A única grande surpresa da premiação do SAG foi a Ruby Dee levar melhor atriz coadjuvante. A disputa acirrada estava entre a Amy Ryan (por “Medo da Verdade”) e Cate Blanchett (por “Não Estou Lá”). As duas dividiram quase todos os prêmios da crítica. O SAG deve ter premiado a Ruby por ela ser a única atriz negra do ano em todas as categorias interpretativas (homens e mulheres), e pelo conjunto da obra. Agora o negócio vai ficar ainda mais embolado pro Oscar. Mas, com todo o respeito a Ruby, o papel dela em “Gângster” é um zero à esquerda. Como mãe do Denzel Washington no filme, ela aparece pouquíssimo tempo e só tem um momentinho que fica na memória, que é quando esbofeteia o filho. Esse é um dos maiores problemas de “Gângster”, inclusive. Há uma infinidade de papéis coadjuvantes e não sabe o que fazer com eles. A exceção é o Josh Brolin.
Aliás, o Josh sem bigode é lindo. O Javier Bardem sem aquele cabelão horrendo é lindo. Até gostei do discurso de agradecimento do Josh, que aceitou a estatueta pelo “ensemble acting” (atuação em conjunto?) por “Onde os Fracos Não Têm Vez”. Ele lamentou que o Javier esteja ganhando todos os prêmios, mandou o Woody Harrelson ficar quieto, e disse que fizeram um ótimo filme, “quer vocês gostem do final ou não”. Eu levei pelo lado pessoal (leia minha crônica na sexta).
Gostei também do discurso da Tina Fey, que venceu por melhor atriz de comédia na TV por “30 Rock” e disse que sua atuação com o Alec Baldwin é como o Fred Astaire dançando com um cabide (desculpe, não sei traduzir. Ela disse hatpost, sabe, aquele cabide em pé pra pendurar chapéu? Tipo poste? Não tenho a menor idéia do nome pra isso). Depois de um tempo nos braços do Fred Astaire, o cabide até que parece saber dançar. “Vocês acabaram de premiar o cabide”, disse Tina aos seus colegas. Logo depois, o Fred Astaire, digo, Alec Baldwin, levou uma estatueta também. Pela cara, o Steve Carell não aprovou.
E a Julie Christie levou melhor atriz. Não pense que por isso ela é uma escolha certeira pro Oscar. Vai ser dura a luta com a Ellen Page (“Juno”) e Marion Cottilard (“La Vie en Rose”). Todos os prêmios de 2007 ficaram entre as três. Acho que a Julie tem um certo favoritismo, mas não será fácil. Torço por ela. Você viu como ela continua maravilhosa? Tem 66 anos! Quisera eu chegar assim aos 66. Quer dizer, eu me contentaria em chegar assim aos 41 (em junho).
Daniel-Day Lewis ganhou melhor ator. Chega ao Oscar como favorito. Continuo torcendo pelo Viggo Mortensen, que a cada dia tem menos chances. Mas, na real, existe uma só barbada este ano: o Javier Bardem pra coadjuvante (e acho que até ele deve ter medo do Hal Holbrook).
E o pior discurso da festa do SAG? Fácil: o Burt Reynolds clamando que o Charles Durning é o melhor ator da atualidade. Gosto do Charles, que foi um coadjuvante à altura em “Tootsie” e “Um Dia de Cão”, mas ele sempre foi um tanto limitado. Ok, nunca tanto como o Burt Reynolds. Mas a gente pode comemorar que o Burt não seja crítico de cinema.
2 comentários:
Eu sou um pouco de tudo em relação a estas premiações. Costumo acompanhar a chegada dos atros no tapete vermelho, sou um babão mesmo. Tenho os lados de torcedor e crítico que dificilmente dá pra pôr em prática porque são poucos os indicados que vejo antes das premiações. Queria tanto uma indicaçãozinha qualquer de Hairspray para o Oscar.
O que eu não gosto é quando eles premiam só pra homenagear como Sopranos que levou ator, atriz e elenco. Mas no fundo a gente sabe que qualquer premiação não é pra eleger o melhor e nem ser justa.
Ah, Sopranos tinha que ganhar. Foi o último ano de uma série que é considerada uma das melhores da história da TV. Eu não me animei a ver mais que as duas primeiras temporadas...
Hairspray é muito legal. Não tinha nem uma cançãozinha original pra entrar na disputa de melhor música? (três vagas ocupadas por Encantada? É fogo!).
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