Publico hoje um texto anônimo deixado por um comentarista frequente, o Avasconsil, dando um exemplo prático de como a reforma da previdência foi péssima pros brasileiros (a gente avisou).
Para quem apoiou a reforma da previdência sem entender o resultado, eis um caso concreto do resultado:
Antônio, depois de muito estudar, virou técnico judiciário do TRT. Infelizmente, não resistiu à COVID que contraiu e morreu com 44 anos. Com 15 anos de serviço no Tribunal, deixou esposa de 40 anos e um filho de 11 anos.
Após o luto, a esposa de Antônio deu entrada na papelada pra ficar com a pensão do seu companheiro de 15 anos. Lá, a servidora da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) lhe explicou o seguinte:
1) Como Antônio ingressou em 2006 no serviço público, não tem direito à aposentadoria integral e já pegou a regra da média das contribuições.
2) Como a esposa de Antônio tem 40 anos, não terá direito à pensão vitalícia. Só poderá contar com a pensão pós-morte durante 15 anos. 3) Após calcular a média das contribuições de Antônio, a Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) chegou à conclusão de que essa média foi de 8.000,00 (valor presente).
4) A SGP explicou à viúva de Antônio que, como o servidor morreu com 15 anos de contribuição, o cálculo será feito com base em 60% da média das contribuições, o que dá 4.800,00.
5) A viúva de Antônio ainda ficou sabendo que, como o servidor deixou dois dependentes, a pensão será paga da seguinte forma:
- 70% de 4.800 até o filho completar 21 anos, o que dá 3.360,00 (por mais 10 anos) para a família e
- 60% de 4.800,00 (2.880,00), por mais 5 anos.
- Depois de 15 anos, a viúva perderia a pensão pra sempre.
A viúva de Antônio, que está desempregada, saiu de lá arrasada e pensou como fará pra pagar as contas do mês, incluindo o aluguel de um apto de 2 quartos na Zona Norte.
Quando a gente não luta contra a retirada de direitos, não adianta chorar depois! Essa foi a reforma da previdência, que foi aprovada pelo Governo Bolsonaro!
Portanto, agora temos que lutar contra a Reforma Administrativa e a favor da manutenção da estabilidade.
E aqui um texto do próprio Avasconsil:
"NÃO VOU MAIS ADOTAR POR CAUSA DA REFORMA"
Foi por causa da reforma da previdência que eu abandonei a ideia da adoção. Pensava em adotar uma criança. Desisti e decidi poupar o que gastaria com ela pra minha própria velhice. Ou para uma eventual invalidez, que nunca se sabe. A aposentadoria por invalidez também é péssima. Só é integral se a enfermidade tiver nexo causal com o trabalho. Tenho certeza de que não vou ser o único a desistir de ter filho, biológico ou adotivo, por causa da reforma da previdência e das outras reformas neoliberais.
Ou seja, a reforma da previdência e as outras reformas vão acelerar o envelhecimento da população, pois muita gente da classe média não vai ter filhos. Isso vai fazer a previdência ter mais déficit num futuro que vai chegar mais cedo, num círculo vicioso da pobreza e do empobrecimento, pois novas reformas virão mais na frente. Possivelmente até com o fim da Constituição Federal de 1988 e seus muitos direitos, como férias e décimo-terceiro. Porque é difícil demais ser rico no Brasil.
Deu pra perceber que o círculo vicioso da pobreza e do empobrecimento não vai acabar nunca. Quanto menor a resistência e maior o silêncio coletivos, pior vai ser. Você aí que tem filhos e netos: já se perguntou como eles viverão quando estiverem adultos? Até o mercado do Uber pode saturar. E não é todo mundo que leva jeito pra enriquecer como "influencer". Nas próximas eleições pense melhor antes de dar seu voto ao neoliberalismo. Quanto mais neoliberal o candidato, pior pra você pra sua descendência. Foram mais de 57 milhões de pessoas estúpidas em 2018. Tomara que em 2022 sejam menos. Bem menos. O máximo possível menos.
