quinta-feira, 6 de outubro de 2011

GUEST POST: MEU RUMO PARA A AUTO-ACEITAÇÃO

Por que as mulheres ainda têm problemas horríveis com seus corpos?

Depois de ler o guest post sobre como aprendemos a nos odiar, a Lê decidiu me mandar seu relato, que publico aqui. Tenho certeza que muita gente vai se identificar.

Eu fui uma criança
gordinha. Tive vários tipos de apelidos, mas os que eu lembro são Free Willy (que o menino que eu era apaixonada na 3ª série apelidou) e de certa vez que eu fui com uma blusa toda colorida pra escola (que eu adorava) e ficaram cantando "elefante coloriiidoooo...que cooor?"; parei de usar a tal blusa após esse ocorrido. Eu me sentia mal, mas nem por isso pensava em dietas, afinal, eu tinha uns 9 ou 10 anos. Continuava a comer minhas bolachas Trakinas e meus salgadinhos Fritex. Eu brincava bastante também, corria, andava de bicicleta... mas era gordinha. Desde meus 9 anos eu não tenho um peso ideal. Hoje, com 24, tenho o que chamam de sobrepeso: não sou gorda, mas não sou magra. Tenho aquela barriguinha de chopp, sem tomar chopp, sabe?
Na minha adolescência eu passei a usar camisetas largas e pretas, com nomes de bandas de rock. Alguns da escola especulavam que eu seria lésbica, pois com uns 15 anos nunca tinha beijado um garoto. Eu me sentia desconfortável em ser chamada de "sapatão", até porque nem sabia direito do que se tratava, mas percebia que quem chamava usava sempre como uma forma de ofensa.
Eu era aquela que os garotos gostavam de conversar e quando chegavam muito perto era para dizer "e aquela sua amiga?". Meu primeiro beijo foi aos 16 anos, com um cara que conheci pela internet. Mesmo cara que quando viu uma amiga minha, quis ficar com ela, sem ressentimento algum se tinha me beijado ou não.
Acredito que os anos de apelidos sobre o meu corpo me fizeram ser vulnerável aos homens.
E também tinha (e tem) outro fator: meus braços tem uma quantidade considerável de pêlos. Na 7ª série, me chamavam de lobisomem e uivavam na sala de aula por causa disso. Eu me sentia muito mal, mas me fazia de durona e sempre respondia. Porém, por um bom tempo fui à escola somente de blusas de manga comprida, mesmo nos dias mais quentes do verão.
Então eu era peluda, gorda, usava aparelho nos dentes, óculos e ainda era tímida.
Devido a ter sido bem gordinha quando criança, eu desenvolvi estrias. E não foram poucas: nas pernas, nos braços, nos seios e na barriga. As que eu mais odiava eram as da barriga e as dos braços. Na realidade, quando elas apareceram (eu tinha uns 12 anos) eram rosas bem fortes e eu achava que era do corpo, que com o tempo sumiriam. Esse era outro fator de vergonha em mim. Nunca, em 24 anos de vida, eu usei um decote (hoje em dia eu não sinto falta, não me sentiria à vontade).
Lembra que eu disse que usava roupas com estampas de bandas de rock? Isso me deu uma identidade, uma muleta, eu diria. Eu me sentia especial em conhecer determinadas bandas, o que melhorou minha autoestima. No entanto, com meu primeiro namorado ficou bem claro que eu ainda tinha muita vergonha de mim mesma. Eu não diria que eu tinha ódio, mas vergonha. Esse namorado dizia com todas as letras que eu tinha que fazer dieta, que determinado jeito que eu me posicionava não ficava bom, pois evidenciava minhas gordurinhas, e outros comentários do gênero. Eu me sentia mal, mas achava que ele era o amor da minha vida, então relevava. Quando terminamos (pasmem, um ano e sete meses depois) eu percebi o quão tola eu fui, porque ok, ele estava extremamente errado com o que fazia comigo, mas eu estava mais errada ainda, pois além de permitir, continuava com ele.
Até um tempo atrás, eu não comia na frente dos outros. Se precisava comer, era quase uma tortura, pois eu pensava que as pessoas ficavam imaginando "Lá vai ela comer, por isso que tá desse jeito".
Fiz várias dietas, de vários tipos. Gastei mais de 2 mil reais em tratamentos estéticos, que envolviam uma dieta rigorosa e restritiva, com aplicação de agulhas pelo corpo. Deu resultado? Sim. Durou? Não.
Meu sonho, por muitos anos, era ser magra. Não ter que imaginar o que iriam pensar de mim quando eu entrasse em um recinto... porque sim, quando eu ia a algum local diferente, a primeira coisa que vinha à cabeça era "estão falando que eu sou gorda". Eu me policiava muito ao falar para não passar a imagem da "gordinha-monga-legal".
Quando eu via alguma mulher gorda (ou gordinha) namorando, eu pensava como ela fazia para se relacionar com ele, porque aquilo para mim, era surreal... Imagina! Ficar nua na frente de um homem, e com a luz acesa... Como ela fazia? Na verdade eu sempre admirava mulheres assim, que independente da forma física, tinham uma presença de espírito maravilhosa. Eu pensava a mesma coisa: "Como ela consegue?".
Hoje eu tenho minhas neuras, mas duas coisas me ajudaram a melhorá-las muito: um livro e o feminismo.
O livro foi o Comer, Rezar, Amar. Não importa o que falem sobre ele, essa leitura me ajudou muito a pensar sobre quem eu sou e o que eu fazia com a minha vida. Passei a prestar mais atenção no meu bem-estar, a colocar na cabeça que se alguém fala que eu sou feia, ou gorda, ou qualquer outra coisa, o problema é dessa pessoa, que tem uma mente pequena, que julga as pessoas pelo peso ou aparência. Por que eu iria continuar deixando estranhos dizerem o que eu sou? Eles não me conhecem! Eles não têm o direito. Eu sou muito mais que minhas estrias ou minhas sardas. Eu sou um ser cheio de experiências.
Devo dizer que sou um tanto quanto desastrada e era dura demais comigo mesma quando eu esbarrava em algo, ou falava alguma bobagem. Hoje eu penso "Eu sou assim. Pelo menos nesse momento, eu sou assim e é o que eu tenho a oferecer e ponto" e com esse mantra passei a me aceitar melhor, seja pelo peso, pelo cabelo, por ser desastrada ou pelos pêlos dos meus braços.
E o feminismo? Eu achava que era um movimento em que as mulheres lutavam contra os homens. Quando descobri o seu blog, li vários posts e me interessei em saber mais sobre o assunto, descobri outros blogs e vi um mundo totalmente diferente do que eu imaginava. Vi que o feminismo luta pela igualdade dos gêneros, que luta por um mundo sem padrões, sem injustiça e nossa, aquilo me encantou! Foi como um empurrão para me sentir melhor, para ver que sou dona de mim mesma, que não é porque na revista tem uma mulher escultural, que eu tenho que ser igual ou que somente aquilo ali retratado seja beleza. Existem outras formas de beleza.
Outro fato que me ajudou foi meu namorado, foi poder ser eu mesma, com meu corpo e cada detalhezinho dele, sem que eu tivesse que ouvir piadas ou comentários maldosos. Sabe o que é você ficar nua na frente de um homem sem ter que apagar a luz? É libertador. E é melhor ainda quando esse homem te ama do jeito que você está ali para ele. Então também aprendi que existem homens e homens. Pessoas e pessoas... Algumas irão te julgar pela aparência, e outras vão gostar de você pelo conjunto completo.
Hoje eu lido bem com as minhas estrias. Antes eu nem gostava de olhar para elas. Algumas, em determinados locais, ainda me incomodam, mas não me fazem o mal que faziam antes; Eu sei que não estou com meu peso ideal, mas nem por isso vou deixar de tomar um sorvete se me der vontade, independente da quantidade de pessoas a minha volta; Quando alguém faz algum comentário sobre os pêlos nos meus braços, eu dou uma risada e falo "pois é", de modo que ao invés de eu sentir um desconforto, a pessoa que fez o comentário infeliz se toca. Se antes eu sonhava em ser magra pelos outros, hoje eu tenho como objetivo me alimentar corretamente (por ser necessário, pois pasmem: tenho pressão alta), para ter uma saúde melhor.
Percebi que viver de acordo com comentários de outras pessoas, que nem me conhecem, que vivem julgando e menosprezando o próximo, não era o caminho de ser feliz. E olha, eu prefiro mil vezes alguém que ilumine uma sala pela personalidade que tem, do que só a enfeite com o corpo que carrega.

137 comentários:

jux_freedom disse...

"eu prefiro mil vezes alguém que ilumine uma sala pela personalidade que tem, do que só a enfeite com o corpo que carrega".

umas das cousas mais lindas q jah li sobre aceitacao do proprio corpo e auto-imagem.

aiaiai disse...

Caramba, Lê, belo texto. To pensando em imprimir e entregar para a coordenadora pedagógica da escola do meu filho. Posso?

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lord Anderson disse...

Post inclivel.

Triste que tantas pessoas tenham que enfrentar essa luta no dia a dia para poderem ficar em paz consigo mesmo.

Parabens a autora por sua jornada.

Aline disse...

A aceitação é complicada. Eu não gosto do meu corpo. Não gosto de me olhar no espelho e existem dias que fico super deprimida.
Como muito pouco: só almoço e na janta só tomo suco. Não emagreço de jeito nenhum. Nem um grama.
Não gosto de comprar roupa, odeio experimentá-las pois nunca nada serve.
Não consigo comprar sutiã por que eu tenho as costas estreitas e o seio muito grande e nenhum sutiã serve(estranho em um mundo onde as mulheres põe silicone, mas...)
Eu tenho vergonha de usar roupas um pouco mais justas e as vezes nem tenho vontade de levantar da cama.

Eu já li o "comer, rezar e amar", gostei do livro, mas pra mim não ajudou. Já li outros livros do mesmo autor, como o vendedor de sonhos e também de nada ajudaram.

Eu trabalhei em um lugar onde eles ficavam regulando o que eu comia. As vezes, de vergonha deles, eu comia escondida no banheiro. Eles regulavam não só o que eu comia, mas COMO eu comia; se era de garfo, de colher, etc... tiravam sarro por eu estar acima do peso e faziam comentários maldosos que me deixavam muito infeliz.

O feminismos me ajudou? Sim, mas eu já sou feminista a muito tempo e naquela época eu era bem magra, fui a OLIVIA PALITO da escola. O Feminismo me faz pensar, mas mesmo sabendo que eu deveria me aceitar, eu não consigo. É mais forte que meu consciente.

Aline

Claramc disse...

Prezadas amigas!!

Escrevo hoje pela primeira vez. Não posso nem dizer que acompanho o blog da Lola, ele foi adicionado recentemente aos meus feeds. Cheguei por aqui no auge da luta contra Marcelo Tas.

Percorrendo esse blog nos ultimos dias, li vários posts sobre a aceitação do corpo e sobre padrões de beleza. E vim aqui deixar a minha contribuição.

Vamos começar do começo: Meu nome é Clara, tenho 28 anos. Tenho uma filha linda, de 2 anos e meio. Sou alta (1,74m), magra (53kg, ou menos) e sim, sou bonita. Não quero parecer pretensiosa, mas realmente tenho um rostinho fácil, uma beleza "fácil" como dizia o meu agente.
Ah, sim, esqueci de dizer, eu já fui modelo. Não, eu não sou anoréxica, não faço loucuras para me manter magra, eu sou assim porque meus genes assim determinaram.

E sabe em que isso tudo me ajuda???

Em ABSOLUTAMENTE NADA. Eu não me sinto melhor por isso, pelo contrário. Eu tenho um problema com isso. Ser bela, para mim, é sinônimo de futilidade. É quase uma prostituição. É feio, é errado. Eu não sei, não gosto, não quero valorizar minha beleza. Eu acho que evidenciar o que Deus me deu é querer me mostrar, é querer chamar atenção, é seduzir pelos atributos errados. É praticamente seduzir o estuprador.

Legal mesmo, é ser inteligente.

Sabe a que conclusão estou chegando? Essa nossa sociedade, onde o bacana é ser homem, onde o homem é o dono de tudo, onde fazemos tudo para agradar ao homem, onde tudo, eu disse ABSOLUTAMENTE TUDO, é feito nos padrões masculinos. Como disse minha analista: "Você queria mesmo é ter um pinto!". E, infelizmente, não é que ela tem razão?

Quando foi que isso tudo foi colocado na minha cabeça?? Como essas premissas entraram e resolveram grudar na minha alma, a ponto de eu não gostar de me maquiar, de não usar um creme para deixar a pele bonita, de não gostar de comprar roupas que valorizem o meu corpo? Que vontade é essa de ser mais parecida com um homem? É isso que trará a minha aceitação no meu trabalho? É assim que conseguirei status profissional? Sendo quase um homem?

Eu não sei a resposta para nem um décimo das minhas perguntas. Atualmente o meu processo analítico está doloroso demais e não consigo enxergar muito além da minha leve depressão.
O buraco é mais fundo, claro.

Mas eu gostaria, de deixar aqui, como ex-modelo, como mulher magra, que não é se encaixando nos padrões de beleza que se encontrará a felicidade. E nem mesmo se encaixando nos padrões de "boa personalidade".

A felicidade a gente encontra dentro da gente. Um dia eu chego lá!
Beijos!

lola aronovich disse...

Gente boa, vou deixar os comentários anônimos abertos por hoje, para que quem queira comentar sem se identificar possa fazê-lo. Se aparecerem muitos trolls covardes anônimos eu fecho rapidinho, tá?
Abração!

Lucas disse...

Sim.

Estar acima do peso, muito abaixo do peso, ter muitos pêlos, cabelo armado, pouco cabelo, falar pouco, ser tímido, ser mulher...

