação, o que considerei bem digno da sua parte. Imagine você que tem gente que diz que é bebê e pronto, quando ainda é uma célula, ou nem isso, tem gente que acredita que é bebê e pronto quando é um óvulo e um espermatozoide separados, onde o último não fecunda esse primeiro em função de algum contraceptivo. Eu sei parece bem louco, não me peça pra explicar porque isso não faz o menor sentido pra mim, mas faz pra uma galera lá do Mississippi que tá afinzona de cortar o barato da pílula anticocepcional e da pílula do dia seguinte. dá só uma olhadinha: http://www.salon.com/2011/10/26/the_next_front_in_the_abortion_wars_birth_control/singleton/
será que é coincidencia que esse seja justamente o estado americano com a maior taxa de mortalidade infantil e a maior taxa de gravidez na adolescencia?
Particularmente eu voto por assegurar o direito do indivíduo já formado do que a abstrata idéia do indivíduo em formação, do óvulo ou do espermatozoide.

Roxy Carmichael disse...

parabéns liana!

André disse...

Uma cesárea tecnicamente bem feita é muito mais arriscada para o bebê que um parto normal bem feito? E para a mãe?
Será que as estatisticas de mortalidade da OMS levam em conta as condições em que os partos são realizados? Se a maioria das cesáreas são realizadas em países pobres isso não induziria um viés nessas estatísticas?

Giovanni Gouveia disse...

Só constatando:
Aqui no Recife, segundo ou terceiro polo médico privado do país, os dedos das mãos de uma pessoa são suficientes para contar, provavelmente com sobra, @s médic@s que topam fazer um parto sem intervenções desnecessárias.
Pergunto, existe mesmo "direito de escolha"?

Lord Anderson disse...

Tai um dos motivos de eu vir tanto nesse blogs.

Posts como esse estimulando o debate, indo alem do lugar comum, propondo reflexões, etc.

Minha mãe teve 3 filhos, as duas primeiras em parte normal e eu em cesaria devido a complicações (fui prematuro entre outros problemas).

Ja minha irmã teve todos os partes em cesaria e quase morreu no segundo. o parte foi problematico e o medico parece que piorou tudo, tanto ela quando o bebe correram um grande risco.

em nenhuns desses casos os pais foram mais longe do que a sala de espera.

eu lamento isso.

não tenho filhos, mas sou tio coruja desde que vi meus sobrinhos pela primeiras vez

(dizem que fiquei com uma cara de bobo quando os peguei no colo, mas há controversias)

Se um for pai, vou querer participar o maximo possivel, tanto na gestação, no parto e na criação.

Quanto ao caso do parto natural , encrosso o coro de que é preciso mudar muita coisa, providenciar inforções complestas, apoio etc, a gestante a ao casal, para eles poderem realmente tomar uma escolha consciente.

Parabens a Nanda por trazer o assunto.

Anônimo disse...

Oi Roxy,

Então, para mim, já é vida, eu jamais abortaria, mas reconheço que essa é minha opinião e não uma verdade universal.
É que achei meio... Minha mãe que diz que quando ela foi me ter, estava sofrendo muito e pediu uma cesária, e a parteira falou "Se soube fazer, agora aguente!", entende? Pra mim, esse discurso de "Se optou, agora sofra as consequencias", é o mesmo que, com perdão da expressão horrível que usarei, mas "Meteu, gostou?Agora assuma!" que já ouvi de muitas pessoas que são contra o aborto,sabe.A da mesma forma que a autora afirma que não é seu direito escolher cm o bebê nascerá, seguindo essa lógica, digo que não é seu direito decidir se a gravidez serálevada adiante ou não, uma vez que a gravidez já é uma realidade.

Fabs disse...

Liana,

ninguém está invertendo as coisas.É uma realidade tão válida quanto a que vc acredita.

Em relação a cesárea, posso fazer um adendo: a idéia de cesárea é tão arraigada em nossa cultura em contrapartida a de parto normal, que este pouca gente sabe o que é e como é direito. Como se diz entre o pessoal engajado parto normal hoje é uma conquista da mulher que durante sua gestação deve se informar, buscar profissionais e "sair da matrix" do parto medicalizado, como dizem por aí. E esse processo implica inclusive o emponderamento dela, a confiança dela em seu poder de parir. Estou ou não errada? Sou de uma geração onde as crianças nasciam de cesarea; era a ultima palavra em nascimento. Cresci ouvindo que era tudo, e na minha cabeça, parto era cesárea e parto normal, pura dor. Hoje, mulheres como eu, traçam um percurso de informação para acreditar que pode ter um parto normal. Informação e recursos financeiros, pois como disse, parto humanizado custa caro a maioria das mulheres.
Quanto a amamentar, se todas mulheres acreditassem em "seu poder de amamentar" a taxa de aleitamento materno exclusivo até os seis meses não seria de menos de 40% no Brasil

Bruno S disse...

Depois de tanta discussão, eu gostaria de tirar uma dúvida.

O pessoal que não vê nada demais no número de cesáreas que ocorrem no Brasil poderia explicar por que a orientação da OMS(de que não devem ser mais que 15%) estaria errada? Assim como boa parte dos sistemas de saúde dos países da Europa Ocidental?

Tirando qualquer juízo de valor da história, o que tais órgãos não precebem, mas o que foi descoberto no Brasil para termos números tão diferentes?

Liana hc disse...

Fabs, desculpe, mas é inversão sim. Você disse "a maioria". E não, não é "a maioria". Não tem como ser uma realidade tão válida pois são inversamente proporcionais.

Dê uma olhada no site que eu coloquei que você vai ver que as coias não são assim, e tem outras pesquisas a respeito basta procurar. A cultura de cesareas é mais do meio médico que da mulher.

Sobre a amamentação, o que leva a maioria a amamentar por menos tempo, ou nenhum, é mais uma questão prática da rotina dela do que um medo em amamentar ou por acreditar que não conseguiria.

Coisa comum, por ex, é o próprio pediatra recomendar a introdução precoce de alimentos mesmo quando a mãe não quer.

http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000600006&lng=pt&nrm=iso


Essa Elisabeth Badinter levantou algumas questões interessantes e que devem ser discutidas, mas francamente achei os textos dela, em muitos pontos, fora de propósito e sem base real. A impressão que eu tive dela é que ela é aquele tipo de mulher que simplesmente pegou o modelo machista de se fazer as coisas, fez algumas mudanças e acredita que por ser uma mulher fazendo a torna automaticamente feminista.

Liana hc disse...

Vou repetir aqui os sites que eu coloquei no post "GUEST POST: AMAmentaÇÃO" pois achei bem interessantes:


http://maternativa.blogspot.com/2010/12/evidencias-indicacoes-de-cesariana.html

http://guiadobebe.uol.com.br/sistema-hormonal-do-parto/ (fala também dos horm. sintéticos)

http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000600006&lng=pt&nrm=iso
(este é um estudo sobre a cultura de cesarianas e de quem parte, se da mulher ou do médico)

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-21062010-175305/fr.php (este é sobre violência institucional em maternidades)

darkgabi disse...

impossível ler todos os comments, entao espero nao estar sendo repetitiva.

eu concordo em quase tudo, menos uma coisa: q a cesariana ou o parto normal deitada ou a participacao do homem no momento do parto sejam possessoes masculinas ou vontade de nos tomar esse direito, de controlar tudo.

talvez tenha sido no momento inicial, mas acho importante o pai presenciar o momento do nascimento do filho. conecta-os. eu acho tao ruim uma certa cultura q ainda parece predominar no brasil o fato de o pai ter participacao afetiva tao pequena no crescimento das criancas. e nisso o parto é importante... acho q parto e maternidade sao atribuídos demais às mulheres qd a crianca foi feita por DUAS pessoas.

acho q essa visao e esse comportamento de isolar o macho ao inves de incentivar o compartilhamento [sem controle, claro] leva a atitudes q os haters adoram dizer q sao das feminazis - qd na vdd sao de pessoas sem nocao q acham q feminismo é a cultuacao master à mulher ao invés da igualdade dos gêneros.

essas atitudes eu tenho a impressao de ver mt aki na alemanha, onde a "independencia feminna" mts vezes está levando as mulheres a decidirem ter filhos sem o conssentimento do parceiro, sem levar em consideracao o q o outro quer, sem pensar na crianca q vai ter uma familia incompleta. nao, nao acho q as pessoas casam e vivem até o final de suas vidas felizes para sempre. acho q é normal o distanciamento [na vdd acho q é a regra] e q bom q o divórcio agora é fácil, pq mts vezes a separacao é melhor pra todo mundo, até msm pra crianca. mas q tipo de mundo estranho é esse q as mulheres podem ser tao egoistas a ponto de tomarem inteiramente para si a única coisa q na vdd o homem nao controla? isso é o q, alguma espécie de troco?

eu tenho às vezes a impressao de aki na alemanha ter sim uma coisa q cheira a "feminazismo". vejo namoradas controlando seus parceiros com escândalos, com ataques de ciúmes. talvez o termo tenha uma certa razao de ser - embora aplicado erroneamente a todos os casos feministas. e vejo os homens abaixarem a cabeca como se eles tivessem uma obrigacao moral histórica de nao reclamar. mts vezes acho q falta respeito ao ser humano q tá ali na frente, independente desse ser humano ser XY e de ter uma história de dominacao e humilhacao por trás disso [historia cultural mas nao individual].

se queremos igualdade de generos, acho mt bom q os homens possam estar presentes no parto. e q algumas mulheres tb deixem de nóia e deixem de ser possessivas com seus bebes e filhos maiores e deixe q o pai segure, q toque, q nine, q troque de fralda - pq sim, eu já vi mulher reclamando q o cara nao faz nada, mas tb nao deixa q ele faca nada pq "vc é homem".

o q eu acho da cesariana nao é só a massificacao por tomada de controle masculino de uma prática feminina, mas da tendencia das pessoas de quererem tudo sempre mais rápido, mais fácil e indolor.

remédio pra dormir, remédio pra acordar, remédio pra ficar de bom humor, remédio pra emagrecer - ninguém quer mais enfrentar seus problemas. ESSA pra mim é a questao. pensar cansa mt e dói. é difícil. encarar a vida e os problemas e as dores [físicas ou psicológicas] é penoso demais e as pessoas simplesmente nao querem. e isso inclui o parto.. ser mae é responsabilidade e responsabilidade é outra coisa q as pessoas nao querem encarar.



ps: dei uma lida rápida nos comments e gostei mt do q a may e a aline corso disseram.

Denise disse...

Uma perguntamos nessa discussão toda. Quando é que a crisnça tem direitos? Concordo que em estado de embrião não da para se considerar como um indivíduo, afinal não vive fora do útero. Mas e depois? Passa a ter direitos ao bem estar quando?
Um bebe pode ser sujeito à violência da cesareana desnecessária por que é apenas um bebe e não opina? Então onde a gente traça o limite? Quando a criança passa a ser prioridade? Nunca?

Jackie Martins disse...

Excelente post!
Me fez lembrar bastante de meu parto aos 18 anos de uma gravidez nao planejada.
Aprendi muito com o post, pq eu nao sabia q eu fazia parte dos 15% das mulheres que optam por parto normal no Brasil.
Achei incrivel qntas maes optão por escolçha a cesaria q na verdade n eh um parto indolor, só adia a dor, como diz no post.
Excelente post.
Parabens Lola e Nanda!

Roxy Carmichael disse...

Acho muito importante os questionamentos da Elisabeth Badinter (ainda mais na nossa sociedade que a maternidade tá envolvida em muitos tabus e mais ainda, que a decisão de não ter filhos por si só já é um tabu) e de alguma forma como disse a Fabs, ela recupera alguns textos clássicos que associam a mulher à natureza e o homem à cultura. Fabs, devo tirar o meu chapéu, você foi brilhante em sua argumentação: "O problema todo é veicular amamentação, parto normal, cama compartilhada, maternidade 24 hrs com amor; e aí produz-se um novo tipo de culpa em todas aquelas mulheres que não puderam ou simpesmente não quiseram ter um parto normal, amamentar ou ficar em casa cuidando de filhos."

Liana hc disse...

darkgabi, esse termo "feminazismo" deveria ser evitado a todo custo por vários motivos, o principal no meu entender é o mais óbvio: a atitude dessas mulheres que você citou não é feminismo (que defende relações justas). Não podemos nem de longe sustentar qualquer tipo de aproximação com esses valores tão distorcidos. A partir do momento que uma pessoa discrimina a outra, já saiu da esfera do feminismo. Além de isso é claro, ser um desrespeito com o que realmente foi o nazismo e com seu impacto no mundo e que isso é sempre voltado indubitavelmente para desmoralizar o movimento feminista como um todo.