27 comentários:
a) A classe média pão com ovo apoia esta reforma porque ela tem inveja de funcionários públicos porque ela e burra e não passa em um concurso
a) Lola vc viu o coletivo mulheres por mais direitos de São Caetano do Sul que está tentando tirar o nome da rua que homenageia Samuel Klein acusado de violência sexual
Nossa, o mercado de uber já deve estar saturado. O que mais tem é desempregado indo trabalhar de motorista de uber, inclusive comprando carro a prestação para virar motorista de aplicativo (se endividando mais). Só que neoliberal safado e gente alienada diz que isso é "empreendedorismo", "ser seu próprio patrão". Ou seja acha que isso aí é bom, é solução para problemas graves. A continuar assim, nessa mentalidade, chegará o momento em que quase todo mundo vai virar motorista de uber ou entregador de comida, mas não vai ter passageiro para andar de uber nem cliente para comer quentinha entregue em casa, porque ninguem terá mais dinheiro pra isso.
Avasconsil são as iniciais do meu nome. Revelar meu nome seria meio constrangedor pra mim. Até porque de vez em quando falo muito mal do meu trabalho. Tenho um romance em gestação sobre meu trabalho, dentro da minha cabeça, "A Repartição". Me sinto capaz de escrevê-lo. Só não sei se conseguiria publicá-lo. Acho que publicá-lo antes de me aposentar poderia me ser prejudicial... Mas enfim. Acompanho seu blog desde 2009. Meu namorado na época "mo" apresentou. Escrevi esse "mo" assim entre aspas pois estou lendo Memórias da Casa dos Mortos, do Dostoievski. Tem muito "mo", muito "ma"... Acho a reforma da previdência revoltante. Isso não significa que eu acho desnecessária uma reforma da previdência. Apenas acho que os muito ricos devem pagar mais tributos que os não ricos. Só depois que os muito ricos forem chamados a pagar parte da conta, é que faz sentido chamar a pagar a conta a classe média e os ainda mais pobres. Cobrar de quem tem menos é muito, muito revoltante. É injustiça social. É uma grande sacanagem! Mas no Brasil pensar assim é ser comunista ou socialista. O que me deixa mais revoltado ainda. Gente até mais pobre do que eu me acha socialista. E eu só queria mais equidade.
Infelizmente, brasileiro em geral não pensa em futuro, nas consequencias de suas atitudes, nem na vida privada nem quando vai votar. Quando não é por maldade em contribuir para ferrar um grupo que ele odeia, acha que tudo é brincadeira, tudo é engraçado, só se importa com o próprio umbigo "aqui e agora", ninguem se importa com os outros especialmente com quem sofre mais com a pobreza. "Se o rabo está fresquinho e a salvo, fodam-se os outros". É assim: ah foda-se se o transporte público é uma merda, eu ando de carro, não pego ônibus. Ah, foda-se se o hospital, o sistema de saúde é precário, eu tenho plano de saúde. Já ouvi colega servidor dizer que não estava nem aí para as reformas previdenciária e trabalhista porque não o atingia, pois estava perto de aposentar. É isso, ninguem liga. As pessoas esquecem que tudo pode mudar para pior de uma hora para outra, que em questão de minutos pode-se perder tudo. Muita gente de classe média ou que ascendeu a classe média nos ultimos anos (governos do PT, leia-se) agora voltou para a pobreza. Seria ótimo que a classe mérdia brasileira entendesse isso de uma vez por todas, que não são ricos em potencial, mas sim "pobre-premium" (vi isso num meme, achei genial rsrs...), que fazer bico para botar comida na mesa não é ser empreendedor, e passasse a votar com mais cuidado e seriedade, nem que seja por medo de "voltar a ser pobre". Que parasse de votar com ódio, como na última eleição. Mas infelizmente, esse acordar para a vida não vai acontecer, mesmo diante da realidade socada na cara.
