sábado, 7 de dezembro de 2013

GUEST POST: HOJE SEI BEM O QUE ACONTECEU

M. me enviou este relato tão comum, tão comum.

Sou leitora do seu blog há pouco tempo e já devorei quase todas as postagens. Sempre tive pensamentos feministas sem saber dar nomes a eles. Para a minha família e amigos, eu era “a chatinha politicamente correta”, " a careta que não acha graça de piada de loira", "a esquisita".
Escrevo para te agradecer e para contar como você abriu os meus olhos e me fez ver as coisas de forma mais clara! Escrevo para te contar como o machismo e o racismo, fantasiados de ignorância, fizeram com que eu fosse assediada dentro da minha casa sem ninguém “ver”.
Nasci em Salvador, onde as pessoas são muito preconceituosas e o machismo impera. Infelizmente! Incrível existir racismo numa cidade em que 77,5% da população é de descendência negra.  Sou filha de pai negro com família de mãe branca, e o preconceito que sofri, dentro da minha própria família, era discretíssimo: eu era “mulatinha, MAS bonitinha”, tinha o “cabelo ruim, MAS era engraçadinha”. Cresci ouvindo isso, me achando feia e inferior a todos os meus primos, e com a certeza de que meu cabelo era ruim!
Uma vez uma tia me aconselhou a casar com um homem branco para ver se ia “limpando” a minha família.
Hoje estou com 34 anos, não moro mais em Salvador e há muito tempo sei que essa visão é a mais equivocada que existe. Assunto resolvido.
Mas tem outro assunto que eu precisei ler os seus posts todos sobre o assunto para resolver, mesmo depois de muitos anos de terapia.
Minha mãe casou, teve dois filhos e se separou do primeiro marido quando meus irmãos eram muito novos. 
Em seguida namorou o meu pai, quando engravidou pela primeira vez e fez um aborto. Na segunda vez, resolveu levar a gravidez adiante. Ela era loucamente apaixonada pelo meu pai e sofria pressão da família dela porque ele era negro.
Nasci quando eles já estavam separados e meu pai, casado com outra mulher. Cresci ouvindo, da minha mãe e de toda família, que meu pai era um “nêgo filho da p*ta”! Em paralelo, minha mãe sempre teve namorados. Quando eu tinha dez anos ela trouxe um namorado para morar conosco.
Eu não gostava dele, e mesmo assim ela o trouxe para dentro da nossa casa. Eu não gostava do jeito que ele me olhava, e achava que ele bebia demais. Muito tempo depois minha mãe admitiu que ele é alcoólatra. Como ninguém havia percebido? Só eu tinha visto aquilo, do alto da sapiência dos meus dez anos de idade? Sei que esse homem me olhava com desejo e eu tinha pânico dele. E ele começou a passar as mãos nas minhas pernas sempre que estávamos sozinhos. Eu morria de nojo e pavor de que minha mãe soubesse disso, me sentia culpada, achava que EU devia estar fazendo algo para seduzi-lo, e não tinha coragem de contar nem para a minha mãe, nem pros meus irmãos, que eram adolescentes. 
Lembro que uma vez, quando estávamos na piscina de nossa casa, ele passou a mão em mim e quando estávamos jogando baralho, ele passava o pé dele no meu. Por mais que eu evitasse ficar sozinha com ele, ele sempre arranjava uma forma de me tocar, acariciar o próprio órgão sexual me olhando, mesmo correndo o risco de outras pessoas verem. Durante muito tempo eu acreditei que era coisa da minha cabeça, até que fomos passar o final de semana na casa de uns amigos da minha mãe e lá tinha um lago. Eu estava brincando com umas meninas da minha idade e ele pediu para brincar conosco de passar por entre as pernas por debaixo d’água e quando ele passou pelas minhas me acariciou e encostou o rosto no meu sexo.
Contei para as minhas amiguinhas que ficaram apavoradas e disseram que eu tinha que contar para a minha mãe! Juro que eu queria contar naquele dia, fiquei com muita raiva, ensaiei como faria... mas não tive coragem. A passagem de tempo dessa época é muito confusa na minha cabeça, eu não tenho noção ao certo de quanto tempo tudo isso durou, se 2, 3, 4 anos, se mais. Eu tinha muito medo, muito nojo e raiva da minha mãe, por eu estar passando por tudo aquilo. Tinha medo de minha mãe não acreditar, de minha mãe me culpar, de magoá-la, de ser obrigada a ter ainda mais raiva dela. Muita coisa passava pela minha cabeça e eu não consegui. 
Então fui engordando, me vestindo de qualquer jeito, tudo na tentativa de afastá-lo de mim. Foi muito tempo de tortura, até que numa noite de domingo, quando chegamos da nossa casa de praia, ele estava bêbado e começou a tirar a roupa pra mim. Tirou a blusa, depois os sapatos, depois a calça... quando estava só de cueca, eu saí correndo e contei tudo para o meu irmão mais velho, que a essa altura já estava com uns 22 anos. 
Não sei o que aconteceu depois. Ficou um vácuo na minha memória. Acho que a minha mãe ficou sabendo e lembro de ouvi-la conversando com o meu irmão e justificando que meu padrasto estava bêbado. Nunca falamos sobre o assunto. Sei que ela alugou um apartamento pra ele no mesmo bairro que morávamos e ele deixou de morar conosco. Tempos depois eles terminaram, mas são amigos até hoje. Não saem juntos, nem vivem em contato, mas sempre que se encontram na rua conversam muito, e ela sempre conta que o encontrou, toda feliz, como se nada tivesse acontecido. 
Todos na minha família sempre agiram como se nada tivesse acontecido.
Há quinze anos mudei de cidade, e há alguns anos, uma tia minha fez uma brincadeira sobre o assunto. Sim, uma brincadeira, acredite! E há pouco tempo, uma prima mais velha falou no assunto superficialmente, como se isso fosse de conhecimento comum. Mas ninguém nunca me perguntou o que realmente aconteceu. Falei sobre isso na terapia e o meu terapeuta da época minimizou com um “ah, não foi um estupro. Foi apenas um assédio. Ainda bem que nada aconteceu!” 
E eu passei muito tempo pensando que isso realmente tinha sido uma bobagem, que eu era uma tola de me sentir tão mal, tão invadida, tão violentada por uma enorme bobagem, afinal de contas, “nada de concreto” havia acontecido, e  como fui aborrecer a minha mãe com um assunto tão pouco importante?!
Hoje sei bem o que aconteceu. E foi no seu blog que entendi o que aconteceu. Nunca tive coragem de abordar o tema com ninguém da minha família, nem com a minha mãe, e quando penso no assunto fico muito magoada com ela. Fiquei muitos anos sem mexer nisso e tenho tido vontade de falar com ela e com os meus irmãos. Entender o porquê desse assunto ter sido jogado para debaixo do tapete daquele jeito. Porque ninguém pensou em me proteger, em saber como eu estava me sentindo?
Como ela conseguiu manter uma relação amorosa com um pedófilo? Como todos conseguiram ser tão machistas? Ainda não tenho coragem de falar sobre esse assunto, mas já me sinto muito aliviada de resolver aqui dentro.
Espero que as famílias estejam mais atentas a esse tipo de comportamento, que entendam que estupro não é só a violência que todos falam por aí, que entendam que esse “quase” também é uma violência brutal e o porquê que é assim.
Obrigada por tudo, Lola.

