Instigada por algumas leitoras, procurei ver Revolução em Dagenham, filme britânico do ano passado que foi, agora em maio, lançado diretamente em DVD no Brasil (veja trailer legendado). É uma pena que as distribuidoras tenham decidido que o drama não tem apelo comercial. Espero que Revolução encontre seu público quando começar a ser passado nas aulas de escolas e universidades, porque ele é muito didático e instrutivo ― eu certamente vou pedir para que meus alunos o assistam.
O filme é todinho formidável, tirando talvez o título (que, no original, é Made in Dagenham). Pelo nome não dá pra ter a menor ideia sobre o que se trata, e também, espero que eu não seja a única a pensar que esse lugar fica na Holanda. Errado. Dagenham é um subúrbio industrial de Londres.
Baseado em fatos reais, Revolução se passa em 1968, quando 55 mil homens, e 187 mulheres, trabalham na planta de uma grande montadora automobilística, a Ford. As mulheres labutam o dia inteiro num galpão abafado, tanto que ficam apenas de sutiã, longe do olhar dos homens. Elas são maquinistas, isto é, costuram o couro para os bancos dos carros produzidos, mas não são vistas pela empresa como operárias qualificadas, e ganham metade do que recebem seus colegas com pênis. Pela primeira vez na história daquela planta, duas representantes das operárias sentam-se para negociar com os patrões, sempre com a mediação de um sindicato 100% masculino. Ninguém fora as funcionárias quer que elas entrem em greve, mas elas cruzam os braços até que consigam o mesmo pagamento, e também o recebimento de horas extras. Imagina uma revolução dessas!
Os patrões entram em pânico. Eles sabem que, se tal reivindicação for atendida na Inglaterra, ela rapidamente se espalhará para o resto do mundo. Então fazem de tudo para que as mulheres fracassem. Uma das estratégias é ameaçar a direção do sindicato, dizendo-lhe que, se eles não tomarem conta de suas mulheres, haverá demissões em massa e redução da contribuição sindical ― em outras palavras, os próprios empregos dos sindicalistas estarão ameaçados. E tudo por culpa das mulheres, que não sabem seu lugar!
Entre tantas cenas excelentes, há uma em que um dirigente sindical conversa com outro mais esclarecido que, por ter sido criado só pela mãe, que fazia tudo que seus colegas faziam mas ganhava a metade, é a favor da igualdade salarial. O sindicalista mais experiente tenta justificar a rasteira que dará nas funcionárias: “Como um sindicato, devemos nos lembrar quem vem em primeiro lugar: são os homens. Marx disse: 'Homens escrevem sua história'.” Ao que o outro responde: “Mas ele também não disse que 'o progresso pode ser medido pela posição social do sexo feminino numa sociedade'?”
Mesmo sem o apoio de seus colegas e do sindicato, as operárias entram em greve. Por um tempinho a empresa as ignora, mas logo tem que interromper a produção em todos os outros setores, porque sem bancos, não é possível fabricar carros! A falta de solidariedade dos operários com elas é impressionante. A maior parte pensa que mulher tem que ganhar menos mesmo, que cabe ao macho ser o provedor da casa, o rei do castelo. A principal representante das operárias (Sally Hawkins, de Simplesmente Feliz) sente essa ausência de empatia na pele, através do relacionamento com seu marido, que também é operário. Quando ela passa a ter mais atividades (reuniões, entrevistas, mobilizações, manifestações etc), ele precisa aprender a tomar conta da casa e dos filhos. E isso mexe com sua masculinidade, porque ele gostava de usar o tempo livre (que só era livre pra ele) pra ver TV e sair pra tomar cerveja com os amigos. E agora tem que ficar em casa limpando e cozinhando porque sua esposa está envolvida em outras frentes, onde já se viu?!
Finalmente o casal discute, e ele joga na cara dela que é um bom marido, já que nunca bateu nela ou nas crianças, nunca a traiu, nunca entornou todo o salário. E a resposta dela é exemplar: “É assim que tem que ser! Você não é um santo por não fazer essas coisas. Esses são direitos, não privilégios! E se você não entende isso, você não merece ficar comigo”. Não vou contar o que acontece.