Anônimo disse...

"Em certas raças resultantes de seleção humana, como os buldogues ingleses[1] e os bovinos da raça BBB ou Belgian Blue, a prática da cesariana é quase indispensável visto que, devido à conformação física a que estes animais foram levados pelos cruzamentos e manipulação genética, as crias não conseguem nascer por parto vaginal."
fonte http://pt.wikipedia.org/wiki/Cesariana

Fabs disse...

Liana, eu não consigo traçar esta separação entre a cultura feminina e a cultura médica. Até porque o que mulher entende como sendo seu corpo é historicamente construído pelo saber médico desde o século XVIII. E não discordo sobre a cultura da cesariana e nem sobre a violência institucional; conheço esses artigos e textos que me passou. Estamos falando das mesmas coisas sob perspectivas diferentes. Vc me apresenta dados sobre o sistema; dados com os quais eu concordo. Eu te falo sobre crenças culturais. Por isso mesmo que insisto que é devido a esta cultura em um sentido geral, sem separações que uma maioria feminina compartilha dela. Não venha me dizer que “a maioria” de antemão sabe o que ou pretende ter um parto normal logo que fica grávida...
Acabo de sair de uma gestação, a segunda, e nas listas de discussão que freqüentei, o que vi era sim um processo de informação pela mulher, o parto normal como uma conquista. E olha é preciso muita informação e recurso para não se chegar a uma cesárea na maioria das vezes desnecessária.
Hoje é claro que a idéia de parto normal humanizado é disseminada e grande parte das mulheres informadas sabem o que é melhor para o bb. Mas não dá para ignorar que há uma preponderância sobre a idéia da dor, entre as mulheres. E que muitas mulheres se são pendentes ou favoráveis a fazer cesárea lá no seu íntimo não o dizem por causa do discurso politicamente correto. Todas dizem que vão tentar o normal. Mas ao final, seduzidas pelo médico ou pelo medo da dor caem na cesárea. O quanto isto tudo é reproduzido pelo saber médico e o quanto é pelas gerações anteriores não sei precisar, mas existe esse imbricamento.
Quanto a amamentar, discordo que as dificuldades decorrem da “rotina da mulher”; isso é de uma simplificação absurda. Uma grande maioria informada hoje que amamentar é melhor e creio pouco que muitas não tenham a pretensão de faze-lo; o fato que ninguém diz e que só ficamos sabendo diante da situação é que amamentar é como o parto humanizado, um processo difícil que requer paciência (de esperar o leite descer, de aumentar a produção do mesmo, de esperar o BB aprender a sugar, de ver o filho não ganhar peso e nãos e desesperar com isso e nem com a pressão médica para o uso de fórmulas) e muita informação.
Quanto a Badinter, ela é francesa, vem de uma realidade diferente da nossa, uma realidade onde as mulheres lutaram desde sempre por sua independência; ela é tributária de Simone de Beauvoir .

darkgabi disse...

concordo, liana. o nazismo representa mt mais do q teoricamente subjulgar um homem pq ele merece o troco.

só quis dizer q a visao enviezada do feminismo infelizmente existe e acho q esbarra no assunto do post.

enfim, ato fálico!

Fabs disse...

Liana, prometo que vou ler com atenção o texto que me passou; se der, ainda hoje faço comentários.

Anônimo disse...

"não quer parir, aborte".

PQP, o texto tava indo tão bem... :/

Você diz tanto que é a favor do direito de escolha, mas taí julgando a mulher que prefere uma cesária.

Eu ainda não sou mãe e não sei o que escolheria. No normal, vou sentir dor na hora. Na cesária, depois. Queria saber se caso eu escolha normal, vou poder, no momento do parto, fazer uma laqueadura como ocorre na cesária? alguém sabe?

E quanto ao MOMENTO do nascimento ser escolhido pela mãe - com hora marcada - no caso de cesária... isso é mera formalidade!

Eu estava marcada pra nascer 3/04/89 e acabei nascendo em 28/03, quando minha mãe entrou em trabalho de parto. Na hora que EU - o bebê - "escolhi" pra nascer.

Tiago disse...

darkgabi vc é minha heroína! ahah
adorei o seu texto, estava pensando no que escrever mas vc disse tudo. Se eu disse-se tudo isso ai era capaz de ser chamado de troll...rsrs (brincadeira acho que não seria chamado assim não...)

menina_pati disse...

Lola, nâo acho que as pessoas estâo ofendidas aqui. Acho que as que nâo concordam com o post estão mais discordando do radicalismo da autora do que qualquer outra coisa.

Tem mais: culpabilizar as mulheres que não escolhem o "parto certo" para "lutar contra o sistema" para mim é tão feio quanto culpabilizar as mulheres por nâo serem mães perfeitas. Ops... é exatamente isso que esse post faz. Se não fez parto natural já começou errando? Tem que amamentar e ser mega mâe 24 horas por dia?

Essa cobrança de perfeição é tâo ruim quanto o "sistema" contra o qual temos de "lutar" por nao usar maquiagem. Isso é cobrar perfeição também, só muda o foco. Aliás, usa um muito mais cruel - a maternidade, fonte inesgotável de insegurança e culpa.

Muito decepcionantes os argumentos usados.

Valéria Fernandes disse...

Sem querer ser chata, já que sou a favor do parto natural e contra o abuso da cesárea e a exclusão das mulheres de algo tão importante quanto o parto, mas como sou historiadora e o assunto me interessa, preciso dar um pitaco:
1. O parto das rainhas na Europa sempre foi público; tão público que toda a nobreza era convidada para assistir e há registros suficientes do sofrimento e quase morte de Maria Antonieta (*uns bons anos antes da Rainha Vitória*), porque a sala estava cheia demais e a coitada mal tinha como respirar. Foi o rei, seu marido, quem em partos posteriores proibiu que toda a corte precisasse estar lá e ser testemunha. Dito isso, não foi na Inglaterra Vitoriana que se introduziu a coisa, muito pelo contrário! O que Vitória fez foi trazer para dentro da sala do parto o marido que naquele século XIX tinha sido excluído. Posso estar sendo romântica, mas acho muito legal o pai poder partilhar do momento de nascimento do seu filho ou filha, coisa que o Príncipe Albert sempre fez, apoiando sua esposa, segurando em sua mão. Não se tratava, nesse caso de confirmar coisa nenhuma, não no contexto do século XIX. Muitas mulheres nos dias de hoje têm esse direito negado, o da companhia, o do suporte. E, porque não dizer, muitos pais, também.
2. O século XIX, estigmatizou as parteiras e este talvez tenha sido a primeira grande exclusão sofrida pelas mulheres; médicos homens nem sempre eram mais competentes ou coerentes. A prima da citada Vitória, que deveria ser rainha se tudo corresse bem, morreu junto com seu bebê porque um médico não aplicou o que havia de mais moderno, não ouviu as parteiras, e a coisa foi tão evidente que o sujeito se matou depois. A mãe da Rainha Vitória, sabendo do que podia acontecer, trouxe sua própria parteira da Alemanha e recusou os médicos ingleses. Correu tudo bem e ela amamentou a filha. Disso acho que é justo falar mal de Vitória, afinal, quando teve o exemplo da mãe e a amamentação já era algo defendido por muitos, ela permaneceu contra a prática, considerava degradante para uma mulher (nobre, claro) e deixou de falar com uma das filhas por um bom tempo, porque ela decidiu amamentar contra sua vontade.
3. Não sei (e duvido) que a Rainha Vitória tenha sido a primeira pessoa (ou registro) de alguém que deu a luz deitada, mas ela e seu médico lutaram muito pelo direito e difusão da anestesia contra a idéia de que "por vontade de Deus" as mulheres deveriam sofrer no parto. Ela teve nove crianças, todas sobreviveram e ela, também, algo muito notável no século XIX, e a anestesia ajudou e ajuda muitas mulheres. Recusá-la é um direito, mas que a sua introdução como opção foi uma luta contra o obscurantismo, ah isso foi!
Desculpe a minha chatice ou se pareci pedante, Lola, mas senti necessidade de escrever tudo isso. Eu posso passar bibliografia depois se for o caso, mas preciso correr para o trabalho agora. Se um dia tiver que parir (coisa que não sei se acontecerá), gostaria muito de ter um parto humanizado, de poder escolher (ou pagar, sei lá), de ter um médico ou médica que respeite meus direitos e que saiba fazer um parto (É espantoso ler e ouvir dizer que parto normal é algo que não estão mais ensinando ou ensinando direito nas faculdades.). E, sim, vejo a cesárea como uma escolha (além da necessidade), mas deve e precisa ser escolha, não imposição ou fruto do terrorismo.

Renato disse...

Car@s, leitor ass´piduo que sou do blog, lembro que na unidade da USP da zona leste, EACH, existe um curso de graduação (Obstetrícia - http://www.each.usp.br/obstetricia/), para a formação de profissionais capazes de realizar em conjunto com a gestante todo o parto de forma natural. Maravilha correto, não fosse o veto ao reconhecimento da profissão pelos conselhos de medicina e enfermagem, somado ao posicionamento omisso da reitoria da referida universidade visto a necessidade d@s formand@s de representação oficial http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,usp-leste-e-o-curso-de-obstetricia,704191,0.htm. Enfim, se a USP, cria o curso, forma turmas sucessivas e quando @ profissional passa por um concurso público, não pode atuar, lamentável. Um grande abraço e força!

Anônimo disse...

PRECISO REGISTRAR ISSO!

CONCORDEI COM TUDO QUE A AIAIAI disse.

acho que é inédito, rs. ADOREI o comentário, disse exatamente o que eu penso!

Minha mae também fez cesária nos três (e posso afirmar que as mulheres da minha família QUISERAM fazer cesária. o médico da minha mãe, que hoje é meu médico, é um grande defensor do parto normal, mas minha mãe QUIS).

minha mãe tbm disse que foi uma dor normal, tranquila e suportável. Comparando com as mulheres que optam por normal: ela não teve que gritar pro hospital inteiro ouvir. nem durante nem depois do parto.

Heloísa Vianna disse...

o viés feminista é só um de tantos outros dentro da discussão sobre tipos de parto. penso que não foi SÓ o poder patriarcal que distanciou as mulheres do protagonismo do parto, mas foi TAMBÉM. de qualquer forma, discutir a questão por esse viés é fundamental, sempre.

como tantas mulheres ainda não entenderam que estamos todas na mesma luta? sempre achei estranha a forma como algumas "mães-blogueiras-ativistas" se expressam sobre o movimento feminista, como se as feministas estivessem sempre contra elas. e vejo com a mesma estranheza como algumas feministas se expressam diante desse assunto (que eu sempre considerei parte TÃO fundamental do movimento feminista). parece que defender o direito da mulher ao parto natural e à amamentação prolongada vai contra a nossa liberdade conquistada, quando a coisa é tão mais complexa...

por outro lado, é tão bacana ver que muitas mulheres já perceberam que para sermos livres e donas do nosso corpo e que para termos escolhas de fato, temos que realmente ter acesso a essas escolhas (acesso à informação, muita clareza sobre os riscos e as consequências de cada uma dessas escolhas...).

e o que vemos é que esse acesso real à escolha, por enquanto, no quesito gravidez, parto e maternidade, está longe de ser uma realidade. isso fica bem claro quando notamos a falta de informação de muitas mulheres (e muitos homens) sobre os reais riscos da cesárea, sobre a quantidade absurda de mulheres que simplesmente não escolhem como parir porque são submetidas ao parto cirúrgico por falta de informação, por ainda serem submissas diante da autoridade da figura do "doutor de jaleco branco (médicOs e médicAs)", por se submeterem à opinião de um único médico sem procurar outros pontos de vista, sobre as diferenças entre um parto humanizado (seja natural, normal ou cesárea) e um parto hospitalar cheio de intervenções desnecessárias (e muitas vezes ultrapassadas e comprovadamente prejudiciais ao trabalho de parto e ao bem estar da mãe e do bebê durante e após o nascimento), sobre a dificuldade que as mulheres enfrentam na hora em que batem de frente com o sistema tecnocrático de saúde - pública e privada - e sobre tantas outras questões que ainda precisam ser mais e mais discutidas e esclarecidas...

enfim, é uma luta das grandes! e não sei de que outra forma chamar senão uma luta feminista.

por isso fico bem feliz de ver esse post publicado aqui. concordando ou discordando com partes do texto, gostaria de destacar a importância de realmente inserir essa discussão na pauta feminista.

que esse seja só o começo de discussões que abram os horizontes, tanto dos movimentos feministas quanto dos movimentos pela maternidade ativa (ou pelo protagonismo no parto e na maternidade, seja lá que nome queiramos dar).

parabéns, Lola e Nanda!

