quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

QUEM VAI RESPONDER PELO QUE FIZERAM A WAGNER SCHWARTZ, O "HOMEM NU"?

Agora que a tempestade passou, ainda é importante falar da absurda fúria que conservadores mostraram em setembro, quando atacaram o MAM e um artista, um homem nu que foi tocado no pé por uma menina (também atacaram muito a mãe da menina, claro).
Esse "homem nu", que foi vilipendiado nacionalmente, chamado de pedófilo durante semanas e ameaçado de morte 150 vezes, tem nome: Wagner Schwartz. A excelente escritora Eliane Brum, colunista do El País, conseguiu entrevistá-lo com exclusividade. Não vou reproduzir a entrevista aqui, pois é longa, mas recomendo fortemente. Leiam e reflitam: como seria se você fosse atacadx por uma horda de fanáticos que sabem que o discurso contra a corrupção (só a do PT) já deu o que tinha que dar, e então apelam para o moralismo hipócrita?
Eis o texto de Eliane Brum.

Em 26 de setembro de 2017, o brasileiro Wagner Schwartz, 45 anos, era um artista em plena realização. Ele abria o 35º Panorama de Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, um dos espaços mais prestigiados do Brasil. Sua performance, chamada “La Bête” (“O Bicho”), partia da obra consagrada de Lygia Clark, uma das mais importantes artistas da história do país. 
Desde 2005, Wagner já tinha apresentado esse trabalho dez vezes no Brasil e da Europa. Como nas ocasiões anteriores, a experiência artística aconteceu. Para La Bête acontecer é preciso que o público deixe de ser um espectador para se tornar participante. Cada apresentação é diferente da outra porque é o público que conta uma história criada coletivamente, ao manipular o corpo nu do artista como se ele fosse uma das figuras geométricas com dobradiças de Lygia Clark.
Nos dias seguintes, porém, um pesadelo que Wagner não tinha se materializou.
Um fragmento da apresentação foi jogado na internet para provocar fogueira. Nele, uma mulher e sua filha pequena tocavam no corpo do artista durante a performance, como tantas outras pessoas da plateia. Mas, recortada e tirada do contexto, a cena foi convertida naquilo que não era. E Wagner foi chamado de “pedófilo” por milhões na internet.
Em busca de holofotes e eleitores, políticos sem escrúpulos gravaram vídeos e fizeram declarações nas quais condenavam o museu e o artista. Lideranças religiosas fundamentalistas, a maioria ligadas a igrejas evangélicas neopentecostais, semearam ódio ao estimular seus fiéis a se esquecer dos preceitos cristãos mais básicos e a condenar o artista e o museu como se estivessem “a serviço de Satanás”. Grupos ligados a movimentos extremistas de direita promoveram protestos diante do museu, com a adesão de anônimos enfurecidos, e chegaram a agredir funcionários. A internet virou uma praça medieval onde Wagner Schwartz foi linchado como “monstro” e “pedófilo”.
O artista teve que dar um depoimento de quase três horas na 4a Delegacia de Polícia de Repressão à Pedofilia. Um inquérito foi aberto pelo Ministério Público de São Paulo para apurar se houve crime. A CPI dos Maus-Tratos, do Senado Federal, decidiu aproveitar o momento para faturar com seu próprio factoide, convocando os curadores, a mãe da criança e o artista para prestarem depoimento.
De repente, Wagner Schwartz foi transformado num criminoso. E não no autor de qualquer crime, mas num “pedófilo”, uma das figuras que maior repulsa causa na sociedade. Sem vítima, sem fato, portanto sem crime. Em nenhum momento, seus linchadores, os anônimos e os públicos, lembraram que estava ali uma pessoa, com uma história, com uma vida e com afetos. Não importava.
O que importava era manipular o ódio, a mercadoria mais abundante no Brasil atual, com objetivos políticos. Deslocava-se assim a atenção da gravidade do que se passava -- e se passa -- no país, para uma ameaça inexistente. O truque é velho, usado amplamente em regimes totalitários, como na Alemanha nazista. Mas parece que sempre sobra gente para aderir às manipulações mais triviais. O ódio, como se sabe, é burro.
De repente, o problema não era mais Michel Temer estar no poder mesmo com todas as denúncias de corrupção, mala de dinheiro e conversas comprometedoras. Nem o Congresso mais corrupto da história recente usar dinheiro público para fins privados, pessoais e particulares no balcão de chantagens que se tornou Brasília. Nem o fato de que direitos conquistados pela luta de muitos estarem sendo rapidamente deletados da vida dos brasileiros. Nem o desemprego e a falta de perspectivas. Não.