Paralelo a esse relacionamento há um outro, de uma classe mais abastada: a de um dos executivos da fábrica e sua mulher (Rosemund Pike, a Bond girl de 007―Um Novo Dia para Morrer, e a irmã boazinha de Orgulho e Preconceito). Numa cena, o marido aparece inesperadamente com um chefe para jantar em casa. A prestativa esposa nem senta na mesa para comer -– ela fica indo da sala à cozinha para servi-los. Até que o chefe lhe pergunta o que ela acha da greve, e ela oferece uma resposta franca e bem informada. A reação do marido é uma só. Ele diz: “Queijo”. É a senha para que ela volte para seu espaço, a cozinha, e pare de interferir em assuntos de machos. Mais tarde, quando ela se encontra com a sindicalista, reclama: “Eu me graduei com louvor numa das melhores universidades do mundo, e meu marido me trata como se eu fosse uma tola”.
Outra personagem feminina de destaque é a Secretária de Estado Barbara Castle (interpretada pela sempre fabulosa Miranda Richardson, de As Horas e Harry Potter). Ela não tem muita paciência com seus assessores, jovens rapazes que, unicamente devido a seu sexo, acham que sabem mais do que ela. Quando ela decide reunir-se com as grevistas, eles a questionam se esse ato não representaria dar credibilidade à causa delas. E ela grita de volta: “Credibilidade?! Elas já têm credibilidade! É uma questão de justiça!”. Ainda assim, ela precisa enfrentar um dos chefões da montadora, que ameaça levar as fábricas para um país mais em conta se ela ajudar as operárias. Você vai ter que ver Revolução para se inteirar do resultado.
Mas posso adiantar que dois anos depois é aprovada a primeira lei britânica de equivalência salarial para mulheres e homens. Isso tudo é História, uma história que não conhecemos. E como é raro ver um filme feminista! Só encontrar um filme que tenha mulheres entre suas protagonistas já é uma dificuldade. Portanto, Revolução é fundamental. E antes que eu escute que sim, feminismo era importante naquela época, mas hoje não é mais, queria lembrar que atualmente uma mulher ganha 70 centavos para cada real pago a um homem. Houve avanços: antes ganhávamos 50% a menos. Hoje, é só 30%. Só?! Enfim. Revolução não deve ser o tipo de produção que patrões passarão para seus operários de ambos os sexos. Porém, como escolas e universidades são (ou devem ser) locais de transformação, de conscientização, taí uma ótima pedida.
O filme é todinho formidável, tirando talvez o título (que, no original, é Made in Dagenham). Pelo nome não dá pra ter a menor ideia sobre o que se trata, e também, espero que eu não seja a única a pensar que esse lugar fica na Holanda. Errado. Dagenham é um subúrbio industrial de Londres.
Baseado em fatos reais, Revolução se passa em 1968, quando 55 mil homens, e 187 mulheres, trabalham na planta de uma grande montadora automobilística, a Ford. As mulheres labutam o dia inteiro num galpão abafado, tanto que ficam apenas de sutiã, longe do olhar dos homens. Elas são maquinistas, isto é, costuram o couro para os bancos dos carros produzidos, mas não são vistas pela empresa como operárias qualificadas, e ganham metade do que recebem seus colegas com pênis. Pela primeira vez na história daquela planta, duas representantes das operárias sentam-se para negociar com os patrões, sempre com a mediação de um sindicato 100% masculino. Ninguém fora as funcionárias quer que elas entrem em greve, mas elas cruzam os braços até que consigam o mesmo pagamento, e também o recebimento de horas extras. Imagina uma revolução dessas!
Os patrões entram em pânico. Eles sabem que, se tal reivindicação for atendida na Inglaterra, ela rapidamente se espalhará para o resto do mundo. Então fazem de tudo para que as mulheres fracassem. Uma das estratégias é ameaçar a direção do sindicato, dizendo-lhe que, se eles não tomarem conta de suas mulheres, haverá demissões em massa e redução da contribuição sindical ― em outras palavras, os próprios empregos dos sindicalistas estarão ameaçados. E tudo por culpa das mulheres, que não sabem seu lugar!