Meu comentário: Muita força pra você, M! Só posso imaginar como tudo isso ainda dói, mesmo depois de todos esses anos. Quando você achar que é a hora, converse sim com a sua família. É importante que sua mãe e seus irmãos entendam o que aconteceu, até para poderem impedir que aconteça novamente, com outra criança. Porque a gente sabe que isso acontece sempre.
Eu queria recomendar algumas obras literárias que podem te ajudar a pensar mais no assunto. Tem uma peça de teatro que gostei muito, chamada How I Learned to Drive, da americana Paula Vogel. É de 1997 e ganhou uma penca de prêmios, incluindo o Pulitzer. Foi encenada no Brasil em 2004 com o título de Como Aprendi a Dirigir um Carro, com Andréa Beltrão e Paulo Betti. Que eu saiba, a peça ainda não foi adaptada pro cinema
A peça parece ser bem autobiográfica, sobre uma menina branca que é abusada pelo tio durante muitos anos. Assim como você e praticamente todas as vítimas, ela se sente muito culpada. Mas, diferentemente de você com seu padrasto, ela gosta dele. Ele é, afinal, o adulto mais legal com ela, o que mais conversa, o que mais lhe dá atenção. Isso não é nada incomum entre pedófilos: durante um tempo, muitos são bacanas pra criança. E criança gosta de receber atenção de adulto. 
Outros livros incríveis, mas também terríveis, que falam de estupro de meninas são Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola, de Maya Angelou, e O Olho Mais Azul, de Toni Morrison. Ambos falam de meninas negras que foram estupradas, uma pelo pai, outra pelo padrasto. Quer dizer, esses livros são muito mais do que isso, e valem muito a pena serem lidos, mas só pra você saber que vai encontrar dois capítulos fortíssimos e desesperadores.
E não sei se você viu Confiar (Trust), um filme de 2010 com Clive Owen (tem o filme completo no YouTube, dublado). É muito bom. A filha dele, de uns 13 ou 14 anos, conhece um rapaz na internet, só que ele não é um rapaz. Já é um adulto de mais de 30, que tem como passatempo ser predador de garotas. A reação da menina, de como ela tenta negar para si mesma que foi estuprada, é muito interessante (e também comum: é uma estratégia de defesa).
Através da ficção, a gente pode entender melhor -- e fazer outras pessoas entenderem -- o que realmente aconteceu. Aliás, o que acontece direto. 

41 comentários:

Agora_Brazil disse...

Olá, sou responsável pelo Agora_Brazil e você acabou de me bloquear lá. Sou homem e também sofri com violência sexual, quando queriam apertar minhas tetas, e apertavam, e eu brigava, e eu exasperava.

Ana disse...