Tantas e tantas coisas que usam para destruir sua auto-estima...

Lindo posto, parabéns à autora!

Niemi Hyyrynen disse...

Nossa Lê vc praticamenete contou a minha historia! Me identifiquei muito com o seu post :)

Eu sempre fui uma criança gordinha, sofri muita perseguição por ser assim "cheinha", eu usava oculos já desde pequena e a minha maior decepção na vida foi ser ofendida pelo primeiro garoto que me apaixonei, ele me chamou de "bola de gordura" e que ele não ia se apaixonar por uma neta de india isso me abalou muito, foi o start para que mais pra frente eu entrasse em depressão...

Na minha adolescencia eu fui uma menina insegura, usava camiseta de bandas tb, pq elas eram largas e o preto ajuda a disfarçar um pouco o peso né, mas por outro lado eu me sentia orgulhosa por conhecer bandas que ninguem conhecia (eu tinha uma vantagem...rs).

Tb sofri muitissimo com a questão dos pelos no braço, tenho muito pelo, quando vim pra cá, isso foi um choque, ver as pessoas arrancando os pelos dos braços, das pernas, achei que fosse pelo calor (como eu sofria com o calor!) eu mesmo cozinhando por dentro, usava duas blusas de manga cumprida para esconder meus pelos, depois descobri que a questão da depilação não tinha nada haver com o clima, era puramente estético e machista.

Entrei em dietas malucas, acho que me sacrifiquei muito, hj me encaixei no padrão (me rendi fazer o que, não tive tanta personalidade assim). Mas a primeira vez que fiquei nua na frente de um homem de luz acesa foi realmente libertador.

Engraçado que aprendi a me relacionar amorosamente mais rápido com meninas do que com meninos, talvez pq nós não ligamos tanto para essa coisa de beleza, se a gente gosta da pessoa...sei lá enfim.

Isso influenciou muito a minha vida, por um lado foi até bom, pq eu mergulhei no universo da leitura, minha dificuldade de me relacionar com as pessoas me fez me dedicar bastante ao aprendizado.

Tava lembrando dessas passagens, comecei a fazer uma Hq, como terapia, falar e desenhar sobre o meu passado está sendo ótimo, estou libertando mais alguns fantasmas...compartilhar nossas experiencias é tão bom...

adorei seu post! sensacional! bjos Lê

Anônimo disse...

'e que ele não ia se apaixonar por uma neta de india'

aposto que isso n foi no brasil

Arlequina disse...

Primeiro, queria dizer que fico MUITO feliz por você estar se sentindo bem consigo mesma agora.

Segundo, eu queria dizer sobre o lance dos pêlos nos braços. Eu nunca gostei da quantidade enorme de pelos que eu tenho nos meus, mas nunca tinha sido um problema até o cara que eu gostava comentar sobre uma menina da classe dele: "Ah, ela era toda bonitinha, sabe? Toda lindinha, loura, olho azul.. mas daí você chegava perto dela, e ela parecia ter um casaco de pêlo!". Nunca esqueci aquilo, e, com o horror, eu fiz algo pior do que usar camisa comprida:

Eu comecei a depilar o braço também.

Dói, sangra. Fica feio, porque também ninguém gosta de braço pelado, e só dali a alguns meses ele vai ficar no estado que 'eu gostaria'. É horrível. Mas cada vez que eu olho pros pelos, sinto-me como se tivesse suja.

Eu fiquei com o carinha mencionado acima durante 3 anos: uma vez, eu tendo adiado a depilação, ele, inclusive, me chamou de macaquinha - assim, em tom carinhoso, mas repreensivo.

Nunca tive a neura de trepar só no escuro. Mas acho que nunca tive só pelo fato de que ninguém nunca me chamou atenção para que 'eu deveria'. Porque eu sempre fui uma mistura de auto-confiança cega com algo auto-destrutivo. Eu só noto que tem coisas errado quando a sociedade grita que tem coisas errado comigo. O problema é que isso não sai da minha cabeça.

Hoje em dia, também tenho um namorado muito mais compreensivo. MUITO mais compreensivo. Alguém que acha um absurdo essa história de depilação, porque, pqp, aquilo é medieval.

Fico muito feliz por você. E agradeço por compartilhar sua história aqui!

Juliana disse...

esse relato é sem dúvida o mais bonito que já li sobre auto-aceitação.
a última frase é para guardar para a vida inteira.
parabéns a autora.

Kezia SRSC disse...

Para ser bem sincera, hj , exatamente hoje, estou passando mal,por ser gordinha, ou acima do peso. Tive dor de cabeça a noite toda e vômitos, porque ha tres dias, contados por meu marido, eu só como cereais e suco. Por puro prazer, não tenho vergonha de estar acima do peso, me encontrarei com o médico dia 14, que me tratou da pancreatite, fígado inflamado e retirou minha vesícula, tenho certeza que passarei por uma bateria de exames chatos, correndo o risco de ter desenvolvido a famosa diabetes, ou de estar com o intestino realmente inflamado, via biliar entupida...

Ser gordinha não me afetou em nada minha autoestima, mas está acabando com minha saúde. Isto não é legal, nem de uma forma, nem de outra.
O que a gente não pode aceitar, são os rótulos, não dá. Detesto ver como nosso país é medíocre.


Somos quase tão gordos quanto os americanos..

rizk disse...

Adoro os guest posts (com todo o respeito, Lola).
Lê, você é um exemplo pra gente!

Quando você escreve "Por que eu iria continuar deixando estranhos dizerem o que eu sou? Eles não me conhecem! Eles não têm o direito. Eu sou muito mais que minhas estrias" eu me pus a pensar aqui em uma amiga minha que ficou muito ofendida com um pedreiro.

Pois é! Ela acreditava em elogio de pedreiro, achava que, se o pedreiro não elogiasse, ela estava "embarangando". Aí um dia um pedreiro a chamou de "ô gordinha gostosa".

Aí correu um rio de frustração contra as modelos magérrimas e a "pirocacracia da sociedade" (nesses termos, genial hehe).

Fiquei aqui pensando se a Le chegou a ter um momento/surto de revolta, ou se foi uma coisa mais tranquila.

Érika Canavarro disse...

O interessante, é perceber nisso tudo, em toda essa luta é: de onde vem tudo isso? quem teve a brilhante idéia de que tal corpo é beleza e tal corpo é aberração?

O legal é ser divertida, inteligente, fazer o que ama e se divertir muito e olha, ser isso é ser linda demais minha gente!

Lindo post, linda mensagem.

Beijinho lilás. ;)

Anônimo disse...

'eu me pus a pensar aqui em uma amiga minha que ficou muito ofendida com um pedreiro. '

agora pronto o mundo inteiro ficou doido

Yo disse...

Lindo de morrer. Se não o melhor guest post que eu já li aqui, está no Top 5.
Parabéns pela sua auto-estima. Go girl! ;)

Ruiva disse...

Bem, meu depoimento pode ser meio fora do esperado, mas vamos lá.
Quando eu era mais nova eu não sofri bullying por ser gorda. Era seca igual pau brasil. Mas não sofri por ser muito magra. Sofri por ser o que eles chamavam de CDF. Sim, ser inteligente, gostar de leitura, ser "rata" de biblioteca, esse foi o motivo do preconceito que vivi. Aliado, claro, á minha falta de beleza. Devido minha magreza, eu era ossuda, longilinea, não tinha bundão, peitão, pernão.Então um problema hormonal me fez engordar muito. Passei da donzela magricela - perdão pela expressão - cu de frango (CDF) para a feia, sem graça da quinta serie. Tive colegas de classe que viraram as costas pra mim falando que eu me achava porque lia muito. Mas eu lia muito para me refugiar da competição adolescente da mais gostosa da sala. Coisa que eu nunca seria.
Não tinha talento pra esporte, sofria de espinhas, aquela coisa bem NERD estereotipado sabem? Só me faltaram os oculos, que não precisei. Mas eu sempre desliguei beleza de inteligencia, achando quem tinha uma, jamais teria a outra.
E então eu passei por uma profunda mudança em casa, com o divorcio dos meus pais. Foi quando eu vi que nada é para sempre, nada é estático. Fiz terapia, o que me ajudou muito e a leitura virou meu orgulho. Comecei a mudar meu jeito de me olhar e fiquei com muitos carinhas, mudei meu estilo de vestir, namorei quem eu quis.Tornei-me muito bonita não por ser bonita de verdade, mas por ser simpatica, dedicada aos amigos, ao trabalho, aos estudos. Hoje sou magra sim, faço musculação pois adoooro atividade fisica, continuo nerd, mas faço disso tudo uma vantagem para me aproximar de quem quer se aproximar de mim.
Como sempre fui da galera do metal, cresci entre meninos e sempre via as zuações deles com gordinhas.
Uma vez um deles ficou com uma gordinha muito bonita e fofa, mas foi apelidado de São Jorge, matador de dragão. Aquilo foi péssimo.
Bem, embora eu não tenha sofrido quase nada se comparado á muitas de vocês, estar inserida na sociedade me fez presenciar coisas terriveis contra gordinhas. Apelidos maldosos (o ultimo que ouvi foi um amigo do meu namorado chamando uma amiga minha de Duplex - claaaaaaro que deu briga né?)
Tenho irma gordinha e ela é bem feliz assim. Tenho muuuuitas amigas gordinhas lindas, que se amam e eu tenho muito orgulho de ser amiga delas, pois são maravilhosas.
Por fim, o que eu quero dizer mesmo, é que o mundo é sim opressivo com quem não se enquadra. Há um odio velado por gordinhos que eu não compreendo. Mas é possivel se desligar dos padroes e se aceitar, indo de encontro com quem gosta da gente. Quem não gosta só dá mais ibope (como diz uma amiga minha rs).
No mais, adorei o post, e adoraria que mais discussões sobre isso fossem realizadas!

rizk disse...

Agora, lendo os comentários....

CÊS JURAM QUE TEM HOMEM QUE RECLAMA DE PÊLO NO BRAÇO?!?
Meodeos, que mundo é esse.

Às vezes, bem às vezes, eu fico feliz com essas revistas tipo Men's Health que manda os caras depilarem o peito. Só de vingancinha. Como naquele filme do "virgem de 40 anos", sabem. Mas é bem raro, juro.

A parte boa é que, hoje em dia, várias feministas já tiveram filhos, que já estão adultos, todos bem lindos e bem criados, e a gente pode namorá-los.

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@ntwrdprss: juro que isso aconteceu DE VERDADE.
A gente tinha até conversado sobre isso antes e "concordado em discordar" que opinião de homem desconhecido não vale nada pra auto-estima da gente.
Aí isso aconteceu. Foi até engraçado. Mas de um jeito meio perverso e tal, hehe.
Abaixo a ditadura "pirocacrática"!

Niemi Hyyrynen disse...

Claramc

Força ai! Acho que nunca seremos felizes completamente, sempre estaremos levando conosco alguma espécie de frustração...(isso não importa se vc seja homem ou mulher).

Mas eu acho que um caminho para experimentar momentos felizes é se aceitar como é, antes de tudo.

Isso sim é importante! Isso sim é felicidade!

Não acho que ser o mais legal seja ser inteligente ou bonita, não vejo a beleza como futilidade há tantas coisas lindas nesse mundo, sei lá um por do Sol por exemplo, nem por isso é futil, pelo contrário, ele nos inspira, a beleza é inspiradora nos faz sonhar com coisas novas, ter desejos é maravilhoso! Super imporante.

Se Deus (ou seja lá o que for) lhe presenteou com uma aparencia que é comumente aceita, não a jogue fora, brinque com ela, tenha experiencias, procure tirar aprendizados, a futilidade pra mim vêm quando não damos um sentido, o vazio não está ligado a aparencia, está ligada a falta de senso critico. Ser bonita apenas para ser bonita é uma coisa, ser bonita e procurar viver agregando valores é outra.

Não vejo impureza nisso, não vejo "prostituição", o belo está ai em todo lugar, o que é feio e "impuro" são os olhos de quem observa a natureza com maldade.

:)

Niemi Hyyrynen disse...

Sobre o lance dos pedreiros

Na boa, até quando eles querem elogiar eles ofendem, pra mim opnião de pedreiro não serve nem como régua.

Luiza disse...

Lindo texto, lindo, lindo.
Tod@as nós temos ou tivemos algum problema com auto-aceitação.
Passei por problemas parecidos, mas ao contrário. Eu era magra demais, esquelética demais, sem peitos demais.
Eu era molecona, sabia que era magricela, mas nunca havia sido um incômodo, até os infelizes apelidos e tirações de sarro. As meninas começavam a ganhar corpo e eu lá, com toda a minha esqueletice. As meninas tinham peito e eu lá, parecendo uma tábua.
Hoje, aos quase 26 anos, ainda penso em colocar silicone e sei que a semente dessa ideia foi plantada em mim na 6ª ou 7ª série, junto com a vontade de morrer por não participar do padrão considerado bonito. Eu cresci, continuei sendo a feia da escola.
Mudei de escola no colegial e, para a minha supresa, fiz inúmeros amigos, além de ser muito, mas muito cantada pelos garotos. Sim, eu precisava daquilo pra entender que eu não era simplesmente uma magrela patética como eu e os meus antigos colegas enxergávamos em mim. No fim do colegial a liberdade veio em forma de saias e vestidos. Até então eu nunca havia usado, por ser chamada de saracura.
Mas alguns complexos ficaram. Ainda penso em colocar silicone, e reluto porque não sei se eu quero pôr, ou se é a minha moleca da 7ª série que quer porque ainda escuta os apelidos. Tive muitos problemas para ficar nua na frente do meu primeiro namorado por isso. Mas ele era um cara muito bacana, e no fim das contas quando estava nua com ele, me sentia a mulher mais linda e sensual do mundo, magrela ou não, com peitos menores ou não, com pernas finas ou não.
Posso dizer que superei uma boa parte do meu horror á minha imagem graças aos homens no final das contas. Sentir que eu era atraente foi muito importante nesse processo.
Incrível como pequenos traumas da infância nos assombram pelo resto da vida.
Muitos diriam que temos de educar nossos filhos para que não agridam os outros, não tirem sarro de coisas que podem magoar o colega etc... Mas na verdade, nós é que precisamos nos educar para poder ensinar as nossas crianças que as diferenças são normais, e são bonitas e que devem ser respeitadas. A educação que mídia passa é ditadora e cruel. E não é cruel só com as mulheres. A crueldade começa quando na infância aprendemos que ser gordo é feio, que ser magro demais é feio, que ter cabelo de tal ou tal jeito não é o certo, que o bonito é padrão.
Para ensinar, precisamos aprender que há beleza na imperfeição. E muita.