Também percebo que muitos servidores antigos se acham inatingiveis por essas reformas. Coitados. São tão burrinhos que não enxergam que estão comendo nossos direitos pelas beiradas. Vez ou outra já falam que a Constituição de 88 previu direitos demais e deveres de menos. Que a gratificação de férias e o 13o salário são fardos pesados demais pra o empregador brasileiro... E pra o estado brasileiro. Mourão mesmo já disse isso algumas vezes em palestras pra empresários. Vislumbra-se aí que, depois que o neoliberalismo tirar tudo que temos por meio da aprovação de PECs, a voracidade daqueles a quem o neoliberalismo serve vai cuidar de acabar com a própria Constituição. Com uma Constituição nova, adeus direitos adquiridos, atos jurídicos perfeitos e coisas julgadas. Poderão avançar até sobre a integralidade e a paridade de servidores aposentados sob a redação original da Constituição de 88. Diminuir diretamente até o atual teto da aposentadoria do regime geral da previdência, e não apenas indiretamente, através da tributação. Será que é tão difícil assim enxergar que quanto mais o tempo passa, mais difícil vai ficando ganhar a vida pra a classe média e os ainda mais pobres? E que não existe saciedade possível pra a fome por dinheiro daqueles que se beneficiam do neoliberalismo? A salvo mesmo só os de sempre: os extremamente ricos. Aqueles que ficaram ainda mais ricos com a pandemia. Esses nunca precisarão correr para os montes pra escapar do pior. Andam de helicóptero ou de jatinho particular e nem IPVA pagam por esse tipo de veículo automotor. Li um texto ontem nada animador do Edemilson Paraná, professor da Federal do Ceará. Fala exatamente sobre isso, da fome que nunca acaba do neoliberalismo. E acreditem: essa fome já está de olho nos direitos dos que se acham a salvo dessas PECs atuais. Os que ganham com o liberalismo não se contentam com muito. Eles querem tudo. Apenas tudo é o limite pra eles. Tem muito juiz e promotor, e outros agentes públicos das carreiras mais altas do serviço público, como auditores fiscais, aposentando-se e indo morar em Portugal. Gente que acha que nunca vai perder a integralidade e a paridade das suas aposentadorias. Além de nada solidários com quem está perdendo direitos agora, eles não veem que os que se aposentarão com menos direitos que eles não lutarão por esses direitos que só beneficiam aos servidores mais antigos. E que nem a Constituição é eterna. Nada é ou está tão seguro que não possa ser mudado pra pior. Ou suprimido. Principalmente numa sociedade dividida como a brasileira, onde é muito comum as pessoas só se importarem com o que as atinja diretamente. Hoje tiram o nosso. E já de olho em amanhã tirarem também o seu. https://jacobin.com.br/2021/06/a-nova-decada-perdida/
Prezadas, respeito a posição de vocês, mas devo dizer que eu apoio esse governo e estou torcendo para o Brasil seguir avançando.
Você está entre os 25% fundamentalistas que, felizmente, vão precisar dos 70-75% pra reeleger o presidente de vocês. Tomara que esse apoio não venha. Os arrependidos de 2018 são muitos e estão crescendo em número.
Avançado aonde kkkkkkkk.
Seguir avançando para onde?? Pelo andar da carruagem, se continuar assim, só se continuar avançando para o abismo de vez...
Sinto muito pela situacao da familia relatada pelo amigo. Sinto, porem, que a analise da situacao do servidor federal do Judiciario precisa ser analisada de vários lados, e darei o meu.
Quero primeiro clarificar que um dos meus motivos é eu própria ser filha de uma tecnica judiciaria federal. Minha mãe ocupa a mesma posição que Antonio, e tambem ingressou no serviço na mesma época que ele. Segundo, eu moro na Noruega - um dos países mais igualitários do mundo - e conheço a situação de servidores públicos daqui. Me sinto privilegiada pelos dos motivos.
Na Noruega o funcionalismo público não é mais atrativo que o privado, inclusive a média salarial é ligeiramente menor. É raríssimo uma familia onde um adulto é empregado e o outro cuida do lar permanentemente, pois isso é financeiramente muito apertado. Funcionários públicos não tem regime de aposentadoria especial, e a aposentadoria pelo regime comum é muito baixa. Fica a cargo de cada um fazer uma previdência privada e economizar para a velhice. Assume-se que cada adulto fisicamente capaz de trabalhar é responsável por si mesmo, e não se ouve falar de pensão de conjuge falecido quando o sobrevivente é capaz.