Cassia Anacleto disse...

Que lindo!
Fiquei emocionadíssima!

Anônimo disse...

e tem mais uma coisa:

os iludidos de plantão aí acham que parto natural é NATURAL né? sem cortes, a não ser o já existente?

mentira! a MAIORIA dos partos normais tem corte SIM. pqp, imagina a dor cortar uma região dessas?

tô fora!

Verô! disse...

Graças aos procedimentos modernos do parto a mortandade materna caiu drásticamente. Na Idade Média, por exemplo, a expectativa de vida das mulheres era muito menor do que a dos homens muito por conta do parto. A cesárea foi sim um avanço importante pois oferece mais uma alternativa para as mulheres e protege a vida daquelas que têm complicações durante o parto normal.

Pessoalmente eu defendo o parto normal, mas acho que cabe a cada uma escolher como quer ter o seu bebê, Minha sogra me contou que teve o primeiro filho pelo parto normal e sentiu tanta dor que a segunda (minha namorada) e o terceiro vieram de cesárea por opção dela, e ela disse que a cesárea foi muito menos traumática. Uma prima minha, por outro lado, teve normal e disse que foi ótimo, segundo ela a dor não foi tão terrível como ela imaginou que seria e a recuperação foi super rápida e tranquila. Então depende de mulher para mulher, não somos iguais e tampouco a experiência do parto é vivenciada da mesma forma por todas.

Depende da dilatação, do tamanho do filhote, do estresse da mãe, de vários fatores. Ora, se uma mulher se sente mais segura com a cesárea, porque condená-la por isso?

Eu acho que a decisão da mãe está acima de qualquer coisa!

Daní Montper disse...

Então, vamos lutar contra o mercado de cesáreas, ok, concordo que virou mercantilização de gravidezes e apoio o parto humanizado como melhor opção.
Mas se algum dia eu resolver ser mãe, quando eu decidir sê-lo, adotarei ou então vou alugar uma barriga para tê-l@, pois não tenho vontade nenhum de gerar e parir, serei menos mãe por isso? Ou nem mãe poderei me considerar?

@aiaia
Sabe que também luto comigo mesma para respeitar mulheres que querem ser 'do lar', ainda quando sabem que isso dificulta nossa luta por autonomia e equidade?

Mas eu respeito, ainda que discorde e ache que elas se arrependerão disso no futuro - como já vi acontecer milhões de vezes. Que luta, né?

Ri do "prostituta do lar"

Anônimo disse...

E outra: Nunca ouvi falar de gente que ficou traumatizado pelo resto da vida por nascer de cesária, cm se nascer por parto normal, sendo todo espremido e puxado pela cabeça fosse muito mais gostoso!

Liana hc disse...

Mariana, não é recomendável a cirurgia de laqueadura no parto.

Parto "natural" é diferente de parto "normal", este último é que recebe algum tipo de intervenção. Não sei qual é o procedimento da maioria dos hospitais, mas os que eu acompanhei de perto, antes de fazer a episiotomia foi aplicado um anestésico forte no local. E a questão discutida é que a recomendação é que não se faça episiotomia de forma rotineira, o que é totalmente ignorado pelos médicos mais uma vez.



Tiago, leia a minha resposta sobre o termo "feminazismo", por favor. Não há heroísmo nisso, é um erro, seja por desconhecimento do impacto desses termos pejorativos seja por pura má fé. Heroísmo quando dito assim, me soa coisa de revista em quadrinhos, mas vá lá. Superar-se a si mesmo e contribuir para um bem maior (acho que é isso que a maioria entende como sendo uma atribuição do herói) perpassa por não perpetuar recalques. Não dá para fazer isso e ficar falando em feminazi, gayzista, sociedade bucetista, santa/puta, macho alpha ou coisa parecida. Não há heroísmo em seguir o status quo.



Dayane, o parto de casarea também tem impactos sobre a criança, a começar pelos medicamentos fortíssimos. Os movimentos do parto normal estão em perfeito acordo com o que o organismo dele foi adptado para suportar, não é o caso da cesarea. Além dos benefícios em passar pelo canal vaginal.

Denise disse...

Mariana,

O problema dessa sua visão, ou opinião, é que ela é mutio individualista. Você só está considerando uma pessoa nessa equação: você mesma. A maternidade não é só você. Tem outra pessoa envolvida nessa história: a criança, que por sinal parece não ter muita impotaância pelo que eu estou lendo...
Isso é muito preocupante. O feminismo não pode só ser um movimento por direitos sem responsabilidades. No momento que decidimos colocar uma pessoa no mundo a gente tem que estar preparada para assumir a responsabilidade. Não se pode mais colocar a nossa conveniência antes do bem estar da criança! Realmente me dói quando eu escute o leio essas coisas. O parto e meu então eu faço o que eu quero. Não é bem assim. O parto é seu e do seu filho.
Os médicos cometem uma violência quando retiram nosso controle. Mas as mulheres também cometem uma violência quando pensam só em si mesmas numahora dessas.

darkgabi disse...

liana, meu comentário nao se restringe ao mao uso de um termo, vamos combinar?

Anap disse...

Essa eu não posso deixar de comentar. Não pude ler todos os comentários, mas o que vi foi que muitos ainda acreditam que a cesárea é melhor, mais segura. Essa foi de doer: como uma cirurgia de grande porte, com riscos de iatrogenia, infecção, prematuridade e outras coisas mais pode ser mais seguro que o NATURAL?

Além disso percebo que muita gente confunde a luta do feminismo, e quer ser igual aos homens. Gente, vamos respeitar, não há como sermos iguais, e sim termos DIREITOS iguais apesar de sermos completamente diferentes. Dá pra notar a diferença?

Se fosse pra se igualar realmente a cesárea faz sentido: "já que os homens foram, por tantos séculos, impedidos de vivenciar o parto, vamos ser iguais e nos impedirmos também".

E escolher o que é melhor pra si, enquanto se tem uma vida dentro da barriga, é egoísmo demais. "é melhor pra mim, então que se lasque o bebê que vai sofrer com a cesárea eletiva..." é mais ou menos isso que essa escolha pela cesárea implica. Sim, o bebê sofre demais em uma cesárea. E o que vivenciamos no nosso nascimento carregamos pela vida toda, sem nos darmos conta disso.

e, diga-se de passagem: parto não é sofrimento, desde que a mulher possa parir em paz e esteja vivendo aquele momento como deve ser, com muito amor e serenidade, apoio, carinho de quem ela ama.

darkgabi disse...

*mau

[é o vinho]

Mari Lee disse...

Muito bom texto, concordo com tudo! Mas ainda há outras informações que poderiam ter sido acrescentadas. Por exemplo, o fato de, se optar pela cesárea no primeiro parto, a mulher terá que ter todos os filhos por esse procedimento, pois há o risco de abrir a ferida (como a Andrea comentou).

Tive aula de Saúde Pública na faculdade, e fiquei horrorizada com o parto totalmente antinatural, que infelizmente é regra em nosso país.
Há casos de mulheres que acabam sendo obrigadas a fazer cesárea por problemas na hora do parto que poderiam ser evitados!
Por exemplo, para acelerar o trabalho de parto (que pode demorar horas ou dias), a primeira coisa que fazem com a mulher quando ela chega ao hospital é colocar o soro de ocitocina na veia. Então as contrações são aceleradas, e o bebê é expulso antes da vagina estar dilatada o suficiente! Então o médico acaba fazendo uma cesárea de emergência, ou tendo que usar fórceps, e a dor do parto é muito pior.

Outro absurdo é que é muito comum NÃO PERMITIREM que ninguém (nem o pai da criança) fique com a mãe na hora do parto!

E nós estudamos tudo o que acontece com a mãe e o bebê nos momentos que antecedem o parto, como a criança e o corpo da mãe vão sendo preparados para o momento, como a criança sabe como se mover e como se comportar... é tão bonito! Arrancar a criança de repente sem um bom motivo me parece uma abominação!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
darkgabi disse...

mais um pê-ésse: "Os movimentos do parto normal estão em perfeito acordo com o que o organismo dele foi adptado para suportar"


vamos combinar q nao tb? como bióloga odeio a conexao de "natural" com "bom".

01 confissao: nao li a discussao inteira. mas nao precisa ser biólogo pra saber q nem sempe as reacoes do organismo estao em sintonia com o q "o corpo tá preparado para suportar" pq:
A. a natureza nao é perfeita
A.1. - nao somos a perfeicao da natureza.
B. deixamos, há mt, de sermos frutos da selecao natural de modo q msm q se tenha a sobrevivência do mais apto, temos mts outliers na populacao [eu diria cerca de qs 7 bilhoes].

Gabriela Galvão disse...

Vcs já leram sobre orgasmo no parto?

(http://revistatpm.uol.com.br/blogs/armazen/2009/05/04/gozar-no-parto.html)

Vejo divulgarem isso tão pouco.

Mesmo caso da amamentação masculina.

(http://diariodebiologia.com/2009/11/por-que-o-homem-tem-mamilos-se-eles-nao-amamentam/).

E mais um motivo de abortar: vc qeria, mas depois ñ qer mais, uai. Sei lá, descobre qe o cara ñ era lá 'aqela coisa toda'... Sua vida muda de repente e onde caberia um bebê ñ cabe mais... Ou o qe seja.

Ñ tem essa de só por acidente etc. Ñ. Podia qerer e depois desqerer.

Beijos.

Verô! disse...

Liana,

Não conheço qualquer evidência que aponte o malefício da cesárea para os bebês.

Mas você não acha que uma mulher muito tensa durante o parto também não pode causar algum malefício para o filhote? E o fato de ela ter se sentido na obrigação de ter uma filho pela "via normal" não pode ser um fato gerador de tensão e estresse?

Penso que o bem da mãe geralmente significa o bem do bebê. Uma gravidez tranquila, planejada, acompanhada e uma boa expectativa acerca do parto não é só confortável para a mulher, mas para o bebê também.

darkgabi disse...

mari lee: nao tenho conhecimento científico, só o de causa mas... nao necessariamente.

ter o risco de a cesarea abrir nao significa q a mulher TEM QUE ter só cesarea dps, até pq "risco" nao significa "sempre".

nasci primeiro e de cesarea pq havia compliccoes. minha irma nasceu de parto normal e nao houve abertura da cesarea.

lola aronovich disse...

Imagina, Valéria (Shoujofan), vc não conseguiria ser pedante nem que tentasse! Muito interessante isso tudo q vc falou. De fato, a imagem que eu peguei pra ilustrar o parágrafo do texto (que mostra um parto nobre e público) é de 1770, ou seja, bem antes da Rainha Vitória. O que a Kalu da Mamíferas me falou, e a Nanda confirmou, e eu achei incrivelmente fasciante, porque não sabia, é que Vitória foi o primeiro registro de um parto deitada, não de cócoras, como era de costume. E que isso foi feito pra tornar o parto um espetáculo menos desagradável para os espectadores. Ou seja, privilegiou-se o espetáculo, a estética, sobre a gravidade (parece natural que o feto desça/seja expelido pra baixo, né?). E isso prevalece até hoje, o que não parece inteligente. Além disso, junto com esse novo procedimento anti-natural, vieram um monte de coisas, como o forceps. Então, gostaria de confirmar se Vitória realmente foi a primeira nisso de parir deitada. E que coisa, hein?! Brigar com a filha porque ela amamentou?!


Fabs, concordo muito com isso que vc falou: “O problema todo é veicular amamentação, parto normal, cama compartilhada, maternidade 24 hrs com amor; e aí produz-se um novo tipo de culpa em todas aquelas mulheres que não puderam ou simpesmente não quiseram ter um parto normal, amamentar ou ficar em casa cuidando de filhos”. Mas não acho que é isso que as Mamíferas fazem.


A discussão aqui tá ótima, pra variar! Alto nível. Acho que desta vez até a LisAnaHD desistiu de ficar lendo comentários em inglês de blogs americanos.

Nanda disse...

Gente, é muita insegurança e falta de conhecimento do próprio corpo falar que prefere cortar 7 camadas de tecido a "rasgar lá embaixo" (nem coragem de usar o termo VAGINA existe).
Mariana, você obviamente tem um desconhecimento muito grande sobre toda a fisiologia do parto, inclusive os procedimentos envolvidos nele, eu diria que do assunto como um todo. Antes de "escolher", eu sugiro que se informe.
Uma pergunta para quem "escolheu" ou "escolheria" a cesárea: você entraria no consultório do seu gastro pedindo para lhe removerem seu apêndice que sequer deu sinais de inflamação? Só porque já está com ele há algum tempo, e sei lá, de repente corre algum risco de supurar, né? A cesariana é uma cirurgia, e como tal, só deve ser usada em casos emergenciais.
Quanto aos casos citados acima, eles envolvem a precariedade do serviço de saúde pública (e particular) do país, o modelo obstétrico como um todo, e não a generalidade do parto.