Anônimo disse...

Hm, nunca tinha parado pra pensar em quantas neuras as mulheres têm. Ainda bem que como homens temos uma única grande neura: o tamanho do bilau,lol.

Sapho disse...

Concordo contigo, jux_freedom.
Eu sempre fui bombardeada, e vez em quando ainda sou, no ambiente familiar, no trabalho, etc, pelas minhas escolhas estéticas, digamos assim.
Quando pequena, meu cabelo era extremamente liso, herança indígena. Muita coisa foi feita até que a parte lisa se tornou mais visível na raiz do cabelo.
Tem gente que fala: _Menina, o que você fez no cabelo pra ficar assim?!
Depois de muitas respostas ao longo da vida, eu agora prefiro dizer que eu o adequei à minha personalidade.
Eu não me vejo com aquele cabelo reto, que tantas pessoas desejam. Nada contra os cabelos lisos, alguns são muito lindos, mas não me identifico com eles.
Posso dizer que sempre iluminei muito bem as salas que visitei porque quase sempre tirei de letra todas essas provocações contra mim.
Eu amo meu corpo, não faria cirurgia por outro motivo além da saúde, e convivo bem com essas críticas sociais.
Acho importante tocar nesse assunto porque sei que muita gente não lida bem com o próprio corpo, e reflete esse mal-estar nas relações, nos namoros, e se mantém infeliz por longa data. Mais uma vez, bingo para o blog, principalmente por abrir espaço para as experiências alheias.

Cynara disse...

Gente,como é bom vir aqui todos os dias.
Gostaria tanto que mais pessoas lessem a Lola, e vcs também pq afinal os comentários sempre são enriquecedores.(óbvio que tem exceções,e acho até foda que alguém ainda se dê ao trabalho de 'dar confiança'respondendo)
Adoro os comentários da Niemi.
Lola,vc contribui para um mundo melhor.Te amo gata!

Bruna disse...

Parece q vc está contando a minha história. Só q ao contrário, pq eu era magra demais: tenho 1.63 e cheguei a pesar 39 kg na adolescência, além de ser negra e ter o cabelo crespo. Meu maior sonho era engordar, parecia q minha vida mudaria completamente, q não existiram mais problemas. Costumo achar q já passou, q eu superei, mas lendo sobre o q vc passou na escola e a experiência com esse namorado aí, até chorei lembrando como foi comigo durante quase a minha vida toda. Que bom q hoje vc está tão bem, eu tbm me preocupo hj em levar uma saudável, me alimentar bem, pra me sentir disposta, com energia. O seu texto é que é libertador.

Cynara disse...

Pra mim, não é só opinião de pedreiro que não vale.É de qualquer um que o faça do nada,sem me conhecer,no meio da rua.
E aquela menina que comentou sobre o cara pedir desculpas quando vê a aliança é verdade MESMO.Acontece direto.

Eliza disse...

Viu isso Lola?

http://wp.clicrbs.com.br/napontadalingua/2011/10/05/cantor-bruno-da-ex-dupla-com-marrone-ofende-mulheres-e-diz-que-brasil-esta-cheio-de-piranhas/?topo=52%2C2%2C18%2C%2C284%2Ce284

Alex disse...

Este post me lembrou aquele poema famoso de Sá de Miranda, Comigo me Desavim:

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.

Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

Completarei 35 anos mês que vem mas só de uns tempos pra cá percebo-me deixando de ser "imigo de mim". Esse "deixar de ser" com certeza não vai terminar nunca, mas não há prêmio mais compensador do que o ganhar-se a si mesmo, ainda que lentamente.

Mas não devemos pensar que as pessoas muito bonitas e desejadas não passam por problemas. Marilyn Monroe, por exemplo, era linda e desejada, mas ao que parece o que mais queria era ser amada por aquilo que ela era, sentia e pensava.

Aproximavam-se dela só porque ela era linda por fora. Avançavam na direção dela como verdadeiros abutres em busca de uma bela carcaça.

Ser mediano em quase tudo nos poupa de muitas investidas superficiais, movidas por interesses mesquinhos.

Há vantagens e desvantagens em quase tudo.

Anônimo disse...

1Ainda bem que como homens temos uma única grande neura: o tamanho do bilau,lol.'

really? Acho que n sou da espécie humana então, eu nunca liguei pra isso

Larissa disse...

eu passei por experiências parecidas, só que eu sempre fui magra demais. Na escola, ouvia piadinhas como "cuidado pra não se quebrar", "o vento mais forte te leva né?", etc etc... eu não tinha nenhum tipo de doença relacionado a comida, era daquele jeito e pronto, mas a diretoria da escola chegou a convocar minha mãe pra perguntar se eu tinha anorexia ou bulimia.

passei anos e anos usando roupas muitos números maiores que o meu, porque achava que disfarçava minha magreza. eu achava que nunca conseguiria um namorado, que somente se engordasse, tivesse mais peito e mais bunda, eu seria feliz.

mas depois de anos, só na fase adulta, eu fui entender que eu não engordaria, que há não ser que colocasse silicone, não teria peito, e que minha calça jeans justa ficava linda em mim. aprendi a me aceitar do jeito que eu sou e isso fez toda a diferença.

me pergunto sempre como as pessoas conseguem causar danos dessa maneira em outras.

Anônimo disse...

Nossa, lendo o Guest Post e os comentários consigo reescrever toda minha história: gordinha, baixinha (sempre fui a menor pessoa da classe), cabelos crespos e armados, óculos, aparelho nos dentes e por fim NERD. Passei a estudar e tirar boas notas porque a sensação de fracasso (em todos os sentidos) era muito dolorosa. Meu único consolo era me sentir inteligente - pena que nem isso é valorizado por nenhum colega de escola - vc continua sendo pária do mesmo jeito.

Aí quando chegou aos 14 anos tentei dar a volta por cima, não aguentava mais as tirações de sarro, a exclusão, as listas de meninas feias em que sempre apareceia e aí entrei numa maratona onde durante 8 meses não comia praticamente nada e fazia muita bicicleta. Só aí consegui emagrecer, troquei os óculos por lentes de contato, alisei meu cabelo e forcei a barra para tirar o aparelho dos dentes (antes da hora).

Fiquei bonita, bem diferente do que era, mas apesar de toda transformação, continuei sendo excluída da escola - parece que a minha história continuava marcada no rosto.

No entanto, a gente não consegue segurar as máscaras por muito tempo. Aquela pessoa não era eu, então, durante 14 anos fui engordando novamente, hoje não consigo usar mais lentes o dia inteiro, e passei a me conformar com o que realmente sou. Digo conformar pois ainda não cheguei ao nível de aceitação.

A vida foi muito dura, tanto que hoje não consigo pensar em ter filhos. Sofri tanto nas mãos e palavras de crianças e adolescentes que não consigo vê-los mais como anjos inocentes...ano após ano tive minha autoestima destruída por brincadeiras, ofensas, exclusão que hoje não consigo me imaginar tendo um filho que possa fazer a mesma coisa com outra pessoa.

Daniel Orlandi disse...

Lindo relato, uma lição de auto-estima e conhecimento, parabéns Lê.

Anônimo disse...

Essa geração de hoje é muito fresca.No colégio eu tinha apelido tb, e daí? Eu tb botava nos outros, todo mundo era assim, todo mundo ria no fim, ninguem ficava morrendo ou fazendo drama.
As vezes eu tb fazia um desenho do cara e passava o papelzinho na aula pra todo mundo ver.

Carol disse...

Niemi... FALOU TUDO! =)

Liana hc disse...

Lindo guest post, tocante, sincero. É muito bom ler sobre as experiências das pessoas sem cair naquele papo de revista feminina, saber como se sentem, como lidam com os desafios. Não só quando superam, mas também suas chateações, suas neuras, assim reconhecemos questões que são presentes na nossa própria vida. Às vezes precisamos que o outro funcione como nosso espelho e verbalize aquilo que não conseguimos, às vezes vale pela troca de experiências, muito rica neste caso.

Não passei pelo mesmo que a autora, sempre fui magra, mas também já me vi em alguns momentos buscando a permissão dos outros para ser feliz e me tolhendo porque não os agradava.

Sempre fui a "gostosa", peguei corpo muito cedo e já chamava atenção. Desde criança ouvia cantadas (de homens adultos), curioso é perceber que quanto mais nova a gente é maior a grosseria. Com oito anos mais ou menos escutei de um sujeito de uns 40 anos que eu era gostosinha e que ele queria enfiar a pica dele na minha xota, eu não sabia nem o que era pica muito menos xota, quando perguntei em casa ainda levei um tapa e não se falou mais no assunto. Continuei ouvindo isso por mais dois anos até que o bom cidadão se mudou. Isso é só um exemplo e nem é dos piores que já passei.

Relacionei essa coisa de chamar atenção para o corpo como algo ruim, que me prejudicava, então eu procurava ser discreta. A idéia de que a responsabilidade por essas agressões era minha durou pouco, mas ficou a necessidade de me proteger dos outros, já que eu nunca sabia de onde viria a próxima ofensa. Entendi que cantar mulher na rua não é elogio na maioria das vezes, é só um exercício de dominação, é punição. Isso fica ainda mais claro quando lembro de tudo que ouvi quando criança, então essa questão de dar atenção ao que os outros falam da minha aparência, no meu caso, acabou indo mais para rejeitar o que dizem do que para aceitar.

Curiosamente, a despeito da nossa cultura que diz que uma mulher deve detestar e desconfiar de outra mulher, o corpo feminino sempre me atraiu. Ver outras mulheres, nuas principalmente, era como ver uma versão minha nelas, sempre me identifiquei e as observava com curiosidade. Sempre passo por lésbica :)

Hoje estou bem mais tranquila com relação a isso. Gosto do meu corpo, estou satisfeita fisicamente, mas socialmente ainda me policio perto de homens, quando não estou com disposição para lidar com grosserias me visto para passar despercebida.

Escarlate disse...

Muito lindo o guest post. Sofri muito na mão de crianças e adolescentes, tive transtornos alimentares, cheguei na tão esperada beleza padrão.

Não adiantou muito. Eu continuava infeliz, mesmo com os elogios à minha aparência, com os assédios, com o objetivo que eu tinha conseguido com tanto esforço e sofrimento.
Mas consegui melhorar quando fiz verdadeiros amigos, quando encontrei um homem que me ama do jeito que eu sou, que me amaria magra ou gorda ou careca ou cabeluda. Quando eu conheci o feminismo, e conheci feministas lindas que tinham o mesmo problema que eu.

Hj sofro do oposto. Não consigo sair na rua muito bonitona e arrumada, pois sofro muito assédio. Aí me estresso, pq não levo desaforo pra casa. Só saio femme fatale quando saio com o namorado, pq os machos se acovardam quando eu to com o "meu dono" (argh).

É foda. O patriarcado sempre arranja formas de te fazer infeliz, incompleta e insatisfeita.

Liana hc disse...

Pensando aqui na minha apreciação pelas formas femininas desde nova, acho que foi isso que me livrou de ser complexada com meu corpo, apesar de ter minhas inibições sociais. Acho que uma das causas pelas quais tantas mulheres não se aceitam é porque são treinadas para serem críticas de outras mulheres. Não vejo como receber este tipo de educação e não ter problemas de auto-imagem. Nos reconhecemos nas outras, nossa feminilidade (seja lá o que isso represente para cada uma de nós) encontra eco em outras mulheres. Precisamos de um olhar mais terno entre nós, isso por si só, já ajuda bastante.

Anônimo disse...

Mas eu entendo que com as fêmeas esse negocio de bule são outros 500.
Ou não?

Clara Morais disse...

Lola, tem um site de maquiagem que eu gosto muito que publicou um post muito legal sobre auto imagem:

http://conversadebeleza.wordpress.com/2011/10/06/alem-do-que-se-ve-republicando/

Sei que você não gosta muito de maquiagem, mas a Renata escreve coisas fascinantes que a gente não espera encontrar num blog de beleza.

Anônimo disse...
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Erres Errantes disse...

Troll detected.

Niemi Hyyrynen disse...

É muito loko essa coisa da identificação do feminino!

A Liana tá sempre falando disso aqui,acho isso muito legal,como é gostoso quando nós conseguimos ver nas outr@s a nossa propria natureza, descobrir as nossas formas sinuosas e tão variadas! Há todo o tipo de beleza feminina, das mais magras as mais gordinhas, das mais baixinhas até as mais altonas.

Eu tb as vezes passo carão, pq me confundem com uma lésbica (mas que mal tem?) quando fico admirando as peculariedades dos corpos de mulheres próximas a mim.

Todas nós temos uns "defeitinhos" perfeição nem na playboy (vide as mulheres sem umbigo), mas acho que o que nos diferencia de verdade dessas mulheres de plástico produzidas com muito photoshop é que nossas marcas contam muita da nossa historia de vida!