Não discordo que no caso do filho, nada mais justo que o Estado provenha até que ele tenha concluido seus estudos. Mas texto sugere que é "nefasta" a situação de uma pessoa de 40, desempregada não sei por que motivo, cuja renda familiar a colocava nos 5% do topo do país, seja pela circunstancia da morte do conjuge lançada a uma nova situação: por 15 anos, ainda que não trabalhe, receberá renda que a mantem nos 10% mais ricos da população do pais (e, se o marido tiver tido responsabilidade financeira, tambem um patrimonio que ele foi capaz de construir ao longo dos anos)
Minha mãe, técnica judiciaria com ensino médio no Brasil, tem muito mais poder de compra que eu (que tenho um ótimo emprego!) na Noruega. Aqui, onde a igualdade social é imcomparável ao Brasil, jamais seria possível para uma viúva de 40 anos viver de pensão do marido funcionário publico falecido, que dirá uma pensão que sozinha a coloca no topo da piramide de renda. Aqui, uma esposa de funcionario publico sempre trabalha (uma fonte de renda não é suficiente) e continurá precisando de trabalhar se ele falecer. 40 anos de idade não é deficiencia
Entao, eu sei que a situação da viúva não se compara com a dos marajás da república. Mas convenhamos que o que está sendo defendido pelo escritor do artigo é a representação da desigualdade, um privilégio que nem os países mais ricos conseguiram conciliar com seu orçamento e com suas políticas de promoção de igualdade e bem estar social. Não tem nada de nefasto em ter que trabalhar aos 40, especialmente após ter passado anos de conforto financeiro e possibilidade de estudar e se qualificar
Julia Ruys
Acredito termos uma realidade diferente da Noruega, pois muitas vezes uma pessoa mesmo qualificada no Brasil tem sérias dificuldades em conseguir um emprego de acordo com o nível de conhecimento no mercado de trabalho após os 40 anos, principalmente mulher. A opção fica entre prestar um concurso público, pois a depender do cargo, não tem limite de idade ou então montar um negócio próprio no ramo de alimentação ou entrega, loja virtual, algo muito abaixo dos estudos, dedicação e tempo para ter um bom histórico profissional. Tenho amigas engenheiras, arquitetas, jornalistas e a maioria quando perdeu um emprego mesmo com cursos, mestrados, pós graduação, se dedicaram aos estudos para um cargo público, outras montaram um negócio próprio e algumas foram morar no exterior e foram realmente valorizadas e reconhecidas em outro país. Vale o mesmo para os homens no mercado de trabalho após os cinquenta anos, recolocação profissional complicada ou inferior ao nível de escolaridade.
Pois é, com certeza 40 anos de idade não é deficiência, nem uma pessoa nessa idade é "velha", principalmente nos dias atuais, afinal graças a deusa não estamos mais no século passado. O problema é que aqui no Brasil é realmente difícil conseguir um primeiro emprego, se recolocar ou mesmo se manter num emprego após 35, 40 anos de idade especialmente se for mulher. A mentalidade aqui é muito atrasada ainda nesse ponto. Exceção no serviço público. A questão é que nem todo mundo tem dinheiro ou talento para montar um negócio próprio ou "empreender", fora da área para a qual se formou. Eu mesma, não tenho nenhuma das duas coisas. Se eu ficar sem meu emprego, eu me ferro. E tem a questão pessoal: embora seja melhor do que nada, nem todo mundo fica feliz em vender bolo quando preferia atuar e ser valorizada na área em que se formou.
E tem aquilo também: a mulher do exemplo do texto, tem 40 anos, um filho de 11... É muito comum ainda as mulheres deixarem o mercado de trabalho para cuidar de marido, filho, casa e depender do salário do marido para sobreviver. Não é fácil para uma mulher de 40 conseguir arrumar emprego novo nessa faixa etária especialmente depois de muitos anos fora do mercado. Os obstáculos são muitos. Não é uma questão de querer ou de "força de vontade".