Que história mais horrível! Esse tipo de coisa só aumenta meu ódio pelo patriarcado. A cada dia fica mais difícil para mim dissociar o masculino de estupro, opressão, covardia.

Anônimo disse...

Que isso tem à ver com Machismo?

Uma mulher que teve 3 maridos, casou sendo mãe solteira e tal é modelo de mulher que foi "oprimida" pela sociedade tradicional e os valores judaicos-cristãos?

Se essa mulher (a mãe da moça estuprada/assediada) não tivesse virado mãe solteira e nem saido casando de novo, ou seja, se vivesse de acordo com os valores tradicionais, ela com certeza não teria sido estuprada.

E se a família dela é de frouxos que nada fizeram ou de racistas, ainda nada tem a ver com os valores cristãos tradiconais, na verdade representa o oposto, posto que a virilidade e masculinidade tradicional de homens cristãos criados como homens numa família tradicional teria não só enxergado algo de errado antes como tomado providências sobre o assunto, em vez de deixar uma criança ser abusada.

Love Gotic disse...

Realmente é um relato comum bem comum. Minha histôria é parecida meu pai negro e minha mãe branca o preconceito é mútuo meus tios negros não me aceitam me chamam de amarela,sou apenas um pouco mais clara que eles nada justifica me chamarem assim. Meu cabelo liso tambèm gera crîticas. Ser mulher e birracial numa sociedade machista e racista exige bastante equilibrio para não mandar todos para o inferno de Dante. Muitas meninas crescem se culpando ou duvidando do assédio/estupro porque o descrédito em relação a isso ê muito grande. Enfiam na cabeça das crianças que não foi nada, foi brincadeira, foi sem querer e a ingenuidade dar uma falsa certeza de que realmente foi nada! Mas quando a menina cresce e situaçôes do tipo a constrange ela se dar conta que aquela fantasia é um terror que tava adormecido . Temos que acreditar mais nas crianças, assédio para mim é preliminar de estupro porque constrange, ás vezes amedronta, silencia e traumatiza.

Sabrina disse...

Falou tudo. As pessoas relacionam violência com as vias de fato, algo físico. Mas a violência ocorre com a intimidação, o medo, e a culpa.

lola aronovich disse...

Anon das 14:33, vc é realmente muito babaca se pensa que dentro de uma família tradicional a criança estará protegida de abuso sexual e demais tipos de violência.
Além do mais, é totalmente admissível as pessoas se casarem com outras depois que um casamento termina. Ou vc é um desses reaças contra o divórcio que pensa que as pessoas devem continuar presas a um casamento infeliz ou abusivo, em nome da "sagrada família"? Imagina que alguém se casa com 25 anos e se separa com 35. Ou o cônjuge morre. Ela deve ficar sozinha por mais da metade da sua vida, porque pessoas como vc consideram errado ter outro relacionamento?
Um estudo da USP feito no Hospital das Clínicas avaliou quem eram os agressores de vítimas sexuais de menos de 10 anos de idade (meninas, em sua maioria, mas também meninos). 30% eram padrastos. Péssimo, né? Só que 40% eram os pais naturais da criança.
E aí, onde está seu deus agora?

Anônimo disse...

Anônimo das 14:33, você é um idiota (ia pedir desculpas pelo termo, mas deixa para lá).

Fui abusada pelo namorado da minha mãe por quase dois anos, quando eu tinha de 10 à 12 anos também. E olha, só porque sou filha de pais separados, isso não quer dizer absolutamente nada. Sou "branca" (parda?), meus pais tem educação superior (doutorado), sou de classe média alta, e ainda assim, olha o que aconteceu comigo.

Uma das coisas que realmente me impediu de contar à alguém, não na época, porque quando eu era criança, tinha medo das ameaças, mas depois, foi a ideia de que "coisas como essa não acontecem com meninas como você" que é um pensamento muito presente na sociedade. As pessoas realmente acreditam nisso. Que se você tem dinheiro, vive numa família "legal", se seus pais tem educação, se você é branca, você é imune de sofrer abuso. Mas não é. Morria de medo, e ainda morro, de não acreditarem em mim, se eu falar para alguém. Essa mentalidade é muito perigosa para a nossa sociedade.

Para a garota do Guest Post, sinto muito, sei bem o que você passou. Sei que é realmente difícil, e me identifico particularmente com a parte que você não lembra o que aconteceu durante um período da sua vida. Tem uns seis meses dos meus 12 anos que eu simplesmente não lembro. Não sei o que aconteceu, como esse homem foi embora da minha casa, não sei como, por que; Simplesmente bloqueei. Não lembro NADA dessa época. Não é fácil. Força pra ti!

Anônimo disse...

Não sou o anônimo, mas ainda creio que o erro dela não foi casar-se novamente e sim não ver com quem estava se casando.

É certo que muitas pessoas só descobrem quem é de verdade o cônjuge depois que se casam, porém o fato de a mãe fazer vista grossa desprotege seus filhos. Nunca um homem deveria ser mais importante do que os filhos, até pq qdo vc tem filhos pequenos e se casa novamente, a responsabilidade sobre o bem estar das crianças é sua. Você não vai arcar sozinha com um companheiro ruim.