Com o tempo eu passei a conviver melhor com as minhas marcas, sei que elas fazem parte daquilo que eu vivi e não tem como eu desprezar o passado, por isso sou mais feliz hj em dia.

Comecei a ter essa piração toda quando comecei a entender as historias que a minha avó contava da Deusa Freyja e como ela recebia as mulheres mortas em guerra :)

Elas cuidavam das feiras umas das outras, isso não era só sobre a dor, mas tb sobre como compartilhar o seu fardo do passado.

Muito lindo!

(quase chorando aqui, rsrsrs)

Anônimo disse...

uai, se é trollagem, fala onde ela tá, por favor.q q tem de inverdade nisso

Lara disse...

A aceitação do meu corpo sempre foi uma coisa super complicada pra mim especialmente durante a adolescência quando engordei uns 15kg, e hoje sou bastante carrasca comigo os quilos ganhos quando adolescente já se foram voltei para o número que vestia 40,durante a dieta pensava que ao voltar pra este número ficaria satisfeita só que não estou e sei que não vou ficar,por isso voltei pra dieta e exercícios provalmente nunca fique satisfeita mesmo vestindo 38 ou 36.

Quando vc está gorda os julgamento são imensos e não desejo sentir aquilo de novo, interessante é que não me incomodo tanto com as estrias tenho um pouco nos seios e braços talvez seja pq é algo até comum na minha família mesmo em mulheres magras tenho pra mim que é genético.

Anônimo disse...

Definitivamente um belo texto mesmo, Lê.
Me fez pensar que a ditadura da imagem seja talvez muito mais pesada e difícil de se amenizar (quanto mais eliminar!) que a do próprio machismo! Porque fica totalmente no âmbito do subjetivo, terreno dos mais propícios a serem manipulados, não? E dá-lhe propaganda! afff...
Sabe, eu sempre fui muito magra e alta, e me lembro que na minha adolescência, quando o bonito era ser baixinha e rechonchuda, eu me sentia uma aberração daquelas!!! Só muito recentemente fui descobrir que tenho "o direito" de colocar mini-saias (OK, saias mais curtas, porque mini já foi a época pro meu gosto), apesar das pernas finíssimas...
Por outro lado, tive um longo relacionamento com um cara mais baixo que eu e gordinho. Vivia falando para as minhas amigas: gente, baixinho é bom! gordinho é bom!! Porque, claro, elas também tinham seus estereótipos de "preferência", que eram os... ah, nem preciso descrever!
Beijos a tod@s, de todos os tamanhos e formas.
Olhar

Erres Errantes disse...

Lê, onde você mora tem homem fresco, viu? No pior sentido possível. Reclamar por causa de pelos nos braços?! Cada vez mais me convenço que tem homens que preferem namorar bonecas infláveis a mulheres. Desse "machos" eu quero distância.
Eu sempre achei muito bonito ter braços peludos, tanto em homens quanto em mulheres.
Não fui uma criança gordinha, mas quando cheguei à adolescência engordei um pouco. Hoje tenho 25 anos e sou como a Lê, nem gorda, nem magra, com uma barriguinha de chopp (só que no meu caso eu tomo chopp, sim hehe! E minha barriga estaria aqui mesmo sem a cerva). Faço um tipo bem comum e nunca fui discriminada pela minha aparência, mas por outros motivos, no caso, por ser muito tímida e selecionar muito bem minhas companhias. Então eu era tachada de metida e sofri bullying na adolescência por causa disso. Os caras com quem eu queria ficar nunca olhavam para mim, por isso fiquei com poucos, mas esses poucos nunca me repreenderam pela aparência que tenho. Hoje namoro um rapaz há oito anos, que me respeita do jeito que sou e tbm nunca me fez qualquer tipo de cobrança quanto às minhas medidas. Mesmo assim, constato todos os dias o quanto as mulheres são cobradas para ser bonitas e gostosas 24 horas. Me considero uma pessoa inteligente e interessante, mas acho que as pessoas me valorizariam muito mais se eu fosse um clone da Juliana Paes ou da Paola Oliveira. Uma mulher tida como bonita é até mesmo mais levada a sério do que as mulheres mais comuns.
Na minha opinião, o caminho é sermos honestas conosco e assumirmos o que somos, independente do que os homens acham de nós. Quando eu era adolescente, eu ficava muito frustrada por não conseguir ficar com os caras que eu queria, mas hoje eu percebo que justamente aqueles que se interessam por mim independente de qualquer coisa são os que valem a pena, pois eles conseguem enxergar o que tenho de atraente para além de padrões idiotas que a sociedade impõe.
Abraço,
Rosa.

Anônimo disse...

Adorei o guest post! Me identifiquei bastante com a Lê, também sofri a vida inteira por causa da minha aparência.

Nunca fui gorda (nem muito magra também), mas eu era considerada feia na escola, sou morena e tenho o cabelo muito cacheado - totalmente fora do padrão Globo de beleza. Além disso, sempre fui a nerd da sala. Eu era o alvo perfeito para as humilhações.

Muito tímida, sempre tive dificuldade de me relacionar com as pessoas, principalmente os homens. Muitos garotos me desprezaram na adolescência, e eu tinha certeza de que havia algo errado comigo.

Isso ainda persiste. Hoje, tenho 21 anos, não sou tão infeliz quanto antes, e isso eu devo ao feminismo. Ler seu blog, Lola, e os de várias outras mulheres, me ajudou a enxergar que as pessoas são diferentes, que eu não preciso viver em um padrão, que eu não tenho que ser a perfeita Miss Universo para ser alguém.

Eu estou aprendendo a me aceitar. O que ainda me deixa um pouco triste é o fato de nunca ter namorado - e o julgamento que sofro das pessoas por isso (é, eu sou uma virgem de 21 anos, e tenho vergonha disso, a ponto de mentir para as pessoas com quem convivo para evitar mais humilhações). Mas, assim como a Lê, eu vou tentar trilhar meu caminho buscando a minha própria felicidade, e não a dos outros.

Obrigada pelos seus lindo textos.

Babi

Giovana disse...

É. Também inaugurei esta fase na minha vida há dois anos. E não tem sido fácil.
Autoaceitação começa com autoconhecimento e este processo é duro, mas gratificante.

Anônimo disse...

babi diretamente de belzonte...

Capitã Amélica disse...

adorei. me identifiquei muito, apesar de ser macérrima!

sem chance de saber o e-mail da Lê? ou um blog?
:)

beijos a tod@s

Anônimo disse...

Lola, qual sua opinião sobre o que segue?

http://edition.cnn.com/2011/09/27/health/transgender-kids/index.html

Rebecca disse...

Cruel esse lance das pessoas se importarem com pelos no braço né? =/

Quer dizer, a imposição do padrão de beleza não tem limites mesmo!
Peso - tem que ser magra, cabelo - tem que ser liso, olhos - tem que ser claros, depilação de virilha - tem que ser cavada... Agora braços não podem ter pelos!

Temos mesmo que nos voltar contra essas coisas, porque é uma grande bola de neve =/

Niemi Hyyrynen disse...

Essa coisa de pelo no braço é o fim, lembro de uma vez que um cara me disse que meus pelos do braço davam "sensação de aspereza" no "tato" dele.

Mandei ele transar então com uma boneca inflável, pq né? Dai o tato dele ia sentir uma "sensação de lisura"

Depois arrematei a conversa pergutando se ele não sentia uma "sensação de aspereza" quando o "tato" dele pegava no seu "amigo".Na hora do 5x1

¬¬

[Off-topic total]

Lola, muita gente aqui reforçou o lado do preconceito com pessoas magras, lembro que vc pediu pra uma comentarista fazer um guest post, não querendo cobrar =p mas já tem previsão de quando vai ser?

To anciosa pra ler!

Fefa disse...

Lindo relato...

Suas palavras finais me fizeram pensar: pq eu ainda tenho recaídas e me importo com essas coisas padronizadas?

Obrigada por me relembrar o quanto é bom aceitar nosso jeito.

Fefa disse...

Nossa, querido troll covardia é pior que erro de ortografia.

Pq se esconder atrás de um anonimato para agir com a delicadeza de um rinoceronte?

Deve ser pq até vc mesmo/a tem vergonha disso.

"Oremos por sua alma" ahahahaha

Anônimo disse...
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Fefa disse...

Rebecca,

Com certeza...e ainda tem mais na lista:
mulher, tem que se vestir de rosa e falar beeeem baixinho, estar sempre penteada.
Sorrir e nada de reclamar! (reclamação é coisa de mulher "mal comida")...aff

Anônimo disse...

Excelente guest post!
Toda mulher sabe o quanto é difícil aceitar o próprio corpo, o padrão é sempre inatingível e cada uma, magra, gorda, alta, baixa, gostosa ou a feia, lida com uma forma de preconceito diferente. A mulher é sempre rotulada...

Eu sempre fui magra, mas 'ganhei corpo' com uns 11 anos, tinha corpo de mulher e cabeça de criança, mas meus colegas de escola não perdoaram, logo começaram as piadinhas com minha bunda... Depois disso começaram as mentiras, não sei bem como, mas um tempo depois eu era a vadia do colégio, que já tinha transado com quase todos! (nossa!! eu estavana 7ª ou 8ª série, e nem beijar eu não tinha beijado ainda) Eu tinha que explicar pras minhas amigas que tudo era mentira, e tinha que ouvir comentários do tipo "verdade que vc transou com fulaninho?" "cuidado menina vc vai engravidar!"... Certa vez eu ia pra casa depois da aula, quando senti uma apalpada na bunda, virei pra trás e senti outra, outra e outra, eram uns quatro meninos de bicicleta, não consegui impedir, foi muito rápido (só de lembrar me sinto mal), cheguei em casa e não tive coragem de contar, no outro dia vou ao colégio e estão todos comentando que eu havia deixado os meninos passarem a mão em mim, os meninos rindo de mim e as meninas espantadas, nem adiantava dizer que me seguiram (ora, quatro meninos e eu não fiz nada!)... Sei que esse corpo padrão sempre foi uma merda... querem que tenhamos o corpo ideal, seios e bunda grandes, cintura fina, sejamos "bonitas", pra nos assediarem e depois justificarem... Esse rótulo me acompanhou por bastante tempo, e por conta dele fiquei bem reservada, fui me soltar mais depois dos meus 17 anos, agora com 24 e uma filha de dois anos, meu corpo é bem diferente, estrias demais, barriga e seios flácidos da gravidez e da amamentação, mas um sentimento de liberdade muito bom... eu tinha aquele corpo e nunca fui feliz, hoje sou feliz assim, sou completa!!

Escarlate disse...

"BRASIL PRECISA É DE BRASILEIRO CARAIH!"

Realmente, precisa de mais brasileirOs, pra vcs se pegarem entre vcs, homens honrados. Nós mulheres somos vadias que não respeitam vcs, então VIREM GAYS!

Anônimo disse...

É inacreditável essa história de pelos nos braços, mas aconteceu com a minha filha de 13 anos. Ela chegou em casa dizendo que queria depilar os braços pois um coleguinha na escola tinha criticado "credo! que braços peludos!" Minha filha casualmente é uma menina dentro dos padrões, magrinha mas com curvas, cabelo liso, etc. Acho que sempre a eduquei valorizando outro tipo de qualidade nas pessoas. Sempre disse que o legal era ser sensível, amiga, solidária. E ainda assim essas coisas acontecem. Os valores que a gente passa para os filhos parecem pouco diante dessa sociedade ditadora e intolerante.

Pat Ferret disse...

Se a questão é aprender a escrever, há "gente" aqui precisando aprender a usar pontuação (principalmente a vírgula) e caixa alta...

Just saying.

bike disse...

uma vez uma namorada pediu pra que eu tirasse os pelos , se não me deixava ... vê se pode ? conclusão eu acabei deixando a infeliz e arrumei outra q adorou meu peito de macaco .

Anônimo disse...

Bullying é coisa séria, não é "frescura" reclamar de apelidos. Se um apelido é dado por um amigo, ou um colega parceiro, é uma coisa, mas um apelido dado por quem NÃO TE CONHECE e nem faz questão de se enturmar contigo, ai é ooouuuuuutra história.
O bullying praticado por meninos contra meninos tende a ser mais direto, físico. As meninas preferem excluir e inventar histórias sobre seu "alvo", para que os outros colegas também se afastem.
Geral me chamava de "macaca", "lobisomem", "travesti", etc. Só dois eram meus amigos e falavam aquilo como brincadeira, pois era recíproco, não faziam para ofender. Mas o resto fazia para atacar mesmo, para debochar, envergonhar, inibir. Como eu sei disso? Simples.
Eram colegas que não faziam questão de falar comigo a não ser para xingar e humilhar, e quando eu chorava, essa gente achava o máximo e fazia mais.

Anônimo disse...

Lola, o blog é seu e evidentemente voce faz como achar melhor, mas em um comentário anterior vc falou que se alguém se sentisse incomodado com os trolls que falasse. Olha, eu pessoalmente acho muito desagradável e inconveniente esses meninos (acho eu que devem ser crianças)que gostam de chamar atenção e não tem nada a dizer,apenas ficam ofendendo as pessoas gratuitamente. Esse bing não sei das quantas devia ser excluido sistematicamente.
É apenas a minha opinião. Acho que a leitura dos comentários seria mais agradável e proveitosa.
Bj

lola aronovich disse...