As milícias de ódio, a serviço de si mesmas e de alguns políticos, criaram uma ficção e milhões se esqueceram de raciocinar, aderindo ao linchamento e produzindo provas contra si mesmos. Vale a pena investigar por que caminhos, objetivos e subjetivos, se tornou possível convencer tantas pessoas a acreditar numa ficção de má qualidade, porque totalmente inverossímil, como a de que o problema do Brasil são pedófilos abrigados em museus e exposições de arte.
A catástrofe é que, a partir da adesão a uma ficção, criou-se pelo menos uma vítima real: Wagner Schwartz.
Quem vai responder pelo que fizeram com sua vida?
Wagner Schwartz recebeu 150 ameaças de morte por algo que inventaram que ele fez. Já não podia andar na rua sozinho. Para imaginar os efeitos sobre ele, basta fazer o exercício de vestir a sua pele por alguns minutos e pensar no que aconteceria com a sua vida, assim como com a vida da sua família, se da noite para o dia inventassem que você cometeu o crime da pedofilia. E seu rosto estivesse nas redes com a tarja mais terrível: “pedófilo”. Não é preciso de muita empatia para imaginar o efeito de algo dessa dimensão. E, mesmo assim, tantos se esqueceram desse exercício básico de humanidade e se tornaram protagonistas e cúmplices da violência contra ele, esta sim criminosa.
Nos dias que se seguiram, inventaram mais. Não bastava transformarem Wagner num pedófilo. Mataram-no com notícias falsas na internet. Em uma ele tinha se suicidado. Em outro, era morto a pauladas. Quem é capaz de imaginar o que é ler a notícia da sua própria morte na internet? O que isso significa para os familiares? Como se vive enquanto tantos o matam repetidamente?
Wagner decidiu fazer a performance em 2005, ao se deparar em Paris com uma das figuras geométricas de Lygia Clark presa numa caixa. Como conta nesta entrevista, ele queria libertar o “bicho” criado pela artista, para que a obra voltasse a ser o que é. Em setembro, no Brasil, Wagner descobriu o que acontece quando um corpo ousa sair da caixa num país tomado pelo ódio e por fundamentalismos, num país de linchadores.
Foi brutalizado. Mas se recusa a seguir sujeitado, convertido em objeto sem voz. Wagner acredita que a resposta mais importante aos ataques é dada pela continuidade do seu trabalho.
Neste ano, o Festival de Teatro de Curitiba propõe uma reflexão, que é também uma ação, sobre os ataques contra a arte. Wagner Schwartz, Elisabete Finger, performer e mãe da criança que participou de La Bête, Maikon K, artista que chegou a ser preso em Brasília durante a performance “DNA de Dan”, na qual seu corpo fica nu, e Renata Carvalho, atriz que foi atacada por ser travesti e encarnar Jesus Cristo no teatro, estão criando uma peça a partir das violências sofridas.
A campanha contra a arte e os artistas não tem nada de inocente. Ela inventa uma justificativa “moral” e gera um apoio popular para sustentar a redução dos investimentos em Cultura. O setor cultural, historicamente carente de investimentos, hoje está em situação desesperadora.
Apoio a Wagner e ao MAM
O momento vivido pelo país é tão boçal que, em vez de a população estar pedindo mais investimento em Cultura, parte dela ataca a arte e os artistas, praticamente reivindicando o estreitamento de sua própria vida e da vida de seus filhos. Quanto menos investimento em arte e cultura, menos acesso à arte e à cultura -- e mais desconfiança e medo do que não se conhece. A boçalidade do mal vive dias de glória no Brasil, com a colaboração ativa de uma parcela da população.
Nesta entrevista, Wagner Schwartz, coreógrafo que vive entre Paris e São Paulo, fala pela primeira vez sobre a violência que sofreu, uma violência cujos efeitos estão longe de acabar. Entre as primeiras perguntas, enviadas por email, e as primeiras respostas se passaram dois meses e meio. O que fizeram com ele teve um efeito brutal na sua vida, seu corpo dói. Quando toca no assunto, partes dele tremem. Qualquer palavra parece quase arrancada. Para quem foi silenciado ao ser transformado em objeto de ódio, falar tornou-se um ato penoso. Na véspera da publicação, sua voz ficou rouca, entrecortada, às vezes sumia.
Mesmo assim, Wagner fez o esforço do gesto, o de acreditar que ainda é possível conviver e dialogar no Brasil atual.