E o fato ainda se agrava pelo próprio terapeuta da moça ter-lhe dito que "não foi nada" só porque não houve penetração. Então tem de haver penetração pra ser estupro? Poxa...

Larissa Petra disse...

Para esse babacão do Anon das 14:33, fique sabendo que oq mais tem é pai machão, que cria a filha na "rédea curta", não pode sair, usar saia, nada, mas que pelas costas da sociedade, por trás da fachada de "Pai tradicional" ele é um estuprador babaca, sim, dentro das famílias religiosas de "Deus", tem estupradores, e vitimas que são menosprezadas pela família, que acham uma vergonha ver seu filhx sendo estuprado, afinal a culpa é da vitima né ?! #SQN

Larissa Petra disse...

Cara minha avó uma vez me contou uma história de quando ela era criança, de um vizinho que era assim mesmo, todo domingo ia ele na igreja, com a sua família perfeita, esposa, 3 filhos, todos arrumados, ele era um machão, que deu uma surra na filha caçula para todo mundo ver só pq a menina que ainda era uma criança, saiu so banheiro de toalha, mas ele "santo" estuprou e engravidou a filha mais velha, minha bisavó sabia, e algumas pessoas QUE NÃO FIZERAM NADA, a menina teve o filho em outra cidade, e ele foi criado como irmão, e a fachada de família perfeita continuou, a menina foi obrigada a conviver com seu estuprador para sempre, a esposa tbm, só pq naquela época todos iriam culpar a menina, era algo quase normal, tipo eles achavam melhor calar a boca, para a filha continuar fingindo que é virgem e poder arrumar um bom casamento, enfim eles eram uma família mega tradicional e nada disso impediu, cara parece história de filme mas aconteceu de verdade, minha avó ficou sabendo anos depois, adulta e achou um absurdo ninguém nunca ter denunciado, o pior que eu falei no passado, mas esses valores ainda vigoram, culpar a vítima, não denunciar com medo da "má fama", casar virgem como se fosse um trunfo, são valores nojentos que temos que derrubar.

Anônimo disse...

Sou o 14:33...

Lola outros comentadores, não disse que familias tradicionais são "100% a prova de falhas", mas sim que pessoas que vivem fora dum modelo mais tradicional perante a moral judaico cristã tendem a ter mais esse tipo de problema..

Eu não sou religioso, sou ateu. Realmente gostaria de acreditar em deus, pois ao menos até onde minha mente pode chegar filosofando no momento, das duas uma, ou somos apenas um monte de células e moléculas que quando morrermos simplesmente se arranjaram em outras células e móleculas, então nada importa então foda-se estupro, vida, morte, dinheiro, amor, ciência, etc, etc, etc, pq na verdade tudo não passa de quimicos no nosso cérebro ou algo asism... Ou então deus existe e tudo tem algum sentido. Talvez um dia minha mente chegue a novas conclusoes do que é o mundos upondo a inexistencia de deus, ams por enquanto nao consigo sair dessa conclusão sinceramente

ENtão eu nao acredito em deus e nem que a biblia foi escrita por santos jesus ou sei la qual é a história que eu nem conheço e nem li. Acredito só que a moral judaico cristã foi um sistema digamos assim que acabou se desenvolvendo (e que se expressa e transmite por meio da biblia, sendo esta um livro de parábolas ou lições metafóricas ou algo assim) com a experimentação, com a experiencia do que era melhor para a sociedade, digamos assim...

Eu não tenho dados, e nem que tivesse em mãos pesquisas elas não seriam confiáveis pois envolvem variaveis demais que não podem ser medidas ou controladas ou supostas...

O que eu teho é o que eu vejo... Sempre vejo pessoas desestruturadas problemáticas, drogadas, "loucas", pessoas estupradas e tal vindo de lares que não viviam conforme a moral judaico cristã, homens vagabundos, mulheres promíscuas que tem vários maridos, homens que tem varias mulheres (esses inclusive as vezes as tem concomitantemente, trabalho com "peão" e eles se referem a ter "duas/três bocas de fogão"), etc.

Eu conheci na vida duas pessoas que haviam sido "'abusadas" (entre aspas pois nao sei os termos certos) sexualmente. Uma namorada minha foi assediada pelo padrasto. A mãe era "moderninha e casou com um surfista drogado, que depois foi assassinado, e então casou com esse cara "aparentemente bonzinho" que assediava ela e a irmã. O filho do primeiro casamento desse cara, diga-se, tem aids e é viciado em crack.

A outra era uma moça criada por pais adotivos que tinha um relacionamento incestuoso (eram irmãos) e a adotaram, sendo que ela era filha biológica de um "one night stand" entre uma mulher que tem vários filhos assim e algum desconhecido que nem ela nem a mae dela sabem quem é. Essa moça foi estuprada na rua de noite (nada a ver com a família) mas antes disso já tinha problemas com a sexualidade e vários problemas psicológicos inclusive de abuso de drogas.

Ambas me contaram tudo isso que estou falando aqui, eu não "ouvi por aí".