Gente, perdão pelos trolls. É o risco de deixar comentários abertos pra anônimos. Vem o pessoal mais covarde possível. Como o blog não tem moderação de comentários, essas mensagens de ódio são publicadas. Mas, assim que eu vejo, eu deleto. Então elas devem ficar "no ar" por no máximo algumas horas. É só o tempo de eu aparecer em frente ao computador, ler os coments., e deletar. O melhor a fazer durante esse tempo é ignorar completamente o troll.
E sobre o Mr. Dig Din, cansei. A partir de agora vou deletar tudo que ele disser. Não vou nem ler. Vejo o nome dele e deleto. É um idiotinha da pior espécie. Fico p da vida quando vem aqui ofender comentaristas. Isso é tão típico de troll... E realmente não acrescenta nada ao blog. No começo é até engraçado, tamanha a barreira intelectual e gramatical do sujeito, mas ele só vai ficando mais agressivo. Quando ele passa batido, fica deprê. Aí aumenta a munição, vai testando limites... Bom, o meu limite é este: insultou alguma ou algum comentarista, dançou.

Baka disse...

que show esse post!! lindo, kindo demais... parabéns por esse maravilhoso texto... me identifiquei tanto q arrepiei...

lola aronovich disse...

Olha que sintonia de pensamento, anônimo das 15:23! Assim que publiquei meu comentário dizendo que não tenho mais paciência pra trolls, li o seu. É isso aí. É o que eu vou fazer. Só peço paciência porque, como não há moderação de comentários, só posso deletá-los depois de publicados. E como tenho uma série de atividades, não passo o tempo todo diante do computador. Costumo dar uma olhada no blog (quando não estou dando aula) de uma em uma hora.

Niemi Hyyrynen disse...

Olha Sr Dig Din

Pode ficar tranquilo, que eu não sai de "nenhum cú da Europa", tenho muito orgulho de ter nascido na Finlandia e tenho mais ainda de morar aqui.

Posso te garantir que sou mais brasileirA do que vc.

Eu procuro do meu jeito, colaborar com as pessoas a minha volta e com este país que me acolheu tão bem.

As pessoas tirando trogloditas como vc, são muito hospitaleiras, não vou ficar me abalando por causa de uma parte insignificante que vc representa, eu me importo com as pessoas que realmente valem à pena.

passar bem viu?

Anônimo disse...

sei que estou totalmente errada mas não consigo ver beleza em um monte de gordos e gordas vestindo toalhas de mesa (roupa de gordo é sempre feia)
e geralmente gordo tem mais problema de odores,a pele costuma ser feia,o cabelo tb e não sei pq disso

estou errada mas não suporto gordos e gordas e odeio quando engordo

Anônimo disse...

e quando vejo alguém gordo falar que está bem consigo mesmo eu juro que penso que a pessoa está mentindo.pq como a pessoa pode ser feliz sendo gorda? fora os problemas de saúde, o cansaço que os gordos tem, as dificuldades p encontrar até assento no cinema.

gordo feliz, pra mim é gordo que mente.
desabafei.

Anônimo disse...

Anônimo que odeia gordos: já parou pra pensar no porquê de roupas de "gordos" serem, geralmente, fora de moda? Simples, a moda exclui quem não entra dentro do padrão de beleza, e pra essa gente, quem não for anoréxico é gordo.
E não, você não é obrigado a achar bonito, mas é obrigado a respeitar.

Starsmore disse...

Invejo você, não consegui ainda me libertar do padrão estético. Não tem um dia que não passe pensando em começar uma academia. Isso porque nem sou gordinho, mas o padrão de beleza que muitas mulheres exigem é o homem tanquinho.

Acredito com sinceridade que o padrão exigido das mulheres é pior, mas com certeza muita gente vai se identificar com você, mesmo tendo passado só uma fração do seu sofrimento.

letícia disse...

aiaiai: Pode imprimir e entregar à coordenadora pedagógica da escola do seu filho sim :)

Lola, muitíssimo obrigada.
É o que eu posso dizer, pois seu blog foi um dos motivadores a que eu pudesse me questionar mais sobre padrões de beleza, sobre mim mesma. Adorei poder escrever esse guest post e estou emocionada com os comentários, to tentando ler um a um.

Aos trolls: só digo que sinto pena, nem vale mto eu perder meu tempo respondendo ;)

Anônimo disse...

Quanto ao anônimo que comentou sobre os gordos... Bem, é muito triste ver que a ditadura da mídia consegue realmente fazer isso com as pessoas. Eu fico muito triste. Muito mesmo. Olha, você, quem quer que seja, eu espero mesmo que um dia você consiga abrir os olhos pro que vai além da aparência. De verdade. Porque isso é muito triste.

*não to botando banca, só to sendo sincera porque o comentário realmente me marcou aqui*

letícia disse...

Capitã Amélica:
Eu havia pedido à Lola para não divulgar nada meu, devido aos trolls e que eu não tenho a paciência que ela tem, para pessoas sem conteúdo...
Mas, se quiser escrever, me manda email para leticiaqc@gmail.com
Ficarei feliz em fazer novas amizades :)

Sarah de Souza disse...

Uma vez no trabalho tive de pajear umas crianças de uns 5 anos que queriam porque queria mexer nas miniaturas de super-heróis para colecionadores que ficavam expostas por trás de um gradeado. Eu, pacientemente dizia "Olha, pode olhar, mas não pode mexer, tá bom?". Uma menininha apareceu e começou a brincar com eles. Quando vi que eles estavam enfiando a mão por entre o gradeado pra pegar os bonecos, chamei a atenção deles. Então o menininho mais velho, de 6 anos, me olhou com seus grandes olhos verdes e falou com toda propriedade "Não foi a gente, foi aquela menina! ELA É NEGRA!". Fiquei pasma, porque ele falou como se acusasse ela de cometer o grande crime de ser negra!
Fui chamar um colega para procurar a mãe dos garotos e avisar que eles não podiam ficar sozinhos no subsolo e olhei a garotinha, que com certeza não passava dos 5 anos, chorando compulsivamente no colo da mãe.

Acho que é bem por aí. O post da Lê fala da humilhação que ela sofreu na infância por ser gordinha. Onde será que elas aprenderam que ser gordinha é errado e que devemos louvar ao santo padrão de beleza? Vale a reflexão.

Anônimo disse...

'PREFERE PROTEGER OS GRINGOS FILAS DA PUTA DO QUE OS FILHOS DA TERRA!!!'

1) Cara, já te ocorreu que TODOS os filhos da terra, SEM EXCEÇÃO, vieram de gente que um dia foram gringos filhos da puta?
Até os índios não são filhos da 'terra', eles são asiáticos que migraram pelo estreito de bering

2)A Niemi não tá tirando o emprego de ninguém pq primeiro essa historia de tirar emprego n existe, o empregador emprega quem ele quiser, e depois na área dela, TI,tecnologia, engenharia etc, SOBRA vaga.
Aliais é um dos grandes gargalos dessa terra tosca, a falta de engenheiros.
Fazer o que, essa educação e cultura de merda dá nisso, o povo brasileiro sabe mal somar dois mais dois.

Anônimo disse...

Gostaria tanto de ver as modelos plus-size da vida que dizem que se aceitam se aceitar mesmo, pq eu vejo um monte dela muitooooo maior que eu que diz que usa manequim 46? Como se eu uso 52 (qd dá) e parece mais magras que elas?????
Se é para se aceitar e fazer propaganda disto tem que falar o número que veste verdadeiro. Ista desanima pacas vc ver as modelos que deveriam realmente valoriar as gordas mentindo tão descaradamente.

Anônimo disse...

Ops, um ato falho:

Pareço mais magra que elas.

Annah disse...

O que mais me deixa abismada é ver que a maioria das mulheres tem algum problema de auto-imagem, sejam aquelas dentro do padrão ou não.

E como as pessoas são cruéis! Se falam do cabelo crespo de uma, da barriguinha de outra, falarão das pernas compridas ou da pele muito branca de mais uma outra.

E, ainda por cima, se uma mulher que atende aos padrões estéticos consegue algo por sua capacidade e inteligência, não irão levá-la a sério. Vão dizer que barganhou sexo ou algo do tipo, a lá propaganda da Hope.

Claudia Freitas disse...

Sempre sofri com isso, era xingada na rua por pessoas que nem conhecia, me chamavam de porca, gorda sebosa e outras cositas. Hoje consegui me livrar da obesidade através de uma cirurgia mas ainda tenho medo de ser xingada e evito passar perto de grupinhos com muitos meninos, mesmo que hoje eu tenha quase 30 anos ainda tenho trauma.

Lucia Rodrigues disse...

Quando eu era menina(anos 60) existia o racismo desbragado e o disfarçado, e as coisas de adolescentes tipo, eu era gordinha e a molecada me chamava de "casas da banha", nome de um supermercado da época, no Rio de Janeiro. No entanto nunca percebi um conceito disso, uma ideologia a ser pregada e espalhada, não. Me parece que a TV e sua orientação norte-americana, com a tal história do "loser", perdedor, chegou ao Brasil com muita força nos anos 70 e as Barbies, sejam brancas ou negras, mexem com a cabeça das nossas crianças, lógico que propositalmente. Mas mudando o enfoque, morei 5 anos em São Luís do Maranhão, estado com 80% de população negra... quando na praia tinha algum roubo ou assalto, imediatamente a polícia procurava os negros... Eu sou branca e me indignava com isso, mas parece que é usual... nem ligam mais... Triste isso...

Amor & Miados disse...

quando criança eu sofria preconceito por ser feia e negra

quando adolescente por não ser popular

e agora, adulta, fui discriminada por ter T.O.C e ajudar animais de rua

o mais interessante é que mais pessoas se incomodam com sua condição do que vc mesmo

eu não sabia que ser negra e feia podia ser errado. eu n sabia que ser quieta era errado e eu nao sabia que ter uma doença, que eu não tenho culpa de ter adquirido, assim como ajudar bichos maltratados e abandonados também era um crime.

o lado bom é que essas cicatrizes sempre nos lembram do caminho que devemos continuar para nossa felicidade e o que ou aqueles que devemos evitar :)

Anônimo disse...

Vcs ligam demais pro que os outros pensam.
Vcs deviam se inspirar na pitty, grande filósofa:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=lRLT1O7cu28

-gostosaaaaaaaa!!
-vai se fuder!!
huahuaahuahuhuahuahua punk

Anônimo disse...

preciso de mais comentar esse post.

Rê_Ayla disse...

"eu prefiro mil vezes alguém que ilumine uma sala pela personalidade que tem, do que só a enfeite com o corpo que carrega".

acho q esta frase merece ser compartilhada e diz tudo...


E não acho q as pessoas estejam mais "frescas" hj em dia com seus problemas de auto-aceitação e/ou bullying: apenas atualmente há mais abertura para falar, reclamar, expressar suas opiniões e sentimentos.

Gisele Biléia disse...

Tenho 1,72 de altura e míseros 52 quilos. Me alimento bem, mentira, na verdade eu como muito, sou bem sedentária. Minhas amigas brincam comigo que têm vontade de me dar uns tapas: Como assim você come desse tanto e não engorda? É, eu também queria saber.
Sabe, eu respeito muito quem está acima do peso, porque vivo uma luta diária ao contrário e por mais que alguns não acreditem, É MUITO DIFÍCIL ENGORDAR.
Atualmente vivo bem com meu peso, só procuro não me estressar muito porque emagreço visivelmente. Mas, na adolescência, já cheguei a pirar com comentários e piadinhas cheios da mesma crueldade das piadinhas direcionadas aos gordinhos.
Lembro que um dia, encontrei uma pessoa que não via há algum tempo e que me disse: 'Nossa, como você está magra, não tá com AIDS não?'
Bang bang, my baby shot me down!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Oliveira disse...

Olha, abaixo, os que vocês estão provacando seus fascistas de esquerda, a nova ditadura.

Ministra apoia fim do quadro "Metrô Zorra Brasil"+ | -EnviarO F5 errou ?06/10/2011 - 01h20
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DE SÃO PAULO

A Secretaria de Políticas para as Mulheres enviou uma carta de apoio ao sindicato dos metroviários de SP, que pediu que a Globo tirasse do ar o quadro "Metrô Zorra Brasil". A mesma pasta, da ministra Iriny Lopes, pediu a suspensão de um comercial em que Gisele Bündchen aparece de lingerie. "Parabenizamos a iniciativa e endossamos a necessidade de ações como esta que visam desconstruir discursos de uma cultura que, até camuflada no humor, perpetua a violência simbólica contra as mulheres", diz o documento. Os metroviários acusam o "Zorra Total" de incentivar o assédio sexual nos vagões. A Globo diz que o objetivo da atração é o entretenimento.

Anônimo disse...

Ah:Tbm usava roupas largas, pra disfarçar a magreza. Parecia um muleque. E tbm já ouvi comentários sobre minha mpossível homossexualidade, pois não ficava com menino algum (na minha cabeça, meninonenhum ia me querer de verdade!Ateh os que se aproximavam, eu agia bem grosseiramente, pois pensava que eles estava zombando de mim!). Meu 1 beijo tbm foi aos 16 anos.

Anônimo disse...

Ah! teve uma época em que eu comecei a arrancar todos os fios "ruins" do meu cabelo. Minha mãe limpava bolas e bolas de cabelo do chão!me repreendia e até ela zombava de mim, dizendo q eu tv ficando louca.

Anônimo disse...

Me lembrei de uma vez em que eu voltava pra casa do colégio e um estranho me disse "Que linda! Pena que é gorda!".

Eu usava (uso) manequim 42, e nunca tinha me sentido gorda, apesar de não me enquadrar perfeitamente nos padrões. Fiquei arrasada.

Mundo cruel o nosso.

Aldrey Riechel disse...

[Ainda não li todos os comentários acima, mas resolvi postar mesmo assim]

Faz tempo que eu acompanho o blog e faz tempo que eu queria dizer [escrever] sobre o quão importante é ler tudo isso. Recebemos todos os dias tanta informação com só uma opinião que acabamos nos esquecendo que existem trilhões [zilhões!] de outros pontos de vistas. Acho que cada vez que uma mulher [ou um homem] rompe o silêncio nasce uma nova feminista no mundo. Na verdade não nasce, desperta uma nova feminista.