Nanda disse...

Lola, se a LisaHD quiser ler um blog em inglês com comentaristas americanos, eu sugiro o http://thefeministbreeder.com ;)

Anônimo disse...

Eu tbm não sou a favor da cesária cm um procedimento a Deus dará! Mas sou a favor da cesária quando a mãe ou o bebê estiver sofrendo mais que o normal!Cm disse:Minha mãe quase morreu e minha amiga sofreu de mais, o bebê dela passou do tempo e engoliu muita sujeira de parto, além das fezes, tadinho!
Isso é crueldade tbm!

Anap disse...

Bem, existem estudos que apontam que 90% das mulheres são capazes de parir sem qualquer tipo de intervenção, e apenas 10% precisariam de alguma ajuda, mas que não necessariamente signifique cesárea.

Não vejo lógica alguma em "ah, já que pode precisar, vamos cortar logo de uma vez.."

E sim, há evidências científicas, e muitas, que demonstram o quanto a cesárea eletiva pode ser prejudicial para o bebê.

Denise disse...

Dayane,

Eu já discordo de você. Eu não vou deixar de ser feminista por, depois de 25 anos navorça de trabalho, decidir parar alguns anos para tomar conta dos meus filhos. Infelizmente eu não posso fazer isso, mas se pudesse faria. Agora mudamos de lugar com os homens? Vamos deixar de sermos mulhers porque decidimos, veja bem, decidimos, dar um tempo de trabalhar fora para trabalhar em casa?
Em uma nos somos subjugadas aos homens. Na outra nos somos subjugadas pelas próprias mulheres. Não tem jeito mesmo...

André disse...

Anap,

Quais seriam esses prejuízos? Não seriam decorrentes da falta de estrutura ou deficiencia na formação dos médicos?

Mari Lee disse...

Reiterando o que muitos já disseram: cesariana NÃO é mais seguro! Na verdade, os riscos são maiores (e não terminam depois do parto; como toda cirurgia desse porte, podem ocorrer infecções e complicações muito tempo depois).

A OMS recomenda o parto natural.

O Brasil tem 85% dos partos por cesariana.
Na Europa, a maioria dos partos são EM CASA (nem estou falando de parto natural no hospital).
Onde há mais morte de bebês ou parturientes?

Liana hc disse...

Verô, a mortandade durante partos e em recém nascidos, tanto no passado quanto hoje nas regiões pobres e desassistidas tem mais a ver com as más condições de saúde e estilo de vida da mãe e do modo como o parto era/é conduzido do que com a evolução dos procedimentos hospitalares. Afinal de contas, ainda hoje prevalece o fato de que o parto natural é a melhor escolha, ficando as intervenções somente sob extrema recomendação médica. Pesa mais falar em alimentação, saúde de um modo geral, higiene e saneamento, combate à violência. Problemas reais com o parto em si, são minoria hoje e também eram no passado. A questão maior sempre foi social.

Gente, o Ministério da Saúde, a OMS e em vários outros lugares, você encontra pesquisas embasando o parto natural como mais seguro. Nos blogs sobre gravidez e parto também se encontra links para essas pesquisas. Tudo isso tem na internet, não é difícil de achar.

Mais uma vez, a cesarea quando corretamente indicada é neste caso a melhor opção, sendo que isso será exceção. Sim, o bem estar psicológico e emocional da mãe deve ser algo sempre respeitado. O que destacamos é que melhorando o ambiente e apoiando a mãe, a maioria vai passar de forma segura pelo parto natural/normal. Não há razão para que isso seja a pior experiência da vida de uma mulher.

Claramc disse...

Meninas, ninguém nunca falou em "mais" ou "menos" mãe.

Esse assunto dá pano pra manga, eu sou completamente contra a cesárea eletiva, acho que devia ser proibido.

Pra mim cesárea só depois que entrar em trabalho de parto. PONTO.

O bebê pode estar sentado, a placenta prévia (tampando a vagina), ou qualquer outra justificativa plausível para a cesárea, mas TEM QUE ENTRAR em trabalho de parto, é a única forma de você saber que o babê está realmente apto a nascer!!

E também não consigo entender mulheres de optam pela cirurgia. Sério? Cortar 7 camadas de tecido? Não dá pânico só de pensar??

Liana hc disse...

:) Darkgabi, minha segunda resposta foi para os empolgadinhos que aparecem por aqui loucos para "gritarem" este termo com a mesma felicidade com que falam putas etc. Alguns mal disfarçam.

Sim, de fato. Não disse que a natureza é perfeita, tudo na vida tem seus riscos, temos de aceitá-los. Algumas pessoas até confundem isso com glorificar a dor e o desprazer, mas são inevitáveis e são parte necessária do nosso processo de aprendizagem. O que mais vale é nossa capacidade de lidar com esses desafios e de superá-los, afinal.

A questão é que nenhum procedimento cirúrgico num organismo perfeitamente saudável tem seus malefícios superados pelos benefícios. Acho que tem quem prefira não aceitar isso em nome do comodismo ou do medo.

Bebendo a essa hora, mulher! rs

Denise disse...

Vero,

Já existem estudos mostrando que existe uma maior incidência de problemas respiratórios, como asma por exemplo, em pessoas que nasceram via cesariana. O que faz sentido quando você pensa no processo da passagem pelo canal vaginal.

Anônimo disse...

Denise,

Mas eu não sou contra a mulher que decide ficar em casa, se é assim que ela se sente bem!De onde vc tirou isso?
Tem mulher que gosta de fazer serviços domésticos e eu admiro MUITO quem gosta!Pq eu detesto,rs!Mas sei que quando casar, vou me ferrar, pq nao tenho din din pra bancar empregada e não sei fazer nada ¬¬!Vou ter que me virar, serei dona de casa, querendo ou não.Pra vc ter idéia, meu namorado é um exímio dodno de casa, meu pai um órimo cozinheiro.O que mostra que muitas vezes, é uma questão de aptidão, de gosto, de escolha!

Agora, não tem jeito, neh? Todo mundo tem seus defeitos e preconceitos.
Veja bem, eu não sou de maneira alguma contra mulheres que se relacionam sexualemnte com vários homens ou contra roupas sensuais. Eu sou contra mulheres que se valem do corpo e não usam a cabeça, tipo as mulheres frutas, tipo garotas que tiram fotos mostrando so peitos na frente do espelho, tipo mulher que acha lindo dizer que encheu a cara na balada, vomitou e foi pro funk sem calcinha!

É preconceito?Pode ser, mas eu me envergonho de ser comparada com mulheres assim, sinto muito!

Mari Lee disse...

darkgabi

Também sou bióloga.
Concordo quando você diz que "natural" não é sinônimo de "bom". (nem de "imutável")

Existem, sim, emergências em que uma mulher precisa de cesariana (mas são exceções, não são 85% dos casos!).
E também pode acontecer da mulher ter contrações e ocorrer um parto natural muito antes da criança estar "pronta", e ela nascer prematura. Mas, também é exceção, não a regra.

Concordo 100% que "não somos a perfeição da natureza", isso não existe.

Mas discordo que não somos mais fruto da seleção natural. As pressões seletivas apenas mudaram, mas isso é normal.
Ou a alta incidência de anemia falciforme numa população que habita um local com malária endêmica não é fruto de seleção natural? (só um exemplo didático que me veio à mente)

Anap disse...

André, é simples:

no parto normal, as contrações fazem uma massagem no corpo do bebê, preparando-o para respirar fora da barriga, durante a passagem pela vagina, há uma compressão natural nos pulmões do bebê, expelindo todo o líquido presente em suas vias respiratórias, a ocitocina endógena atravessa a placenta e chega ao cérebro do bebê, fazendo-o "adormecer" e assim precisar de menos oxigênio durante o período de adaptação à vida extra-uterina, e após o nascimento, por alguns minutos, o cordão umbilical continua a pulsar, levando oxigênio ao bebê enquanto ele aprende a respirar sozinho.

Veja bem que na cesárea não há nada disso, além de correr risco de prematuridade em casos de cesárea eletiva que geralmente ocorre por volta das 38 semanas, pois cada bebê se desenvolve em seu próprio ritmo, e o que dá início ao trabalho de parto é justamente a maturidade pulmonar do bebê, ou seja, quando se faz uma cesárea eletiva, o pulmão pode não ter terminado a sua maturação, visto que esta pode ser concluída por volta as 42 semanas de gestação.

=)

Aoi Ito disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Angélica disse...

Poxa, Lola e Nanda!

Concordo demais!

- Direito da mulher
- Direitos humanos

Escolher a Ce$área é um direito.
Ser "coagida tecnicamente" a fazer ce$área é um abuso de direito, mas muito mitigado... quase dissimulado, não é?

O aborto é um direito. Ser coagida tecnicamente, moralmente ou socialmente a fazer um aborto é um abuso de direito.

Mas na nossa sociedade essa coação é inversa e é legal, imputa um crime e condena a todas às consequências que uma mulher que não tem condições de criar um filho deve suportar.

Eu sou a favor daquelas que não se consideram em condições de parir, que abortem (dentro de todas aquelas limitações biológicas e técnicas).

Parir é lindo!

Roxy Carmichael disse...

"quando eu me casar sei que vou me ferrar porque não tenho dindin para pagar a empregada"...o que isso quer dizer?que você vai sair da casa dos seus pais só quando se casar?ou que você vive sozinha e não sente a necessidade de uma empregada, mas quando se casar vai sentir? acho que a segunda opção não faz muito sentido porque você mesma disse que não sabe fazer nada do serviço doméstico, então suspeito que alguém faz pra você. acho tranquilo, só pra eu entender melhor...isso me fez lembrar daquela história de que a mulher deixa de pertencer ao pai, para pertencer a outro homem, o marido. eu acho que a crítica em relação às donas de casa não é pela opção delas por cuidar dos filhotes e costurar e cozinhar. o problema é: quem paga as contas enquanto ela cuida da casa e dos filhotes?se ela conseguir pagar as contas dela, ficando em casa cuidando dela e dos filhotes, tudo bem
agora criticar as mulheres frutas (que pagam as contas delas) e valorizar as mulheres que dependem do marido até pra comprar uma garrafa de água, eu acho que é bem contraditório. prostituição que pra mim é profissão muito digna tem mais a ver não com a garota que molha a camiseta pra ver os próprios seios ou se vangloria de ter ido pro funk sem calcinha, mas com a jovem casta que acha absurdo o homem não pagar jantar pra ela, ou ainda acha absurdo dividir a conta do motel.

Anap disse...

Dayane ok.,

não existe "sujeira de parto".
e mecônio não é cocô, apesar de muitos o chamarem assim. Ele é asséptico, ou seja, isento de microrganismos, e nem é fruto de digestão, e sim de processos químicos de maturação e desenvolvimento. engolir mecônio não faz mal pra bebê algum, nem expeli-lo é sinal de sofrimento fetal. Bebês soltam mecônio pq soltam, simples assim. E não há perigo nenhum se ele for um bebê saudável.

o problema é quando o bebê entra em sofrimento, não por causa do mecônio, mas por outros motivos, e corre o risco de aspirá-lo. veja bem que não é engolir, e sim aspirar: nesses casos, o mecônio entope as vias respiratórias, e aí sim é perigoso. mas a culpa não é do mecônio em si, mas sim de outros fatores..

=)

Anônimo disse...

Nanda, thank you for the hint... but I found the blog awfully busy with soooooooo many ads all over the margins... it makes the reading distractive....thanks again for your effort.

Anônimo disse...

Denise,

a maioria dos brasileiros nasce de cesária. A maioria não tem problemas decorrentes disso.

A única pessoa na minha família que tem problemas devido à demora no parto, nasceu de parto normal. daí ficou sem respirar e hoje é uma garota especial. Não estou usando isso como justificativa para a cesária...

o que quero dizer é que esse termo "violência" para cesária, para a falta do aleitamento, é errado e exagerado! oras, pode ser que o IDEAL seja normal e aleitamento, mas não fazer isso não prejudica o bebê!

eu sou uma pessoa muito saudável e mamei só dois meses, minha mae não tinha leite. e nasci de cesária.

acho só que as palavras aqui usadas "abominaçao, violência" são totalmente fora de contexto.

E pra quem falou que eu to mal informada: ainda que eu estivesse. ainda sim a escolha é minha. mesmo inconsciente. mesmo não sendo plena.

Anap disse...