Entre tantas cenas excelentes, há uma em que um dirigente sindical conversa com outro mais esclarecido que, por ter sido criado só pela mãe, que fazia tudo que seus colegas faziam mas ganhava a metade, é a favor da igualdade salarial. O sindicalista mais experiente tenta justificar a rasteira que dará nas funcionárias: “Como um sindicato, devemos nos lembrar quem vem em primeiro lugar: são os homens. Marx disse: 'Homens escrevem sua história'.” Ao que o outro responde: “Mas ele também não disse que 'o progresso pode ser medido pela posição social do sexo feminino numa sociedade'?”
Mesmo sem o apoio de seus colegas e do sindicato, as operárias entram em greve. Por um tempinho a empresa as ignora, mas logo tem que interromper a produção em todos os outros setores, porque sem bancos, não é possível fabricar carros! A falta de solidariedade dos operários com elas é impressionante. A maior parte pensa que mulher tem que ganhar menos mesmo, que cabe ao macho ser o provedor da casa, o rei do castelo. A principal representante das operárias (Sally Hawkins, de Simplesmente Feliz) sente essa ausência de empatia na pele, através do relacionamento com seu marido, que também é operário. Quando ela passa a ter mais atividades (reuniões, entrevistas, mobilizações, manifestações etc), ele precisa aprender a tomar conta da casa e dos filhos. E isso mexe com sua masculinidade, porque ele gostava de usar o tempo livre (que só era livre pra ele) pra ver TV e sair pra tomar cerveja com os amigos. E agora tem que ficar em casa limpando e cozinhando porque sua esposa está envolvida em outras frentes, onde já se viu?!
Finalmente o casal discute, e ele joga na cara dela que é um bom marido, já que nunca bateu nela ou nas crianças, nunca a traiu, nunca entornou todo o salário. E a resposta dela é exemplar: “É assim que tem que ser! Você não é um santo por não fazer essas coisas. Esses são direitos, não privilégios! E se você não entende isso, você não merece ficar comigo”. Não vou contar o que acontece.
Paralelo a esse relacionamento há um outro, de uma classe mais abastada: a de um dos executivos da fábrica e sua mulher (Rosemund Pike, a Bond girl de 007―Um Novo Dia para Morrer, e a irmã boazinha de Orgulho e Preconceito). Numa cena, o marido aparece inesperadamente com um chefe para jantar em casa. A prestativa esposa nem senta na mesa para comer -– ela fica indo da sala à cozinha para servi-los. Até que o chefe lhe pergunta o que ela acha da greve, e ela oferece uma resposta franca e bem informada. A reação do marido é uma só. Ele diz: “Queijo”. É a senha para que ela volte para seu espaço, a cozinha, e pare de interferir em assuntos de machos. Mais tarde, quando ela se encontra com a sindicalista, reclama: “Eu me graduei com louvor numa das melhores universidades do mundo, e meu marido me trata como se eu fosse uma tola”.
Outra personagem feminina de destaque é a Secretária de Estado Barbara Castle (interpretada pela sempre fabulosa Miranda Richardson, de As Horas e Harry Potter). Ela não tem muita paciência com seus assessores, jovens rapazes que, unicamente devido a seu sexo, acham que sabem mais do que ela. Quando ela decide reunir-se com as grevistas, eles a questionam se esse ato não representaria dar credibilidade à causa delas. E ela grita de volta: “Credibilidade?! Elas já têm credibilidade! É uma questão de justiça!”. Ainda assim, ela precisa enfrentar um dos chefões da montadora, que ameaça levar as fábricas para um país mais em conta se ela ajudar as operárias. Você vai ter que ver Revolução para se inteirar do resultado.
Mas posso adiantar que dois anos depois é aprovada a primeira lei britânica de equivalência salarial para mulheres e homens. Isso tudo é História, uma história que não conhecemos. E como é raro ver um filme feminista! Só encontrar um filme que tenha mulheres entre suas protagonistas já é uma dificuldade. Portanto, Revolução é fundamental. E antes que eu escute que sim, feminismo era importante naquela época, mas hoje não é mais, queria lembrar que atualmente uma mulher ganha 70 centavos para cada real pago a um homem. Houve avanços: antes ganhávamos 50% a menos. Hoje, é só 30%. Só?! Enfim. Revolução não deve ser o tipo de produção que patrões passarão para seus operários de ambos os sexos. Porém, como escolas e universidades são (ou devem ser) locais de transformação, de conscientização, taí uma ótima pedida.