Quando foi mesmo que eu me descobri feminista? Espera... acho que não lembro. Talvez porque não exista um dia que eu tenha acordado e pensado "nossa, hoje eu sou feminista!". Por um lado isso facilita, já que não precisei contar aos meus pais:

"Mãe... tenho uma coisa pra contar: eu sou feminista!". "O que? Aposto que são seus amigos que estão te influenciando. Onde foi que errei? Isso só pode ser uma fase, vai passar."

Não, não passei por isso. E talvez por não ter passado por um rito ou por qualquer outro fato marcante é que tantas vezes eu tenha dito "não, eu não sou feminista". Afinal, ninguém quer ser vista pelas outras pessoas como "sapatona", "mal comida" e "mulher feia".

E quando eu me esquecia de fingir e sem querer me posicionava contrariando opiniões tão comuns como "mulher que anda com roupa curta não se dá ao respeito". Era um deus nos acuda. Tinha que ouvir que não era bem assim da minha mãe, da minha tia, da minha avó e das minhas amigas.

Daí eu aprendi que damas devem ficar de boca fechada. Ou só abri-la quando usamos uma lingerie.

Só depois de um longo tempo [e lendo muito blogs] é que eu entendi que ficando quieta, eu garantia que muitas outras mulheres também ficassem quietas. Como afirmou Elisabeth Noelle-Neumann, uma mulher que não conseguia se portar como dama, em sua teoria da espiral do silêncio.

Ela começou a perceber que as pessoas tendem a expressar menos a sua opinião quando imaginam que podem estar em minoria ou ser recebida com desdém. Esse posicionamento é tomado para evitar o isolamento do individuo dentro de um grupo.

Isso garante o silêncio por um lado, mas também que só uma opinião seja divulgada e que ela seja maioria. Por isso usa a imagem de um espiral, onde vai atingindo cada vez mais pessoas.

Eu me tornei feministas quando eu decidi que não quero ser machista. E decidi me tornar chata, mulher-homem e mal comida porque são esses os nomes que dão para quem fala. Eu quero falar, porque sei que meu silêncio é o silêncio de muitas outras.

*nasce uma feminista*

Obs.: Desculpe pelo looongo comentário.

Luísa Schenato disse...

É lamentável que as pessoas desperdiçam suas próprias vidas se preocupando com a vida, a forma e os gostos do outros, é muito triste isso.
O pior que existem pessoas medíocres em de todos os lados. Eu, desculpem a pretensão, estou dentro do padrões de beleza e gosto sim de usar roupas que evidenciam isso. Por conta desse fato nunca fui bem aceita por nenhuma feminista que conheci pessoalmente até hoje. Já tentei manter contato com muitas pessoas, mas não elas não me aceitam como sou. Eu também acho isso muito horrível, não é tão sério quanto o caso descrito no post, mas magoa também. Não digo que este é o caso aqui do blog, por que não conheço ninguém aqui para poder afirmar isso, mas essa PARECE uma tendência.
Resultado: eu tenho minhas idéias e luto por elas sozinha do meu jeito, já que quem compartilha as mesmas idéias que eu simplesmente não acredita que eu posso ser feminista me vestindo como me visto ou me portanto como me porto. Oras isso não é querer padronizar da mesma forma?
Acho revoltante qualquer comportamento que visa padronizar ou diminuir as pessoas pelo que quer que seja.

Luísa Schenato disse...

E sobre as camisetas de banda, que algumas pessoas comentaram. Eu também sem pre fui "do metal" inclusive a hoje sou vocalista em uma banda de Heavy Metal. Só que eu não usava as camisetas para esconder, eu cortava e reformava elas, para mostrarem mais, sempre fui assim e gosto disso. E quando vou em algum show vestida assim sempre tem meninas, perincipalmente, olhando e comentando, como se eu não pudesse ousar pertencer a dois mundos.
Eu sou feliz com meu corpo, de verdade, não mudaria nada, mas parece que é um pecado pensar assim. Sinceramente nunca entendi isso de algumas feministas que não admitem que tu esteja dentro dos padrões.

Anônimo disse...

Luisa,

Acho que a questão não é bem essa. Fico feliz que vc esteja bem com seu corpo, que vc sempre tenha gostado dele. Isso é um privilégio de poucas!Não vou mentir e dizer que não exista a inveja e a competição, pq existe. Pelo menos comigo, mesmo não querendo, qdo vejo uma mulher "perfeita" me dá uma raiva!rsrsrsrs.
Não sei cm vc se veste, mas prelo que entendi ,deve ser de uma forma mais chamativa, que mostre mais o corpo. Eu não tenho NADA CONTRA a mulher expor a sensualidade, se curtir, usar uma saia curta, um decote, se maquiar, se sentir mais bonita. Mas acho que o problema está quando a mulher se coloca no papel de "mulher objeto", mostrando o corpo todo como se fosse carne no açolgue (NÃO ESTOU DIZENDO QUE É ISSO QUE VC FAZ!). Eu mesma, não aprovo isso. Me passa pela cabeça MUITAS VEZES essa confusão: A mulher lutou tanto pra ser vista cm uma cidadã, ter direito, ser vista com respeito, não cm objeto sexual, aí vem umas e escancaram td, se poe a mostra, cm se estivessem se vendendo???? Mas aí,tbm penso: Mas as mulheres lutaram muito para serem o que quiserem, usarem o que quiserem, explorara sua sexualidade com liberdade, usufruir disso cm bem entender. Eu fico confusa com isso,de verdade, ateh escrevi um texto sobre isso no meu blog:
http://pedacosdela.blogspot.com/search/label/machismo

Luísa Schenato disse...

Dayaneé eu entendo o que você quer dizer, realmente tem comportamentos que colocam as mulheres como objetos sexuais, mas ai eu penso: E se ela realmente gosta disso?
É tão horrível assim?
Eu me sinto confusa sobre isso também. É meio paradoxal para mim. As vezes parece que me é privado o direito de ser como eu quero e gosto, porque com isso eu estaria sendo como um "padeça e carne" etc, etc e destruindo todo uma luta de anos e anos contra o machismo e a violência.
Eu gostaria todos (homens ou mulheres) devam ser como realmente gostam sem ser rotulados por nada e nem por ninguém, mas infelizmente o mundo ão funciona assim mesmo.

Relicário disse...

Esse post é lindo! Perfeito! Lê vc é incrível, maravilhoso ler sua história.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Escarlate disse...

Nossa Luísa, sinto muito que você tenha passado isso com alguma feminista (tb não vou falar q se ela não legal ela não era feminista de verdade). Eu sou feminista e aprecio muito a beleza feminina, e sei como não é fácil sair por aí no padrão de beleza e ainda usando roupas "chamativas". Você acaba passando por assédio e violência dos homens e algumas mulheres podem falar mal.

Mas feministas aceitam a pluralidade (ou deveria ser assim). Tem dias que eu saio meio "garoto" e tem dias que eu saio com camisa rasgada e shortinho. E não é pra chamar a atenção de ninguém, é só pq essa roupa é a que eu estou me sentindo confortável. Usar uma roupa que mostre seu corpo não é ser objeto, a atitude é q faz a diferença. Tem mulheres q se vestem discretamente mas ficam como crianças pedindo a atenção e a aprovação dos homens. Isso é ser objeto.

E eu particularmente sempre conheci mulheres que eram machistas e tinham essa atitude que vc mencionou, como se estivessem com raiva, como se eu fosse "roubar" o macho dela. Lamentável.

Vivien Morgato : disse...

Eu não achava que alguém gordo pudesse ser feliz sendo gordo.
Mas o mais patético da minha opinião era não perceber o quanto as MINHAS próprias imitações - ser goda É um problema pra mim - distorciam minha capacidade de ouvir e ver o Outro, bloqueavam minha alteridade.
Como já ouvi e gostei "seu ponto de vista é o ponto onde sua vista alcança".

Como eu pretendo fazer o dificil exercicio de parar de olhar apenas para meus proprios valores e me afastar do meu umbigo: percebo que as diferenças - as MARAVILHOSAS diferenças - permitem que as pessoas sejam felizes ouo infelizes com milhares de motivos diferentes do meu.

Mas tem gente com o zóião preso no umbiguinho, né?

Um ponto interessante: a falta de roupas bacanas pra quem está gordo/gordinho/sobrepeso/etc...as roupas são raras, como se fosse tudo no mesmo pacote: está gordo, não curte se arrumar.

Pode ser, pode não ser, viva a diversidade, pelamor.

Luísa Schenato disse...

Acabei de ler seu texto e realmente achei muito com. É bem por ai, no fim parece que sempre tem alguém te dizendo: "não faça isso " ou "faça aquilo". Quando eu percebi que a maioria das pessoas tenta padronizar mesmo, independente do lado que elas estão eu decidi fazer o que gosto e o que me faz feliz e tento não julgar pelo que fazem.
Mesmo assim a situação essa questão é muito delicada, não existe uma resposta fácil.

Luísa Schenato disse...

Escarlate e eu fico feliz de saber que tem feministas que aceitam pluralidade principalmente no que diz respeito a essa questão das roupas/sensualidade. Realmente até hoje só tive péssimas experiências nesse sentido.

Anônimo disse...

que bom que vc leu, Luisa, fico feliz ^^!

É complicado mesmo,ne!
O jeito é ser feliz então, da maneira que se é!

Bruna disse...

Já é senso comum dizer que "crianças são cruéis" e tal. Bom, pensando no que falaram a Sarah de Souza e nas experiências (minhas, de amig@as e dos comentários que as pessoas deixaram aqui) vejo que as crianças são tão cruéis quanto o é a sociedade em que vivem. Elas só não têm um filtro (AKA hipocrisia)tão apurado quanto os adultos e acabam externam o que aprendem com os pais, na escola, na TV...
Sempre fui gordinha, mas quando fiz uns 11 anos, ganhei corpo e fiquei mais próxima do padrão. Só que eu tenho nariz "de batata". E o pessoal da escola, na 5ª série, virava pra mim na cara dura e dizia: "poxa, Bruna, teus olhos são bonitos, tua boca é bonita, mas por que é que tu tem esse nariz, hein?"
. E eu tinha - e até hoje não aceito bem - ódio do meu nariz. Pensava que, se não fosse por ele, iria estar muito mais feliz/com mais amigos/ namorando os meninos que eu queria namorar. Um nariz, gente.
Outra coisa que me corta o coração é ver meu primo, que tem 9 anos e é negro, quando vai se desenhar, faz o desenho branco, loiro, dos olhos azuis. Ele já me perguntou algumas vezes por que meu cabelo é cacheado, porque cabelo liso seria mais bonito. Fora o fato de viver dizendo que eu sou bonita, mas que deveria emagrecer, porque aí ficaria mais bonita ainda. E ele tem 9 anos.

Liana hc disse...

Luísa Schenato, esse tipo de posicionamento que você conheceu é da própria pessoa e não do Movimento Feminista. A maioria das feministas que conheço fica na sua.

Sobre usar roupas provocantes, a única opinião realmente necessária é a sua mesma. Se este é o seu estilo, capricha. Agora, concordo que é chato ficar aturando olhares e comentários reprovadores de outras mulheres. É muito contraditório essa coisa de santa/puta e conseguir se ver por outros prismas que não esses pode ser bem difícil para a maioria.

Renata disse...

Parabéns a Lê pela superação. Passei por quase tudo o que ela relatou, só não me refugiei em bandas e camisetas pretas, mas me peguei pensando nas minhas calças largas e camisetas longas para disfarçar meus quadris e coxas grandes, para poder andar em paz na rua e na escola. Era nerd e não "pegava ninguém" na escola. Além da gordura e do desengonçamento, eu também sofri com os pelos. E sofrer mesmo, de parar no hospital com grandes furúnculos nas regiões em que me depilava de qualquer jeito, nessa paranoia louca de seguir um padrão. Teve um episódio engraçado, quando fui perguntar a uma dermatologista sobre o excesso de pelos no braço, quando me deparei com o braço branquinho dela repleto de pelos pretos. Brequei a pergunta na hora! E tratei de reagir como a Lê: rir e fazer com que fique claro que o problema é de quem se incomoda mais que nós mesmos.

Anônimo disse...

Olha, eu não vou querer ser hpócrita: No discurso, eu até defendo,mas na prática...Eu tago pedra em mulheres que EXAGERAM na roupa provocante. Não gostaria de pensar dessa forma, mas não sei se foi a forma cm fui educada, se é a minha religião, mas eu acho feio mulher de minisaia+barrigadefora+decotão+meiaarrastão+saltoagulha+maquiagempesada.

Acho que saber dosar não é nem só uma questão de machismo,mas de poulição visual tbm!

Eu não gosto de vulgaridade, tanto em homem quanto em mulher. Eu posso ser amiga da pessoa, não flr nd, mas se um dia pedir a minha opinião, vou falar q tá parecendo uma p***!
Eh mais forte que eu,gente,desculpa =(.

Elaine Cris disse...