Só pra falar de feminismo:

não há nada mais feminino que gestar, parir e amamentar. homens não podem, não são capazes. Essa é uma dádiva concedida a nós, mulheres. Feminismo não é extinguir estas etapas, e sim ter direito à elas sem prejuízo no emprego, na sociedade, sacam?

Outro dia recebi um e-mail de alguém que viu em meu blog as fotos do meu parto, dizendo o quanto eu estava sexy parindo. e é isso mesmo: as mulheres que se entregam ao parto, ficam tão lindas naquele momento, chega até a ser sexy, mesmo, com aquela expressão de concentração e serenidade..

Gente, parto tem tudo a ver com sexo, e principalmente com o feminino! parir é sexual, assim como transar e conceber..

Fer disse...

Esse post me lembrou muito um acontecimento recente.
Uma amiga da família está grávida, e a conversa era justamente sobre gestação e parto.
Não estava prestando muita atenção, mas meu tio falou uma coisa que ficou ecoando na minha cabeça "Ai, acho que tem que fazer cesárea mesmo. É mais prático".
Assim, como se estivessem falando sobre passar aspirador na casa ao invés de varrer. Isso me chocou bastante, principalmente porque eu andava me informando sobre parto humanizado (acho fascinante) e me arrependo de não ter confrontado-o. Essa coisa de querer que o parto seja rápido, limpo e indolor, esse desejo de praticidade num momento que deveria ser de conexão entre mãe e filho é muito revoltante.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cymaras disse...

Lola,

tenho 38 anos, sou dona-de-casa, tive minhas filhas por cesareana e há mais ou menos três anos coloquei silicone no seios. Sou sua leitora assídua há pouco mais de uma ano. Eu não me sinto nem um pouco diminuída com as colocações que são feitas aqui a respeito desses temas. Pelo contrário. Tenho compreendido o quanto de minhas escolhas foram conscientes (ainda que "equivocadas" do ponto de vista feminista) e o quanto foram escolhas alienadas, feitas apenas para seguir o tal "sistema". Se eu tivesse lido mais o EscrevaLola antes, pode ter certeza que teria agido de forma diferente em muitas oportunidades. Seu blog é indispensável. Beijo grande.

Anônimo disse...

outra pergunta:

e ingestão de bebida alcoolica na gravidez de forma moderada, pode?

até hoje eu pensava que não e sentia raiva das grávidas com taça de vinho na mão.

mas aí eu vi uma reportagem com a vanessa camargo que está grávida e foi numa degustação de vinho ou sei lá que bebida, e ela disse que o médico a autorizou a beber duas taças por dia, que isso não afeta o bebê.

procede?

Anap disse...

Fer,

concordo contigo. eu quis parir, e quis que fosse demorado. achei até que foi rápido - 14 horas e 38 minutos.

Foi um dia maravilhoso, com todo o carinho e amor do meu marido, cercada de atenção, com pessoas queridas, com massagens, com liberdade pra fazer o que eu quisesse.. as contrações? as recebi de braços abertos, pois sabia o quanto elas fazem bem pros bebês. Doeu? doeu, sim! mas foi uma dor tão boa, tão linda... entender a fisiologia do parto nos ajuda muito a aceitar e respeitar cada etapa de evolução..

Nanda, adorei quando falaste do apêndice, pq é um exemplo que uso bastante!@ hehe

darkgabi disse...

@mari lee: se levarmos em consideracao q nesses locais nao há qs "avancos da medicina", podemos concluir q sao fruto sim da selecao natural... mas me referia justamente à selecao artifical. eu mesma nao estaria viva se nao fosse a medicina, a comecar pela cesárea! nasci com o cordao umbilical enrolado no pescoco.

por causa da selecao aritifical é q é complicado dizer q "somos um organismo em sincronismo". de qlqr forma, eu nao recomendo cesárea a torto e a direito... mt pelo contrário! acho q é como receitar um anti-depressivo a uma pessoa com problemas sem antes tentsr tratá-la com um psciólogo, ou seja: pelos próprios meios. é querer resolver problemas q ainda nem existem. é o cúmulo da precipitacao e ansiedade!

só achei um mau uso de uma argumentacao na base "sinônimo de natural = bom".


@liana: neste momento, CET = 22:49

Caroline disse...

Caramba, esse blog me faz pensar em coisas que nunca passaram pela minha cabeça.
Pelo o que a minha irmã me relatou qdo teve seu filho, foi que a dor é realmente muito grande. Mas ela não tinha esse pensamento de querer cesárea ou não. No dia que ela começou a sentir as contrações, a obstetra dela esperou pra ver se ela teria normal, mas a médica disse que o bebê evacuou e daí tiveram que optar pela cesárea. Isso foi relato dela, não sei se é assim mesmo que ocorre. Mas nunca parei pra pensar sobre parto dessa forma. Essa ordem cronológica que ela fez ficou muito interessante.

Agora, sobre a questão do aborto, eu ainda não tenho opinião formada. Eu leio sempre o que a Lola e as leitoras escrevem e penso muito nisso. Eu acho certo e errado. To em cima do muro ainda. Atualmente eu não tenho vontade de ficar grávida, mas se eu ficasse, eu não optaria pelo aborto não. Eu teria a criança. Hoje eu penso assim, caso acontecesse, mas amanhã, não sei.

=)

Liana hc disse...

Mariana, dizer que oferece riscos não é o mesmo que dizer que todos ou a maioria nascerá com problemas. É uma comparação entre os tipos de partos, e o natural apresenta menos riscos em ralação aos demais. E não só os problemas mais óbvios como morte, por ex., tem os problemas respiratórios que podem sequer serem relacionados pela população com o parto e que afetam desde o físico ao bol$o.

Pelo que leio, beber álcool na gravidez, principalmente no primeiro trimestre, pode causar danos permanentes ao desenvolvimento pois o organismo do embrião/feto não tem como filtrar certas substâncias da mesma maneira que o de um adulto e o impacto acaba sendo muito maior. Mas é interessante pensar que se você tem o hábito de beber e acabar engravidando você pode só descobrir várias semanas depois, mas aí já foi, né. Já bebeu, fumou, se medicou etc sem saber que já estava grávida.

Amanda Lima disse...

Vou discordar somente da seguinte frase:
"Que o parto é a dor mais excruciante que uma mulher jamais sentirá na vida, é consenso universal."

Como mulher que já teve parto normal sem anestesia e pedra nos rins posso dizer, expelir pedras dos rins é MUITO mais doloroso que parir. Preferia 5 filhos de PN que aquelas pedras novamente...

No mais, queria que as mulheres que efetivamente querem ser mãe soubessem a metade do que você sabe Lola.

yulia disse...

bem , quem aqui assiste o dr holywood? num desses programas eu vi o tal robert rey dizer que o parto normal é responsável pelo alargamento da vagina.

Anônimo disse...

Até parece que Vanessa Camargo e o tal médico estão fazendo comercial pralguma vinícola... me faz lembrar daquela siraiga grávida fazendo propaganda de uma cerveja sem álcool... pura falácia !

Roxy Carmichael disse...

Dayane minha jovem, você pode trabalhar, não trabalhar, morar com a família, morar só, morar com seu marido, isso realmente não importa. Não porque você não seja importante, de forma alguma, mas porque a discussão aqui não é pessoal. Acho que você se equivoca quando diz que suas decisões vão contra a opinião de muitas feministas. Eu queria que você pudesse citar alguma feminista que é contra a virgindade e o casamento. Pode até ser que elas existam porque o movimento feminista é muito plural, mas te digo que uma das principais diretrizes desse movimento é o respeito pelas diferenças. De forma que as feministas não tão nem aí se você se casa virgem ou não. Elas estão aí se você se casar virgem por uma imposição social que visa cercear seus direitos. Para completar eu não diria que a sua posição seja contrária ao discurso hegemônico, pelo simples motivo que as mulheres com vida sexual não são respeitadas como as mulheres virgens ou aparentemente castas. Quem sofre preconceito são as primeiras e não as últimas, não vamos inverter aqui as coisas. Tanto é que existem as mulheres "para casar" tratadas como princesas e as putas, que não são tratadas com muita gentileza. Eu acho que você pode seguir com seu preconceito em relação as mulheres que vão pro funk sem calcinha, ou em relação as mulheres frutas, só acho que isso é uma lástima pelo motivo que nós mulheres já somos muito criticadas por ser mulheres, então é triste ver essa crítica partindo de uma mulher. Lembrando que não existe um modelo correto a seguir (a mãe perfeita, a intelectual que usa o cérebro em vez de usar o corpo), isso vai contra o feminismo, um movimento horizontal e já em sua formação preza o respeito pela diversidade. Todo mundo tem defeitos certamente, mas não, nem todo mundo tem preconceitos.

adc disse...

Essa questão é mesmo muito importante, porque é preciso que se desmistifique a cesariana. As mulheres precisam se informar melhor sobre suas escolhas, sobre o que é melhor para sua saúde e para a do bebê, e ter menos medo do parto normal. Entretanto, reduzir a questão a matriarcalismo me parece a pior maneira de defender qualquer coisa.

Primeiramente, o parto natural é sim uma escolha desnecessária, quando a mulher pode ter um parto normal com anestesia e passar por muito menos dor. Mas a questão principal não é essa. O parto normal é melhor para a mulher por ordem de praticidade, e as mulheres deveriam saber disso. É mais saudável. O direito feminino à escolha sobre como dar a luz, sobre querer ou não sentir dor, entretanto, é no que o feminismo deveria se concentrar.

Reduzir o argumento a uma superioridade feminina por ter algo saindo de sua vagina me parece tão primata quanto a ridícula obsessão masculina com seus pênis. Não me entenda mal, a opressão patriarcal existe, ainda é muito mais forte do que muita gente imagina, e contra ela eu me posiciona radicalmente. Mas não acredito que se deva lutar contra um argumento estúpido com outros do mesmo nível. O importante é o direito da mulher à escolha e ao conhecimento de seu corpo, e não se há ou não homens presentes na hora do parto ou por que canal sai o bebê.

O conhecimento e direito da mulher sobre seu corpo, para mim, precisam ser plenos. E eu não acredito em quem acha que passar por dores horrendas faz com que eu seja mais mulher, mais consciente do meu corpo. Eu sou antes de tudo racional, e querer sentir dor é irracional. De novo, reforço que, apesar do medo da dor ser natural e não condenável, a cesaria muitas vezes é a resposta errada. Mas não porque eu precise de uma reafirmação teórica de ordem matriarcal, simplesmente porque na prática ela muitas vezes é pior mesmo para a mulher e o bebê. Se ele sai por uma vagina ou se pelas mãos de um médico (que por sinal pode ser uma médicA também, oras) é o que menos importa para a teoria.

Mais do que isso, eu sou feminista que acredita na importância da mulher pela habilidade de dar a luz, mas sou uma feminista que não quer ter filhos, e acho que isso faz muito parte da nossa luta. Porque sou mais do que uma perpetuador de gens e tenho uma vida de que não quero abrir mão por um homem e/ou um bebê, porque não me parece valer a pena. E como sou racional e não sou pior do que homem nenhum por aí, acho que estou no meu pleno direito de optar por isso e não ser julgada ou receber olhares críticos. Por isso me irrita quando reduzem a importância da mulher ao que sai ou deixa de sair da minha vagina. Não é uma questão de matriarcalismo, é uma questão de jutiça e racionalidade.

Por fim, como defensora do aborto, acho escabrosa a banalização mencionada do mesmo, da ordem de "se quiser ter filho aguente a dor, se não aborte". E a mulher não pode querer ter e cuidar de um filho e não sentir dor? O humano medo da dor é um bom motivo para abortar? É esse tipo de argumento que faz com que as pessoas vejam a nós, defensoras do aborto, como desumanas assassinas de fetos. A mulher precisa ter o direto de escolher ter o filho, mas precisa saber muito bem o que está fazendo ao interrimper uma gravidez também, porque não é uma coisinha assim fácil e sem importância, oras.

lola aronovich disse...

Maria, que disse ter se decepcionado com o blog porque publiquei um guest post Evolucionista Cultural. Pois é, acho que dá pra fazer uma leitura feminista disso, mas o foco do post não é este. Mas olha, não será a última vez que vc se decepcionará com o blog. Sério mesmo. Não dá pra concordar com alguém em 100%.


LisAnaHD, ahn, tá ficando um pouquinho ridículo vc responder comentários em inglês. E, por favor, tente economizar nas citações da Wikipedia. Não tenho nada contra a Wiki, acho uma boa fonte de informação, e já vi especialistas respeitados em suas áreas confirmando isso. Mas fazer comentários só com citações não é legal. Escreva pelo menos um pouquinho antes ou depois de colocar a citação. E, assim, como o blog é brasileiro (droga! Droga! Droga!, de acordo com vc, né?), e 90% do pessoal que lê o blog está aqui no Brasil, que tal usar o português?

lola aronovich disse...