Por isso sim, acredito que a família "tradicional", como a minha, apesar da biblia para mim ser um livro de metáforas sobre como viver a vida, é o melhor modelo para criar filhos, o mais estável.

E realmente o texto nada tem a ver com machismo, e sim com as porcas escolhas feitas pela mãe (um pelo que entendi é um "vagabundo", o pai biológico da moça, o seguinte, um pedófilo).

Obvio que o pedófilo e o "vagabundo" tem sua responsabilidade pelos seus erros/crimes, que em nada é diminuida pelas cagadas da mãe, mas não podemos deixar de tocar nessa ferida também, afinal não se pode eximir de culpa uma mãe que expõe os próprios filhos a vagabundos e pedófilos.

Culpa in eligendo, acho que se chama assim...

Anônimo disse...

7 de dezembro de 2013 16:58

A culpa de um estupro é do estuprador.

E, nesse caso de estupro dentro de casa e tal, também considero culpa dos familiares que conviviam (a mãe e o pai biológico nesse caso) que tinha como mãe a obrigação de cuidar dos seus filhos e evitar que algum mal lhe acometesse enquanto são crianças e não podem se defender.

Uma culpa não exclui a outra.

Anônimo disse...

7 de dezembro de 2013 17:04

Que tem a ver um fdp estuprador com casar virgem e o resto?

Estuprador = cadeia.

Estuprado = amparo da família.

Nada disso tem nada a ver com a familia tradicional, que obviamente não está imune a acontecer isso dentro dela... mas dizer que isso é causado pelo "machismo" ou casamento tradicional é forçar argumento para "confirmar" aquilo em q vc acredita.

Anônimo disse...

^Namorei um tradicionalista hipócrita... não fui abusada fisicamente nem violentada, mas o abuso moral me feriu bastante.

A mãe do sujeito, evangélica, chegou a falar que o filho estava praticando um "falso testemunho", e estava mesmo, hoje repudio qualquer metido a santarrão porque pra mim é tudo hipócrita.

Elaine Cris disse...

Incrível como misóginos ficam procurando qualquer pessoa para colocarem a culpa, a mãe, a criança. Todo mundo é culpado, menos o abusador.

Anônimo disse...

"Incrível como misóginos ficam procurando qualquer pessoa para colocarem a culpa"

Claro, eles são irresponsáveis e covardes.

Anônimo disse...

Gabriela Valencia é fake. Deve ser do mesmo que fez a Camila Malheiros.

Terceira vez que vejo um comentário dela entre os primeiros - sinal de que fica aguardando a Lola postar, o que acontece geralmente depois do almoço, do mesmo jeito que a fake Camila Malheiros fazia.

E é a terceira vez que a Gabriela Valencia vem com comentários "extremistas", pra causar polêmica desnecessária e render prints pros mascus.

Anônimo disse...

Entre os 8 e os 12 anos mais ou menos vinha um primo mais velho do que eu na minha casa e ficava passando a mão nos meus órgãos genitais. Nunca tive coragem de contar isso pra ninguém até agora.
Triste ver como a história se repete com crianças que ainda não possuem um sistema psicológico forte o suficiente para enfrentar o assunto de maneira mais eloquente

Larissa Petra disse...

Anon das 14:33

Ser ateu não te dá "liberdade poética" para falar moralismos baratos sem eles deixarem de ser ridículos só pq vc "não tem Deus no coração".
Olha a culpa pelo estupro é do estuprador e ponto final, foda-se a vida da pessoa que foi vitima, se ela é vadia, promíscua, santinha, hétero, lésbica, bissexual, ter bom ou mal caráter, etc...NADA ABSOLUTAMENTE NADA NESSE MUNDO JUSTIFICA UM CRIME.
No caso da menina do post, a família foi culpada não por não terem uma bola de cristal para saber antes se o cara é bom ou não, mas ela foi culpada pela maneira como ela tratou esse caso, eles negligenciaram a menina, como se o estupro (sim pode não ter chegado a tal, mas pra mim estupro e assédio é a mesma coisa) que ela sofreu não fosse nada demais. Logo, concluímos até aqui, que o fato da mãe dela casar novamente NADA TEVE A VER, afinal ela é livre para ter relacionamentos, oq teve a ver foi o fato dela não denunciá-lo imediatamente e ter dado todo o apoio que ela estava precisando naquele momento.

Anônimo disse...

Muito triste esse relato, até pouco tempo atrás eu achava que essas histórias eram raríssimas, tanto o racismo quanto a violência sexual contra meninas e sua banalização pela sociedade.

Graças a Lola abri meus olhos, a primeira vez que entrei aqui foi como se eu fosse transportada do mundo de Alice, o qual achava que vivia, para uma realidade completamente distinta.

Anônimo disse...

Na boa Anônimo da "família judaico-cristã", você tá falando muita merda.

O único motivo de você ouvir falar menos dos podres da família judaico-cristã é por que essa pessoas colocam o modelo judaico-cristão acima do bem e do mal, acima do bem estar e da segurança dos seus membros.