Lendo esse comentário da Luisa pensei na minha própria situação.
Eu sempre tive seios grandes. Antes de seios grandes passarem a ser considerados bonitos no Brasil, era visto como defeito, minhas amigas falavam que eu devia operar.
Com esse novo padrão hoje em dia é ter peito grande é qualidade, é bonito (por isso que quando tem gente que fala que não existe construção cultural ou que beleza é coisa objetiva, me dá vontade de rir na cara, porque senti na pele a diferença de algo que não era considerado bonito passar a ser).
Tenho vontade de operar não por motivos estéticos, mas por saúde, já que tenho dores nas costas, nos ombros, (será que mulheres que põe silicone são bem informadas a respeito disso?) e quando digo isso as pessoas acham que estou louca, afinal tanta mulher querendo aumentar e eu querendo tirar...
Mas voltando ao assunto, enfrento um problema na hora de me vestir. Se não uso decote, eles parecem maiores que já são. Se uso uma roupa que tenha decote, ainda que pequeno, ouço grosserias nas ruas, algumas mulheres conversam comigo encarando meus peitos como se eu fosse me atirar em cima dos machos delas no momento em que virassem as costas ou como se eu não merecesse ser levada a sério ou não tivesse caráter (e geralmente não são as mais feministas que já me trataram assim), já recebi cantada grosseira de chefe e de alguns conhecidos que dão a clássica desculpa de que te entenderam mal ou então saem falando pelas costas que vc deu corda, se insinuou (afinal quem mandou nascer mulher, ter seios e grandes ainda por cima, vai ver é isso) e depois mudou de ideia.
A coisa é mais complicada que parece. Se vc está fora do padrão vc sofre preconceito, se está dentro, vc passa por situações complicadas e se reclamar ou achar ruim ainda jogam a culpa pra cima de vc.
"Ele falou isso? Mas também, com esse peitão na cara dele, o que vc queria? Ele é homem." Já ouvi muito isso. Como se o fato de determinado cara ser homem e ser hétero o isentasse de tudo, desse o aval pra ele ser grosseiro, inconveniente, assediar.
Felizmente muita gente não pensa assim, mas os que pensam não são poucos...

Fabi Alvim disse...

Que texto maravilhoso!!

E, sabe, Lola.. fiquei imaginando vc lendo isso. A emoção que deve ter sentido, mais que isso... imagino que tenha sentido que apesar de tudo o que vc já "ouviu" vale a pena continuar por aqui. Não é não?! Vc ajudou a mudar a história dessa pessoa!

Sara disse...

Acho que todas as mulheres passam principalmente na adolescência por esse processo de aceitação do corpo, eu passei também, se não é porque vc é gordinha, é por pelos no braço, ou ser magrinha demais, eu era tão magrinha que colocava uma calça comprida sobre a outra pra dar volume rrrssss, também odiava meu nariz, como todo mundo recebi apelidos o meu era" maga patalogica", mas com o tempo a gente acaba se aceitando mais, e pelo quadro que a Lola colocou pra saber a idade dos que comentam aqui, da pra ver que muitas estão passando por esse processo de aceitação ainda, mas vou dizer uma coisa que talvez não console não sei se ira ajudar também, mas na juventude quando estamos perdidas nesses processos todos, não nos damos conta de que é justamente nessa fase em que somos mais bonitas, cheias de saúde, vitalidade, o tempo vai passando e quando olhamos as fotos antigas sentimos saudades do que ficou pra traz.

Anônimo disse...

Concordo com a Rebecca, que disse que é uma bola de neve.
Muitos traumas, contudo, nos são colocados por outros, pois foi justo a minha mãe que me convenceu que meus seios são demasiado pequenos. Um ex-namorado meu, ao ver que retirei uma pinta por saúde, perguntou por que eu não tinha tirado as outras logo, "afinal, são feias". Sempre tive vários problemas com o meu corpo, mas esses só comecei a ter por interferência dos outros. Para mim é muito difícil de não ver o bullyng como algo que prejudica a autoestima das pessoas, uma vez que também sofri na infância e, de certo modo, até os tempos de faculdade.

Por mais que muita gente diga que quer ser bonita para si mesma, parece que estamos o tempo todo precisando de aprovação/aceitação/apreciação dos outros. Em certo sentido, a beleza facilita mesmo a sociabilização, e mesmo quem tem plena consciência da injustiça que é a ditadura da beleza tem muita dificuldade de não ligar para ela, uma vez que nos ensinam que ser bonita é pré-requisito para atrair homens. Na verdade, até o sentido de beleza hoje em dia é muito restrito. Já disse o filósofo Walter Benjamin que o capitalismo criou um "mercado de tipos femininos". Dessa forma, estamos o tempo todo buscando nos enquadrar nos sonhos e expectativas dos outros.

Eu, pelo menos, tenho medo de, sendo feia (e nem sei se é mesmo o caso), de ser solteira para sempre, nunca mais ter relações sexuais e diversos outros pensamentos depressivos que aparecem nas piores horas. E, quando ocorre de algum cara demonstrar interesse, sempre penso em algo autodepreciativo ou autosabotador, ou mesmo puramente machista, como "homem demonstra interesse por qualquer mulher mesmo". É como se o interesse nunca fosse por mim. No máximo, eu seria o alvo que apareceu pro cara em questão, e muitas vezes nem tento ter nada com o cara, com medo de me apaixonar e ele só estar querendo me usar. Sei que este depoimento está ficando longo e piegas, mas acho que às vezes é bom desabafar mesmo, e exorcizar um pouco alguns fatos.

Contei no blog do cemhomens (no post sobre bullyng sexual) que, quando tinha 14 anos, um garoto zoando o outro disse o seguinte: "ele está tão na seca que está cogitando ficar até com fulana (eu)". Talvez eu seja mesmo bobinha por isso, mas não consigo evitar chorar por conta disso. Acho que essas coisas que ouvi na juventude são um pouco responsáveis pela minha timidez absurda (um colega meu chegou ao ponto de dizer que eu deveria ir ao analista para ver isso) e pelo meu notável travamento com homens. Não sei se com a idade conseguirei perder isso. Até os 23 anos não consegui.

Lola, queria dizer que também sou uma leitora recente, de alguns meses, e, apesar de sempre ter havido um certo femininismo em mim, só ultimamente tenho saído do armário. Infelizmente, ouço muitas bobagens, como a falácia que você vive citando no seu blog, de que feminismo seria um extremismo "tal qual o machismo". O que entristece é que isso vem de mulheres. De qualquer modo, agradeço muitíssimo pelo tempo que você dedica a este blog! Gosto muito, e inclusive da participação das comentaristas. :)

Anônimo disse...

Anônimo

"E, quando ocorre de algum cara demonstrar interesse, sempre penso em algo autodepreciativo ou autosabotador, ou mesmo puramente machista, como "homem demonstra interesse por qualquer mulher mesmo". É como se o interesse nunca fosse por mim. No máximo, eu seria o alvo que apareceu pro cara em questão, e muitas vezes nem tento ter nada com o cara, com medo de me apaixonar e ele só estar querendo me usar. Sei que este depoimento está ficando longo e piegas, mas acho que às vezes é bom desabafar mesmo, e exorcizar um pouco alguns fatos."


NOSSA, ANÔNIMA!EH ASSIM MESMO QUE ME SINTO!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Niemi,

Seu blog é show!To te seguindo!
E gente, vi tantos comentários sobre erros de português que to até me sentindo mal =/.rs.
Eu escrevo do trabalho, então, escrevo bem rápido, engulo letras, escrevo palavras sem sentido, sei disso. Não dá tempo de arrumar lá.
Mas eu sei escrever,tá gente ^^"!

É engraçado ver como tantas pessoas tem histórias quase igualas a suas! E quantas superaram isso!Dá uma renovação na gente, um sensação de esperança...

Anônimo disse...

Gostaria de dizer que nunca alguém descreveu como me sinto com tanta perfeição. Fiquei até emocionada, pois pensava que nunca ninguém me entenderia completamente.
Fico muito contente por vc ter superado isso.Eu ainda não, mas agradeço o incentivo!

Succubus disse...

Eu sou meio como a Luísa... metaleira que customiza camiseta pra deixar mais "feminina".
Gosto de mostrar pele, também, não vejo como isso pode ser errado, anti-feminista, ou sequer anular a minha inteligência e personalidade.

Já passei por muitos problemas de auto-imagem, e hoje eu amo o meu corpo. Tirando a falta de altura, ele é meio dentro dos padrões, verdade. Mesmo assim, eu passei boa parte da vida detestando ele, principalmente quando era mais magra.

Só fui me sentir melhor depois que eu comecei a desenhar. Comecei a colecionar fotos de pessoas nuas pra desenhar, e também fiz aulas de desenho de modelo vivo nu. Acho que o choque de realidade, perante a variedade de corpos e belezas foi como uma terapia para mim.

Eu também, tirando filmes, não me ligo muito na mídia "mainstream". Eu acho que, pouco a pouco, esse tipo de coisa vai poluindo a nossa mente aos poucos, até que você acaba se achando a pessoa mais desinteressante e inadequada do planeta.

Sem falar que aqueles atores e atrizes liiiindos de roliúdi (eu acho quase todo mundo sem sal, mas estou falando da opinião popular) têm roupas caras, tratamentos de beleza caros, sempre aparecem impecáveis... mas têm N problemas psicológicos, são traídos, trocados, sentem-se solitários... alguém realmente acha que ser bonito resolve os problemas da vida?

Pra quem é gorda e duvida que possa se achar bonita, recomendo procurar no google pelo tumblr Gorda ou Gostosa. Tem nudez.

Ah, meu namorado é gordo, e eu acho ele um tesão.

Anônimo disse...

só saio de casa pra estudar e trabalhar, pois tenho vergonha do meu corpo. eu tb sou gorda e tenho problemas com pêlos, como a autora do guest post.

n tenho a menor pretensão de que um dia alguém vá se interessar por mim do jeito que eu estou. tô bem conformada com isso, não quero emagrecer pra arrumar namorado. sei q o interesse masculino vai aparecer quando ficar mais magra e confiante, antes eu era menos gorda.

quero emagrecer pra comprar roupas, me sentir bonita, poder voltar a usar blusas de alça e bikini, frequentar a piscina sem tanta vergonha, não ficar fugindo de fotos quando estou com meus amigos.

é muito difícil entrar numa academia tentando emagrecer e ficar sendo censurada, ouvir risinhos disfarçados, sentir os olhares de reprovação. ir andar na orla e ser xingada por um completo estranho só por estar caminhando, vestida apropriadamente, sem me expôr.

não faço nada pra merecer tanta maldade e desprezo e antes de descobrir o feminismo eu andava com raiva da humanidade, achando q nada tinha jeito. eu não queria só morrer, eu queria q todo mundo morresse, que o mundo acabasse.

agora eu decidi não esperar nada de ninguém, mas fico surpresa e feliz cada vez q vejo alguém com um pensamento menos preconceituoso.

Luísa Schenato disse...

Realmente me surpreendeu positivamente saber que outras pessoas se sentem como eu e entendem o que eu quero dizer. É ruim ser zoado por feio ou gordo, mas também é ruim ser zoado por estar dentro do padrão.
Será que é tão difícil entender que estar dentro ou fora dos padrões, gostar ou não de maquiagem não te torna nem melhor nem pior que ninguém?
Succubus concordo com você, aos pousos a mídia vai nos "minando", tentando moldar a gente.
Eu detesto essa coisa de tentar colocar todo mundo dentro de "caixas", padronizadas, porque eu, normalmente não me encaixo em nenhum desse padrões. As vezes isso é meio angustiante, porque parece que eu nem existo.

Moça Bonita :) disse...

Também já fui gorda na infância e quase me tornei anoréxica na adolescência - sim, falo da doença Anorexia Nervosa, a qual CASTIGA muito severamente suas vítimas.

Antes de emagrecer (até os 12 anos) e depois de engordar de novo (dos 19 aos 22 anos), sempre me responsabilizei por ser gorda. A culpa era sempre minha, eu que não sabia comer, eu que não conseguia me controlar, eu que não me cuidava direito. Eu era gorda (e feia) por minha causa. Não me permitia vários prazeres por isso, inclusive o início da minha vida sexual foi bastante tumultuado muito por causa daquele corpo feio e nem um pouco atraente. Obviamente, eu tinha que pôr um ponto final nisso, pois eu jamais ia conseguir ser feliz.

Hoje, não sou mais gorda e sigo uma dieta de modo que eu me satisfaça e que permita que eu mantenha minha saúde, mesmo porque descobri que tenho hipoglicemia e não posso ficar abusando, sob o risco de passar mal. Também não sou magérrima. Com 1,68m de altura, peso cerca de 54Kg, o que está perfeito para mim, nem 1Kg a mais, nem a menos.

Seria um pesadelo voltar a engordar novamente, mesmo porque a imagem que criei de mim gorda foi de uma pessoa insegura, inferior e com a vida totalmente atrasada e sem futuro. Me sinto bem assim, do jeito que sou agora, e me acho bonita, assim como o meu marido, que sempre me apoiou e me ajudou muito a ficar mais bonita. Devo muito a ele, que me aceitou do jeito que eu era e me ajudou a melhorar até que minha autoestima se tornasse ideal para eu viver bem.

Moça Bonita :) disse...

@Laurinha (mulher modernex):

Tenho uma amiga que tinha seios muito grandes. Eram até mesmo desproporcionais ao corpo dela. Ela os reduziu e ficaram muito bons.

Se você percebe que os seios grandes estão te prejudicando, você deveria, sim, reduzir, até para não prejudicar sua postura. Mas aí vai de você :)

Elisa Maia disse...