43 comentários:
Uma historia que não conhecemos, mais uma.
Incrivel que mesmo nessa epoca de overdose de informações, tantos fatos fundamentais sejam ignorados.
Valeu pela dica Lola :)
Vou baixar!
Loleeenha, resenha Pleasantville :)
Parece bom, vou procurar vê-lo.
Adoro filmes feministas, mas eles sempre me deixam muito angustiada.
Valeu pela dica, Lola!
Excelente dica, fiquei morrendo de vontade de ver. A gente nunca vem aqui inutilmente.
Ah, ontem folheando uma revista 'feminina' (já nã me lembro qual) me deparei com uma frase da atriz Cissa Guimarães, mais ou menos assim: 'Nunca fui feminista, eu gosto de ser caçada, de ser desejada, paparicada...' e outra burrices do gênero. Não que a opinião dela me interesse, o chato é ver meninas de vinte e poucas anos repetindo isso. E como disse a cabeleireira que cortava meu cabelo, a atriz fala isso do alto do seu conforto, salário bom, indepência, ou seja, ganhou com o feminismo porque atriz até a pouco tempo era puta e vem falar idiotices. Nessas horas claro, como muita gente, me lembrei desse blog.
Nossa, doizão na Leila. É como a maioria dessas mulheres que lamentam a ida feminina ao mercado de trabalho, ou ficam martelando aquela discussão de "mãe tem que ficar com o filho quando nasce, senão é desnaturada": fácil pra elas falarem isso quando podem se dar ao luxo de não trabalharem porque tem marido ou herança que põe comida em casa. Pra maioria das mulheres, nem se trata de uma escolha.
A descrição desse filme me lembrou Terra Fria, os pontos levantados são os mesmos, as estratégias idem. Mas o tom do Terra Fria é extremamente angustiante porque tambem envolve abuso sexual e estupro. É pesadíssimo.
Oi Lola,
Que legal você falar desse filme! Meu marido o assistiu essa semana e me disse que eu nao podia deixar de ver. Dai três dias depois você faz uma crônica (das quais ja estava sentindo falta) sobre esse dito filme... Vou assistir esse final de semana mesmo.
Alias, adorei o titulo e a piscada de olho para "Mulheres de Atenas"... :-)
Beijos!
Vou ver com certeza!!!! Obrigada, Lola!
Putiz, minha praia, sindicalismo e marxismo, vs peleguismo e machismo
Vou caçar até a morte
Assisti e gostei!
proponho que tod@s vejam esse filme no dia dos namorados, como um antítodo contra esse absurdo convencionalismo tradicionalismo promovido pelo comércio.
Eu vou tentar achar ele e fazer meu namorado assistir TODINHO!!! KKKKKK
Oba, oba, certamente assistirei, excelente recomendacao.
Roy
Boa indicação.
Vou baixar.
AI AMEI! Preciso assistir, já to até angustiada. Filmes feministas são um achado mesmo, se filmes realmente bons já são difíceis de achar, imagine um que pregue igualdade de direitos! Vou tentar assistir no fim de semana.
Boa indicação Lola!
Pena que vou assistir sozinha no dia dos namorados =/
forever alone feelings
Lolinha, vc já viu Terra Fria, com a Charlize tHeron? è um filme perfeito tb, recomendo a todos. È tb baseado numa história real, que aconteceu nos EUA nos anos 80. MUito bom msmo...
Lolinhaaa vai para o cinema ver os blockbusters! :S HAHAHA Ta passando x-men (muito bom)... quero voltar a ficar entretido com suas crônicas! Acho q vou iniciar uma campanha/rebelião para você escrever sobre um filme comercial por semana ;), no mínimo HAHAHA!
Beijo do melhor fã :D
Parece bom mesmo! Vou correr atrás!
Oi Lolinha!