Aqui mesmo no blog da Lola tem inúmeros posts de pessoas oriundas de famílias judaico-cristãs que sofreram abuso e violência.
EU vim de uma típica família judaico-cristã e fui vítima de abuso psicológico por parte da minha mãe. Eu tive MUITA, mas MUITA sorte de não ter sido abusada sexualmente pois eu tenho CERTEZA ABSOLUTA que se tivesse sido, a minha família judaico-cristã teria jogado "panos quentes", se calado e me calado.

Afinal o importante não é ser feliz e ter seus direitos fundamentais garantidos, o importante é manter as aparências de que famílias judaico-cristãs são perfeitas.


Jane Doe

Anônimo disse...

normalmente nao posto Anonimamente, mas como o causo eh de familia, achei melhor

minha avo engravidou da minha mae ainda solteira la nos idos de 1950... casou por conta disso, teve uma vida de casada de merda e se separou... o divorcio mesmo so veio anos depois...

nesse meio tempo se casou/ajuntou de novo...

minha mae diz ate hoje que o verdadeiro pai dela era o padrasto, ja que o pai dela praticamente a abandonou..

L. Archilla disse...

Nem consegui terminar de ler, só passei pra falar que, olha, tem terapeuta que é de cagar.

Anônimo disse...

O quê? Mascu se travestindo pra render assunto na comunidade mascu?

Anônimo disse...

Aham, existe uma tag nas mulheres de família tradicional proibindo que sejam estupradas... SQN.
Gostaria que o anônimo justificasse então os estupros cometidos por pastores/padres em mulheres/crianças de família "tradicional".

Mai Melo disse...

Anônimo das 14:33 pergunta o que é que tem a ver com machismo e depois vomita um monte de machismo. Ahaha! Claro que ele não sabe! Uma pessoa que ignora uma pesquisa científica porque "envolve variáveis que não podem ser medidas ou supostas", daí faz uma série de suposições afiançadas por uma bem "isenta" observação que ELE fez, na sua condição de ateu seguidor da Bíblia, a partir de DUAS histórias que ELE ouviu e foram suficientes para que ele entendesse que a culpa é sempre da MÃE.

Olha, Anônimo, se quiser variar um pouquinho a leitura, indico esse estudo resultado de um programa que ouviu SETECENTAS CRIANÇAS e constatou que na maioria das vezes o agressor é o PAI. Na bibliografia dele tem mais um monte de opções de leituras, diversos outros estudos que consideraram inúmeras variáveis e chegaram aos mesmos resultados: o pai.

http://books.scielo.org/id/krj5p/pdf/valle-9788598605999-10.pdf

Tenho que te dar um desconto, Anônimo, porque o sentimento de raiva da mãe decorrente do suposto de que ela deve proteger o filho é normal. A própria criança sente isso, às vezes, e isso acaba sendo um dos motivos para não denunciar o abuso. Também porque negligência existe e precisa ser reconhecida para ser evitada.

Agora sabe porque essa violência é machismo, Anônimo? Porque em nada ela se dissocia da veneração que nossa sociedade faz ao falo, que tudo pode. Se o desejo dele é imperativo fora de casa, é imperativo com a esposa, por que você acha que não pode ser com a filha também? O machismo sobrepõe até a moral, Anônimo.

Minha vez de contar algo que "não ouvi falar", infelizmente ouvi direto da fonte numa cobertura jornalística. Sabe qual foi a justificativa do pai para estuprar a filha (não que seja possível existir alguma)? "Eu que a coloquei no mundo, eu que tinha direito de desvirginar". Isso é machista suficiente para você ou precisa mais?

E esse monstro não foi o único. Esse aqui queria se certificar se a filha de 11 anos ainda era virgem: http:// www.jcnet.com.br/Policia/2013/10/homem-e-acusado-de-estuprar-a-propria-filha-em-bauru.html

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Para a autora do post, me desculpe se você estiver lendo isso e se deparar com esse tom agressivo e os casos mostrados. Quando abri essa caixa de comentários minha intenção era apenas expressar toda minha solidariedade a você, mas li alguns comentários absurdos e não resisti.

Espero que você consiga conviver melhor com o seu trauma, que as leituras indicadas por Lola te ajudem. Espero que você tenha certeza cada dia mais de que a culpa não foi sua e que você consiga conversar com sua família sobre o assunto. Força!

Anônimo disse...

Das causas feministas, violência sexual é a que mais desperta a leoa em mim. Sou leitora assídua do blog, mas não comento aqui com frequência. Acho que temos gente boa demais dando opinião nesse espaço. Nunca tenho muita coisa a acrescentar que já não tenha sido dita. Mas gosto de falar sobre feminismo o tempo inteiro, em diversos ambientes. Principalmente onde o feminismo não é assim tão bem-vindo.

Enfim, dessa vez senti vontade de comentar. Achei que o que tenho a dizer pode ser importante porque ainda não li nada parecido por essas paragens. :)

Passei por uma experiência de abuso na infância. Não com ninguém da minha família, mas com um senhor de uma loja que vendia doces perto da minha casa. Bloqueei completamente o ocorrido, mas me tornei uma criança depressiva; tinha constantes dores de cabeça que a medicina não explicava (fiz até tomografia para descobrir o que era); todas as noites tinha pesadelos horríveis e ia dormir no quarto dos meus pais; tinha constantes crises com medo de morrer; engordei compulsivamente - aos 10 anos de idade, cheguei aos 81kg. Fui para endocrinologista, rezadeira, centro espírita, até que, não sei como, "superei".