36 comentários:

Anônimo disse...

Wagner schwartz, um homem que, como tantos outros, são julgados pelo simples fato de serem homens. Se fosse uma mulher nua, que tivesse tocado a garota, não haveria tanta repercussão negativa. Bacana o feminismo dar atenção às mazelas inerentes ao ser do sexo masculino. O comportamento desviante do homem na sociedade, em muitos dos casos, tem a ver com a cobrança excessiva que nos é imposta!

titia disse...

Esse ódio e essa boçalidade são sintomas do mal que mais assola o Brasil desde a época da colonização: a ignorância. Corretamente alcunhada "a mãe de todos os males"; é da ignorância que nascem os preconceitos, o ódio, a arrogância, a violência, e tudo fica ainda pior num país em que a burrice é glorificada, aplaudida, tratada como virtude e cultivada. O brasileiro médio GOSTA de ser ignorante, se ORGULHA de ser burro, faz das tripas coração pra continuar burro e tornar a próxima geração ainda mais burra. Fugir da ignorância, querer aprender, ir além da mediocridade geral é visto como arrogância, atitude de playboy filhinho de papai (mesmo que você seja filho ou filha de um pedreiro e de uma doméstica que trabalha desde os 14 anos e só entrou na faculdade porque conseguiu bolsa).

Infelizmente, Wagner Schwartz e todas essas pessoas se depararam com o que a turba acéfala e covarde faz com quem se "atreve" a não chafurdar na ignorância com eles. Minha solidariedade e minha imensa admiração e respeito por esses artistas que não se deixaram arrastar pra fossa de burrice por esses primatas que desistiram de evoluir. É por isso que eles ficarão e os bolsominions, homens de bem, mascus, conservadores, "fiéis" e outras pragas passarão.

Anônimo disse...

tadinho

o último parágrafo me deixou consternada

mas ainda tem q comer bastante arroz e feijão pra ser uma marina abramovic

e é no mínimo indelicado trazer crianças pra atrações em q elas claramente não são o público alvo, espero q aprendam isso da próxima vez

Felipe Roberto Martins disse...

Muitas expressões - sentidas, vividas e interpretadas - profundamente ajudariam a compreender partes da situação: Educação de Qualidade, Conhecimento, Debate, Bom senso, Empatia, Humanidade, Criticidade são algumas delas!

Anônimo disse...

no dia que o feminismo admitir que foi um erro se voltar contra á playboy e que isso feria gravemente à liberdade de expressão, talvez a direita admita que é um erro chamar esse homem de pedófilo, e proibir a exibição da sua arte é atacar a liberdade de expressão.

Acho que os dois lados agem muito igual, e é por isso que eu parmaneco equidistante de ambos.

Alícia

Anônimo disse...

Um homem pelado no meio das pessoas....como Michelangelo não pensou nisto antes.

Anônimo disse...

Blz Lola! Só não entendo e não concordo com: entrada de crianças em performances onde existem adultxs nus, mesmo que acompanhadas dos pais (ex: em uma exibição de um filme erótico é proibida a entrada de menores, estando ou não acompanhadas dos pais. Isso não importa!); e porquê essas performances sempre tem que ter pessoas nuas (isso sem contar com escatologia, sexualidade exacerbada e etc) que de vez em quando dão as caras nessas performances. Se não tivessem infringido esses principio básicos não tinha dado tanta conversa e tanto problema quanto deu.

Anônimo disse...

Realmente ver um bando de gente pelada vai mudar o país...
Ficar pelado é arte...

Anônimo disse...

10:53 - cala boca mascu

"são julgados pelo simples fato de serem homens" - SEU CU

quem julgou esse cara até a morte foram vcs mesmos, os homens, seu burro, junto com a corja câncervadora

feminista (ou mulher) NENHUMA tem culpa nisso, seu merda

O comportamento desviante do homem na sociedade tem a ver com o fato dele ser homem, como revelou o artigo anterior nesse blog, vc não leu?