Amanda querida, obrigada pelo carinho, mas eu não me sinto muito conhecedora de nada que envolve a maternidade. Até porque nunca me interessei muito pelo assunto... Acho que é um erro meu, porque logicamente que é um tema feminista. Sobre a frase do parto escruciante, eu entendi que a Nanda estava falando ironicamente. Ish... E isso de pedra nos rins, muita gente diz que a dor é terrível! E taí uma dor que homem também sente!


Esse debate (recente) sobre beber alcool durante a gravidez é muito interessante. Já li de gestantes nos EUA que foram PRESAS por estarem bebendo. E de garçons que se recusam a servir alcool para clientes grávidas. Acho que é o velho negócio de colocar o bebê acima da autonomia da mulher. E também vejo como uma paranoia exagerada. Afinal, muitas de nossas mães e avós beberam (e até fumaram!) e, bom, ainda conseguimos nascer, né? Por outro lado, não sei até que ponto é um sacrifício tão enorme parar de beber durante a gravidez e amamentação, ainda mais se isso beneficia o bebê. Claro que eu digo isso porque não bebo... (E parar de comer chocolate? Tem que parar de comer chocolate durante a gestação?). Vcs das Mamíferas têm alguma posição sobre isso de ter que se privar de bebida por causa do bebê?

Denise disse...

Aí Dayane,

Mill desculpas! Na realidade era para ter sido um contra argumento para a aiaiai.
Isso me serve de lição para não ler as coisas depressa demais!

Ps. Nesse ponto das "piriguetes" eu me debato entre os dois pontos. O de se ter o direito de se vestir como quer e a responsabilidade com as mulheres como um gênero. Mas o mesmo na minha opinião vale para as mulheres que usam véu... Mas isso já foi discutido.

De novo, desculpas!

Denise disse...

Mariana,

Não se sabe das consequências da epidemia de cesariana pois não existem estudos populacionais sobre isso em larga escala. E porque não existem? Por que não é do interesse de ninguém.
Mas já existem sim alguns estudos que mostram que há um aumento de problemas respiratórios em pessoas nascidas por cesareana.
Você pode fazer o que quiser, mas não muda o fato de se preocupar primeiro com você e depois com a prole. E você tem todo direito de achar que isso não tem nada demais. Só que eu acho. Eu acho que filho é mudança de vida e se tem que estar preparado.

Liana hc disse...

Concordo,

"Por exemplo, para acelerar o trabalho de parto (que pode demorar horas ou dias), a primeira coisa que fazem com a mulher quando ela chega ao hospital é colocar o soro de ocitocina na veia. Então as contrações são aceleradas, e o bebê é expulso antes da vagina estar dilatada o suficiente! Então o médico acaba fazendo uma cesárea de emergência, ou tendo que usar fórceps, e a dor do parto é muito pior."


Essa questão da dor e da analgesia no parto natural ou no normal é um pouco mais complexa do que a maioria pensa. É preciso se informar melhor sobre o impacto desses procedimentos.


Lola, não concordo em consumir alcool na gravidez, quer dizer, eu imagino que a maioria aqui acharia errado pegar essas bebidas, colocar na mamadeira e dar para um bebê (conheço pelo menos duas pessoas que faziam isso e achavam engraçadinho). Se tem diferenças na absorção da bebida entre homens e mulheres, imagina o impacto disso num feto ou num recém nascido.

Denise disse...

Amanda,

Concordo plenamente com você! Existem dores piores e olhe que o parto da minha filha foi extremamente traumático.
Tive tudo que não era para ter: pélvica (ela estava em pé, na verdade), preeclampsia, síndrome de HELLP (complicações da preeclampsia, um mega mínima no colo do útero, e para terminar, Falha dos rins, fígado e pulmão. Quase terminei....
Mas nada disso compara ao tratamento que fiz para canc de mama. Dores diárias durante dois anos! Um parto? Faço dez partos se pudesse evitar o câncer! E todos naturais!

Denise disse...

Para quem não sabe, a anestesia também traz consequências para o bebe. Então também naosedeveusar indiscriminadamente.
Existem tantas opções para lidar com a dor ou o desconforto na hora do parto, que não consigo entender porque mulheres, especialmente as que se dizem feministas, se abandonam a preconceitos em vez de tomarem o controle da situação e do bem estar do se filho.

Cintia disse...

Impossível ler todos os comentários, cheguei agora.

Mas adorei o guest post.

Amanda Lima disse...

Mariana,

sim, o corpo é seu, então a escolha é sua.
O problema é que além de cortarem sete camadas da sua barriga, você estará prejudicando seu filho.
Não sopu contra a cesáres, mas nunca faria uma antes de entrar em Trabalho de Parto.

Com relação a pessoa da sua familia que tem problemas mentais, isso certamente não foi causado pois ela 'não conseguiu respirar', pois o cortão continua fornecendo oxigenio ate que a criança consiga respirar sozinha.
Podem ter sido problemas no parto? Sim.
Mas médicos que fazem cesaria tambem erram, ou você nunca viu casos de mães com gazes e restos de placenta deixados dentro do utero?
O problema NÃO é a cesareana, e a realização dela de forma indicrimanda e com bebê prematuro!

Angélica disse...

ô Lola,
mas que desagradável você abrir discussões sociais transformadoras e vem um chato que não argumenta nada e ainda diz "que você não experimentou nada".

Bem, eu nunca sofri diversas mazelas que diversas mulheres sofrem, as defendo por não considerar que EU sou o centro da sociedade e o MEU bem estar é o mais importante.

Defendo a força das mulheres e o amadurecimento das questões que as (nos) envolve.

A discussão, a abertura do tema, é o que impulsiona a transformação.

Eu sinto muito é de ver pessoas na "ré" da melhoria social, que consideram a discussão o fim, e não o começo.

Ai, que chato.

Fabs disse...

adc,

"Reduzir o argumento a uma superioridade feminina por ter algo saindo de sua vagina me parece tão primata quanto a ridícula obsessão masculina com seus pênis. Não me entenda mal, a opressão patriarcal existe, ainda é muito mais forte do que muita gente imagina, e contra ela eu me posiciona radicalmente. Mas não acredito que se deva lutar contra um argumento estúpido com outros do mesmo nível. O importante é o direito da mulher à escolha e ao conhecimento de seu corpo, e não se há ou não homens presentes na hora do parto ou por que canal sai o bebê."

Onde eu assino?

Sobre este direito de escolha e a dor do parto. Há estudos que indicam que a dor e suas gradações é cultural e pode variar também de indivíduo a indivíduo. Por isso, acho que antes de argumentar ou se portar como o porta voz de uma verdade absoluta, as pessoas deveriam ao menos tentar relativizar a questão da dor.
Há relatos de parto natural que vão desde o "nascimento orgástico" até a "dor excruciante".
Acho uma tremenda sacanagem usar esse tipo de estratégia de convencimento. Se o parto natural é o melhor para a mãe e o bb, cabe o uso de argumentos e evidências científicas e não a desqualificação da mulher ou de sua capacidade de maternagem devido a dor que ela sente ou teme sentir.
Então acho que está mais que na hora da causa feminista abraçar não um ou outro lado, mas lutar pelo direito de escolha e sobretudo, o acesso a informação.

Sarah Helena disse...

Lola, lendo sobre como um monte de gente não entende como se pode ser feminista e defender a amamentação prolongada, se vc quiser eu escrevo sobre isso. Amamentei 3 anos e meio, desmamei gradual e naturalmente e frequentei barzinho, evento, reunião política e o caramba;


E quem reclama da dor do parto, quem já teve cálculo renal? Essa sim é a pior dor do mundo. Te faz querer morrer. Mesmo. Parto? Putz, fácil. Perto de uma pedra nos rins não dói NADA.

A dor do parto é uma dor muscular forte. E se não te deram ocitocina para induzir um parto mais rápido, ela é plenamente suportável.

Anônimo disse...

Desculpe, Lola. Eu não acrescentei meu próprio texto qdo do envio dos links/textos Wikip pq queria dar maior importância ao assunto em si. Tb não pensei que aquela curta mensagem em inglês para moça que se reportou a mim fosse te incomodar... ela me indicou um blog em inglês e quis que ela tivesse certeza de que visitei o blog provavelmente de maior interesse dela do que meu, dado o tema do blog... e escrevi em inglês tb pq já vi longo texto em inglês em post seu... e vc tb dá link com matéria em inglês. Desculpe-me pelo incômodo. E não precisa ficar martelando tipo "droga de blog em português" ou coisa do gênero... vc sabe que não é isso o que sinto... Lola, vc "sabe".

Roxy Carmichael disse...

adc ponto pra você! muito LÚCIDO seu comentário.também me chocou um pouco essa banalização do aborto. lembrando que eu sou totalmente a favor, mas não compactuo com a opinião de uma comentarista que disse que o aborto deve ser realizado porque a mãe desistiu de ser mãe, ou porque a relação com o pai da criança não deu certo "Sei lá, descobre qe o cara ñ era lá 'aqela coisa toda'... " enfim. não quer ser mãe, previna-se. se ficou grávida sem que fosse planejado, e não quer ser mãe, acontece mesmo sabendo dos métodos contraceptivos, as pessoas são humanas, tudo bem, aborte. Mas a partir do momento que você planejou ter o filho pressupõe-se que você pensou bastante sobre como um filho pode ou não caber na sua vida.

No mais queria sugerir a Lola se ela poderia escrever um post sobre a decisão de não ser mãe. Caso já tenha escrito, peço que compartilhe o link.

ana gabardo disse...

Por medo da dor, por ser mais "prática" (em termos, poque eu nasci de parto normal e minha mãe sempre diz que logo depois conseguiu se levantar sozinha e tomar banho, sem sentir dores, ao contrário de uma cesárea que te deixa inchada e com marcas) a cesárea é adotada e acho que na maioria das vezes nem é porque os médicos acham mais lucrativo e sim porque as mulheres já se preparam com a mentalidade de que cesárea é melhor, mais rápida e pratica. Eu quero poder ter um parto natural, em casa de preferência. Claro, salvo a necessidade de uma cesárea por questões de vida ou morte. Só de imaginar um bisturi me cortando me dá arrepios.

Unknown disse...

Para quem acha que parto cesário é beleza, apenas uma escolha e que não trás maiores problemas, vou contar minha história.

Na minha primeira gestação eu queria parto normal, disse ao médico e ele concordou. Minha gravidez chegou perto de 42 semanas, e na última consulta de pré-natal, ele achou que os batimentos cardíados do bebê estavam diminuídos e pediu um exame específico para avaliar a situação do bebê. O exame deu normal, mas próximo de uma faixa limítrofe. Ou seja, dava pra esperar mais um pouquinho, mas o médico insistiu para fazer a cesariana. Eu recusei. Combinamos que esperaríamos pelo menos mais uma noite. Durante a madrugada entrei em trabalho de parto. Na maternidade o médico insistiu na cesariana, argumentando que como eu tinha pouca dilatação, o parto seria demorado e ele tinha receio que a bebê entrasse em sofrimento. No meu lugar de mãe e leiga acabei concordando.

Deu tudo certo na cirurgia, no pós-operatório e comigo e com minha filha.

Nos anos que se seguiram antes da minha segunda gestação tudo normal. Mas quando eu engravidei novamente e o bebê começou a crescer, eu sentia dores terríveis, como se alguém estivesse enfiando uma faca na minha barriga e rasgando ela por dentro. Sofri durante vários meses com essa dor. A dor era tanta que eu pedi para minha médica tirar o bebê antes do tempo. Ela tentou segurar o máximo que pode, me receitou remédio para dor, mas acabei fazendo um parto cesário prematuro. Durante a cirurgia a equipe médica aparentava animada, conversando muito, após tirar o bebê, silêncio total. A médica pediu ao anestesista para me apagar.

Resumindo, eu estava com meu útero aderido a vários órgão internos, entre eles, como a bexiga e o intestino. Quase perco meu útero na cirurgia. Minha médica conseguiu salvá-lo, mas me disse que teve vontade de ligar minhas trompas, porque meu útero não tem condições de emfrentar outra gestação. Corri risco de morte durante toda minha gravidez sem saber, poderia ter tido um rompimento no útero e um hemorragia interna.

Não posso mais ter filhos.

Se a minha primeira filha tivesse sido por parto normal, eu não teria tido esses problemas na segunda gestação.

A cesariana é uma cirurgia, é importante sim, salva muitas vidas (de mães e de bebês), e deve ser esse o único objetivo dela, salvar vidas, quando não tem outra alternativa.

Amanda Lima disse...