Ninguém nunca cogitou que eu, super protegida por meus pais, com meus dois irmãos mais velhos igualmente protetores, pudesse ter sido violentada. Nem minha tia psicóloga. Nem o marido dela que também era psicólogo e trabalhava no Conselho Tutelar da cidade.

Já grande, por conta própria, querendo entender o ocorrido, fui procurar ajuda. Depois de muita terapia, descobri que o que aconteceu foi que o monstro havia se masturbado na minha frente e dito: "Você gosta né, putinha? Ainda vai dar muito trabalho". Eu tinha 7 anos! Eu gostava de ir lá sempre, comprar refrigerante ou picolé. E ele me contava piadas e me dava pirulito. Eu ria, eu abraçava ele. Quando ele falou isso, eu tive completa certeza de que, sim, era minha culpa. Me achei a pior das pessoas e sofri tudo que sofri. E veja que ele nem me tocou! Ou ao menos não lembro disso. Mas acredito piamente que um abuso pode ser incrivelmente violento mesmo sem o toque. Além disso, sou highly sensitive.

Enfim, também nunca falei com a minha família sobre isso. Mas falo sobre o assunto "assédio sexual" abertamente com os meus pais e com o mundo. Quando Xuxa deu aquele depoimento no Fantástico, minha mãe disse que "lóóóógico que era mentira, só para chamar atenção". Fiquei puta, quase contei tudo ali mesmo, mas me acalmei e questionei por que não poderia ser verdade. Quem vai querer chamar atenção com uma coisa dessas, algo tão dolorido? Fui falando sobre o assunto e ela logo reconheceu o erro. Minha mãe (assim como toda minha família) é muito machista, mas sempre me escutou muito. Já fizemos grandes progressos juntas.
Acho que o caminho é sempre conversar.

Com meu pai e meu irmão mais velho, é mais complicado. Os dois, além de muito machistas, são arianos. Mas eu não sou do tipo que desiste fácil e tenho boa oratória. :) Sou muito grata ao feminismo por me ajudar a entender que posso - e devo - deixar claro sempre que um comentário ou atitude machista me incomodarem/machucarem. E espero, cara mulher que enviou o depoimento, que ele te ajude com isso também. Um beijo carinhoso!

[Fiquei muito em dúvida se colocava esse comentário anonimamente ou não. Quando comecei a escrever, queria partilhar a experiência porque eu nunca contei nada disso para ninguém. Queria me libertar desse medo das pessoas me olharem diferente depois de saberem o trauma que carrego. O que eu vivi foi vergonhoso, mas não por minha causa. Não queria ter vergonha de me identificar vítima disso. Mas tenho.]

Mai Melo disse...

Ah, mais uma coisa que eu esqueci de falar para o Anônimo das 14:33: a própria omissão da mãe, a não valorização de sua identidade, sua vulnerabilidade como mulher e sua (presumida) incapacidade de oferecer segurança à filha/ao filho são sintomas da opressão machista que diariamente, minunciosamente ou não, tenta lembrar às mulheres que elas não importam.

Anônimo disse...

Lola, mulheres podem abusar umas às outras?
Acho que minha namorada abusa de mim, às vezes me usando inclusive como mesa para notebook. O que eu faço?

Felipe disse...

Que família escrota, hein? Mãe e irmão são tão culpados quanto o pedófilo. Absurda essa omissão.
Já presenciei uma tia minha dando uma surra no marido, no meio da rua, depois de saber que o canalha abusava da minha prima.
Nada justifica a atitude dessa mãe. Qualquer um, com um mínimo de decência, defenderia uma criança nessa situação.

LOVE GOTIC disse...

O que é tradicional cristão para você? Uma mulher suportar casamento fracassado e infeliz? Saiba que dentro do universo tradicional tambêm hà abuso sexual incluindo de pai para filha e o silencio ê maior porque o tradicionalismo muitas vezes é cercado de tirania em que a lei do silencio impera. Você é do tipo maxão que mataria o cara? Duvido que se fosse sua filha ela te contaria porque teu modelo familiar tradicional faria dela uma refém da tua arrogância. Babacão muito babaca você.

Janaina disse...

Gabriel Valencia disse: "A cada dia fica mais difícil para mim dissociar o masculino de estupro, opressão, covardia. "
Claaaaro, todos os homens são estupradores, opressores e violentos. E aí quando alguem dizer que tod@s @s feministas são misândric@s paranóic@s nós fazemos o que? Com o perdão da palavra, generalização burra a sua. Gente ruim independe de gênero ou etnia.

Anônimo disse...