É terrível como as pessoas abominam gordos hoje em dia (bem, provavelmente já abominavam antes, eu é que não percebia). Quando eu entrei na adolescência ganhei um pesinho (6 a 10kg, por aí), e nossa, meus pais faziam pressão danada pra eu fazer dieta, exercício, enfim, emagrecer. Eu tinha 12 anos. Minha mãe me levou em nutricionista, comecei com dieta, me matricularam em academia, monitoravam o que eu comia. Eu era praticamente uma criança.
O episódio que mais me marcou, que me fez me sentir um lixo mesmo, foi quando reencontrei uma professora que eu idolatrava e que não via há muitos meses. Ela tinha sido minha professora no ano anterior, quando eu tinha 11 anos, e também gostava muito de mim. Eu estava andando pelo corredor e a vi andando em minha direção. Fiquei super feliz e abri um sorrisão, fui abrir a boca pra falar "oi, que saudade!!!", mas não deu tempo disso. Ela apontou pra mim e disse, totalmente fria "você engordou". E foi embora. Nem parou de andar, não me deu um oi, um sorriso, nada. Só uma critica quanto à minha aparência, e seguiu seu rumo. Eu travei, fiquei lá mesmo, parada no meio do corredor, sem acreditar. Aquela era uma das pessoas que eu mais admirava no mundo, e agora ela tinha me desprezado porque eu tinha engordado. Desde aquele momento, eu passei a me odiar por ser daquele jeito, passei a me sentir horrível, a ter vergonha de sair na rua, a usar roupas largas, a me esconder. Na minha cabeça, enquanto eu não emagrecesse, não teria nenhum valor.
Eu já fiz muito exercício nessa vida. Tanto que desenvolvi tendinite crônica nos dois pés, por excesso de uso de esteira (adoro caminhar, mas não tenho mais coragem de andar sozinha na rua depois de ter sido assediada por um tarado de moto, sem ninguém mais na rua; ele abaixou as calças e me fez assistir um pouco de sua masturbação, até que passou uma pessoa de bicicleta, que não fez nem viu nada, mas o movimento afugentou o motoqueiro).
Bom, voltando à gordura. Eu nunca consegui emagrecer quando era adolescente, mas fui perdendo peso naturalmente quando cheguei aos 18. Fiquei paranoica, morrendo de medo de engordar de novo. Comia o mínimo possível. Arranjei um namorado, amava muito ele, e ele era obeso. Nossa, o tanto que brincavam com isso pra mim. Não aceitavam que "alguém como eu" pudesse querer "alguém como ele". Triste isso.
Bom, eu faço terapia e hoje sou mais em paz com a gordura. Não deixo mais as pessoas me julgarem pelo meu peso. Mas também não tenho balança, porque ela só atrapalha minha vida. Hoje, não graças à sociedade, mas a mim mesma, eu sou feliz.

Unknown disse...

Vi que o feminismo luta pela igualdade dos gêneros, que luta por um mundo sem padrões, sem injustiça e nossa, aquilo me encantou!
>>Se luta pela igualdade pq quando algo desfavorece os homens e eles "choram" reclamam, elas dizem se virem se unam? e os padrões? Quem não se encaixa em nenhum quer destruir a "tradição" dos outros... imaginem um mundo onde as pessoas não se comparam. Utopia não?
Quanto ao resto, dona do Guest, vC tá certa. Quem quer agradar a todo mundo acaba não agradando a ninguém

Danielle disse...

lola,nada a ver com o post mas é que fico irritadíssima com isso : homem que não acredita em tpm,que é invenção nossa,que mentimos que estamos na tpm pra conseguirmos vantagens! porra,é comprovado cientificamente que tpm existe,e, ainda assim,alguns machistas ainda acham que é frescura 'coisa da nossa cabeça'
fiquei indignada quando li isso aqui : http://wp.clicrbs.com.br/samba-cancao/2011/08/09/nao-seja-besta-de-acreditar-que-a-tpm-existe/?topo=52,1,1,,170,e170

letyleal disse...

Esse texto poderia ter sido escrito por mim...mas ainda estou caminhando rumo a auto aceitação...e ainda não encontrei um cara legal igual a leitora....

Fabiane Lima disse...

E o que a gente faz quando tem corpo de modelo (ou seja, feio e magricela), pelos que não acabam mais e é feia de dar dó? E se tem relacionamento aberto mas não consegue nada nunca porque é feia demais? E fica achando que quando o namorado não quer sexo é porque ele não te quer mais porque você não é bonita o suficiente?

Thata disse...

Liana,
Concordo com você, inteiramente, quando diz que "precisamos de um olhar mais terno entre nós".

Entretanto, tenho dúvidas consideráveis a respeito da "apreciação pelas formas femininas".

Você disse que se vê/reconhece nos corpos de outras mulheres, e que você tem um corpo padrão.
Tal reconhecimento se dá igualmente com mulheres fora do padrão? Digo fora do padrão mesmo, não uma gordinha curvilínea.

Uma vez estava na casa de colegas, um casal de mulheres, e uma delas pegou umas revistas masculinas, olhou para a mulher da capa e falou "que gostosa" & coisas afins. Detalhes: as duas (casal) tinham corpos considerados lindos (padrão). E a que falou isso era feminista.

Indago-me se isso é válido como forma de questionar este padrão opressivo. Respondo-me: não. Simplesmente adotar a postura de um homem leitor da playboy não muda nada, só reproduz tal estado de coisas.

Então, que tipo de apreciação de outras mulheres pode contribuir para a superação de padrões violentamente opressivos?

Erres Errantes disse...

Luísa Schenatto (me perdoe se escreve seu nome errado),

Eu também sempre curti rock e vestir camisas de banda, mas como vc eu uso porque gosto mesmo, tbm não é pra esconder nada. Só que eu prefiro usar as camisas grandonas mesmo rsrsrs...
Quando vc disse que as outras garotas comentam quando vc aparece com uma camisa de banda reformada, eu achei interessante, porque comigo sempre foi o contrário: onde eu moro, a maioria das roqueiras usam roupas curtas e decotadas e estranham quando me veem de jeans e camisa de banda.
Se não for pedir demais, eu queria que por favor vc explicasse o que vc quis dizer com "como se não fosse possível viver em dois mundos".
Abraço,
Rosa.

Luísa Schenato disse...

Rosa:
Na questão do rock e tal, tem muitas meninas aqui na região (Porto Alegre) que curtem esse tipo de música e são alternativas, muitas feministas inclusive. Por isso muitas delas acham que são melhores e acham que eu não passo de uma coitada que "segue a cartilha" machista.
o que eu quis dizer com "como se não fosse possível viver em dois mundos" é que, para essas pessoas, para essas feministas especificamente não é possível que eu esteja dentro do padrão de beleza e gostar de usar roupas que mostram isso e ao mesmo tempo ser inteligente e "diferente" do normal. O seja, eu não posso gostar de maquiagem, esmalte, roupa curta e ser feminista, metaleira e ser "inteligente". Aquela velha história de que mulher bonita tem que ser burra e fútil.
Eu decidi escrever esses comentários pois, no meu caso, eu sempre "sofri" mais por causa das outras mulheres do que dos homens. E isso pode não ser machismo, mas será que não é tão cruel e excludente quanto?
Tem um frase do Nietzsche que eu sempre me lembro quando penso nisso: "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro".
É muito bom ter este espaço para debater com pessoas que realmente tem interesse no debate.

Abraços!

Luísa Schenato disse...

Só para ficar claro eu não estou detonando o feminismo, só acho que algumas pessoas se apegam a conceitos equivocados.

Liana hc disse...

Thata, eu me identificava no sentido de saber que qualquer um daqueles corpos me eram/são possíveis. Eu não sabia como ia ser quando crescesse e foi através delas que eu descobri minha própria feminilidade bem cedo.

Minha mãe era costureira, cresci vendo as clientes experimentado tecidos, provando roupas, entretidas com botões e escolhendo tons, jogando conversa fora, rindo. Essas vivências sempre foram muito sinestésicas, eram mulheres reais de carne e osso, com cheiros, cores, sons, texturas, expressões. São lembranças muito ricas, revistas de moda e bonecas rebolativas na tv não apagaram nem se sobrepuseram a isso.

Como mudar os estereótipos na vida adulta, eu não sei exatamente. Sinto que diversificar nossas experiências, conversar mais com e sobre outras mulheres ajuda bastante. Homens, por ex, têm muitos referenciais masculinos para se espelharem. Seus ídolos têm suas histórias contadas e celebradas, viram canções, feriados, capítulos em livros ensinados nas escolas, monumentos em praça pública. Símbolos fálicos estão em todo lugar. Isso é importante, pois dá segurança, dá orgulho, senso de identificação, de pertencimento, fornece uma base sólida. Observando o nosso semelhante aprendemos mais sobre nós mesmos. Nós mulheres não temos isso e o pouco que se vê é aquela coisa mãe/puta/esposa, quase sempre como pano de fundo de um enredo masculino. Precisamos de histórias próprias, de exemplos femininos, numa perspectiva feminina.
Aqueles momentos que eu passei observando as clientes da minha mãe e seus corpos seminus, sem vergonhas sem poses, criaram esse meu mundinho feminino particular, eu me sentia muito bem ali, me deu referências e foram essas lembranças que permaneceram.

É claro que isso não é a resposta definitiva. Aceitação e auto estima são processos muito íntimos, mas tenho certeza que criar uma rede, nos ligarmos, nos celebrarmos é uma necessidade urgente. O machimos nos dividiu, está mais do que na hora de mudarmos isso.

Caos disse...

Sou sacaneada sempre que saio de casa por ser magra, branca, loira de cabelo liso com olhos azuis.
Desde criança sempre fui a aberração.
Ouço coisas horrendas, a maioria vinda de mulheres.
Me xingam, me humilham, me tratam com nojo e desprezo.
Muitos homens me tratam ou como um pedaço de carne, como uma personagem de filme porno ou então como se eu fosse mais burra que uma porta só por ser loira.

Meu namorado diz que é porque as pessoas daqui não estão acostumadas a ver um biotipo, uma estética, que só se vê na TV.
Ele diz que as pessoas tem raiva porque eu não me esforço pra ser assim.

Não sei se acredito nele, mas, não vejo outro motivo.

Eu mereço ser xingada, humilhada, desprezada e tratada com desdém por isso?
Não aguento mais ouvir de mulheres "lá vai a vadiazinha loira", "a magrela deve ter AIDS pra ser assim", "só porque tem olhos azuis a vaca se acha", "parece uma atriz pornô desse jeito" "deve gastar uma fortuna pra ficar desse jeito, mas parece uma puta", "deve se achar por ser magra loira de cabelo liso e olho claro, mas na verdade é mó mocréia essa baranga".

E de homem, ouço todo tipo de "gracinha" pornográfica na rua.
A não ser quando me tratam como se eu fosse burra, coisa que mulher também faz. "Tinha que ser loira", "A cor do teu cabelo não te deixa ser inteligente, né, tadinha?", "Ih, é loira, espera que vai dar merda".

E eu não faço nada pra ser assim. Nem muito feminina eu sou. Não uso maquiagem, não uso decote, não ando de salto, não uso roupa muito colada, nada disso.

Odeio que me tratem como uma aberração da natureza.

Thata disse...

Sabe, Liana,

Sempre lutei para desfazer as fronteiras entre o que nossa sociedade considera "feminino" e "masculino", embaralhar as concepções, mostrar suas contradições, seu caráter contingente.

Entendi que você desde criança se vê em todos os tipos de corpos de mulheres, não somente no que hoje se considera o padrão. E não se tratava só de corpos, era uma vivência que envolvia todos os sentidos.

Uma construção positiva, afirmativa, do feminino. Mais que isso, uma vivência da corporalidade alternativa.

Imagino as cenas se passando como num filme (cinema "cult"... amoo). É muito bela sua experiência!!

"seus corpos seminus, sem vergonhas sem poses"
UAU!!!

Só tenho um receio quando se fala em "feminino"
(antes de tudo, creio que a beleza da vida não deve ser encaixada em categorias que excluem seres humanos de experienciá-la):
O "feminino", em nossa cultura, é construído como oposto ao masculino e subordinado a ele. Por isso precisamos ficar muuuito atentas com este termo. A ação de reafirmar o "feminino" existente (não é isso que v faz, entendi) significa reforçar a subordinação da mulher.

Acho que vc lança um desafio, provocativo às mentes conformadas: criar uma vivência comum, gerar uma identidade comum (concreta, vivida), e reunificar o que o machismo dividiu.

Juliana Abι disse...

Pois é, gente. Eu ja sofri bullying por ser magra demais. É como eu sempre digo, tudo é motivo p bullying, ser feia, bonita, loira, negra, magra, gorda, amarela, deficiente fisica, TUDO. Se você estiver dentro dos padroes, sofre com a inveja. Se você tiver fora, sofre tambem.
O jeito é aprender a se gostar e nao liga para as criticas.
Eu sempre me achei o patinho feio, ainda acho, mas com o tempo resolvi trabalhar minha auto estima e cada dia ela melhora

IGN-UP! disse...

A causa disso tudo: aceitação em sermos objetos sexuais,sendo inclusive acieto pelas que postam aqui.Como uma que disse que a mulher pode escolher ser objeto e se pergunta se seria tção ruim assim eoutra que diz que gosta de ver mulheres nuas e se indentifica com elas.Machos reacionários adoram discursos assim,podem ter certeza...

Notei bastante insegurança nas falas,o que demostra o quanto mulheres continuam inseguras em afrontar mitos machistas.Apenas pergunto se os homens são tratados da mesma forma,se o corpo influencia tanto assim na vida deles.
Enquanto ficarmos nessa,nada mudará

Liana hc disse...

yumehayashi

bem, não viaje muito no meu comentário, eu disse que me identifico com formas femininas e não vejo qual é o problema nisso. e se eu não me identificar com outras mulheres, vai ser com o quê? guaxinins? bromélias? homens??

o machismo renega a amplitude da alma feminina e tenta aprisioná-la. reduzir uma mulher a subserviência de sua sexualidade é bem diferente de observar sua nudez como mais um lado do seu prisma.

é preciso ter o cuidado de não cometermos nós mesmas, nesse afã de rejeitar a bagagem patriarcal, o erro de nos rejeitarmos e de não conseguirmos esse olhar de admiração umas sobre as outras, ainda por cima chamando isso de feminismo.

não gosto de extremismos nem dessa desconfiança excessiva que torna tudo maçã podre do patriarcado. e duvido que "machos reacionários" fossem apreciar a maioria dessas mulheres, então não cabe comparação aqui.