"cobrança excessiva" o caralho, seu mascu demente, mas de qualquer forma... vc já se perguntou quem é q impõe essas "cobranças excessivas"? eu te respondo: os próprios homens, os mascus, os câncervas, et caterva

vc mesmo põe corda no seu pescoço, seu otário

seja gente e aprenda a admitir seus próprios erros, seu trouxa

Anônimo disse...

Faltou bom senso a esse artista, no lugar dele teria pedido que a mãe retirasse a criança da apresentação. Em todo caso não dá pra apoiar a reação exagerada dos ditos ''conservadores'', com seus discursos hipócritas. A crítica deveria estar, se é que deveria existir, na mãe da criança, e não nele, que estava ali em uma apresentação que envolvia a nudez e sem o controle sobre o ambiente. No final das contas, vejo erros de todos os ''lados'' envolvidos.

Anônimo disse...

Toda vez que eu leio um comentário da alícia eu me lembro daquela tirinha onde tem um liberal, um comunista e um nazista. O liberal pergunta o que eles defendem. O nazista diz que é um fascista, machista, lgbtfóbico e que defende a supremacia branca; o comunista diz que é contra tudo que o nazista falou e o liberal grita: mas vocês são exatamente a mesma coisa!!!1111um

Anônimo disse...

Engraçado que sobre o travesti que encenou Jesus, mas na peça em que um homem representava um travesti houve protesto pelos travestis que não aceitaram
São pessoas contraditórias mesmo

titia disse...

Alícia, filha, comparar uma performance que envolvia nudez com uma publicação pornográfica que desumanizava e objetificava mulheres pra misóginos punhetarem não merece nem mesmo um argumento. Melhore, filha, melhore.

13:19 nem toda nudez é sexual e nenhuma criança vai ficar traumatizada por ter visto um corpo nu num contexto não-sexual. Eu falo por experiência própria, colega, vi muitos adultos nus em contextos não-sexuais quando criança e isso nunca me traumatizou. O que afeta negativamente a criança é exposição à pornografia, principalmente a pornografia misógina, objetificadora, cheia de estupro e violência que temos rodando por aí.

Mas olha que tragicômico, com a exposição de crianças à pornografia essa gente não se importa. Pelo contrário, adora passar um filminho pornô e sair mostrando playboy às crianças que mal chegaram à puberdade, assim podem ensinar o filho a não ser bicha e ensinar às filhas dos outros o que elas são-objetos sexuais, 'novinhas' que devem restringir sua sexualidade a servir de boneca inflável viva e troféu de pseudo virilidade para velhos estupradores. Só um minutinho sim, vou ali lavar meu fígado e meus rins antes que eles entrem em colapso e já volto pra continuar a dissecar essa avalanche de nojeira.


13:19 II sim gente pelada é arte. Vai lá na Capela Sistina e olha pro teto. Ou dê um pulinho lá na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença (Galleria dell’Accademia). Gente pelada sempre foi arte - isso, claro, se fosse/for feito 'lá fora', nas oropas, porque aqui no brasil sil sil gente pelada é só objeto pra punheta. Não pode ser de outro jeito, tá inclusive na constituição, nudez só é permitida se for pra punhetagem. Como estudante de arte que já trabalhou com modelo vivo e quase foi presa na última batida policial, te asseguro que só europeu pelado é arte. Aqui é tudo safadeza mesmo.

Essa síndrome de lata de lixo já saiu de moda, tchurminha. PAREM de achar que gente pelada só é arte se vier de fora, ou se estiver pintada numa porra duma tela gigante de 500 anos atrás. Gente pelada na Europa, na Oceania, no Brasil, no Japão, na Patagônia, em telas, em fotografias, ao vivo é arte quando quem produz é um artista. Parem com essa merda de achar que nudez que não veio da Europa é safadeza. Isso é cabeça de adolescente cabaço e punheteiro que nunca viu um mamilo ou uma bunda nua na vida. Apenas parem. E cresçam. Tá faltando muito brasileiro fazer isso.

Se as pessoas desse país fossem menos neuróticas com nudez e sexualidade, a religião não estaria por aí estragando o mundo. Esse país de eternos pré-adolescentes está precisando urgentemente crescer.

Anônimo disse...