Se a viúva do servidor da justiça federal morasse na Noruega com certeza a situação dela não seria nefasta. Mas, morando no Brasil, pode crer, é sim. Uma coisa é você morar num país onde qualquer pessoa que se disponha a trabalhar, mesmo ganhando um salário mínimo, consegue pagar todas as suas despesas básicas com moradia, alimentação, transporte, lazer. E que ainda conta com a renda indireta de ótimos serviços públicos de saúde e educação. A carga tributária na Noruega é até maior que no Brasil. Mas pelo menos quem tem e ganha mais proporcionalmente paga mais que por aqui. E as famílias não precisam se preocupar com as despesas de educação e saúde. Outra coisa é que as reformas que estão tramitando e sendo aprovadas no Brasil não têm por objetivo distribuir renda e diminuir desigualdade social. Quem está perdendo direitos e renda está apenas perdendo direitos e renda. Não está ganhando nada em troca. O dinheiro economizado com as reformas não vai ser redistribuído
Tava escrevendo e apertei sem querer o botão publicar. Bom, o dinheiro que está sendo economizado com essas reformas não vai ser usado pra melhorar a vida da maioria das pessoas. Vai continuar concentra(n)do nas mãos de poucos. Vai virar renúncia fiscal em favor de grandes empresas e de igrejas. Juros da dívida pública. Um endividamento que também pouco é revertido em favor da maioria. Ajuda ao sistema financeiro, que ganha de todos os lados. Ganha ajuda do governo, como os 1 trilhão e 200 bilhões que o Banco Central deu aos bancos no começo da pandemia. Ganha com os juros mais altos do mundo cobrados de quem precisa de financiamento bancário. Ganha com o empobrecimento das pessoas, pois com menos dinheiro nos bolsos usam-se mais esses financiamentos com juros estratosféricos. Um salário de 10 mil reais só coloca quem o ganha numa elite porque a distribuição de renda aqui é péssima, e a desigualdade social imensa. O salário-mínimo brasileiro só perde pra o da Venezuela na América Latina, onde já é bem menor que nos países ricos. Os que realmente vão ganhar com as reformas neoliberais adoram esse discurso de que o serviço público deve pagar igual à iniciativa privada. Mas é a iniciativa privada que paga pouco, pouquíssimo, a começar do salário-mínimo. Segundo o DIEESE, pra atender ao que a Constituição diz (pagar as despesas básicas com educação, saúde...), deveria estar em quase R$5.500,00. Enquanto os muito ricos do Brasil não forem mais taxados, inclusive pagando IPVA por seus helicópteros, jatinhos, lanchas, iates, e o imposto sobre grandes fortunas, imposto sobre lucros e dividendos (não é cobrado só aqui e na Estônia), vou continuar achando nefasta a situação da viúva de Antônio. Quando ela fizer 55 anos estará sem renda. A depender do grau de instrução e da qualificação dela, se conseguir algum trabalho formal, pode ser que seja pra ganhar o maravilhoso salário-mínimo brasileiro. Se ela morasse na Noruega, Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Canadá, como cidadã de um país desse, eu não acharia a situação dela nefasta não. Mas morando no Brasil eu acho.
Detalhe: o valor que o DIEESE divulga pro salário-mínimo acredito que seja do salário líquido. O bruto teria que ser ainda maior pra sobrar o valor informado depois de todos os descontos.
Por que uma pessoa jovem de 40 anos tem que receber uma pensão vitalícia bancada por todos ? Em um país com tanta desigualdade isso não e uma distorção? Receber o seguro para se reestruturar já não seria suficiente?
Anônimo (a) das 8:28
Você não leu o texto? Não leu os comentários anteriores? Caso seja leitor (a ) do Olasno boca de peido do Caralho da Virgínia e eleitor(a) admirador(a) do bozocida e sua prole asquerosa está explicado, pois não compreende o que lê por ter água de chuca na cabeça ao invés de cérebro, mas caso contrário vá ler livros de autores como Machado de Assis, Fernando Pessoa e tenha umas aulas de interpretação de textos.