Assisti Revolução semana passada e adorei, e depois do filme, fiquei me questionando o motivo da maioria das mulheres acharem que ainda não há motivos para exigir igualdade.
Pensar que só porque podemos alcançar posições que antes eram privilégio deles, não elimina a questão que ainda somos tratadas de maneira desigual no mercado de trabalho, na sociedade.
Você é minha leitura diária há muito tempo. Obrigada por me fazer pensar e questionar este mundo doido que a gente vive
Adorei a resenha. Com certeza vou ver Revolução, parece ser um ótimo filme!
Leila e Gabriela, incrível como o sentido de "feminismo" é deturpado por aí. E tenho certeza de que a repórter (ou pelo menos que finalizou a matéria) não explicou nadica pra ela, ou fez um anota na reportagem. A Cissa diz que gosta de ser paparicada, e diz que feministas não são paparicadas, então? Não, femministas querem igualdade e menos gente pensando que vai "caçar" mulheres por aí.
Nossa, Lola, adorei a dica de filme.
Adorei seu blog, que comecei a seguir por causa da Sindrominha.
Não me considero uma feminista, mas nunca admiti o controle masculino.
Felizmente trabalho num serviço que obriga a equiparação salarial. Sou Guarda Civil Municipal, rebelde, inteligente, bonita e blogueria da Guarda tbém. Sofri, atualmente, uma quase censura com o blog que expõe o nosso trabalho, de todos, e sou a primeira a "ir pro front".
Me considero feliz com a minha condição de mulher no mercado de trabalho, e sustento meu marido atualmente (a contra gosto dele).
Bom, falei pacas de mim, beijos e estou te seguindo!
Alguns já dissera, mas repito:
Faltou citar o filme Terra Fria, com a Charlize Theron.
O filme foi indicado a três Oscars.
Muita bacana Lola, só foi uma pena você ter contado tanto sobre o filme(rs) senti como se já o tivesse visto depois de ler tantas informações detalhadas sobre diversas, mas compreendo perfeitamente que a sua intenção foi despertar o interesse no filme, e funcionou!
Você já assitiu ao filme "Terra fria"? Um grupo de americanas que trabalham em condições precárias numa mineradora e ainda têm que aguentar abusos sexuais diários. Elas se mobilizam até conseguirem mover a primeira ação coletiva por assédio sexual da história.
Nunca ouvi falar nesse filme até, muito por acaso, topar com ele no canto de uma prateleira de filmes "velhos" na locadora aqui perto de casa.
http://acefalando.blogspot.com/2011/03/primeira-acao-coletiva-por-assedio.html
Um beijo pra você!
Adorei a resenha, vou assistir o filme com ctza...
Aliás, li hj esse post do Sakamoto: http://blogdosakamoto.uol.com.br/2011/06/10/dia-dos-namorados-as-mulheres-no-seu-lugar/
Bem bacana, sobre o Dia dos namorados e a mídia...
Adorei a dica Lola, acompanho seu blog há quase 2 anos, por indicação de uma grande amiga feminista também, Isabela Campoi. Tenho aprendido muito contigo e te parabenizo pelos posts e pela maneira com que argumenta os comentários, as críticas, enfim...grande beijo :-)
Vou baixar esse filme o quanto antes. Pelo que Lola contou, deve ser nota dez.
Leila Silva:
me deparei com uma frase da atriz Cissa Guimarães, mais ou menos assim: 'Nunca fui feminista, eu gosto de ser caçada, de ser desejada, paparicada...' e outra burrices do gênero.
Cissa Guimarães, uma autêntica mulher-fail.
Vou ver com certeza e ai volto pra comentar e prosear sobre...
Parece ser bom, vou procurar na internet (porque na locadora que tenho ficha é difícil achar qualquer coisa que fuja um pouco do convencional...).
Só uma pequena correção: o nome da atriz é Rosamund Pike, e não Rosemund. Ela também fez o papel de uma corajosa cientista em Doom. (Filme baseado em um jogo que gerou polêmica, mas que passou quase despercebido tanto pelos fãs do jogo quanto pela crítica. É um filme de ação um tanto superficial, mas traz alguns questionamentos interessantes contra a obediência militar cega e contra a ciência irresponsável.)