"Se fosse uma mulher nua, que tivesse tocado a garota, não haveria tanta repercussão negativa"- CLARO, mascu, vc é burro? não sabe fazer conta?

a maioria absoluta dos pedófilos e estupradores são homens, não mulheres

Anônimo disse...

Concordo totalmente com a Titia. Burrice nível extremo é a única explicação para o episódio. Crianças não podem ser expostas a pessoas nuas? Praia de nudismo pode levar as crias ou é apenas para maiores? Qualquer um que entenda um mínimo de psicologia sabe que nudez/erotização não são a mesma coisa. Devia ser proibido menores em igrejas evangélicas, isso sim.
Fabi.

Anônimo disse...

Este movimento e de uma classe media hipocrita e ignorante que nao frequenta museus e nem centro culturais nao entende de artes mas agora quer impor sua ignorancia nas artes

kay wilbury disse...

Assino embaixo, titia.

Anônimo disse...

Não, nao, alto ai, criatura abespinhada, não misture alho com bugalho, nem finja que não sabe a diferença entre as duas situações.

Unknown disse...

Mas é contraditório Lola, vc não vê nada de mal uma menina tocar num homem nu, mas ficou horrorizada com escolinha de princesas.



Anônimo disse...

Nada estranho.

Um longo texto em defesa de um homem e não li nada sobre "misógino", mascu","troll", "sexista", "machista", "nazista", "fascista", "eletricista" e outros tantos "istas" que rotulam a maioria dos os homens.

Desconfio, só desconfio, que essa ferrenha defesa seja porque foi a direita, que desta vez "rotulou". Como eu estou do outro lado, logo faço oposição e agora transformarei esse homem "opressor" em vitima de uma direita insana e extremista.

Nada estranho.

Só vou esperar pelas ofensas.



Anônimo disse...

Hummm... situação que dá coceira no cérebro.
Eu estive numa galeria de arte no fim do ano passado e lá havia algumas obras de cunho sexual e até violento. Havia quadros com cenas que claramente eram estupro. Havia uma outra parte com pinturas estilo kama sutra e bem explícitas. Havia até mesmo uma escultura de um serial killer do século XIX. Ele matava, desmembrava e eviscerava suas vítimas e sua obra esculpida em pedra era um retrato disso. Do lado da escultura estava um cartaz esclarecendo que o museu decidiu adquirir a obra mesmo sob protesto dos cidadãos.
Era um feriadão e a galeria estava cheia. Foi uma das coisas que me questionei: Como certas obras não estavam em espaços reservados ou com algum tipo de aviso? Porém, me lembro apenas de ter visto um bebê e uma criança de uns 5 anos. O resto eram todos adultos.
Seria arte ou alguns tipos de expressões artísticas apenas para uma determinada faixa etária?

Continua...

Jane Doe

Anônimo disse...

"Alícia, filha, comparar uma performance que envolvia nudez com uma publicação pornográfica que desumanizava e objetificava mulheres pra misóginos punhetarem não merece nem mesmo um argumento. Melhore, filha, melhore."

Quer dizer que quem gosta de ver mulher pelada é misógino?

Anônimo disse...

19:19 - estranho o q? ô babaca

misóginos, mascus, trolls, sexistas, machistas, nazistas e fascistas são a maioria dos homens, poucos escapam

tá estranhando o q, então? sua mula

Anônimo disse...

Continuando...

Eu acho algo delicado expor crianças a certos tipos de coisas, mesmo que tenham cunho artístico. Talvez não seria mais adequado levar crianças para espaços artísticos condizentes com seu desenvolvimento mental?
Por outro lado eu também concordo com a Titia - será que não seria também salutar mostrar para as crianças que nudez não sexualidade como algo normal? Que corpos não existem apenas para o deleite sexual de terceiros? Aproveitar a oportunidade para falar sobre conscentimento e que mesmo que alguém esteja usando pouca - ou nenhuma - roupa te dá o direito de tocar o corpo de alguém sem permissão?

Como eu disse, coceira no cérebro...

Mas é fato que o artista não merecia passar por isso, de ser acusado e ameaçado por coisas que ele não fez. Usaram-no como bucha de canhão.

Jane Doe

Viviane disse...

O que esperar da cultura de um país onde acontece isto: http://www.socialistamorena.com.br/caiado-comemora-criacao-de-universidades-e-e-atacado-pelos-proprios-seguidores/

Estamos caminhando rápido para o fundo do poço!