@Unknown
Tenho uma irmã 18 anos mais nova que eu. Eu e minha irmã do meio nascemos de parto normal, mas esta caçulinha acabou nascendo prematura e teve que ser cesareana.
Minha mãe teve uma hemorragia muito grande, que fez a cesarea demorar 4 horas. Nesse meio tempo eu e meu pai esperávamos na sala de espera e uns dos médicos veio nos dizer que era para 'nos prepararmos'.
Imagina ter 18 anos, escutar que sua mãe pode morrer por causa de uma cesareana e ficar com uma irmãzinha com menos de dois kg na UTI??
Eu surtei, e mesmo a minha mãe ter sobrevivido para ser avó, eu peguei trauma de cesareana. Para mim SO em caso de muita necessidade mesmo...

Noh Gomes disse...

Eu sou a favor do que for melhor para a mulher/mãe, eu tive parto natural de cocoras, fiquei doze horas em trabalho de parto, mas foi uma escolha minha, tanto que meu pré natal todo foi feito para o parto natural, tive minha filha aos 23 anos, pelo Sus, pois o hospital que melhor atende esse tipo de parto é público.
Não é um parto facil, pois quem ja pariu sabe bem a dor que se sente, eu cheguei a desistir, pedir para ser qualquer outro pois a dor era imensa, mas eu e a medica conversamos e com massagem e muitas horas debaixo do chuveiro aguentei esperar.
Minha filha nasceu com 4 kilos e 51 centimetros, precisei levar 20 pontos, falando assim parece que é terrivel, mas não foi, ela nasceu aos meus olhos, eu vi tudo, participei junto assim como o pai, que foi quem a recebeu e cortou o cordão, assim que a tive consegui andar normalmente e no dia seguinte obtive alta do hospital, com 5 dias eu ja estava ótima e não foi preciso de cuidados maiores. Amamentei minha filha até os dois anos e nunca deixei de amamenta-la em lugares públicos.

Sou muito feliz com a escolha que fiz, mas como eu mesma disse, acredito que cada mulher sabe o que aguenta, mas informação correta é o começo de tudo.

Noh

Anônimo disse...

Tenho 17 anos e sempre disse "Quero ter filho, mas não quero engravidar"
O problema da gravidez é o parto.. Eu sou daquelas que não quer se submeter a um parto normal. PORÉM, nunca achei justa a cesariana, nunca nem cogitei a ideia.
Minha linha de raciocínio é: se não quero um parto, não posso querer engravidar; logo, devo usar camisinha e entrar na fila da adoção. E ponto.

Anônimo disse...

Calíope, não se fie 100% na camisinha... converse com seu médico sobre o DIU... vc poderá optar pelos dois.

Liana hc disse...

Todas as mulheres que eu conheço que tiveram uma boa experiência com parto vaginal nem falam a respeito porque não veem necessidade. Não costumamos falar daquilo que foi bem, nos concentramos no que traumatiza.

Cheguei a ter dilatação quase total em poucas horas e minha dor foi bem baixa. Sei que isso aumenta na hora em que a criança está de fato nascendo obviamente, mas não passei por isso pois a obstetra desnecessariamente indicou cesarea. Minha percepção de dor até então foi bem tranquila. Não tomei nenhum tipo medicamento, só quando fui para a mesa de cirurgia e minha recuperação não foi nada agradável.

E outra, quando se fala em trabalho de parto não significa dor excruciante durante cada minuto. Há uma progressão, a dor ela vai e vem, principalmente no natural. Medicamentos(como a ocitocina) desregulam esse ritmo que é muito delicado e que serve para ir preparando o corpo da mãe e do bebê aos poucos. Não é toda mulher que vai se esvair de dor em longos partos, estes casos precisam de atenção maior, mas não são maioria.

Liana hc disse...

Essa representação do parto vaginal como uma coisa absolutamente horrível, a dor como sendo a pior do mundo e que vemos na tv, na literatura, contados por médicos etc é uma imagem desnecessariamente exagerada e típica dos valores que praticamos enquanto sociedade.

Por isso o medo que muitas mulheres tem do parto chega às raias da loucura por tamanha má influência. Precisamos mostrar que um parto tranquilo para a maioria, com o mínimo de intervenções é possível, sim. Não precisa ser esse filme de terror que tentam nos convencer. Tem bons exemplos em outros países que valem uma pesquisa mais atenta.

yulia disse...

off topic...Para calar a boca dos machistas que ainda acham que roupa é motivo para mexer na rua...

gostaria de dar meu testemunho, eu fui na padaria , e passou um cara mal trapilho do meu lado e disse (palavras doces e delicadas..) vcs já imaginam bem o que... muito bem.
sabe como eu estava vestida? calça jeans larga, e blusa larga e tenis... enfim ,eu tava requenguela e mesmo assim ouvi bobagens, vagabundo quando quer mexer com vc na rua, mexe até se vc estivesse vestindo burca. é isso.

Maria Helena disse...

Eu não queria - e nem podia, por ser lúpica - fazer cesária.
Hoje acho que deveria ter feito cócoras, dado que as amigas que fizeram elogiaram.

Eu tive cerca de 24h com fortíssimas contrações e dilatação lenta ...leeeenta.

A anestesia só pode ser dada com uma certa dilatação, enquanto isso, chorei, babei, gemi, gritei e agarrei com olhos de louca qq coitado que passasse ao lado da maca. Foi muito, muito foda.

Dificilmente eu elogiaria a cesária, mas como Daniel teve um apgar baixissimo ( dois pontos!!), tb não sairá da minha boca qq elogia ao parto normal. Entendo e respeito quem opta por não sentir uma dor da porra.

Fernanda Mychelle disse...

Há algum tempo venho lendo sobre parto humanizado pois tenho planos de engravidar próximo ano. Aqui na Holanda é a primeira opção médica, na verdade nem é exatamente "DO MÉDICO". As gestantes aqui são acompanhadas por uma verdadeira obstetra, não uma enfermeira(o), ou médica(o), mas alguém que fez um curso superior para se tornar parteira e elas são tão eficientes que são convidadas a ensinarem aos médicos sobre o parto. Parto humanizado aqui é rotina, as taxas de cesárias são mínimas chegando a 10%. O acompanhamento é bem pessoal e encarado de maneira natural (quando ouvia alguns comentários, achava meio frio, mas hj entendo que isso é realmente NATURAL). Elas acompanham antes, durante e depois, isso mesmo, após o parto, durante uma ou duas semanas elas vêem à nossa casa não apenas p exames com o bebê, mas cozinham e limpam se for necessário. Sinceramente, eu ainda não consigo acreditar! Minha vivência não me permite aceitar que um plano de saúde pague p alguém me ajudar com os serviços domésticos enquanto descanso e cuido do meu filho!! Soa estranho talvez pq seja tão HUMANO!

Heloísa Vianna disse...

por acaso, acabei de ler uma matéria linda que tem tudo a ver com o assunto; vale a pena.

quando a gente diz que falta MUITA informação para as mulheres que querem poder escolher parir, para as que buscam a experiência do parto natural ou normal, é desse tipo de informação que estamos falando:

http://casamoara.com.br/posicoes-para-o-parto-a-escolha-e-sua/

Barbara disse...

A mãe de um amigo meu fez três cesáreas e diz que parto normal nunca foi nem opção, afinal ela não é uma cadela pra parir desse jeito!

É o parto cirúrgico como bem de consumo!
:D

Sara disse...

Falar que parto num doi, que é normal que é uma dorzinha suportável, é estorinha pra boi dormir, dói pra cacete sim, ou no mínimo pra mim doeu e foi a pior dor que eu já senti na minha vida inteirinha até agora, pelo que eu saiba no passado as mulheres morriam as pencas na hora do parto ou nos dias seguintes, e não tinha cesariana na parada pra culparem.
Se eu tivesse nascido antes de a cesárea ser pratica comum, com toda certeza eu não teria sobrevivido.
Se existem métodos ou anestesias que pelo menos possam amenizar a dor de parto, beleza, mas pra algumas mulheres a saída da cesárea é a única chance de sobreviver.

Heloísa Vianna disse...

trechos da matéria cujo link acabei de postar:

"Ela contou que, sentindo contrações, viu na parede o quadro “Caminhando para o parto normal”, com algumas sugestões de posições (veja imagem ao lado). Sozinha na sala, passou a procurar sua posição de conforto. Encontrou alívio “de quatro”, em cima da cama. Surpreendida nessa posição por uma enfermeira, levou bronca: “Onde você pensa que está para ficar desse jeito?”, perguntou rispidamente essa profissional. (...) Tempos depois de ouvir esse relato, ao ler o livro Parto Ativo, da inglesa Janet Balaskas, criadora do movimento de mesmo nome que mudou a realidade obstétrica na Inglaterra, soube que a censura contra mulheres que optam por posiçoes ditas alternativas durante o parto também aconteceu na Inglaterra, na década de 1980. E foi o estopim de uma passeata que levou seis mil pessoas a protestar nas ruas de Londres."

Barbara disse...

Denise, as pessoas não tem os mesmos limites de dor. Tenho uma amiga que teve a filha de parto normal, sem anestesia, e disse que não doeu quase nada.

Uma pessoa aí em cima disse que chora pra tomar vacina. Quer dizer, somos todos diferentes. Sacanagem é alguém chegar pra uma mulher grávida e ficar com esse terrorismo, matando a pessoa de medo antes da hora.

Anônimo disse...

Roxy

Todo mundo tem preconceitos! Vc mesma demonstrou preconceito com as mulheres que preferem ficar em casa, sendo "sustentadas " pelo marido, pq elas não pagam as próprias contas. Mas trabalhar em casa é um trabalho árduo e sem fim!E [e uma escolha dela querer ficar em casa, por mais que muitos não concordem.Não existe ninguém sem preconceito.

Eu ainda tenho a visão de se dar ao repeito, tanto homem quanto mulher. Acho horrível mulheres vulgares e acho horrível homemns vulgares.Acho horrível homens que só pensam com o pinto e acho horrível mulheres que só pensam com a vagina.

Olha,deixa eu tentar explicar cm eu vejo a diferença:
-Tem uma garota com quem trabalhei q eu adimiro de mais! Ela é muito bem resolvida!Trabalha em uma empresa de filmes pornô chamada X-plastic, dá várias entrevistas sobre sexo, transa com quem tem vontade, se veste de uma forma sensual, é inteligente e interessante!Ela não interfere na vida de ninguém, transpira sensualidade!

-Tem outra que conheço que tira fotos mostrando a bunda, os peitos, fazendo cara de quem tá gozando, anda SUPER despida, fica cutucando namorados alheios, e no fim das contas, não é nem metade do que tenta desesperadamente parecer!

A primeira tem total admiração e respeito de minha parte, a segunda tem a minha pena!

Denise:

Ah, imagine!Não levo nada pro pessoal não!Estamos aqui pra discutir =)!

Anônimo disse...

Mas Roxy, eu estava apenas respondendo suas perguntas. Pelo menos a vc, parecia interessar saber sobre a minha vida e entender pq penso cm penso.

Stefany Monteiro disse...

Olha, adorei algumas de suas postagens e a acho muito coerente em vários assuntos, mas acho que aqui você está pecando, Lola =/.
Meio que você está fazendo o que não quer que as pessoas façam em relação a quem aborta. Sério. Poxa, qual o problema da mulher não querer sentir dor? Não deveria ser um direito dela já que ela é que está carregando o bebê? Se você diz que porque ela decidiu ter o filho deve arcar com as consequências, então diga o mesmo para as mulheres que se descuidaram não usando camisinha e ficaram grávidas e agora querem abortar. É muita contradição. Agora, sinceramente, comparar um aborto, que dependendo de quando feito é tirar uma vida, com uma cesárea que é apenas um outro meio de nascimento é extremamente incoerente, desculpe-me. Não estou querendo criar caso nem nada, mas é que seu blog tem uma ótima repercussão e falar coisas contraditórias assim vai apenas confundir a cabeça de várias garotas. Minha prima acabou tendo parto normal, mas a cesárea dela já estava marcada porque ELA quis. Porque ELA não queria sentir tanta dor, porque ELA sabe que ela é mole pra isso, mas ela QUERIA SIM ter o filho. Agora só porque ela não quer sentir dor quer dizer que tem que abortar o filho? Sério, foi isso que me pareceu. Eu nasci de cesárea, minhas primas também. Tudo bem que foi caso de emergência, mas bem, estou viva, estou bem, sem nenhuma complicação. E olha que isso foi de 94 pra trás. Eu acho que essa é uma decisão da mulher e sinceramente não vejo ligação alguma esse seu post com sua luta feminista. Não é como se todos os médicos obrigassem as mulheres a fazerem cesárea, não é como se todos os médicos fossem homens malvados ou sequer homens, não é como se ela não tivesse ESCOLHA.