Considerando a realidade brasileira, de muita concentração de renda e desigualdade social (o Brasil é um dos campeões mundiais nesses quesitos), falar que servidor público é privilegiado por ganhar melhor do que o trabalhador da iniciativa privada, realmente é entoar discurso bolsonarista/olavista. Os salários da iniciativa privada costumam ser péssimos. E as condições de trabalho também. O salário-mínimo é baixo e nossa sociedade é muito classista e elitista. Quem é empregador no Brasil costuma achar que empregado é escravo. Tem que usar elevador social e no máximo comer um arrozinho com ovo se for empregada doméstica. Comer a mesma comida dos patrões, xi, é coisa de empregada comunista. Empregada folgada que anda vendo muita novela na Globolixo. Claro que no serviço público alguns ganham demais. Mas esses nem servidores se consideram. "Nós não somos servidores, somos membros. Nossos cargos foram criados diretamente pela Constituição Federal e nossos órgãos têm autonomia administrativa e orçamentária". Já ouvi isso deles mesmos, dos membros. Que não têm o menor pudor de usar em benefício próprio essa autonomia administrativa e orçamentária, criando penduricalhos sem fim. Eles foram alcançados pela reforma da previdência também. Mas duvido que sejam pelas outras em tramitação. Enquanto num país como a Noruega qualquer um disposto a trabalhar consegue levar uma vida decente, aqui no Brasil, tirando alguns poucos ricaços e as poucas carreiras no serviço que serão poupadas pelas PECs com a tramitação em curso, a vida da maioria das pessoas, do ponto de vista financeiro, é descente. Está descendo ladeira a baixo e com o apoio desses que entoam que servidor público é privilegiado. Tem muita coisa pra ser passada a limpo no Brasil. Mas usar o servidor público como bode expiatório e poupar os superricos é freuds. É uma das razões do nosso atraso. Devíamos nos unir pra irmos atrás do dinheiro dos verdadeiros privilegiados do Brasil. Isso sim transformaria em decente a vida da maioria. Se transformar voluntariamente em áulico de rico e superrico é muito bom só pra eles. A maioria ficamos mais pobres e a fome deles por dinheiro nunca passa. Vão sempre querer mais e incentivando essa mentalidade de que quem não vive na miséria é privilegiado.
Já já aparece gente defendendo o fim do 13o e da gratificação de férias, porque na Noruega, no Canadá, na Nova Zelândia e no Japão, ninguém recebe esses benefícios. Que vieram da Carta del Lavoro, uma lei aprovada na Itália na época de Mussolini... O pior é que a tendência é esses direitos serem mesmo extintos aqui no Brasil. Serão tantos os vínculos de trabalho precarizados que não garantirão aos trabalhadores o recebimento desses direitos, que será muito razoável o discurso de que quem os recebe é "privilegiado". E então mais uma vez os trabalhadores ganharão menos, pra quem realmente é privilegiado no Brasil acumular e concentrar ainda mais. E assim segue a história. Enquanto os cães ladram a caravana passa.
Tem gente que acha que a solução para problemas complexos do país é nivelar por baixo, tirar direitos do trabalhador, mais e mais, porque acha que assim vai sobrar mais para distribuir mais, assim os patrões contratam mais. Quanta ingenuidade, tem quem acredita nisso. Lembra a conversa fiada: com a reforma trabalhista, com a terceirização e a reforma da previdência, passaria a ter mais empregos?? E como estamos agora, depois que essas reformas passaram? Pois é...
Parabens por seu relato, Julia Ruys!
Eealmemtw o funcionalismo publico no Brasil esta coberto de privilégios e regalias.
É bom lembrar também que o setor público não gera riqueza. Quem gera riqueza somos nós que trabalhamos no setor privado e que pagamos os saláriose rwgalias dos funcionários públicos através dos nossos impostos.
Anônimo das 14:08
Você provavelmente simpatizan com o partido Nojo, mas nunca vai ter dinheiro para fazer parte deste grupo "seleto" por ter o salário comprometido com a Caixa econômica, uma instituição financeira mista por financiar a casa que mora e as 48X do carro zero para ostentar, afinal é mais um escravo do sistema financeiro, caso contrário, provável ter votado no bozocida, puxa saco de endinheirados, mas continuará a usar o elevador de serviços e sair pela porta dos fundos, bem a cara de pobre metido a rico, mas precisa de hospital público e escola pública.