O que tem de família seguindo os tais valores judaicos cristãos com papai ou padrasto frequentando igreja todo domingo, sendo bonzinho com a comunidade, fazendo caridade e que dentro de casa faz horrores, estupra, assedia, bate, não está no gibi.
Aliás, muitos até se escondem atrás de religião, de uma boa reputação porque assim acham que fica mais fácil não serem pegos.
Inocente ou machista quem acha que essas coisas só acontecem em famílias não religiosas, não convencionais ou em que a mãe não casou virgem ou mais de uma vez. E muitas vezes os outros homens da família não fazem nada para reagir, como apontou o defensor do patriarcado, porque fazem as mesmas coisas em sua casa ou tem o pensamento machista de que se aconteceu algo é porque a menina provocou, homens não resistem a certos instintos e outros blábláblás do tipo, e nessa fraternidade masculina acabam se acobertando.
Ano passado mesmo no meu bairro um desses "homens de bem" se suicidou quando a enteada finalmente teve a coragem de denunciá-lo. O cara vivia enfiado em igreja, era o bonzinho da rua, a família já tinha ouvido rumores mas ninguém acreditou que aquele homem santo fazia esse tipo de coisa.

Anônimo disse...

Grazi,


Alguém já leu Labirinto do Incesto?. É sobre uma menina que foi estuprada pelo pai (ela e as irmãs) e só consegue denunciá-lo quando engravida dele e ouve ele dizer que será mais uma menina para ele abusar.


Grazi

Anônimo disse...

O número de homens que sofrem estupro e assédio quando meninos é enorme também. Só na minha cidade do interior, entre amigos meus, aconteceram muitos casos. E para meninos é terrível, porque para um menino confessar que foi estuprado, abusado, é muito pior.

E também há casos de meninos que são abusados e assediados por mulheres. A diferença é que ele é criado para não achar isso "abuso", ou "assédio", mas se sentir "orgulhoso". Aí as próprias mulheres "machistas" chamam o menino de "safadinho", dizem: "esse aí vai ser terrível", e o menino se sente invadido por dentro, mas achando que deve achar isso "legal", pois todos estão elogiando (ser um safadinho, um futuro "terrível" parece ser um elogio). Eu passei por isso, e isso teve consequências no desenvolvimento da minha sexualidade e afetividade. Hoje, vigio meus filhos, e muitas vezes repreendo até a minha esposa, que foi criada em uma cultura "machista" no interior do Nordeste. Desde cedo ensinam as crianças a não terem respeito, a serem predadoras. É só ver nas favelas, a cultura de que o negócio é "pegar", tanto para meninos quanto para meninas, ensinam a tratar as pessoas como descartáveis, a valorizar as pessoas pela aparência, pela marca da roupa, pelo tipo de bebida que consome.

E depois reclamam que não existem mais homens e mulheres que prestem, e que por isso estão sozinhxs.

Kittsu disse...

"E para meninos é terrível, porque para um menino confessar que foi estuprado, abusado, é muito pior."
Concordo com a sua preocupação, é claro. Mas essa prerrogativa, que é comum, me preocupa. É como se para as meninas fosse natural ser estuprada, como se fosse algo esperado então elas estão condicionadas a aceitar melhor... enquanto para os meninos seria pior porquê é anti-natural.
E isso é ridiculo.

Anônimo disse...

Nossa Kittsu, não foi isso que eu disse. O estupro, o abuso e o assédio são horríveis em todos os casos, condenáveis em todos os casos.

Eu disse: "para confessar" é pior, devido à cultura machista, nenhum menino vai querer dizer q foi estuprado. Nem precisa ser ameaçado, ele vai ter medo de virar chacota entre os amigos etc.

Anônimo disse...

Eu não disse que para meninas é normal (natural) acontecer, disse que "também" acontece com meninos, pois muitas acham que é "normal" acontecer com meninas, e ignoram q também acontece muito com meninos, mas eles tb ficam calados, e mesmo q não sejam intimidados, o "pensamento machista" colocado na cabeça deles desde pequenos jamais vai deixá-los assumir que foram "violentados", justamente pq "pensam" e menina é q é "violentada", q para homem isso é uma "vergonha maior". Não é o que eu acho, estou dizendo o q a sociedade coloca na cabeça dos meninos com o machismo.

Anônimo disse...

Lola, estou lendo esse post com atraso, mas queria dar minha contribuição de leitura sobre o tema, para ajudar quem passou por esse drama terrível a entender o que aconteceu, porque os adultos se calaram, porque a criança vítima é que se sente culpada, etc.
O livro se chama "o poder do discurso materno", da psicologa argentina Laura Gutman. Há alguns capitulos que abordam especificamente o tema do abuso sexual da criança e os mecanismos de que a psique dela se utiliza para tentar "sobreviver" ao abuso, ser amada etc.
É muito revelador e, ao mesmo tempo tristíssimo de se constatar o quão comuns são esses abusos e quão devastadoras são as consequencias na vida das crianças abusadas, mesmo depois de adultas.
Um grande beijo
Marília

@dddrocha disse...

Quanto comentário escroto!
Tá bem coerente com a naturalização desses comportamentos, bando de doentes!



Força, M.

Pets disse...

Gostei muito desse Artigo estão de Parabéns