Anônimo disse...

Ne?

E a nudez da revista, só por ser sensual, eh sinônimo de pornografia?

Mas tudo bem. Bom saber que a titia estaria do mesmo lado dos conservadores americanos que lutaram ainda antes do feminismo pelo fim da revista Playboy.

Alicia

Anônimo disse...

Como mãe de menina em um país campeão mundial de abuso sexual infantil, especialmente contra crianças do sexo feminino, a última coisa que ensinaria para minha filha é que é ok tocar em um homem pelado apenas porque ele é amigo da mamãe.

No meio de adultos, se o cara quiser se virar do avesso e oferecer cada parte do seu corpo ao público, dane-se. Mas faltou bom senso aí e nem foi uma única vez, tem uma foto famosa dele cercado (sempre de) meninas bem novas, crianças, nu também. Povo pode ter se exacerbado na defesa de certos valores mas nem mesmo a tal da liberdade artística é sem limites; nenhuma liberdade é.

Anônimo disse...

Chega a ser cômico ver uma mulher ficar tão ofendida com o fim da Playboy kkkkkkk
Pelo que soube, a revista perdeu espaço por conta da pornografia online, acessível gratuitamente a um clique do mouse.

titia disse...

Fabi e kay wilburi o apego que as pessoas desse país tem à ignorância me dá medo. E o modo como esses meninões barbados reclamam dessa nova geração que não quer crescer me faz chorar e rir ao mesmo tempo. Podem ter um emprego, uma casa, serem casados e terem criado filhos, mas a cabeça deles não é nem um pouco mais madura do que a dos filhos dos quais eles tanto reclamam por não quererem trabalhar nem sair de casa. Mas é assim mesmo, a menos que os pais cresçam os filhos não vão crescer também. Só adultos podem criar adultos...

Jane Doe é realmente importante pensar e refletir sobre o que seria adequado para crianças, e em que faixas etárias elas podem ter contato com determinadas coisas. O problema é convencer esse pessoal imaturo e arrogante a refletir. A maioria não gosta de pensar sobre e nem aceita colocar em dúvida o modo como eles criam os filhos; as pessoas ainda tem essa noção de que a criança é uma posse, não um outro ser humano em desenvolvimento mas independente. Então fica aquele negócio, "na criação do MEU filho mando EU, crio do jeito que EU quiser", exatamente como criancinha de 5 anos brigando "Com o MEU brinquedo só brinco EU, do jeito que EU quiser!". Creio que enquanto não pararmos, como sociedade, de considerar criança como posse não vamos ver muito avanço nisso.

titia disse...

20:07, não, gostar de ver mulher pelada não é misoginia. Mas só gostar de ver mulher pelada se for como objeto, como boneca inflável viva e rasgar o cu de ódio quando a mulher nua se coloca como pessoa ao invés de objeto, sim, é misoginia. Deixa eu usar um exemplo bem cagado mas bem conhecido pra explicar: o filme 50 Tons de Cinza. O sexo é bem protocolar, monótono, não tem nada de terrível e depravado ali, mas o foco é o prazer da personagem feminina. Nas cenas de sexo do filme o cara mal tira as calças enquanto a mulher fica pelada. Mesmo assim, uma mulher que assistiu o filme (acho que foi a Patty Kirsche, corrijam-me se eu estiver errada) disse que nunca viu tanto homem virando a cara pra cenas de sexo e de mulher pelada. Porque a mulher pelada não era um objeto, era um ser humano que estava GOZANDO. Que abominável, né? Como se atreve essa vadia a aparecer pelada como GENTE, ao invés de objeto pra minha punheta? Isso é misoginia pura.

Tem também o filme Charlie Countryman, ou Conquistas Perigosas como é o nome no Brasil. Nos EUA o filme foi proibido pra menores de 18 anos porque o cara faz sexo oral na mulher, e a cena do lalá foi cortada quando o filme chegou no Telecine. Enquanto filme com boquete e estupro tá liberado pra pessoal de 14 anos e passa sem censura nenhuma em horário nobre. Isso é misoginia.

Ah, tem também os filmes pornográficos que são destinados especificamente a mulheres. O que mais tem por aí é sujeito reclamando que esses pornôs não tem graça, são chatos, insuportáveis. Por quê? Porque os personagens trocam umas palavrinhas antes de tirarem a roupa, tem preliminares, não tem agressão verbal nem física, os atores não parecem o Ken e a Barbie, e o ponto alto NÃO é a gozada do cara com direito a foco da câmera na esporrada. Porque todo mundo goza, não só o cara.