Como diz o Fernando Horta no texto dele (compartilhei na postagem da Lola sobre as ameaças à filhinha da Manuela D'Ávila), há muito tempo os EUA vêm praticando na América Latina a dominação pelo consentimento, até com financiamento de ricaços brasileiros, que pagam pra os Paulo Guedes, as Tábata Amaral e as Luana Araújo irem estudar lá fora. Eles vão, estudam lá, e voltam como "gente diferenciada", por terem diplomas de universidades de prestígio. Viram "formadores de opinião", uma tarefa que a Internet deve facilitar bastante hoje em dia. De volta à terra tupiniquin, passam a defender e a trabalhar pelos interesses dessa elite externa e interna, pra quem eles passam a trabalhar de bom grado fazendo o serviço de capatazia em favor da classe rica. É a cooptação das/pelas elites. Eu nem conhecia essa parte da sociologia e da ciência política. Mas faz sentido, né? Sérgio Moro e Dallagnol também se enquadram aí. Eles estudaram nos EUA antes da Lava-Jato. Só sei de uma coisa: o neoliberalismo e o estado mínimo não desenvolvem um país. Aqueles países escandinavos, China, Coreia do Sul, os EUA, todos os países hoje ricos só enriqueceram porque os governos deles atuaram pra isso. Investindo em educação e em ciência principalmente. Tudo o que o Brasil não vem fazendo. Somos um país que acumulamos décadas perdidas. E se dependermos de boa parte da nossa classe média iludida, que se acha elite, vamos continuar assim. Como diz o Ricardo Kotscho, vida que segue. Eu sou solteiro e não tenho filhos, só animais de estimação. Não tenho nem dúvidas de que nessa história toda vai ter muito iludido e filho, e netos de iludidos, se lascando mais do que eu.
Ledo engano que serviço público não gera riqueza. A tecnologia dos satélites, o GPS, a Internet, tudo isso surgiu com muito investimento público em ciência de ponta. Um investimento que fomenta e trabalha em simbiose com a iniciativa privada, que também investe muito dinheiro em pesquisa, mas não faz isso sozinha. E em países com a economia primarizada demais como a brasileira, cada vez mais desindustrializada e dependente do agronegócio e da mineração, o investimento público em ciência se torna mais importante e solitário ainda, pois a iniciativa privada pouco investe na área. A EMBRAPA, que nem sei como está hoje em dia, mas que foi e talvez ainda seja importante pro desenvolvimento do agronegócio, é serviço público. Segundo Ciro Gomes lá no livro que tem o nome dele, o Dever da Esperança, nos países ricos os ricos criam tantas fundações voltadas pra a pesquisa, como a de Bill e Melinda Gates (ex-Gates agora), porque o imposto sobre grandes heranças é muito alto por lá. Então os ricos acabam criando essas fundações. Como aqui no Brasil esse tributo é baixo, os ricos preferem amealhar pra sua prole a fazer a filantropia, e com isso não ajudam no desenvolvimento da sociedade como um todo. Pelo contrário. As família ricas só querem pra si. Interessante e faz sentido, não é? Aqui rico só paga os estudos pra a galera que vai pra Harvard e pra a Johns Hopkins e pra a Escola de Chicago, e quando volta trabalha pela manutenção do status quo. Duvido muito a galera dos "delírios comunistas" ganharen dessas bolsas. Bancar os estudos dessa outra galera não ajudaria em nada na dominação pelo consentimento e na cooptação da/pelas elites. Pelo contrário, seria uma gente que voltaria cheia de ideias progressistas e perigosas demais, contra o estado mínimo e o neoliberalismo. Mas antes de dizer que serviço público não gera riqueza, pense melhor e veja que isso é no mínimo uma miopia. Burrice tem cura. Tem um monte de vídeo bacana no YouTube. Vocês da turma do Bozo tentem diversificar as fontes. Ficar só no Kim Kataguiri, no Olavo de Carvalho e outros canais da direita não vai melhorar a vida do país não. Só vai enriquecer mais ainda quem já tá podre de rico e manter o Brasil na periferia do capitalismo. De onde vai ser difícil sair com tanto pobre de direita ajudando a eleger as novas reencarnações do Ronald Reagan e da Margaret Thatcher ou gente pior, como Bolsonaro e Guedes. Uma gente dominada pelo consentimento. As Tábata e os Guedes pelo menos melhoraram de vida. Já a vida da maioria dos pobres de direita só faz piorar. Ô gente masoquista.
Concordo com Julia Ruys: o funcionalismo público no Brasil é um setor privilegiado. O Estado brasileiro é inchado, ineficiente e cheio de privilégios e sinecuras.
Brasília é uma ilha da fantasia repleta de marajás, aspones e sinecuras.
Enquanto isso os trabalhadores do setor privado (que são os que sustentam o estado através dos impostos) vivem com salários cada vez mais arrochados e se aposentam em condições bem menos vantajosas, com um teto de 6 salários mínimos.
Precisamos de uma reforma administrativa urgente!!!
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