Enfim, é isso. Desculpe qualquer coisas, mas é que fiquei um pouco chateada por ver algo desse gênero aqui em um blog que eu gosto tanto. Até mesmo na questão do aborto, no qual sou contra quando feito em fetos já considerados vivos - mas a favor quando não e nos casos de estupro -, afinal ninguém tem o direito de tirar a vida de alguém só porque cometeu um erro, eu entendo bem o seu ponto e respeito. Mas esse me pareceu forçado e incoerente =/

Anônimo disse...

Para a cesárea ser considerada como opção, só a mulher estando informada, consciente e tranquila em relação a essa decisão.
De nada adianta um parto normal se a mulher estiver com medo, insegura, despreparada. Forçar um parto traumático, seja ele como for, também é violência.
O foco deveria ser a humanização da medicina. Médicos que saibam como lidar com PESSOAS, e que se doem a essa profissão, escolhendo sempre o que for melhor para o paciente, e não para ele próprio.

Denise disse...

Denise xará,

As mulheres no passado morriam às pencas não por causa do trabalho de parto, mas por outras causas que acompanham o parto. Uma delas, que era de praxe no passado, era a falta de higiene. Muitas das mulheres passavam pelo parto e morriam de infecções. Ou por falta de banho e limpeza ou por falta de antibiótico. Assim como os homens morriam depois de uma batalha por infecções. Hoje, sabendoque limpeza é benéfica e com os antibióticos, as mulheres não morrem mais as pencas.
A cesareana carrega um risco muito maior de lesões, seqüelas e de mortes dio que o parto vaginal.

Denise disse...

Carolina,

O que eu não entendo é como a mulher fica gravida, passa 9 meses gerando a criança e não se informa! Serio? E não se informa porque?
Preguiça? Não sabe ler?
E por que o parto normal é traumático e a cesareana não é?
E traumático para quem? Só importa ela na história? O filho a essas alturas é apenas um objeto...

Anônimo disse...

Ah, tbm não defendo essa idéia de que o homem não tem que dar pitaco e nem participar. A mulher não engravidou sozinha, o homem vai ser o pai da criança, ele tem todo direito de opinar!Não de decidir, mas de opinar, tem sim!

Anônimo disse...

Denise

Eu não disse que o parto normal é traumático e a cesariana não é. Leia novamente antes de distorcer...
E mesmo com a informação, a gravidez é um período atípico, deixa a mulher mais vulnerável, e sentir-se insegura é normal. O que a mulher precisa em uma hora como essa não é de julgamentos e dedos apontados na cara, mas sim de COMPREENSÃO e EMPATIA.
Favor apontar no meu texto em que parte eu disse que a criança era somente um objeto...
No aguardo! ;)

Eliane Ramscheid disse...

Às vezes me sinto excluída nos papos de mãe. Não pude fazer cursos, massagens, hidroginástica, etc e etc durante a gestação, pois minha mãe estava com um Câncer terminal, eu morava em SP e ela no RJ e eu vivia na estrada para poder ficar perto dela. Não gosto desses discursos radicais em relação a maternidade. Tive que fazer duas cesáreas, por motivos destintos, e não tive opção e não sou menos mãe. Amamentei porque simplesmente é indescritível o prazer que é amamentar (depois dos primeiros dias quando meu peito rachou e a dor era insuportável).
Não gosto do tom das defensoras do parto humanizado, porque até a descrição dá a entender que os outros não são. Como assim? Meu filho mais velho nasceu 2 meses depois que a minha mãe faleceu e a equipe na sala, meu ex-marido, a minha médica cantando e fazendo um clima lindo na sala. Minha cesárea foi super humanizada! Quando escolhemos tons muito radicais e nos colocando em uma esfera muito superior, fica difícil não nos desunir. Entendi o conteúdo e a importância do que foi discutido no post, mas o tom foi o que fez gerar toda a polêmica.
Fica a certeza que todos os tipos de parto devem ser explicados para o casal para que eles decidam, ou melhor, ela decida pois é o corpo que está na reta, a melhor forma. Mas gostaria de deixar registrado que o tom deve ser outro. Da forma que foi abordado aqui não conseguiu-se ser completamente compreendida e cria-se uma certa antipatia, dificultando a comunicação.
A mulher tem que parir ou não, amamentar ou não, conforme puder. Vamos incentivar mas não criminalizar quem não consegue da forma "ideal"

Dani Cavalheiro disse...

A Heloisa postou um link mais pra cima da Casa Moara. Eu não conhecia, segui o link e olha, que coisa ótima!

Recomendo fortemente pra quem está pensando em engravidar, que leia o site todo. É uma fonte linda de informação, e se, depois de se informar a respeito, a mulher ainda decidir pela cesariana, acho justo. Com informação e sem pressão, é isso que as feministas defendem ,não é? Liberdade pra escolher o que fazer com o próprio corpo.

Anônimo disse...

Lola, eu deveria comentar mais... Como feminista convicta, adoro praticamente todos os posts do seu blog, mas infelizmente tenho a mania de me manifestar somente quando discordo de algo. É o caso do texto de hoje, que aliás não é de sua autoria. Tentarei registrar com mais frequência os inúmeros elogios que vc merece e minhas impressões sobre tantos textos que me encantam... Quanto ao post de hoje, sinceramente, eu defendo com unhas e dentes o direito de uma mulher ter um parto vaginal, "humanizado", do jeito que ela quiser. Afinal, cada pessoa decide o que fazer com o próprio corpo. E, de fato, há uma tendência generalizada de desrespeito à mulher que deseja o parto vaginal, o que deve acabar urgentemente. No entanto, acho simplesmente desrespeitosa uma mulher que se acha no direito de decidir a maneira pela qual uma OUTRA deve parir. E se uma mulher, ciente de todos os prós e contras de todas as formas de parto, QUISER uma cesariana ELETIVA mesmo, pra "adiar a dor", pq acha que o procedimento do parto vaginal em hospitais horríveis, pq não gosta da ideia de lacerações ou quaisquer riscos na região genital, pq acredita em numerologia e quer escolher uma data específica pro nascimento do filho, enfim, por qualquer coisa que a autora do texto, eu ou vc consideramos uma bobagem? Ela deve ser proibida? Absurdo alguém que defende (com toda a razão) a descriminalização do aborto seja contrária a uma decisão da mulher sobre uma das questões mais íntimas da sua vida: a forma pela qual vai dar à luz uma criança. Asneiras como "se não quer parir pela vagina, aborte" são tão repulsivas quanto a patrulha "pró-vida", a meu ver. Equivale a um "não quer ter filho, não abra as pernas". Eu vou gestar se quiser e, neste caso, parir também da forma que melhor me convenha. Afinal, o feminismo não defende a autonomia da mulher para decidir sobre o próprio corpo?

Escarlate disse...

Li todos os comentários e não tenho nada a dizer. Aprendi muito com vcs, mas agora tenho ainda mais convicção de que não terei filhos. Não sinto qualquer coisa além de curiosidade no assunto, nunca tive vontade de engravidar, ver a barriga crescer, parir, cuidar. E isso é meio estranho pra mim, tinha um certo "nojinho" de grávidas, pensava que ia sair um alien dali de dentro...Acho a barriga feia.
Mas estou aprendendo a ver isso como algo comum, como um processo da vida. Que não terá lugar na minha.
É só uma faceta de ser mulher, mas jamais a única. Somos mais de 3 bilhões de mulheres, cada uma com seus sonhos, desejos, vontades. Se gestar e parir são sinônimos de feminilidade (sic) eu simplesmente não serei feminina.

Paloma Varón disse...

Muito bom texto, Nanda!

E, Lola, parabéns por abrir o seu blog também a estas questões de parto, maternidade e feminismo, adoro!

Beijos às duas

Augusta disse...

Amei seu texto! concordo plenamente, tenho um bebe de 4 meses que nasceu de parto humanizado, posso afirmar por A mais B o quanto é maravilhoso estar ativa no momento mais importante na vida de uma mulher (que optou ser mãe), escutei mil e uma história de terror, troquei de médico mil vezes, briquei com o hospital, rodei a baiana e desci do salto, estudei, me informei, me armei até os dentes de informação, me apoderei e fui.Não suporto escutar, ahhh eu queria muito o parto normal, mas meu médico disse...acho que temos por obrigaçnao buscar informações, saber o que acontece com nosso corpo, conhecer nosso corpo, nos despirmos dos tabus, principalmente os religiosos, parto é coisa séria, al´m de ser a coisa mais linda do mundo.

Denise disse...

Carolina,

Você não disse exatamente que a criança é um objeto. Porém ao se defender a vontade da mulher a exclusão da criança, então é tratá-lá como objeto.
Realmente eu inferi que o parto ao que você se referiu era o vaginal. E o fiz porque quando se defende a escolha da mulher, em geral é para defender o direito a escolha da cesareana, da anestesia, da indução etc. Normalmente são poucas as pessoas que defendem o parto natural como uma necessidade da criança.
Eu acho que estar bem informada é ótimo. Mas a mulher tem que ir atras da informação e não ficar sentada esperando que alguém a informe.
Eu fui mãe mais madura então me beneficiei da minha experiência de vida. Mesmo assim eu estudei muito, mas muito, sobre o parto. Desde quando soube que estava gravida comecei e estudar. Aprendi muito. E troquei de medico para parteira com p meu estudo.
E não tem outra. O parto natural é o melhor. Para a criança e também para a mãe. Cesárea é para casos especiais, para perigo de vida.
Eu ainda vou além. Sou mais radical que muitas. Acho que hospital não é lugar de gente saudável. Hospital é para doentes. Então uma mulher saudável, com uma gravidez saudável, não deveria ir para um hospital. Deveria ir para uma casa de parto e ter seu filho sem pressões, sem intervenções, e de preferencia com obstetrizes. Médicos só se for necessário para salvar a vida dela ou da criança.
E, a não ser que a mulher brasileira seja muito diferente do resto das mulheres do mundo, 85% de cesáreas não tem sentido.

Anônimo disse...

Denise

Caso tivesse lido DIREITO o que eu escrevi, veria que falo sobre a HUMANIZAÇÃO da medicina, sobre os médicos saberem COMO LIDAR com pessoas. Se isso é defender 85% de cesárea e criança como objeto, fazer o quê, né?
E não, não defendo a cesárea, só deve ser usada em casos emergenciais, não por futilidades. Só que a saúde emocional também é emergencial. Se a mulher não está em condições psicológicas ou emocionais de fazer um parto normal, ou cesárea, ela deve ser respeitada, a não ser que sua vida corra perigo e não tenha nenhuma alternativa que vá ao encontro de sua situação.

A solução é criticar mulheres que não se informaram tão bem como você? Já parou pra pensar que nem todo mundo tem acesso amplo a informação? Que nem todas são do mesmo nível social do que você? É muito fácil julgar as outras com base no que tu passou, mas cada caso é um caso, cada mulher é diferente.

Eu não concordo com quem decide pela cesárea por falta de informação, por uma razão lógica, ninguém deve ser submetido a um procedimento cirúrgico sem a informação necessária, sem conhecer outras alternativas menos invasivas. MAS, não sou superior as mulheres que optaram pela cesárea, logo, não cabe a mim julgá-las. Criticar é uma coisa, julgar é outra.

Anna disse...

Ô lola, acho legais esses posts sobre maternidade (embora tenha ressalvas quanto a ESSE texto, em específico).
Mas e o direito reprodutivo de quem NÃO quer ter filhos? Aos 18 anos eu já posso escolher meu presidente, pegar um carro (que, vide o post anterior, pode colocar um número incontável de pessoas em risco), já posso fazer uma tatuagem, escolher uma profissão e -pasmem!- até ter um bebê. Mas exercer o direito de decidir me esterilizar para não correr o risco de engravidar, não. Pra isso eu não sou adulta o suficiente nem com 18, nem com 21, nem com 30. Só com dois filhos no colo ou depois de ter me explicado e convencido um juiz.

E sabe o que mais me incomoda? Essa parcela da população feminina que gostaria de fazer uma laqueadura ou outro procedimento definitivo em qualquer etapa da vida é tratada como minúscula ou quase inexistente. Ou, melhor ainda: insignificante.
Isso tudo sem contar ter que lidar com a desqualificação diária da minha decisão por parte de praticamente todo mundo ao meu redor, a certeza que as pessoas têm de que EU VOU mudar de ideia, a decisão - de todos, menos minha - de que é desnecessário já que posso usar camisinha e pílula e muitas outras coisas que já ouvi por aí....

«Mais antigas ‹Antigas   1 – 200 de 322   Recentes› Mais recentes»