Então podemos ir pro mundo online. Quando uma mulher famosa ou anônima posta fotos nua ou vídeos de sexo que ela fez de livre e espontânea vontade (ou seja, colocando-se como ser humano) a macharada que vive dizendo adoooorar ver mulher pelada odeia. Diz que é horrível, que é nojento, imoral, argh, um peito! Uma bunda! Uma vulva! Apaga isso, que horror, as criancinhas! Puta, vadia, vagabunda, piranha, morra, você merece ser estuprada!! Quando a foto ou vídeo é vazado CONTRA a vontade delas? É o mesmo terrorismo online mas aí a macharada ama. Compartilha, manda para os amigos, bate punheta, favorita no celular. Isso é misoginia.

Enfim, eu poderia falar mais mil exemplos, mas meu fígado e meus rins estão entrando em falha de filtrar tanta porcaria e vou precisar lavá-los com Pinho Sol agora.

E Alícia, não se dê ao trabalho de fazer campanha pela objetificação feminina. Ela ainda está por aí, firme e forte, e lhe garanto que você ainda é objetificada por praticamente todos os homens que te rodeiam. Você vai ver no dia em que vazarem fotos íntimas suas, a macharada vai te perseguir, ameaçar e humilhar mas vai guardar no portfólio de punheta deles e bater várias pra você. Dá licença que não tenho paciência pra pegar mais ninguém pela mãozinha e ensinar o bêabá hoje.

Anônimo disse...

Esse caso é emblemático, a arte precisa ter limites ou não? Quem define os limites dos artistas?

Afinal, nesse caso as pessoas dizem que a arte é feita pra chocar sim, que se não perturba não é artw de verdade e quem não gosta é só não ir ao Museu.

Aí, dias depois, falam mal de um funkeiro que fez uma letra polêmica por que faz "apologia à cultura de estupro".

A questão é essa, quem gosta de funk o considera arte, que direito eu tenho de impor MEUS valores sobre uma forma de arte que não entendo e nem gosto? Por que o que me incomoda deve valer pros outros?

Enfim, não concordo com o que fizeram com o Wagner mas acho que a reflexão é válida.

Anônimo disse...

Esse país é uma piada de mau gosto.Um ranço fetido.

Anônimo disse...

Reação obscurantista da direita brasileira neste caso. Por sua vez, o movimento contra a exposição da obra de arte de Balthus, no Metropolitan partiu de... de uma ativista feminista. A esquerda "libertária" cada vez mais parecida com a direita puritana.

Anônimo disse...

Como mãe de uma filha, também, não gostaria que ela tivesse contato um homem nu. Poderia ser a arte mais linda da Terra, não quero! Criança não tem idade pra entender o que é arte, não tem intelecto pra compreender a cena e nem sabe o que está fazendo. Ao ver um homem nu e toca-lo, pode levar esse comportamento para outras situações abrindo portas para mascu-pedofilos porque criança não tem discernimento sobre nada. Tenho um vizinho irresponsável que cria cachorro perigoso para compensar o pinto pequeno, e minha filha já quase morreu porque acha que todo cachorrinho é bonzinho como o pequeno que nós temos.

Desculpa, Lola. Mas esse artista e essa mãe errou sim. Não dou razão nenhuma para direita e nem para essa caça as bruxas que fizeram. Mas nudez de homens não é para crianças e os envolvidos devem responder por essa irresponsabilidade sim.

Anônimo disse...

O artista errou?!? Por estar apresentando seu trabalho em um local adequado para tal?? Ele não arrancou as roupas do nada no meio da rua, para se exibir, o que é bem diferente...

Vem ca, entao nudez de mulheres é apropriada para crianças? Até pouco tempo passava na TV em plena luz do dia e ninguém parecia se incomodar...

Como vc sabe que seu vizinho tem "pinto pequeno"? Vc viu? O que tem a ver criar cachorros grandes com tamanho e forma de genitalia??

Anônimo disse...

Eu li essa entrevista no el pais e me senti supermal pelo Wagner. Injustiça tremenda dessa turba de fanáticos tachar um artista de pedófilo. Estragaram a vida dele.