Filme feminista ridículo.
Lá vamos nós, dar pau nos sites que tenham o link pra baixar o filme \o/
O leitor ou leitora pensará que foi uma tragédia o fato de o Diretor-gerente do FMI, Strauss-Kahn, ter dado asas ao seu vício, a obsessiva busca por sexo perverso, nu, correndo atrás de uma camareira negra na suite 2806 do hotel Sofitel em Nova York, até agarrá-la e forçá-la a praticar sexo, com detalhes que a Promotoria de Nova York, descreve em detalhes e que, por decência, me dispenso de dizer. Para ele não era uma tragédia. Era uma vítima a mais, entre outras, que fez pelo mundo afora. Vestiu-se e foi direto para o aeroporto. O cômico foi que, imbecil, esqueceu o celular na suite e assim pôde ser preso pela polícia ainda dentro do avião.
A tragédia ocorreu não com ele, mas com a vítima que ninguém se interessa em saber. Seu nome é Nifissatou Diallo, da Guiné, africana, muçulmana, viúva e mãe de uma filha de 15 anos. A polícia encontrou-a escondida atrás de um armário, chorando e vomitando, traumatizada pela violência sofrida pelo hóspede da suite, cujo nome sequer conhecia. A maior parte da imprensa francesa, com cinismo e indisfarçável machismo, procurou esconder o fato, alegando até uma possível armadilha contra o futuro candidato socialista à Presidência da República. O ex-ministro da cultura e educação, Jacques Lang, de quem se poderia esperar algum esprit de finesse, com desprezo, afirmou:"Afinal não morreu ninguém". Que deixe uma mulher psicologicamente destruida pela brutalidade do Mr. Strauss-Kahn não conta muito. Finalmente, para essa gente, se trata apenas de uma mulher e africana. Mulher conta alguma coisa para este tipo de mentalidade atrasada, senão para ser mero "objeto de cama e mesa"?
Para sermos justos, temos que ver este fato a partir do olhar da vítima. Ai dimensionamos seu sofrimento e a humilhação de tantas mulheres no mundo que são sequestradas, violadas e vendidas como escravas do sexo. Só uma sociedade que perdeu todo o sentido de dignidade e se brutalizou pela predominância de uma concepção materialista de vida que faz tudo ser objeto e mercadoria, pode possibilitar tal prática. Hoje, tudo virou mercadoria e ocasião de ganho desde o bens comuns da humanidade, privatizados (commons como água, solos, sementes), até órgãos humanos, crianças e mulheres prostituidas. Se Marx visse esta situação ficaria seguramente escandalizado, pois para ele o capital vive da exploração da força de trabalho mas não da venda de vidas. No entanto, já em 1847 na Miséria da Filosofia intuía:"Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalieável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia alienar-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram comunicadas, mas jamais trocadas, dadas, mas jamais vendidas: adquiridas mas jamais compradas como a virtude, o amor, a opinião, a ciência e a consciência, em que tudo passou para o comércio. Reina o tempo da corrupção geral e da venalidade universal....em que tudo é levado ao mercado".
Strauss-Kahn é uma metáfora do atual sistema neoliberal. Suga o sangue dos paises em crise como a Islândia, a Irlanda, a Grécia, Portugal e agora a Espanha como fizera antes com o Brasil e os paises da América Latina e da Asia. Para salvar os bancos e obrigar a saldar as dívidas, arrasam a sociedade, desempregam, privatizam bens públicos, diminuem salários, aumentam os anos para as aposentadorias, fazem trabalhar mais horas. Só por causa do capital. O articulador destas políticas mundiais, entre outros, é o FMI, do qual Strauss-Kahn era a figura central.
O que ele fez com Nafissatou Diallo é uma metáfora daquilo que estava fazendo com os paises em dificuldades financeiras. Mereceria cadeia não só pela violência sexual contra a camareira mas muito mais pelo estupro econômico ao povo, que ele articulava a partir do FMI. Estamos desolados.
Leonardo Boff é teólogo
um abraço Leda
Nao sei se você já viu essa reportagem, ou se alguém já comentou dela com você. Mas pensei que poderia e interessar:
http://blogs.forbes.com/lisaquast/2011/06/06/can-being-thin-actually-translate-into-a-bigger-paycheck-for-women/
Lembrando que as mulheres negras ainda ganham 50% do salário de um homem branco. ou seja, há mulheres que ainda vivem nos anos 50, 60. Reafirmar o feminismo é mais do que uma necessidade.
Olha que lindo: http://www.facebook.com/event.php?eid=176718052386752
Vê lá, Lola (só não perca o coração com um cara que tá comentando por lá)
Gente, vi sim Terra Fria alguns anos atrás, mas foi na TV (nem em vídeo foi), meio sem querer, sem planejar, e acabei não escrevendo sobre ele. Vou rever e escrever sobre ele, porque realmente é um filme que vale muito a pena. O filme também passou a ter outro significado pra mim depois que li BACKLASH, da Susan Faludi, que recomendo muitíssimo.
O Made in Dagenham é facílimo de encontrar na internet pra baixar. E mais não digo!
Outro filme que recomendo muito (porque não é tão conhecido, inclusive) é O SILÊNCIO DE MELINDA. Já escrevi sobre ele aqui dois anos atrás, mas é incrível como ainda chega gente através do Google procurando mais informações. Vale a pena.
Lola, não sabia desse filme Speak, fiquei interessada e verei.
Vi também o post sobre o estupro da menina de 15 anos que estava inconsciente e os comentários absurdos que me deixaram chocada!
Nossa, como a marcha das vadias fez e faz falta, acho que terá que ser anual até que entendam que vítima de estupro é vítima e não tem parcela alguma de culpa, que roupa, vida sexual etc não dá direito a ninguém em nos estuprar, estejamos conscientes ou não.
Lembro uma vez que li que até uns anos atrás o estupro só era visto como estupro se a vítima lutasse bravamente com o estuprador... hein?!
Essas coisas me deixam muito, muito revoltada!
Todo dia acordo com essa missão, tornar o mundo menos violento para as mulheres!
Quando vi o post, tive que baixar o filme imediatamente. Acabei de assistir, realmente excelente! Participo de um projeto de extensão na minha universidade sobre auto-organização das mulheres, o tema do último encontro foi justamente a divisão sexual do trabalho, não vejo a hora de mostrar o filme pra todo mundo! Muito obrigada pela dica, Lola!
Nunca tinha ouvido falar nesse filme, mas sem dúvida vou baixar pra ver.
Vc comentou no meu blog agradecendo o apoio. Que nada, eu é que te parabenizo pela força de continuar mantendo esse espaço.
Que nunca cesse as forças para alcançar nossas utopias, pois é assim que se muda o mundo. Afinal, como pergunta o Subcomandante Marcos, "que grande mudança não foi chamada de utopia na véspera?"
Um abraço!
(:
Sabe qual o nome esse filme ganhou aqui na Alemanha?
We Want Sex.
Tudo a ver com o filme nao?
Vi o filme alguns dias atras, e hoje fazendo um trabalho de faculdade com um texto sobre Marx(deseperada inclusive, tenho mil provas e trabalhos para a semana que vem, e to aqui) me lembrei das falas que você citou Lola, a do cara que fala que Marx dizia que a história é feita por homens, e do que fala que o próprio Marx afirmava ser mais evoluida uma sociedade quanto mais a mulher tivesse um papel de destaque, o texto não tem nada a ver com mulheres ou qualquer assunto relacionado a visão de Marx sobre isso, o que me fez voltar aqui e deixar esse comentário é que todo o tempo o texto fala das "relações entre homens", o que é muito pior do que usar somente "os" e "todos", o que confesso que ainda fasso, porque mesmo que nesse caso "homens" se refira a toda a humanidade, ou todos os membros de determinada sociedade, isso só acontece devido ao machismo, devido a essa visão que são os homens no sentido restrito da palavra que constroem a história, decidi então não mais usar essa generalização do termo nesse trabalho ou em qualquer outro, sobrarão "individuos", "humanos","humanidade", "o semelhante" e coisas do gênero nos meus trabalhos, mas é por uma boa causa =D
http://www.webfilmesonline.com/2011/06/revolucao-em-dagenham-legendado-ver.html
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